Liana LambertiniO silêncio da casa me inquieta. Mas não é um silêncio qualquer. É pesado, quase opressor, como se estivesse prestes a ser rompido por uma tragédia anunciada. Um presságio. Meus instintos gritam, avisando-me de que algo está errado. Meus olhos percorrem os corredores, a sala, os lustres brilhando sob a luz amarelada da noite.Vittorio e os meninos ainda não voltaram. Isso me consome. A noite avança e eles continuam lá fora, vulneráveis a um mundo onde qualquer erro custa vidas. Apreensiva, ando de um lado para o outro, meus dedos inquietos alisando a barra do vestido. A mesa de jantar ainda está posta. Eu mesma levei a comida para Vittorio e Dilton mais cedo, no escritório, mas eles mal tocaram nos pratos antes de saírem apressados.Nenhum dos dois me disse o que estava acontecendo, mas eu vi nos olhos do meu marido. Vi no jeito que segurou minha mão por um segundo a mais antes de partir, como se quisesse me dizer algo e não conseguisse. Vi no olhar de Dilton, que evit
Derick Todos saem do Delirius e vão para casa de Nina, não sei qual o problema, mas esses caras não gostam de me ver em ação, acariciando os mal feitores.Nada como uma boa sessão de conscientização para começar o dia. Enquanto o céu clareia lá fora, aqui dentro a escuridão é a única companhia fiel. — Esses idi0tas acham que podem brincar com a máfia Lambertini e sair impunes. Meu trabalho é garantir que saibam exatamente onde se meteram.Os caras não gostam de me ver em ação. Talvez seja a minha eficiência em lidar com os estuprad0res, talvez seja o meu lado mais sádico que eles preferem ignorar. Mas não estou aqui para agradar ninguém. Estou aqui para resolver problemas.Oito homens. Foi essa a dose de "conscientização" que o valentão levou no rab0. Cada estocada, cada gemido abafado, cada rosto contorcido de dor me alimenta de um prazer sombrio. Dois deles, mais entusiasmados, pediram para repetir a dose. Por mim, sem pressa, deixei que se divertissem mais um pouco. Quando term
Don VittorioO cheiro do porão é sempre o mesmo. Ferro, suor e medo. Um perfume de desespero impregnado nas paredes de concreto, onde tantos desafortunados já conheceram a verdadeira justiça. Caminho lado a lado com Dilton, meu velho amigo e conselheiro, nas sombras dessa máfia que ainda pulsa nas veias argentinas, forte como uma maldição que nunca se apaga. O ambiente é escuro, úmido, mas meus olhos, acostumados à penumbra, enxergam muito além do que qualquer um gostaria de ver.Hoje é o dia de Frederico. Esse desgraçado não faz ideia do inferno que o aguarda. No galpão, Darlan, Derick e David já o esperam, cada um com seu próprio demônio interior à flor da pele. David, frio como um general prestes a esmagar um inimigo. Darlan, impaciente como uma bomba-relógio prestes a explodir. E Derick... bem, Derick é uma entidade à parte, um anjo sádico que prefere brincar com suas presas antes de despachá-las para o inferno.— Eles só começam quando eu chegar — digo a Dilton, minha voz soando
Daniel MaltaO silêncio pode ser mais ensurdecedor do que qualquer grito. E neste instante, quando as palavras da minha mãe ecoam pelo ambiente, o mundo parece congelar ao meu redor. O cheiro de comida caseira ainda paira no ar, o som dos talheres contra os pratos foi substituído por um vácuo absoluto. Eu sabia que este momento chegaria. Mas nada poderia ter me preparado para a tensão que agora sufoca esta sala.Estávamos todos reunidos ao redor da mesa, como em qualquer outro domingo. Meu pai, Luan, sentado à cabeceira, com sua postura sempre firme. Minha mãe, Julia, de frente para ele, servindo comida para todos como sempre fazia. Meus tios Allan e Dorothy conversavam animadamente sobre qualquer coisa irrelevante, e Lizandra, ao meu lado, mantinha um sorriso educado, mas tenso.Eu precisava dizer. E então, com um respiro profundo, soltei a bomba.— Lizandra está grávida.Por um momento, todos me olharam como se eu tivesse acabado de soltar a maior surpresa do século. Minha tia Dorot
Don VittorioContéudo sensívelA expectativa no ar é quase tangível, como a eletricidade antes de uma tempestade. Sei que meus filhos e meu sobrinho estão ansiosos, cada um lidando com seus próprios demônios enquanto aguardam a minha chegada. Eles sabem que é aqui, nesse galpão, que a justiça da nossa família é feita lenta, metódica e implacável.David está parado no canto, com os braços cruzados, observando tudo com o olhar frio e calculista que tanto admiro. Ele é o estrategista, o mais centrado, mas sei que o nome de sua mãe e irmãs nos lábios sujos de Frederico quase o levaram ao limite. Darlan anda de um lado para o outro como um leão enjaulado, os punhos cerrados e o peito arfando. Já Derick... ah, o Derick é um espetáculo à parte. Ele sorri como uma criança em frente ao presente de Natal, uma antecipação quase inocente que contrasta com o sadismo que sei que está prestes a se revelar.Frederico está amarrado à cadeira no centro do galpão, a cabeça pendendo para frente. Está lúc
LizandraA vida parece suspensa por um fio tênue entre o normal e o caos. Meu coração bate com um ritmo estranho enquanto termino meu café da manhã. O sabor do pão na boca é indiferente, e meu suco de laranja está quase intacto. Os últimos dias têm sido uma mistura de emoções desencontradas e silêncios que gritam na minha cabeça. É nesse estado que a porta se abre, e Daniel Malta atravessa a soleira com aquele jeito confiante.— Pronta? — pergunta ele, ajustando a alça da mochila no ombro.Não respondo. Apenas pego meus livros e sigo em silêncio até o carro. Daniel, como sempre, abre a porta do passageiro para mim. A gentileza dele me provoca um nó na garganta. Eu queria que tudo fosse mais simples. Queria não carregar tantos segredos.No caminho para a faculdade, Daniel coloca uma playlist animada. A música preenche o espaço, e nossa conversa flui naturalmente. Ele me faz rir com uma piada sobre um professor que usa gravatas extravagantes. Por um momento, consigo me esquecer da confu
NinaDavid me dispensou, pede que apenas aguarde informações sobre a encomenda que provavelmente entregarei amanhã pela manhã e informa que já renovou minha diária. Sairei daqui às dez, com o motorista me buscando na porta. O dia está lindo, e decido aproveitar o sol. O concierge me informa sobre várias opções de passeios, mas hoje quero algo simples. Opto por uma praia. Chamando o motorista, sigo pelas ruas vibrantes até um paraíso de areia branca e mar cristalino.Ao chegar, sou imediatamente capturada pela beleza do lugar, limpo, organizado, vibrante. Um quiosque bonito me chama a atenção, e não penso duas vezes antes de me sentar. Peço uma cerveja bem gelada. O cardápio tem de tudo, tira-gostos, almoço, drinks variados. A garçonete é sorridente e comunicativa. Experimento uma receita de camarões enquanto observo o mar infinito. Não resisto ao convite das ondas. Tiro a saída de praia e mergulho. A água fresca lava meu corpo e minha alma. Sinto uma paz que há muito não experiment
DavidO sangue corre em minhas veias como fogo líquido. O campus da faculdade está lotado, mas nada ao meu redor faz sentido. Só uma coisa ocupa minha mente, a Lizandra. Desde que nos afastamos, a minha vida tem sido um caos absoluto. E hoje, pela primeira vez, estou disposto a cruzar qualquer linha para resolver isso de uma vez.Me encosto em uma coluna e destravo meu celular. Eu sou um Lambertini, e Lambertinis não aceitam perder. Invado discretamente o sistema do celular dela e descubro que ela está saindo com a Maia. Ela trocou mensagens com o Malta e ele está com a mãe, então vai ser mais fácil do que pensei. Ligo para Lucca sem hesitar.— Preciso que dirija para mim. Vou mandar a localização. Sem perguntas.— Entendido. — ele responde com firmeza.Entrego a chave do meu carro quando ele chega.— Apenas dirija, não importa o que aconteça.Minha respiração é pesada quando localizo Lizandra na calçada. O vento bagunça seu cabelo, e seu rosto iluminado pela conversa com Maia me deix