DarlanA tentação sempre teve um cheiro. E, nesse momento, ela exala um perfume doce e envolvente que me faz cerrar os punhos para não ceder ao que meu corpo pede. Silvia. Inocente e intocada, mas perigosa como um jogo de azar. E eu nunca fui bom em perder.— O notebook e o celular dela estão prontos — a voz de Derick me arranca dos meus pensamentos.Pisco algumas vezes, voltando à realidade.— Ótimo. Vou pegar com você.Marcamos o encontro no galpão, onde ele já me espera, encostado no carro, tragando um cigarro com um sorriso de quem tem sempre uma carta na manga.— Trabalhar dá fome, irmão. Precisamos de mais diversão — ele solta a fumaça devagar, me olhando com malícia. — Aquela morena de ontem... que boca, hein?Solto uma risada baixa.— Fui na ruiva. Cavalgava que era uma delícia.Derick gargalha, jogando a bituca longe.— Vida boa a nossa.— Nem tanto. Precisamos resolver isso logo. O que encontrou?Ele joga um pen drive para mim e cruza os braços.— Nada demais. A princesinha
NinaEu nem sei o que pensar sobre os últimos acontecimentos. Minha clareza mental desapareceu. O David está me ajudando muito mais do que eu poderia imaginar. Será que ele realmente me vê como uma profissional competente e gosta do meu trabalho? Só pode ser isso!Esse foi o meu primeiro emprego na área. Provavelmente fui jogada na presidência porque não havia mais ninguém para ser lançado ao lobo feroz! Mas fui sem medo. No primeiro momento, perguntei como ele gostava de trabalhar, suas preferências, rotina, horários, reuniões... Fiz uma entrevista completa, precisava saber como marcar seus compromissos. Afinal, isso faz parte das atribuições de uma secretária executiva e deixei isso bem claro. Cheguei com vontade de crescer, sempre sonhei em ter uma vida confortável. Dei o meu melhor, observei muito o David, a sua personalidade, me adaptei facilmente. Talvez por ser tão perfeccionista quanto ele, consegui respeito na empresa, um bom salário, fui me aperfeiçoando.E agora chego deses
LizandraA dor chega como uma tempestade repentina e voraz. Encosto-me na parede tentando segurar a avalanche que me consome por dentro. Respiro fundo, mas o ar parece não chegar aos meus pulmões. Meus olhos queimam e, quando percebo, as lágrimas já escorrem pelo meu rosto novamente. Eu banquei a forte por tempo demais. Mas agora? Agora me permito desabar.O chão frio me acolhe enquanto escorrego pela parede. Meu corpo inteiro treme, e eu choro todas as minhas dores, a ilusão que vivi, as expectativas frustradas por um amor que descobri ser unilateral. Meu peito parece rasgado ao meio, dilacerado por amar demais David Lambertini. Deus, como pode doer tanto? A lembrança de cada sorriso, cada toque, e até do som de sua risada ecoa em minha mente, me torturando.— Senhor, me ajuda a suportar! — murmuro entre soluços, com as mãos pressionando meu peito.A dor é sufocante, quase física. Por um instante, sinto o ar faltar. Não tenho forças nem para me levantar. Queria minha mãe aqui, mas, a
DarlanA noite está fresca, e o vento que sopra pela orla parece trazer uma promessa de algo que ainda não sei definir. Paro o meu carro em frente à lanchonete movimentada. As luzes amarelas do lugar criam um contraste suave com a escuridão da rua. Desligo o motor, deixando o barulho do movimento urbano preencher meus ouvidos.É quando a vejo. Lizandra. Ela passa direto e vai até o balcão, com os cabelos ainda um pouco úmidos caindo sobre os ombros. Seu rosto carrega uma expressão pesada, e mesmo na penumbra percebo o brilho recente das lágrimas em seus olhos. Algo dentro de mim se contrai.Ela não me vê se aproximando. Sento ao seu lado com naturalidade, como se aquilo fosse algo corriqueiro.— Não sabia que você pilotava — comento, tentando suavizar a tensão evidente em seu corpo.Ela se vira, surpresa ao me ver.— Darlan? O que você está fazendo aqui?Dou de ombros, mantendo o tom leve.— Eu estava naquela mesa. E achei que talvez você precisasse de companhia.Ela estreita os olho
NinaO gosto amargo da bile ainda está na minha boca, e minhas mãos tremem de ódio. Se eu pudesse, juro que enfiaria uma faca naquele desgraçado do Yan, bem devagar, só para vê-lo implorar. Mas não sou burra. Não nadei tanto para morrer na praia. E se já estou no inferno, não vou só abraçar o capeta… Vou dançar com ele.Assim que aquele lixo saiu da minha casa, meu corpo desabou. Primeiro veio o alívio, depois o choro. Um soluço pesado, dolorido, que rasgava minha garganta. Mas eu não sou fraca, não vou me fazer de vítima. Sobrevivi. E agora estou longe dele. Isso é o que importa.David soube antes mesmo que eu pudesse abrir a boca. Como, eu não sei. Mas ele já tem tudo sob controle. Eu deveria estar surpresa, mas essa família é uma força da natureza. Sempre foram justos comigo, me respeitaram como profissional e como pessoa. Me deram uma oportunidade quando ninguém mais deu. Me ajudaram a crescer. Gratidão é pouco para o que sinto agora.Liguei para Marina, minha melhor amiga. Ela fi
Alice LambertiniA respiração queima em meus pulmões, cada músculo do meu corpo pulsa com a intensidade do treinamento. Camila, nossa instrutora principal, caminha com seu olhar severo e voz fria que não admite erros. Ela é uma especialista em armas e estratégias, e há algo no seu jeito que nos inspira a querer superar limites.— Precisa ser mais rápido no recuo, Alice. O tiro não acaba quando você aperta o gatilho — Camila corrige, passando por mim.Ajusto a minha postura, ignorando o suor que escorre pela minha testa. Minha mente se fixa no disparo perfeito. Na precisão. Amo isso. Meu CZ 750 TSR se encaixa em mim como uma extensão do meu corpo, presente escolhido por David, que sabe exatamente do que eu gosto, o controle total.Diferente de Camila, os homens só participam quando é treinamento corpo a corpo, e apenas se forem membros da família ou sob a supervisão direta dos nossos irmãos. Nunca confiam nosso treinamento pesado a alguém de fora.— Alice, você ainda pensa demais antes
Conteúdo sensívelDerickA notificação do grupo de segurança pisca na tela do meu celular.Meu instinto já me avisa, problema.Mal termino de desbloquear a tela e o Don já ordena que abram o áudio do David. Mas estou sempre um passo à frente. A conversa da Nina com a amiga já está ecoando nos meus fones. Enquanto todos ainda tentam entender o que está acontecendo, eu já sei.Essa gente nunca aprende...A burrice alheia me incomoda profundamente, mas dessa vez, tem algo diferente. Um alerta silencioso no meu peito me diz que isso é apenas a ponta do iceberg.E eu não gosto de surpresas.A melhor notícia do dia vem logo em seguida, o Don lavou as mãos e entregou o caso para a nova guarda da máfia argentina.Sorrio de lado.Hoje teremos um banho de sangue!!!Grupo Segurança Lambertini Derick:— Darlan, em 10 minutos no G1, próximo ao elevador de serviço. Traga o Jordan. Deixe os demais soldados com o David.— David, aguarde instruções. O caldeirão vai ferver hoje, mas não se preocupe. N
DanielAula chata do infernoo, ainda bem que a Lizandra está aqui, acho que sem ela, não suportaria! A sala inteira envolvida no silêncio. Não um silêncio qualquer, mas aquele pesado, carregado de tensão, como se o ar estivesse preso nos pulmões de todos ali. O professor caminha pela sala com passos lentos, os olhos analisando os alunos como um predador que escolhe sua presa. Ele lança a pergunta, e o ambiente, que já era denso, fica ainda mais carregado.— Lizandra, de acordo com o que foi falado, discorra sobre a transformação do músculo em carne.Ela ajeita os óculos e responde com precisão, a voz firme e segura, como sempre. Assim que termina, o olhar do professor se volta para Maia, que hesita por um segundo antes de responder. Seu tom é mais apressado, como se quisesse acabar logo com aquilo. Quando a aula termina, ela se levanta rapidamente e já vai juntando suas coisas.— Vou precisar sair mais cedo hoje. Tenho consulta médica — avisa, sem dar muitos detalhes. — Depois pego o