Darlan LambertiniO caos sempre foi o meu lar. A escuridão da noite, as luzes de neon que parecem dançar ao som do baixo estrondoso, o aroma inebriante de álcool misturado ao perfume das mulheres que transitam como predadoras... É nesse ambiente que eu respiro, que meu coração bate mais forte. Às vésperas de completar 20 anos, dizem que sou jovem demais para entender o peso do mundo Lambertini, mas eu discordo. A bagunça e o prazer são a minha sala de aula preferida, e aqui, entre corpos e segredos, aprendi o que nenhum professor do meu curso de Direito poderia me ensinar, viver intensamente é tão viciante quanto perigoso.Entro no Sexy Night Club como um rei em seu castelo. Os seguranças apenas acenam, já acostumados com a minha presença, e o ambiente me recebe com uma familiaridade quase perturbadora. Luxo e decadência dividem o mesmo espaço, como amantes que não conseguem se largar. Esse clube é um dos negócios da família, uma fortaleza onde as regras são tão flexíveis quanto o ca
DarlanNatália e Fernanda se aproximam, cada uma com sua intensidade própria. Natália, com um sorriso malicioso, passa os dedos pelo meu cabelo enquanto sussurra algo ao pé do meu ouvido que me faz sorrir de canto. Fernanda, mais discreta, mas com olhos que brilham de curiosidade e desejo, deixa que as mãos falem por ela, explorando com um toque que mistura timidez e ousadia.As risadas ecoam pela sala enquanto os copos vazios de whisky e gin se acumulam na mesa ao lado. A tensão é quase tangível, e as luzes de neon que se infiltram pela sala de vidro pintam nossos corpos com tons de vermelho e azul, como se fossem reflexos do calor e da loucura que tomam conta de nós.Clara toma o controle novamente, puxando-me para o sofá enquanto Natália e Fernanda se posicionam ao meu lado, cada uma reivindicando um pedaço de atenção. As mãos encontram pele, os beijos se tornam mais intensos e mais quentes. As roupas, uma a uma, se juntam em um amontoado no chão, esquecidas.Clara ri ao me ver hes
LizandraO calor do fim de tarde emana do asfalto, mas não é isso que faz meu corpo queimar. Minha mente ainda está embaralhada pelo que acabou de acontecer, e meus lábios... bem, eles ainda carregam o gosto dele. David Lambertini. O nome soa como um aviso, como se algo perigoso estivesse prestes a acontecer. E talvez esteja.Sexta-feira sempre é o pior dia. Aulas intermináveis da disciplina de Conclusão 1, tarde e noite, sugam a energia de qualquer um. Entre uma aula e outra, decido sair para caminhar pelo campus. Daniel está ocupado, conversando com um professor sobre algum trabalho, então aproveito para espairecer. Eu preciso de ar, de um pouco de paz. Mas paz é exatamente o que não encontro.Estou no caminho de volta para a sala quando o vejo. David Lambertini, encostado em um dos pilares do prédio, as mãos no bolso da calça jeans, Deus me livre, mas olhando assim, ele é muito gostoso, está distraído, aquele rosto perfeito, com a postura relaxada. Ele me encara, e aquele sorriso cí
David LambertiniEu deveria estar satisfeito, mas não estou. Esse beijo... foi diferente de tudo que eu esperava. Não é só o fato de ela ter correspondido, de os lábios dela terem se moldado aos meus com uma fome que parecia escondida há muito tempo. Não, não é só isso. É o que veio junto, a inexperiência, o nervosismo disfarçado de resistência. Lizandra não sabe o que está fazendo comigo, e isso me intriga mais do que qualquer coisa.Quando a vi hoje, caminhando pelo campus, algo me fez parar. Ela estava tão perdida em seus pensamentos que nem percebeu minha presença até eu falar. Aquela postura ereta, o olhar desafiador... Lizandra sempre age como se o mundo fosse um campo de batalha, e eu, o inimigo número um. Isso me diverte, mas também me fascina.— Lizandra — cumprimentei, só para ver como ela reagiria.E, como sempre, lá veio a resposta ríspida, carregada de hostilidade. Não é novidade. O que ela não percebe é que cada grosseria dela é como gasolina jogada no fogo. Faz o desafi
DavidEu entro no carro blindado, vejo a escolta se preparando para me acompanhar, a pistola firme na cintura e outra no tornozelo, enquanto o sol de Buenos Aires queima com uma intensidade que me lembra o calor do inferno, um inferno que, ironicamente, eu mesmo administro. Meu telefone vibra no bolso, e o nome na tela me faz franzir a testa, o infeliz do Pablo. Quando esse homem liga, nunca é para algo trivial. É sempre sangue, dinheiro ou poder e às vezes, os três juntos.Envio mensagem para Darlan, marcando local e de lá seguiremos em comboio, a minha escolta e a dele.Enquanto o motorista manobra pela cidade, observo as ruas cheias de vida. A maioria dessas pessoas nem faz ideia do que acontece nos bastidores. Elas não sabem que, por trás das fachadas brilhantes de nossas construções, um império de crime e corrupção pulsa como um coração negro. Eu e o meu irmão, Darlan, construímos mais do que prédios. Erguemos um reinado. E cada pilar tem o sangue de alguém que ousou nos desafia
DarlanGATILHO!!! Pessoas sensíveis devem evitar esse capítulo. GATILHO!!! Sextou!!!O cheiro de metal enferrujado e gasolina se misturam ao ar pesado do galpão. A luz da lâmpada oscilante sopra sombras grotescas nas paredes, como se o próprio diabo estivesse nos observando. Estou parado diante de um homem amarrado à cadeira, o rosto inchado e marcado pelos primeiros "avisos" que dei. Ele ainda não falou, mas vai falar. Todos falam. A questão é o quanto vai doer até lá.— Sabe o que eu odeio mais do que traição? — pergunto, minha voz baixa e cortante como uma navalha. — Acharam que você era esperto. Que podia brincar com a gente e sobreviver. Mas, amigo, eu vou te mostrar como termina essa história.Ele tenta falar algo, mas tudo que sai é um gemido engasgado. O sangue escorre do canto da boca, pingando no chão de concreto. Pego um alicate de uma bancada ao lado, girando-o entre meus dedos. A presença dele aqui, o simples fato de eu ter que lidar com isso, é um insulto pessoal. É co
Daniel MaltaSexta-feira, o sol de fim de tarde filtra-se pelas árvores do campus, mas meu foco está em outra coisa. Entro na lanchonete, o cheiro de café fresco e salgados fritos me envolve, e ali está Darlan, jogado em uma cadeira como se fosse o dono do lugar. Ele levanta os olhos para mim e sorri, aquele sorriso que sempre indica que alguma coisa está por vir.— Já ia pedir um café para você — diz ele, levantando a caneca. — Sexta-feira é dia de virar a noite, lembra?— É, ou de acabar com a semana em grande estilo — respondo, puxando a cadeira e me sentando.Entre goles de café e mordidas nos salgados, o papo flui como sempre. Piadas, provocações leves e aquele tom despreocupado que parece só acontecer quando estamos longe das obrigações.— Que tal hoje à noite? — pergunta ele, inclinando-se para a frente. — Gemini? Faz tempo que não escolhemos companhia por lá.— Fechado — respondo. — Mas primeiro, preciso deixar a Lizandra em casa.Ele arqueia a sobrancelha, com um sorrisinho
David LambertiniA verdade é que eu nunca estive tão motivado a ir para a faculdade. Não é pelo curso, pelas festas ou pela fama que eu sempre tive por aqui. A motivação tem nome e sobrenome, Lizandra Hurst.Ela é diferente. Não que eu não tenha visto mulheres lindas antes, mas Lizandra tem algo que nenhuma outra tem, a capacidade de me ignorar. Aqueles olhos azuis, que pareciam feitos para me hipnotizar, mal me encaravam, e isso era o suficiente para me enlouquecer. Eu estava acostumado a ter o que quisesse, quando quisesse. Mas ela... Ela me desafia sem nem perceber.Claro, ela acha que nossos encontros são casuais. No fundo, eu rio dessa inocência. Nada com Lizandra é por acaso. Coloquei um dos meus soldados de confiança para observá-la e me manter informado de cada movimento dela dentro da faculdade. Não que eu queira assustá-la ou invadir a vida dela, mas preciso saber onde ela está. Preciso vê-la. Preciso estar perto.E é por isso que, ultimamente, nós sempre "esbarramos". No co