Don PaoloO silêncio carrega segredos, promessas e ameaças veladas. Quando me despeço de todos no hospital, há algo no ar, uma tensão invisível que apenas os homens como eu reconhecem. David segura Lizandra com um braço firme ao redor da cintura, como se qualquer brisa fosse capaz de levá-la para longe. O olhar dele é sombrio, possessivo, um verdadeiro Lambertini. Eu vejo além da superfície, ele não está apenas protegendo a mulher que ama, está marcando território, deixando claro para todos ali que ela é dele, e de mais ninguém.— Vou para a Colômbia! — anuncio, a voz grave cortando o ambiente como uma lâmina afiada. — Tenho um encontro com Don Hector, mas logo estarei de volta.Alessandro, ao meu lado, mantém a postura impecável, mas seus olhos afiados não perdem nada. Ele é o futuro Don da Ndrangheta, e cada palavra, cada movimento meu, é uma lição silenciosa para ele.David assente, firme.— Que seja uma viagem tranquila, Don Paolo. — A voz dele é educada, mas a tensão permanece.
DavidO silêncio de um hospital nunca é realmente silêncio. Tem aquele zumbido constante dos monitores, passos apressados nos corredores, sussurros entre médicos e enfermeiras. Mas nada disso se compara ao barulho que está dentro da minha cabeça agora. O meu coração bate tão forte que quase posso ouvi-lo ecoar nas paredes frias dessa maldita sala. Lizandra está sentada ao meu lado, tão calma que chega a me irritar. Como ela consegue? Depois de tudo... depois de quase perdê-la.A porta se abre e a Dra. Selma entra, com aquele jeito profissional e ao mesmo tempo acolhedor que parece ser a marca registrada dela. Ela nos cumprimenta com um sorriso suave.— Como está se sentindo, Lizandra?Lizandra sorri de leve.— Melhor, sem dores.A médica assente e começa a examiná-la com delicadeza. Eu fico ali, parado, de braços cruzados, mas minha atenção está totalmente nela. Cada gesto, cada careta de Lizandra, cada batida do estetoscópio me faz prender a respiração.Depois de alguns minutos, a D
DavidHoje é dia de inspeção. O empreendimento escolhido? O Sexy Night Club. Estou aqui com Darlan e meu pai, o Don Vittorio. Essas visitas são parte da nossa rotina, chegamos sem aviso, preferencialmente quando não tem ninguém, analisamos tudo, desde a movimentação de caixa, qualidade das bebidas, higiene dos ambientes. Nada escapa ao olhar afiado de um Lambertini.Mas o que deveria ser um dia comum muda de uma hora para outra.Meu celular vibra. A tela acende com uma enxurrada de mensagens.Grupo Segurança LambertiniAlerta máximo!Alerta máximo!Todos os homens a postos!Localizem imediatamente os Lambertini!Alerta máximo!Alerta máximo!Eu aperto a mandíbula. O que diabos está acontecendo?David— Prossiga, Hernan.— Chame seu pai e Darlan.Hernan— Alice e Alícia desapareceram!— Elas estavam em casa, mas misteriosamente todas as câmeras pararam de funcionar.— Acionamos Derick imediatamente.— Após consertar as câmeras, não foram encontradas em lugar algum. Consideradas DESAPAR
AliceO cheiro de couro, metal e óleo queimado impregna o ar enquanto ajusto as luvas de couro preto nas mãos. O silêncio no banheiro ecoa a nossa tensão, mas há um brilho faminto nos olhos da minha irmã. A adrenalina corre solta em nossas veias, e mesmo sem dizer uma palavra, já sabemos, hoje faremos história!Pegamos os celulares e os deixamos no criado-mudo. Nada de rastros. Pego o tablet que encomendamos em segredo, pago em dinheiro, nossos cartões de crédito são vigiados de perto pelo papai, pelo David e pelo Darlan. Nossos irmãos são como falcões, sempre atentos, mas subestimaram a nossa inteligência. Típico.Com um toque rápido, desativo o rastreador da Ferrari do papai. A expressão de Alícia ao programar o sistema da casa para desativar as câmeras por cinco minutos é um misto de concentração e êxtase. Estamos devidamente vestidas, calças de couro coladas, tops justos, camisetas de banda de rock largas por cima, e botinas de salto alto, bem alto! Cabelos presos em coques alto
AliceO cheiro de ferrugem e sangue velho impregna o ar úmido do porão. A adrenalina percorre minhas veias como um veneno viciante, é assim que o poder deve ser, ardente e intoxicante. O som metálico dos nossos passos ecoa nas paredes de concreto, um aviso silencioso de que as gêmeas Lambertini estão no comando. Somos uma tempestade que ninguém viu chegando.— Pronta, Alicia? — sussurro, um meio sorriso dançando em meus lábios.Minha irmã apenas acena, os olhos tão afiados quanto as lâminas presas às nossas botas. Somos duas figuras de puro controle, usando uma maquiagem sutil que realça nossa beleza feroz. Até nossa vaidade é uma arma.— Irmã, posiciona a câmera, verifica se está na posição correta.Em seguida, me aproximo das câmeras instaladas para gravar nossa estreia no submundo mafioso. — Derick, se quiser pode vir, diga ao papai e aos nossos irmãos que podem assistir, mas sem interferir. Essa é a nossa condição!Não demora para ouvirmos passos. A cavalaria chega, papai, David
AliceO ambiente continua frio, mas uma fina camada de suor escorre pela minha nuca. O homem diante de nós, o tal Frederico, ainda respira com dificuldade. Eu seguro a minha faca como se fosse uma extensão do meu braço, elegante, precisa, mortal.— Frederico, querido — sorrio suavemente, sabe o que acontece quando um pássaro canta errado?Alicia, ao meu lado, ri baixinho.— A gente arranca as asas dele! — completa, passando a lâmina com delicadeza pelo rosto dele, sem pressa.David está ali, encostado na parede, observando como um mestre que avalia suas aprendizes. Ao seu lado, Don Vittorio, Derick e Darlan mantêm uma expressão impassível, mas sei que estão analisando cada movimento nosso. Querem saber até onde podemos ir.David dá um passo à frente, a voz firme.— Alice, Alicía, vamos começar. Vou guiá-las, prestem atenção.O coração martela em meu peito, não de medo, mas de excitação. Alicía me olha com um brilho no olhar que só nós duas entendemos. Estamos prontas.— Cada articulaç
DarlanO telefone vibra no meu bolso e o nome de Silvia aparece na tela. Meu estômago se contrai por um segundo, mas disfarço. David está ao meu lado e, pelo jeito que ele me encara, já sabe exatamente quem está me ligando. Filho da mãe tem faro para essas coisas.— Atende logo, Darlan. — ele diz, arqueando a sobrancelha. — E depois resolve logo essa bagunça, seu bastardo.Reviro os olhos e atendo. A voz vem urgente do outro lado da linha.— Preciso de uma reunião com você e David. É sério.— Sobre o quê?— Prefiro falar pessoalmente. Encontrem-me na nossa sede em trinta minutos.O barulho da chamada encerrada me deixa com um gosto amargo na boca. David se recosta no carro e cruza os braços, enquanto acendo um cigarro e dou um longo trago.— Você vai. Eu quero apenas a atualização, depois que vocês aplacarem os instintos.O desgraçado sabe que eu iria de qualquer forma, mas faz questão de reforçar. Pior que ele tem razão sobre uma coisa, preciso resolver essa situação com Silvia, não
DavidA noite cai sobre a mansão Lambertini como um véu de seda, macio e insinuante, mas nada é mais envolvente do que a presença dela. Lizandra. A mulher que carrega não só os meus filhos em seu ventre, mas também cada batida do meu coração. E, ainda assim, toda vez que a olho, uma faísca percorre meu corpo como se fosse a primeira vez, como se a minha alma reconhecesse a dela antes mesmo de nossos olhos se encontrarem.Estamos à mesa, todos reunidos, meu irmão Darlan, as gêmeas Alice e Alicia, a minha mãe e o meu pai. A conversa flui em meio a risadas ocasionais, o tilintar de talheres contra porcelana fina preenchendo os breves silêncios. E Lizandra… ah, Lizandra, ela brilha. Não só pela beleza serena, mas pela forma como se insere na dinâmica da família Lambertini.Quando terminamos o jantar, Liana se levanta para recolher a louça. Ninguém pede, ninguém espera… mas Lizandra, sem hesitar, a acompanha. Ela se levanta com aquela graciosidade natural, a barriga levemente saliente denu