DarlanLuzes suaves em tons de vermelho e dourado se espalham pelo espaço, refletindo nos espelhos no teto e nas paredes. O sofá de couro macio, espalhado em forma de "U", parece convidar para tudo, menos descanso. No centro, uma mesa baixa com garrafas de vodka, whisky, já meio vazias.David está com a loira siliconada no colo, e a risada dela ecoa, aguda, enquanto ele murmura algo em seu ouvido que a faz se contorcer de prazer antecipado. Ele está mais animado do que deveria, os gestos rápidos, quase desesperados. Está bebendo com sede, não de álcool, mas de esquecimento.A loirinha que está comigo não é menos provocante. Ela se aproxima, o perfume doce invadindo meus sentidos enquanto seus dedos traçam linhas pelo meu peito. — Vocês, Lambertini... são sempre tão... intensos e sedutores? — ela pergunta, arrastando as palavras enquanto me olha por baixo dos cílios longos.— Só quando a noite promete — respondo com um sorriso de canto. Minha mão desliza pela cintura dela, sentindo o
DarlanA loira siliconada do David, com um olhar que exalava pura malícia e um sorriso carregado de provocação, pegou a minha loira pela mão e a conduziu até a cama, como quem guia um espetáculo. Seus movimentos eram quase hipnóticos, uma dança sensual que prometia muito mais do que palavras poderiam descrever.Sem hesitar, ela se abaixou, os lábios encontrando a parte mais íntima da minha loira. O gemido que escapou foi imediato, rouco e cheio de entrega, como se cada toque daquela língua experiente fosse uma corrente elétrica atravessando seu corpo.Eu não esperava por essa. Não hoje. Não assim.Era como assistir a uma fantasia que nem eu sabia que tinha ganhar vida. A loira siliconada parecia saborear cada momento, os movimentos da sua língua precisos e cruéis, arrancando da minha loira reações que a faziam tremer e arquear o corpo de puro prazer.O quarto parecia pulsar com uma energia bruta e incontrolável, o desejo pairando pesado no ar. Minha respiração ficou mais pesada, e meu
DavidAcordo e sinto o cheiro de álcool impregnado no ar. Minha cabeça lateja. O rosto de Darlan, ainda adormecido ao meu lado, é um lembrete cruel que nossa noite de excessos foi longe demais. Estamos no quarto dele, um costume antigo, se nossa mãe nos pega aqui, com esse cheiro de ressaca e evidências escancaradas de que chegamos chapados, o inferno vai se abrir.— Darlan, acorda! — chuto a perna dele.— Que horas são? — Ele murmura, esfregando os olhos.— Não interessa! Se a mamãe entrar aqui e sentir o cheiro, estamos mortos!Ele senta num pulo, o pânico substituindo a preguiça. Em questão de segundos, estamos os dois enfiados no chuveiro, dividindo o espaço como dois moleques tentando escapar de uma bronca. A água fria cai sobre nós, lavando o cheiro de álcool e a sensação de culpa.— Isso é patético, sabia? — Darlan resmunga;— Cala a boca e esfrega logo esse sabonete — resmungo, com um sorriso involuntário.Saímos do banheiro como se estivéssemos fugindo de uma cena de crime.
LizandraAcordo com um gosto amargo na boca e uma sensação estranha no peito, como se algo dentro de mim estivesse fora do lugar. O quarto gira por um segundo quando me sento na cama, e preciso fechar os olhos para afastar a tontura. Respiro fundo, tentando afastar a fraqueza, mas é inútil. Meu corpo parece um peso morto, e minha mente, um turbilhão silencioso.Arrasto-me para o banheiro, ligo a torneira e me jogo debaixo da água fria. O choque me desperta na marra, mas não dissipa completamente a sensação de mal-estar. Me encaro no espelho enquanto a água escorre pelo meu rosto. Estou mais pálida do que o normal. Meu olhar está apagado. Não lembro a última vez que comi direito, e, para ser sincera, nem sinto fome.Me visto rapidamente, ignorando o nó no estômago que já virou parte de mim. Pego minha bolsa e meu celular, onde uma notificação de Daniel aparece."Estou na porta."Saio sem hesitar, sem nem ao menos tentar comer alguma coisa. Sei que se forçar, vai ser pior. Assim que ent
LizandraO gosto amargo do vômito ainda está na minha boca quando me encaro no espelho. Meu coração martela no peito, e minhas mãos tremem ao segurar a pia. Não. Isso não pode estar acontecendo. Meu olhar desce lentamente até minha barriga, e um arrepio sobe pela minha espinha. Meu estômago se revira, mas dessa vez não é pela náusea. É pelo pânico.A tarde na casa de Daniel tinha sido tranquila. Depois do almoço, conversamos um pouco com os pais dele antes de subir para o quarto. Passamos um tempo repassando a matéria, tentando manter o foco, mas minha mente estava dispersa. Senti cansaço o tempo todo, uma fadiga que parecia não ter explicação.A mãe dele apareceu depois de um tempo, trazendo um pudim que devoramos em minutos. Rimos, conversamos sobre coisas aleatórias, e então, vencida pelo cansaço, voltei para casa.A ideia de que meus pais dormiriam em casa naquela noite me fez querer deixar tudo impecável. Limpei a cozinha, preparei o jantar e, por fim, peguei meu aromatizador fav
DavidO corredor da faculdade está cheio, vozes misturadas em um ruído constante, mas para mim, o mundo inteiro reduz-se a uma única pessoa, Lizandra. Meu peito aperta quando a vejo e, sem hesitar, caminho até ela. No entanto, ao perceber minha aproximação, seu olhar transborda desprezo, como se eu fosse a pior coisa que já aconteceu em sua vida. — Podemos conversar? — minha voz sai firme, porém baixa.— Não tenho nada para falar com você. — O tom dela é cortante, cada palavra, um golpe seco. — Só quero distância do moleque que me proporcionou a maior decepção da minha vida.Sinto o chão sumir sob meus pés. Tento argumentar, mas antes que eu consiga dizer qualquer coisa, Daniel surge ao lado dela. Ele me encara e sinaliza "calma".— David. — E então me cumprimenta, Sem cerimônia, ele a conduz para o carro. Lizandra entra sem olhar para trás. Observo o veículo sumir pela avenida, e uma onda de ódio me domina. Entro no meu carro, bufo de raiva, esmago o volante com um soco e solto uma
LizandraAcordo com uma sensação estranha, um frio na espinha que não sei explicar. Algo dentro de mim mudou, e não é só meu corpo. É divino saber que algo pequeno, frágil e ao mesmo tempo poderoso está crescendo em meu ventre. Instintivamente, minha mão desliza até minha barriga ainda lisa, e fecho os olhos, sentindo uma emoção que me sufoca e me ilumina ao mesmo tempo. Meu Deus... Eu carrego uma vida. Uma parte de mim e dele.Respiro fundo, meu coração acelerado. Sei que não posso adiar isso. Meus pais precisam saber. Se tem algo que sempre me ensinaram foi a enfrentar as consequências dos meus atos, e agora não seria diferente.Levanto da cama com um propósito, ignorando o tremor leve nas mãos. Vou até a cozinha e começo a preparar o café da manhã, tentando encontrar a forma certa de contar a verdade. O cheiro do café fresco se espalha pelo ambiente, o som da frigideira estalando preenche o silêncio da casa. Faço tudo no automático, como se cada movimento fosse uma tentativa de me
DarlanA tentação sempre teve um cheiro. E, nesse momento, ela exala um perfume doce e envolvente que me faz cerrar os punhos para não ceder ao que meu corpo pede. Silvia. Inocente e intocada, mas perigosa como um jogo de azar. E eu nunca fui bom em perder.— O notebook e o celular dela estão prontos — a voz de Derick me arranca dos meus pensamentos.Pisco algumas vezes, voltando à realidade.— Ótimo. Vou pegar com você.Marcamos o encontro no galpão, onde ele já me espera, encostado no carro, tragando um cigarro com um sorriso de quem tem sempre uma carta na manga.— Trabalhar dá fome, irmão. Precisamos de mais diversão — ele solta a fumaça devagar, me olhando com malícia. — Aquela morena de ontem... que boca, hein?Solto uma risada baixa.— Fui na ruiva. Cavalgava que era uma delícia.Derick gargalha, jogando a bituca longe.— Vida boa a nossa.— Nem tanto. Precisamos resolver isso logo. O que encontrou?Ele joga um pen drive para mim e cruza os braços.— Nada demais. A princesinha