DarlanGATILHO!!! Pessoas sensíveis devem evitar esse capítulo. GATILHO!!! Sextou!!!O cheiro de metal enferrujado e gasolina se misturam ao ar pesado do galpão. A luz da lâmpada oscilante sopra sombras grotescas nas paredes, como se o próprio diabo estivesse nos observando. Estou parado diante de um homem amarrado à cadeira, o rosto inchado e marcado pelos primeiros "avisos" que dei. Ele ainda não falou, mas vai falar. Todos falam. A questão é o quanto vai doer até lá.— Sabe o que eu odeio mais do que traição? — pergunto, minha voz baixa e cortante como uma navalha. — Acharam que você era esperto. Que podia brincar com a gente e sobreviver. Mas, amigo, eu vou te mostrar como termina essa história.Ele tenta falar algo, mas tudo que sai é um gemido engasgado. O sangue escorre do canto da boca, pingando no chão de concreto. Pego um alicate de uma bancada ao lado, girando-o entre meus dedos. A presença dele aqui, o simples fato de eu ter que lidar com isso, é um insulto pessoal. É co
Daniel MaltaSexta-feira, o sol de fim de tarde filtra-se pelas árvores do campus, mas meu foco está em outra coisa. Entro na lanchonete, o cheiro de café fresco e salgados fritos me envolve, e ali está Darlan, jogado em uma cadeira como se fosse o dono do lugar. Ele levanta os olhos para mim e sorri, aquele sorriso que sempre indica que alguma coisa está por vir.— Já ia pedir um café para você — diz ele, levantando a caneca. — Sexta-feira é dia de virar a noite, lembra?— É, ou de acabar com a semana em grande estilo — respondo, puxando a cadeira e me sentando.Entre goles de café e mordidas nos salgados, o papo flui como sempre. Piadas, provocações leves e aquele tom despreocupado que parece só acontecer quando estamos longe das obrigações.— Que tal hoje à noite? — pergunta ele, inclinando-se para a frente. — Gemini? Faz tempo que não escolhemos companhia por lá.— Fechado — respondo. — Mas primeiro, preciso deixar a Lizandra em casa.Ele arqueia a sobrancelha, com um sorrisinho
David LambertiniA verdade é que eu nunca estive tão motivado a ir para a faculdade. Não é pelo curso, pelas festas ou pela fama que eu sempre tive por aqui. A motivação tem nome e sobrenome, Lizandra Hurst.Ela é diferente. Não que eu não tenha visto mulheres lindas antes, mas Lizandra tem algo que nenhuma outra tem, a capacidade de me ignorar. Aqueles olhos azuis, que pareciam feitos para me hipnotizar, mal me encaravam, e isso era o suficiente para me enlouquecer. Eu estava acostumado a ter o que quisesse, quando quisesse. Mas ela... Ela me desafia sem nem perceber.Claro, ela acha que nossos encontros são casuais. No fundo, eu rio dessa inocência. Nada com Lizandra é por acaso. Coloquei um dos meus soldados de confiança para observá-la e me manter informado de cada movimento dela dentro da faculdade. Não que eu queira assustá-la ou invadir a vida dela, mas preciso saber onde ela está. Preciso vê-la. Preciso estar perto.E é por isso que, ultimamente, nós sempre "esbarramos". No co
Lizandra HurstEu finjo que não o vejo, mas é impossível ignorar David Lambertini. Ele está encostado no carro dele, a arrogância estampada no rosto, como se o mundo fosse dele. E talvez seja. Pelo menos o meu mundo está perigosamente girando em torno dele ultimamente.— Estou de saída, Lizandra. Quer uma carona? — a voz dele é casual, mas carrega aquela confiança insuportável.Nem olho para ele direito enquanto respondo:— Não, obrigada. Prefiro ir andando.Minha resposta é ríspida, como sempre. Não sei por que ele insiste. Aliás, sei sim. Ele está acostumado a conquistar tudo e todos. Só que eu não vou ceder. Não posso.Só que quando eu menos espero, ele já está no carro, dirigindo devagar ao meu lado. Baixa o vidro e me encara com aqueles olhos azuis que parecem ver através de mim.— Entra no carro, Lizandra.— Já disse que não quero carona, David.Mas ele sai do carro, me pega pelo braço e, antes que eu possa me soltar, me puxa para perto e me beija. Eu deveria ter gritado, ter me
DavidMinha mãe, Liana Lambertini, é um enigma fascinante. Uma mulher que parece saída de uma pintura renascentista, ruiva de olhos azuis, alta, com 1,76 de altura, e um corpo digno de passarela. Mas o que a define não é apenas sua beleza, é a sua força. Mamãe sempre soube equilibrar as facetas de sua vida, o lar amoroso que construiu com o meu pai, a dedicação incansável como mãe e a habilidade de enfrentar qualquer desafio com coragem e determinação.Papai, o grande Don, sempre a tratou como um diamante raro. Ainda hoje, os olhos dele brilham de ciúmes e orgulho quando a vê. Ele é o rei da máfia, mas, na nossa casa, todos sabemos quem é a sua rainha. Não há decisão importante que passe sem a aprovação de Liana. Dizem que por trás de um grande homem há uma grande mulher, mas no caso deles, ela está sempre lado a lado.Desde cedo, ela demonstrou que não seria apenas uma esposa ornamental. Apesar de aparentar fragilidade com seu jeito delicado, mamãe fez questão de aprender a se defend
Don VittorioLembranças.A porta do hospital se abre à minha frente como se o mundo parasse para nos observar. Minha Liana está inconsciente nos meus braços, e a raiva, o medo e o desespero travam uma batalha dentro de mim. Em segundos, médicos e enfermeiros correm para nós, e eu a entrego à maca com a mesma hesitação de quem entrega seu coração. Meu olhar é gélido, afiado, e não deixo espaço para erros.O médico se aproxima, pergunta o que aconteceu. Resumo em poucas palavras, mas por dentro, o pânico consome cada fibra do meu corpo. Será que alguém ousou envenenar minha esposa? Na nossa casa? Na nossa mesa? A suspeita me queima por dentro, e cada segundo que passa sem respostas faz minha fúria crescer.Eles a levam para uma sala enquanto eu observo cada movimento, como um leão à espreita. Retiram seu maiô molhado, vestem-na com uma camisola hospitalar. O gesto deveria ser simples, mas me corrói ver minha mulher assim, tão vulnerável. Conectam-na a soro, injetam medicamentos, retiram
DavidO mundo ao meu redor parece um borrão. Pessoas passam falando, rindo, vivendo suas vidas sem saber que, a cada segundo, eu estou planejando o próximo movimento para manter o império que carrego nos ombros. Estou no campus da faculdade, entre uma aula e outra, mas minha mente não para. É um campo de batalha constante, onde o menor deslize pode significar o início do fim.Hoje, uma disciplina finalmente consegue prender minha atenção. Simulação Empresarial. O professor entra na sala com uma presença que poucos têm, e, logo de cara, começo a entender por que todos falam tanto sobre ele. Ele não apenas ensina, ele provoca, instiga, desafia. Explica como as empresas podem simular crises, implementar novos modelos de gestão e testar estratégias sem arriscar suas operações reais. Tudo isso me soa como música.Enquanto ele fala, ideias começam a se formar na minha cabeça. Não para qualquer empresa. Para o Grupo Lambertini. Nosso legado. Minha responsabilidade. Eu me inclino na cadeira,
DavidAs coisas mudam em frações de segundos, e hoje não é diferente. Estou na faculdade, sentado com Darlan na praça de alimentação, trocando ideias sobre negócios e ouvindo os assuntos de Luna sobre as matérias de hoje. A nossa amiga, que sempre é tão calada, hoje está empolgada. Tudo parece normal, até que ela aparece. Lizandra. A garota que virou meu mundo de cabeça para baixo. Luna percebe a presença dela e acena com entusiasmo.— Lizandra! Vem cá! — chama Luna, irradiando uma empolgação que só ela consegue ter.Lizandra se aproxima com aquele sorriso que ilumina tudo ao redor, mas logo seus olhos encontram os meus. Há um instante de silêncio ensurdecedor. Ela hesita, e eu sei que ela vai manter a trégua. — Darlan, essa aqui é a Lizandra, uma amiga incrível que conheci aqui quando caloura. — apresenta Luna.Lizandra é toda simpatia com ele, sorrindo e apertando a sua mão.— Prazer, Darlan. Já ouvi falar muito de você.Quando chega minha vez, a tensão no ar se torna palpável.— E