DanielAula chata do infernoo, ainda bem que a Lizandra está aqui, acho que sem ela, não suportaria! A sala inteira envolvida no silêncio. Não um silêncio qualquer, mas aquele pesado, carregado de tensão, como se o ar estivesse preso nos pulmões de todos ali. O professor caminha pela sala com passos lentos, os olhos analisando os alunos como um predador que escolhe sua presa. Ele lança a pergunta, e o ambiente, que já era denso, fica ainda mais carregado.— Lizandra, de acordo com o que foi falado, discorra sobre a transformação do músculo em carne.Ela ajeita os óculos e responde com precisão, a voz firme e segura, como sempre. Assim que termina, o olhar do professor se volta para Maia, que hesita por um segundo antes de responder. Seu tom é mais apressado, como se quisesse acabar logo com aquilo. Quando a aula termina, ela se levanta rapidamente e já vai juntando suas coisas.— Vou precisar sair mais cedo hoje. Tenho consulta médica — avisa, sem dar muitos detalhes. — Depois pego o
Conteúdo sensívelDerickO cheiro acre de suor e sangue paira no ar, misturado ao aroma metálico que impregna cada canto do Delirius Insanus. O zumbido dos monitores e o ruído suave das engrenagens criam uma sinfonia inquietante. Este lugar é minha obra-prima. Um templo do caos e do desespero.O telefone vibra na minha mão. Uma mensagem do grupo de segurança de Don Vittorio. A escolta da esposa e das filhas está em movimento. Perfeito. Isso significa que tenho tempo para brincar.— Don, vira a tela do celular. — Sorrio de forma cínica. — Se sua mulher ver isso, vai querer me castrar.Tiro uma foto de Yan, deitado na maca de aço inoxidável. Ele está nu, completamente amarrado, como um cordeiro prestes ao abate. Sua pele está intacta. Nenhum hematoma ainda. Um quadro em branco esperando minha assinatura.A resposta do Don chega rápida:— Gostei de ver o corpo do nosso alvo completamente íntegro. Continuem assim, e quem sabe eu libere vocês para mais operações conjuntas.Um sorriso cruel
DarlanArranco a mordaça e olho diretamente nos olhos dele, onde o pânico dança como uma chama prestes a ser apagada.— De onde veio a ordem para espalhar terror em nome da máfia argentina? — minha voz é baixa, mas afiada.— Quem mandou pegar David Lambertini?O desgraçado está trêmulo, suando frio. O cheiro de medo é quase palpável.— Frederico! Pelo amor de Deus, não precisa nada disso!— Ele matou Kiron, o antigo líder da gangue, e assumiu o poder. Quer um Lambertini para ficar rico e poderoso. O sonho dele é a velha Lambertini, ele é completamente fascinado... — As filhas — ele continua, a voz trêmula. — Ele soube que as meninas são virgens, lindas... quer ser o primeiro, por status, tomar o dinheiro deles e, com sorte, ainda se casar com uma delas para aproveitar a herança.Minha mãe. Minhas irmãs. Crianças.Viro lentamente para David. Ele está rígido, o rosto rubro, os olhos marejados de ódio. Respiro fundo, tentando manter o controle.— Yan, estou no meu limite. Você falou da
Lizandra A sala está mergulhada em um silêncio confortável. Estamos cercados por cadernos abertos, anotações rabiscadas e resumos que Daniel cuidadosamente organizou. Terminamos de estudar há poucos minutos, mas não consigo encontrar uma forma de relaxar. O peso de um segredo lateja no meu peito, e cada tentativa de manter a conversa leve se esvai.Pego o pote de sorvete no freezer, tentando disfarçar minha inquietação. Sirvo duas porções generosas e entrego uma a Daniel. Ele me observa com aqueles olhos atentos que sempre parecem saber mais do que deveriam.— O que houve? — ele pergunta, direto. Sua voz é suave, mas firme. — Tem algo a me contar, não é? Estou percebendo a sua inquietação.Minhas mãos tremem levemente. Respiro fundo, mas não adianta. O nó na garganta só aperta.— Daniel, eu... — começo, mas as palavras se perdem no meio do caminho.Ele coloca o pote de sorvete na mesa, inclinando-se ligeiramente em minha direção.— Seja o que for, pode falar. Eu estou aqui.O calor d
Raíssa HornMeu coração dispara enquanto caminho apressada pelos corredores da faculdade, sentindo a adrenalina pulsar em minhas veias. A segurança excessiva que meu pai e meu irmão impuseram sobre mim sempre me sufocou, mas hoje encontrei uma brecha, e não vou desperdiçá-la. Sei que Derick monitora meu celular, então pego o de Larissa emprestado e disco um número que já decorei.Daniel atende rápido.— Quem é?— Achei que já tivesse esquecido minha voz.Um breve silêncio, seguido de um tom mais grave.— Raissa? Onde você está?— Na aula, mas saio em meia hora. Você pode me buscar?— Claro. Estou indo.Desligo e devolvo o celular para Larissa, tentando disfarçar minha ansiedade. Quando a aula termina, saio apressada e vejo o carro de Daniel encostado na calçada. Entro rapidamente e, antes que ele diga algo, desligo meu celular.— Você realmente não quer ser rastreada — ele comenta, com um meio sorriso.— Derick grampeou meu telefone. Se descobrir que estou com você, vai me matar.Dani
Don VittorioSempre fui um homem de estratégia. A violência desmedida nunca foi o meu caminho, mas há momentos em que a diplomacia se torna inútil. Hoje é um desses momentos.Sentado em meu escritório, observo Dilton ao meu lado. Meu velho amigo, tão calejado quanto eu, partilha do mesmo peso nos ombros. As palavras de Yan ainda ecoam em minha mente, envenenando cada fibra do meu ser. Um homem qualquer, um rato de esgoto, ousou desejar a mulher da minha vida, aquela com quem compartilho quase vinte e cinco anos de história. E pior, ousou cobiçar as minhas filhas, crianças inocentes, por status e dinheiro. O nojo e a ira competem dentro de mim, e por um momento, penso no que eu faria se não fosse por Dilton. Ele me manteve ancorado à razão quando ouvi aquelas barbaridades, e sei que ele próprio sentiu na pele o impacto dessas palavras. Vi quando monitorou sua esposa e filha, apenas para se certificar de que estavam seguras. Quando respirou aliviado, percebi o quão profundo era seu tem
DavidA adrenalina percorre minhas veias, mas meus movimentos são frios e calculados. Não há espaço para erros. Eu e Lucca entramos pela porta principal, enquanto Derick e Jordan cobrem a lateral. Tio Dilton monitora do Delirius Insanus com o apoio dos drones, garantindo que não há brechas no plano.A cena é exatamente como prevíamos, todos caídos no chão, apagados pelo gás. Caminho entre os corpos, reconheço Frederico. Tiro uma foto e envio para confirmação. A resposta chega em segundos.— É ele. Confirmado. Recolham. — A voz de tio Dilton ecoa nos nossos pontos eletrônicos.Sinalizo para os homens. Dois deles me ajudam a carregar Frederico. No caminho, retiramos Yan, que ainda se contorce, gemendo baixinho. Ele implora por misericórdia, mas sua voz se torna um grunhido abafado quando acerto um soco em seu queixo. Ele desaba, sem forças para resistir.Temos pouco tempo. Derramamos gasolina ao redor dos corpos que empilhamos. O Don ajusta a concentração do gás ao máximo. Esperamos mai
Daniel MaltaEu estou afundado no sofá da sala, girando um copo de whísky entre os dedos, sem ânimo nem para beber. A confissão de Lizandra ainda martela na minha cabeça, cada palavra queimando como uma faca quente cravada no meu peito. Grávida. Do David Lambertini. Eu deveria ter desconfiado antes, o comprotamento dela mudou, constantemente sonolenta, a forma como ela hesitava quando eu tocava no assunto. Sei que foi o seu primeiro amor, Agora, tudo que eu queria era apagar essa dor, encher a cara até esquecer do meu próprio nome.Meu celular vibra sobre a mesa, me trazendo de volta para a realidade. Olho para a tela e vejo um número desconhecido. Hesito por um instante, mas atendo.Raissa. No momento em que ouvi a voz da Raissa, soube que estava me metendo em confusão. Mas foda-se. Desde a primeira vez que coloquei os olhos nela, eu sabia que não ia recuar. Quando sua voz soou do outro lado da linha, senti um calor familiar tomar conta de mim.— Achei que já tivesse esquecido minh