David Eu passo a noite em claro, deitado na cama que já não me parece minha. O cheiro da casa, as sombras nas paredes, tudo o que antes era familiar agora parece me sufocar. Não posso mais ficar aqui. Não enquanto cada olhar do meu pai me lembra que, para ele, eu sou uma decepção. Ele nunca vai aceitar Lizandra. Nunca vai aceitar que eu escolhi ela, que eu quero me casar e construir minha própria família longe da sombra dele. E se eu continuar aqui, essa guerra silenciosa entre nós dois vai me destruir.Antes do sol nascer, eu já estou de pé. O coração bate rápido, e as mãos trabalham quase de forma automática. Armo a mala com roupas, sapatos, meus relógios favoritos. Confiro minhas armas, uma por uma, como se fosse um ritual. Coloco meu material da faculdade dentro da mochila, o peso nas costas parecendo menor do que o peso no peito. Cada item que eu coloco na mala é um pedaço da minha vida que estou arrancando daqui.Quando passo pelo corredor, paro diante do quarto da minha mãe.
DavidMe sinto perdido aqui na faculdade. Minha mente está em outro lugar, presa à imagem de Lizandra, ao pensamento dos meus filhos crescendo dentro dela. Filhos. Duas vidas que agora dependem de mim. Eu me vejo com eles nos braços, a pequena barriga dela crescendo, e a realidade me atinge com força, eu não sou mais só o filho do Don Vittorio e Liana. Eu sou o futuro pai de dois bebês que já amo, mas também serão herdeiros Lambertini.O intervalo chega e, como um imã, eu a encontro. Lizandra está sentada em uma mesa lanchando, e mesmo com a leveza do momento, tudo dentro de mim ruge em posse. Eu me aproximo sem pensar, seguro o rosto dela com uma das mãos e a beijo, forte e decidido.— Eu te amo, Lizandra.Ela sorri contra meus lábios, a doçura dela me desmonta.— Também te amo, David.Nos sentamos, e enquanto ela termina seu lanche, eu mal consigo tirar os olhos dela. A minha mulher. Nós conversamos sobre coisas simples, como se o caos da minha família não estivesse a um passo de n
DavidO silêncio dentro do carro é quase confortável, mas minha mente é um turbilhão. A presença de Lizandra ao meu lado é tudo o que preciso para manter a cabeça no lugar, ou pelo menos tentar. Ela mexe distraidamente no pequeno volume da sua barriga, como se já sentisse a presença dos nossos bebês ali. Meu coração aperta e ao mesmo tempo acelera. Como algo pode ser tão assustador e ao mesmo tempo tão certo? O pensamento de levá-la para a mansão Lambertini parece um desafio. Não quero que ela perceba a tensão que ainda paira entre mim e meu pai — hoje não. Hoje, tudo que importa é ela, nós… e os nossos filhos.Quando chegamos, a recepção é surpreendentemente calorosa. Alice e Alicia praticamente pulam em Lizandra, fazendo mil perguntas que a fazem rir, enquanto Darlan, sempre brincalhão, a provoca de leve. Até minha mãe, Liana, que há pouco estava devastada, sorri ao pedir que as gêmeas peguem leve. É como se, por um momento, fôssemos uma família normal. E Lizandra… ela brilha no me
Don VittorioA primeira coisa que noto quando David e Lizandra surgem no corredor é a forma como ela mantém a cabeça baixa, as bochechas levemente coradas. David, ao seu lado, tem aquele brilho nos olhos que não deixa dúvidas sobre o que aconteceu entre eles. Reconheço isso porque já vivi algo assim, muitas vezes, especialmente quando Liana estava grávida. Mulheres grávidas, lembro-me bem, têm um brilho especial, uma mistura de sonolência e desejo incontrolável. Mas não digo nada. Fico ali, impassível, como se não tivesse notado.— Como passou a tarde, Lizandra? — pergunto, com a voz firme, mas amistosa. — Dormiu bem?Ela sorri, ainda um pouco tímida.— Sim, senhor… foi só um cochilo rápido.David lança um olhar possessivo para ela, a mão pousando de leve em sua cintura. É sutil, mas claro como um aviso silencioso, ela é dele. Um lampejo de orgulho me atravessa. Esse é o meu filho.— Precisa comer algo — continuo. — Está gerando dois bebês. Agora, mais do que nunca, tem que se cuidar
Don VittorioO poder nunca foi algo dado, é tomado, conquistado, manchado de sangue e moldado pelo medo. E hoje, nesta sala repleta de herdeiros Lambertini e pela mulher que carrega meus futuros netos no ventre, sei que está na hora de revelar as verdades ocultas que sustentam este império.David está ao meu lado, firme, sem desviar o olhar, enquanto Darlan mantém aquele ar provocador, mas atento. Liana, sempre elegante, repousa a mão sobre Alice e Alicia, como uma leoa protegendo as suas crias. E Lizandra… ela é um alvo fácil, frágil, e precisa entender que agora pertence a algo muito maior e mais perigoso. Em poucos dias, ela será uma Lambertini, goste ou não.— A máfia sempre operou com um conselho — começo, minha voz grave ecoando no silêncio. — Na época do meu pai, ele era o Don, e seu irmão Vincent Lambertini era o Capo. Vincent morreu num acidente violento de carro. Desde então, meu pai deixou o cargo vazio… por não aceitar que alguém ocupasse o lugar do seu único irmão.Vejo
Don VittorioO cheiro de couro, charuto e pólvora paira pesado na sala de reuniões da sede oficial da máfia. O ambiente é sombrio, com paredes de concreto bruto e uma longa mesa de madeira maciça no centro, cercada por cadeiras de veludo vermelho. O silêncio é cortante, e cada movimento parece ecoar como uma ameaça velada. Somos predadores em um território marcado pelo sangue e pelo poder.Entro com a postura rígida, Liana ao meu lado como a rainha que é, e os meus filhos David, Darlan, Alice e Alicia, seguem atrás, como herdeiros de um legado forjado entre alianças e tradições, e também Lizandra, a mulher que carrega a próxima geração no ventre. Todos os membr0s do conselho já estão sentados, suas expressões são duras como pedra. Dilton, o meu conselheiro, está ao lado de seu sucessor, Derick. Carlo Pena, Maíra Santory e Antonio Castellano nos observam, suas presenças carregadas de desconfiança.Indico os assentos com um gesto firme e seco, rompendo o silêncio como uma lâmina.— Bo
RaissaO desejo tem um jeito estranho de nos consumir quando menos esperamos. Não é algo sutil, nem delicado, é bruto, feroz, como uma tempestade prestes a desabar sobre a cidade. E hoje, ele me consome inteira.Estou entediada, sentada naquela sala abafada, enquanto a professora escreve algo irrelevante no quadro. A voz dela vira um zumbido distante porque minha mente está em outro lugar, em outro homem. Daniel Malta. O nome ecoa dentro de mim como um segredo proibido. Quero sentir a boca dele na minha, as mãos dele no meu corpo. Quero acabar com esse jogo de provocações que nós dois estamos brincando há tempo demais.Sem pensar duas vezes, pego o celular emprestado da colega ao lado, discando o número dele. O coração bate mais rápido ao ouvir a voz rouca e impaciente do outro lado da linha.— Malta!— Quero ficar à vontade com você hoje.— Raissa, meu amor.Há uma pausa carregada de tensão antes dele responder:— Te encontro depois da aula. Fica perto do meu carro.Assim que a aula
Daniel Desde o momento em que ela me liga e diz que quer ficar à vontade comigo, algo dentro de mim estala. Raissa não é do tipo que joga indiretas, ela vai direto ao ponto, e isso só acende ainda mais meu desejo.Quando ela está diante de mim, dentro da minha casa, com aquele olhar de quem sabe exatamente o que quer, eu já estou no limite. Meu pau já está rígido só de imaginar tudo o que vou fazer com ela.— Eu avisei que não brincasse com o fogo, Raissa — digo entre dentes, os meus dedos deslizando pela sua pele quente. — Agora eu só vou parar quando g0zar todo enfiado nessa sua b0ceta apertadinha. Abre as pernas e relaxa para o seu homem.Num único movimento firme, eu a invado por completo. O calor dela me engole, e um gemido rouco escapa da minha garganta. Porrah, ela é tão apertada... tão minha. Eu só consigo pensar nisso, me controlo para não meter com força.Raissa geme alto, e eu vejo as lágrimas discretas escorrerem dos seus olhos, mas sua boca aberta, arquejando, me diz qu