DavidA noite cai sobre a mansão Lambertini como um véu de seda, macio e insinuante, mas nada é mais envolvente do que a presença dela. Lizandra. A mulher que carrega não só os meus filhos em seu ventre, mas também cada batida do meu coração. E, ainda assim, toda vez que a olho, uma faísca percorre meu corpo como se fosse a primeira vez, como se a minha alma reconhecesse a dela antes mesmo de nossos olhos se encontrarem.Estamos à mesa, todos reunidos, meu irmão Darlan, as gêmeas Alice e Alicia, a minha mãe e o meu pai. A conversa flui em meio a risadas ocasionais, o tilintar de talheres contra porcelana fina preenchendo os breves silêncios. E Lizandra… ah, Lizandra, ela brilha. Não só pela beleza serena, mas pela forma como se insere na dinâmica da família Lambertini.Quando terminamos o jantar, Liana se levanta para recolher a louça. Ninguém pede, ninguém espera… mas Lizandra, sem hesitar, a acompanha. Ela se levanta com aquela graciosidade natural, a barriga levemente saliente denu
DarlanO barulho dos motores das retroescavadeiras ao longe é como um zumbido constante, um lembrete do império que administramos com punho de ferro. O cheiro de concreto fresco se mistura ao aroma do tabaco que queimo entre os dedos. Estou encostado no capô do meu carro, olhando o movimento dos funcionários no canteiro de obras, mas minha mente está a quilômetros daqui.David me pediu há para resolver uma situação que está corroendo nossos lucros. Dois engenheiros, Aníbal e José, e dois encarregados, Enrico e Delfin, têm desviado material e até alugado maquinário da construtora para meter o dinheiro no bolso. O problema? O mestre de obras. Um homem inocente, sempre colado nos quatro como uma sombra, sem saber que trabalha lado a lado com os ratos. Não posso simplesmente eliminá-los na frente dele, e também não sou um monstro ao ponto de matar quem não deve. E torturar alguém enquanto ele assiste? Não. Ainda temos um código, por mais sujo que nosso mundo seja.— Darlan, quer que eu ch
DerickHoje é dia de festa!O sangue lateja nas minhas têmporas, como um tambor surdo anunciando o que está por vir. O cheiro de graxa e óleo diesel do pátio das máquinas é quase doce pra mim, cheiro de poder, de controle absoluto. Finalmente, depois de semanas farejando esses ratos, chegou a hora. Aníbal, José, Enrico e Delfin... quatro homens que tiveram a ousadia de roubar dos Lambertini e ainda tentaram ameaçar a estagiária. Ah, mas eles não sabiam quem ela era. Não imaginavam que a doce e inocente Sílvia é o amorzinho do Darlan. Ou melhor... a mulher que povoa os pensamentos ocultos dele.Já conferi tudo no Delírius Insanus, o local está preparado. O plano é simples, dois caras com vontade de bater e quatro idiotas sem noção do que está prestes a acontecer. Vou direto para a sede do grupo Lambertini. Darlan já está lá, provavelmente no departamento de operações, impaciente, esperando o momento de começar a nossa festa.Saio devagar, aproveitando cada segundo da expectativa. Por u
DarlanA betoneira parada no pátio me faz pensar e uma ideia sórdida cruza a minha mente, mas engulo o pensamento por enquanto, há tempo para tudo. Primeiro, vamos nos divertir.Os quatro frouxos estão diante de mim, suando, tremendo, e tentando manter uma pose que já desmoronou há tempos. Aníbal, José, Enrico e Delfin, todos ladrões, traidores que tiveram a audácia de roubar da máfia, os Lambertini. E ainda tiveram o desplante de tentar envolver a Sílvia, achando que ela era só uma estagiária inocente, sem saber que era a minha mulher.Meu sangue ainda ferve ao lembrar das palavras nojentas de Aníbal sobre ela. O cheiro de medo deles me excita mais do que qualquer coisa.— Derick, resolve isso — digo, a voz mais controlada do que sinto. — Se alguém falar de Sílvia de novo, eu dou um tiro na cabeça!Saio da sala, deixando a raiva borbulhando dentro de mim. Encontro Sílvia encostada na parede do corredor, pálida e tensa. Seus olhos estão arregalados, ela ouviu tudo.— Você nunca fez n
DarlanO som das máquinas ao fundo parece distante, abafado pela expectativa do que está prestes a acontecer. Hoje, não há negócios, não há reuniões, não há contratos a serem assinados. Hoje é um dia de acerto de contas. Um dia de vingança.Os quatro miseráveis estão diante de mim, nus, tremendo, suas peles já marcadas pelas primeiras doses de dor. O medo é quase palpável, exala deles como um perfume amargo. Enrico, Delfin, José e Aníbal — quatro miseraveis, quatro traidores, quatro cadáveres ambulantes.— Sentem-se — ordeno, apontando a chapa de ferro em cima do ralo. — Unidos. Agora.Eles obedecem, sem discutir. Aço frio contra pele quente, e eu já imagino a cena que está por vir. Encaixo as algemas, unindo os quatro como um amontoado de carne apavorada. O silêncio deles é uma súplica muda, mas não estou interessado em piedade hoje.Jogo a água, lenta, implacável, cada gota escorrendo pela chapa, preparando o terreno para o espetáculo. Com um movimento calculado, ligo o fio elétrico
LizandraO sol mal nasceu, mas a mansão Lambertini já pulsa com uma energia diferente. Sábado de manhã e, mesmo antes do café ser servido, eu sinto a tensão no ar, não uma tensão ruim, mas aquela expectativa carregada de promessas, como se algo grande estivesse prestes a acontecer. Eu sei o que é. Todos nós sabemos.Sentados em volta da mesa imensa da sala de jantar, o Don Vittorio pigarreia, quebrando o burburinho suave das conversas matinais.— Precisamos falar sobre o casamento! — ele anuncia, a voz firme, mas com um brilho nos olhos. — Precisamos antecipá-lo.Por um segundo, o silêncio reina. Depois, como uma explosão bem orquestrada, as gêmeas, Alice e Alicia, pulam nas cadeiras, comemorando como se tivessem acabado de ganhar um prêmio.— Podemos cuidar da decoração! — grita Alicia, batendo palmas.— Vai ser como um conto de fadas! — Alice completa, já cheia de ideias.Lizandra sorri, as bochechas coradas, claramente feliz, mas sua voz suave corta a empolgação das gêmeas.— Eu a
DavidDias depoisO rugido dos motores ecoa pelo hangar privado, e eu já sinto a excitação crescendo no peito. Don Levi está chegando com sua família, sua esposa, Hannah, os gêmeos Leyan e Luan, e a pequena Layane. Aliados poderosos, amigos leais. Mas, acima de tudo, família.Quando o jato toca o solo, dou um passo à frente, ajustando o paletó, os olhos afiados como lâminas. A porta da aeronave se abre, e lá está ele: Don Levi Lopez, imponente, com aquele sorriso que só ele sabe dar — uma mistura de perigo e carinho.— David! — ele me saúda, a mão firme apertando a minha. — Está cada vez mais com cara de homem casado.Sorrio de lado. — Espero que isso seja um elogio.Hannah desce logo em seguida, elegante como sempre, e depois vêm os gêmeos. Meu olhar se estreita. Estão enormes. Homens feitos. Leyan e Luan, com 17 anos, já exibem a postura de quem nasceu para comandar, e a pequena Layane… bem, ela já não é tão pequena assim, está com doze anos, linda, uma adolescente, ao vê-la imagino
LizandraO silêncio antes da tempestade sempre parece mais pesado. É assim que me sinto agora, como se algo invisível estivesse prestes a despencar sobre mim. Não sei explicar, é um arrepio sutil na espinha, um incômodo que se instala no estômago, como se eu já soubesse que hoje não seria um dia comum.A manhã começa com o café da manhã animado, algo que já virou rotina desde que a minha barriga começou a crescer. Don Vittorio, como sempre, acha que estou comendo pouco.— Mais um pouco de pão, Lizandra — ele empurra o prato para mim.— Estou satisfeita, Don Vittorio. De verdade. — Sorrio, tentando ser educada, mas meu estômago já ameaça protestar.Disfarço e pergunto:— Onde estão os Lopez?— Saíram cedo, mas logo retornam, Levi precisava resolver algo. Don Vittorio responde apertando os olhos, sabendo que estou desconversando. David, a ao meu lado, lança um olhar quase suplicante para a mãe. Liana, firme como uma rocha, intervém.— Vittorio, ela comeu o suficiente para ela e para os