DavidHoje é dia de inspeção. O empreendimento escolhido? O Sexy Night Club. Estou aqui com Darlan e meu pai, o Don Vittorio. Essas visitas são parte da nossa rotina, chegamos sem aviso, preferencialmente quando não tem ninguém, analisamos tudo, desde a movimentação de caixa, qualidade das bebidas, higiene dos ambientes. Nada escapa ao olhar afiado de um Lambertini.Mas o que deveria ser um dia comum muda de uma hora para outra.Meu celular vibra. A tela acende com uma enxurrada de mensagens.Grupo Segurança LambertiniAlerta máximo!Alerta máximo!Todos os homens a postos!Localizem imediatamente os Lambertini!Alerta máximo!Alerta máximo!Eu aperto a mandíbula. O que diabos está acontecendo?David— Prossiga, Hernan.— Chame seu pai e Darlan.Hernan— Alice e Alícia desapareceram!— Elas estavam em casa, mas misteriosamente todas as câmeras pararam de funcionar.— Acionamos Derick imediatamente.— Após consertar as câmeras, não foram encontradas em lugar algum. Consideradas DESAPAR
AliceO cheiro de couro, metal e óleo queimado impregna o ar enquanto ajusto as luvas de couro preto nas mãos. O silêncio no banheiro ecoa a nossa tensão, mas há um brilho faminto nos olhos da minha irmã. A adrenalina corre solta em nossas veias, e mesmo sem dizer uma palavra, já sabemos, hoje faremos história!Pegamos os celulares e os deixamos no criado-mudo. Nada de rastros. Pego o tablet que encomendamos em segredo, pago em dinheiro, nossos cartões de crédito são vigiados de perto pelo papai, pelo David e pelo Darlan. Nossos irmãos são como falcões, sempre atentos, mas subestimaram a nossa inteligência. Típico.Com um toque rápido, desativo o rastreador da Ferrari do papai. A expressão de Alícia ao programar o sistema da casa para desativar as câmeras por cinco minutos é um misto de concentração e êxtase. Estamos devidamente vestidas, calças de couro coladas, tops justos, camisetas de banda de rock largas por cima, e botinas de salto alto, bem alto! Cabelos presos em coques alto
AliceO cheiro de ferrugem e sangue velho impregna o ar úmido do porão. A adrenalina percorre minhas veias como um veneno viciante, é assim que o poder deve ser, ardente e intoxicante. O som metálico dos nossos passos ecoa nas paredes de concreto, um aviso silencioso de que as gêmeas Lambertini estão no comando. Somos uma tempestade que ninguém viu chegando.— Pronta, Alicia? — sussurro, um meio sorriso dançando em meus lábios.Minha irmã apenas acena, os olhos tão afiados quanto as lâminas presas às nossas botas. Somos duas figuras de puro controle, usando uma maquiagem sutil que realça nossa beleza feroz. Até nossa vaidade é uma arma.— Irmã, posiciona a câmera, verifica se está na posição correta.Em seguida, me aproximo das câmeras instaladas para gravar nossa estreia no submundo mafioso. — Derick, se quiser pode vir, diga ao papai e aos nossos irmãos que podem assistir, mas sem interferir. Essa é a nossa condição!Não demora para ouvirmos passos. A cavalaria chega, papai, David
AliceO ambiente continua frio, mas uma fina camada de suor escorre pela minha nuca. O homem diante de nós, o tal Frederico, ainda respira com dificuldade. Eu seguro a minha faca como se fosse uma extensão do meu braço, elegante, precisa, mortal.— Frederico, querido — sorrio suavemente, sabe o que acontece quando um pássaro canta errado?Alicia, ao meu lado, ri baixinho.— A gente arranca as asas dele! — completa, passando a lâmina com delicadeza pelo rosto dele, sem pressa.David está ali, encostado na parede, observando como um mestre que avalia suas aprendizes. Ao seu lado, Don Vittorio, Derick e Darlan mantêm uma expressão impassível, mas sei que estão analisando cada movimento nosso. Querem saber até onde podemos ir.David dá um passo à frente, a voz firme.— Alice, Alicía, vamos começar. Vou guiá-las, prestem atenção.O coração martela em meu peito, não de medo, mas de excitação. Alicía me olha com um brilho no olhar que só nós duas entendemos. Estamos prontas.— Cada articulaç
DarlanO telefone vibra no meu bolso e o nome de Silvia aparece na tela. Meu estômago se contrai por um segundo, mas disfarço. David está ao meu lado e, pelo jeito que ele me encara, já sabe exatamente quem está me ligando. Filho da mãe tem faro para essas coisas.— Atende logo, Darlan. — ele diz, arqueando a sobrancelha. — E depois resolve logo essa bagunça, seu bastardo.Reviro os olhos e atendo. A voz vem urgente do outro lado da linha.— Preciso de uma reunião com você e David. É sério.— Sobre o quê?— Prefiro falar pessoalmente. Encontrem-me na nossa sede em trinta minutos.O barulho da chamada encerrada me deixa com um gosto amargo na boca. David se recosta no carro e cruza os braços, enquanto acendo um cigarro e dou um longo trago.— Você vai. Eu quero apenas a atualização, depois que vocês aplacarem os instintos.O desgraçado sabe que eu iria de qualquer forma, mas faz questão de reforçar. Pior que ele tem razão sobre uma coisa, preciso resolver essa situação com Silvia, não
DavidA noite cai sobre a mansão Lambertini como um véu de seda, macio e insinuante, mas nada é mais envolvente do que a presença dela. Lizandra. A mulher que carrega não só os meus filhos em seu ventre, mas também cada batida do meu coração. E, ainda assim, toda vez que a olho, uma faísca percorre meu corpo como se fosse a primeira vez, como se a minha alma reconhecesse a dela antes mesmo de nossos olhos se encontrarem.Estamos à mesa, todos reunidos, meu irmão Darlan, as gêmeas Alice e Alicia, a minha mãe e o meu pai. A conversa flui em meio a risadas ocasionais, o tilintar de talheres contra porcelana fina preenchendo os breves silêncios. E Lizandra… ah, Lizandra, ela brilha. Não só pela beleza serena, mas pela forma como se insere na dinâmica da família Lambertini.Quando terminamos o jantar, Liana se levanta para recolher a louça. Ninguém pede, ninguém espera… mas Lizandra, sem hesitar, a acompanha. Ela se levanta com aquela graciosidade natural, a barriga levemente saliente denu
DarlanO barulho dos motores das retroescavadeiras ao longe é como um zumbido constante, um lembrete do império que administramos com punho de ferro. O cheiro de concreto fresco se mistura ao aroma do tabaco que queimo entre os dedos. Estou encostado no capô do meu carro, olhando o movimento dos funcionários no canteiro de obras, mas minha mente está a quilômetros daqui.David me pediu há para resolver uma situação que está corroendo nossos lucros. Dois engenheiros, Aníbal e José, e dois encarregados, Enrico e Delfin, têm desviado material e até alugado maquinário da construtora para meter o dinheiro no bolso. O problema? O mestre de obras. Um homem inocente, sempre colado nos quatro como uma sombra, sem saber que trabalha lado a lado com os ratos. Não posso simplesmente eliminá-los na frente dele, e também não sou um monstro ao ponto de matar quem não deve. E torturar alguém enquanto ele assiste? Não. Ainda temos um código, por mais sujo que nosso mundo seja.— Darlan, quer que eu ch
DerickHoje é dia de festa!O sangue lateja nas minhas têmporas, como um tambor surdo anunciando o que está por vir. O cheiro de graxa e óleo diesel do pátio das máquinas é quase doce pra mim, cheiro de poder, de controle absoluto. Finalmente, depois de semanas farejando esses ratos, chegou a hora. Aníbal, José, Enrico e Delfin... quatro homens que tiveram a ousadia de roubar dos Lambertini e ainda tentaram ameaçar a estagiária. Ah, mas eles não sabiam quem ela era. Não imaginavam que a doce e inocente Sílvia é o amorzinho do Darlan. Ou melhor... a mulher que povoa os pensamentos ocultos dele.Já conferi tudo no Delírius Insanus, o local está preparado. O plano é simples, dois caras com vontade de bater e quatro idiotas sem noção do que está prestes a acontecer. Vou direto para a sede do grupo Lambertini. Darlan já está lá, provavelmente no departamento de operações, impaciente, esperando o momento de começar a nossa festa.Saio devagar, aproveitando cada segundo da expectativa. Por u