DarlanO som das máquinas ao fundo parece distante, abafado pela expectativa do que está prestes a acontecer. Hoje, não há negócios, não há reuniões, não há contratos a serem assinados. Hoje é um dia de acerto de contas. Um dia de vingança.Os quatro miseráveis estão diante de mim, nus, tremendo, suas peles já marcadas pelas primeiras doses de dor. O medo é quase palpável, exala deles como um perfume amargo. Enrico, Delfin, José e Aníbal — quatro miseraveis, quatro traidores, quatro cadáveres ambulantes.— Sentem-se — ordeno, apontando a chapa de ferro em cima do ralo. — Unidos. Agora.Eles obedecem, sem discutir. Aço frio contra pele quente, e eu já imagino a cena que está por vir. Encaixo as algemas, unindo os quatro como um amontoado de carne apavorada. O silêncio deles é uma súplica muda, mas não estou interessado em piedade hoje.Jogo a água, lenta, implacável, cada gota escorrendo pela chapa, preparando o terreno para o espetáculo. Com um movimento calculado, ligo o fio elétrico
LizandraO sol mal nasceu, mas a mansão Lambertini já pulsa com uma energia diferente. Sábado de manhã e, mesmo antes do café ser servido, eu sinto a tensão no ar, não uma tensão ruim, mas aquela expectativa carregada de promessas, como se algo grande estivesse prestes a acontecer. Eu sei o que é. Todos nós sabemos.Sentados em volta da mesa imensa da sala de jantar, o Don Vittorio pigarreia, quebrando o burburinho suave das conversas matinais.— Precisamos falar sobre o casamento! — ele anuncia, a voz firme, mas com um brilho nos olhos. — Precisamos antecipá-lo.Por um segundo, o silêncio reina. Depois, como uma explosão bem orquestrada, as gêmeas, Alice e Alicia, pulam nas cadeiras, comemorando como se tivessem acabado de ganhar um prêmio.— Podemos cuidar da decoração! — grita Alicia, batendo palmas.— Vai ser como um conto de fadas! — Alice completa, já cheia de ideias.Lizandra sorri, as bochechas coradas, claramente feliz, mas sua voz suave corta a empolgação das gêmeas.— Eu a
DavidDias depoisO rugido dos motores ecoa pelo hangar privado, e eu já sinto a excitação crescendo no peito. Don Levi está chegando com sua família, sua esposa, Hannah, os gêmeos Leyan e Luan, e a pequena Layane. Aliados poderosos, amigos leais. Mas, acima de tudo, família.Quando o jato toca o solo, dou um passo à frente, ajustando o paletó, os olhos afiados como lâminas. A porta da aeronave se abre, e lá está ele: Don Levi Lopez, imponente, com aquele sorriso que só ele sabe dar — uma mistura de perigo e carinho.— David! — ele me saúda, a mão firme apertando a minha. — Está cada vez mais com cara de homem casado.Sorrio de lado. — Espero que isso seja um elogio.Hannah desce logo em seguida, elegante como sempre, e depois vêm os gêmeos. Meu olhar se estreita. Estão enormes. Homens feitos. Leyan e Luan, com 17 anos, já exibem a postura de quem nasceu para comandar, e a pequena Layane… bem, ela já não é tão pequena assim, está com doze anos, linda, uma adolescente, ao vê-la imagino
LizandraO silêncio antes da tempestade sempre parece mais pesado. É assim que me sinto agora, como se algo invisível estivesse prestes a despencar sobre mim. Não sei explicar, é um arrepio sutil na espinha, um incômodo que se instala no estômago, como se eu já soubesse que hoje não seria um dia comum.A manhã começa com o café da manhã animado, algo que já virou rotina desde que a minha barriga começou a crescer. Don Vittorio, como sempre, acha que estou comendo pouco.— Mais um pouco de pão, Lizandra — ele empurra o prato para mim.— Estou satisfeita, Don Vittorio. De verdade. — Sorrio, tentando ser educada, mas meu estômago já ameaça protestar.Disfarço e pergunto:— Onde estão os Lopez?— Saíram cedo, mas logo retornam, Levi precisava resolver algo. Don Vittorio responde apertando os olhos, sabendo que estou desconversando. David, a ao meu lado, lança um olhar quase suplicante para a mãe. Liana, firme como uma rocha, intervém.— Vittorio, ela comeu o suficiente para ela e para os
Don VittorioLiana, o grande amor da minha vida! As mãos dela deslizam pela minha pele, mas é a sua entrega silenciosa que me desarma. O quarto está mergulhado em penumbra, apenas a lua ousa testemunhar o que acontece entre nós. Liana está deitada sob mim, sua respiração entrecortada ecoa em meus ouvidos como uma melodia hipnotizante.Desço meus lábios até o centro de seu prazer, e o gosto dela explode em minha boca, quente, doce, uma essência que sempre foi minha e que, mesmo após tantos anos, ainda me deixa insaciável. Minha língua dança lenta e firme, saboreando cada tremor que arranca de seu corpo. Sinto suas pernas tremerem, as mãos emaranhadas em meus cabelos, guiando-me, mas ao mesmo tempo se perdendo. Quando ela se desfaz em minha boca, com um gemido abafado, algo dentro de mim se inflama ainda mais, aabsorvo o momento e bebo todo o seu mel. O prazer dela é o pavio que acende o meu fogo.Subo pelo seu corpo, distribuindo beijos quentes até que nossos rostos estejam alinhados,
DavidMeu peito está em guerra comigo mesmo. O ar parece pesado, sufocante, e cada batida do meu coração é uma martelada violenta contra as minhas costelas. Eu não consigo ficar parado. Ando em círculos pelo escritório, as mãos trêmulas e a mente um caos. O casamento está próximo, Lizandra carrega os meus filhos, e, pela primeira vez em anos, eu me sinto... vulnerável. Não pela máfia, pelos negócios ou pelos inimigos. Mas pelo medo absurdo e irracional de perder tudo o que estou construindo. Perder Lizandra. Perder minha família. Ser um fracasso como marido, como pai.Meu pai, Don Vittorio, me chama. A voz dele é firme, mas há um toque de preocupação que só quem carrega o peso de liderar uma família poderosa como a nossa consegue identificar. Ele fecha a porta do escritório atrás de si, e por um instante o silêncio nos engole.— David, sente-se. — A ordem é suave, mas inegociável.Eu obedeço, mas minhas pernas continuam inquietas. Corro a mão pelos cabelos, puxando-os com força, como
DavidMeu coração martela no peito como se quisesse atravessar minha caixa torácica. Minhas mãos suam, e meus pensamentos são um turbilhão descontrolado. Não é por causa dos aliados que estão chegando, Don Hector, Don Santiago, e até mesmo Bianchi, que foi direto para a casa de Dante. Não. É porque hoje, pela primeira vez, vou acompanhar Lizandra em uma consulta médica.— Pai, preciso da sua ajuda — minha voz está firme, mas sinto a tensão por trás de cada palavra.Don Vittorio ergue uma sobrancelha, apoiando-se na mesa do escritório. Ele sempre teve esse jeito de leão em repouso, calmo por fora, mas feroz por dentro.— Estou aqui, David. O que houve?Respiro fundo.— Hoje tenho que receber os aliados, mas Lizandra tem uma consulta com a obstetra. Eu preciso ir com ela. Na primeira consulta, eu não fui... ela não me avisou. Nós estávamos brigados. Mas dessa vez, depois daquele sangramento que ela teve por causa da loucura do Castellano, eu não vou deixá-la ir sozinha pai, mesmo com a
LizandraO grande dia chegou. Meu coração parece um tambor dentro do peito, cada batida ressoando como um eco interminável. Hoje, não há mais planos, não há mais escolhas — tudo está decidido. O casamento que antes parecia um sonho distante agora é a mais pura realidade.Minha mãe, Elaine, ajeita uma mecha solta do meu cabelo, seus olhos marejados de orgulho e amor.— Você está deslumbrante, minha filha. — A voz dela é um fio suave, quase um sussurro.Respiro fundo, tentando manter a calma, mas as emoções dançam dentro de mim. Amor, expectativa, um toque de nervosismo. David está lá fora. Daqui a poucas horas, caminharei até ele, e juntos, diremos o "sim" que selará nossa história.— Mãe... — minha voz falha por um segundo — ... parece um sonho. Quem diria que eu chegaria até aqui?Elaine segura minhas mãos, um sorriso sereno nos lábios.— Você merece cada segundo desse momento, Liza. E essa família que você ganhou... eles te amam, como eu te amo. Vocês serão felizes, eu e seu pai só