Don VittorioO cheiro de couro, charuto e pólvora paira pesado na sala de reuniões da sede oficial da máfia. O ambiente é sombrio, com paredes de concreto bruto e uma longa mesa de madeira maciça no centro, cercada por cadeiras de veludo vermelho. O silêncio é cortante, e cada movimento parece ecoar como uma ameaça velada. Somos predadores em um território marcado pelo sangue e pelo poder.Entro com a postura rígida, Liana ao meu lado como a rainha que é, e os meus filhos David, Darlan, Alice e Alicia, seguem atrás, como herdeiros de um legado forjado entre alianças e tradições, e também Lizandra, a mulher que carrega a próxima geração no ventre. Todos os membr0s do conselho já estão sentados, suas expressões são duras como pedra. Dilton, o meu conselheiro, está ao lado de seu sucessor, Derick. Carlo Pena, Maíra Santory e Antonio Castellano nos observam, suas presenças carregadas de desconfiança.Indico os assentos com um gesto firme e seco, rompendo o silêncio como uma lâmina.— Bo
RaissaO desejo tem um jeito estranho de nos consumir quando menos esperamos. Não é algo sutil, nem delicado, é bruto, feroz, como uma tempestade prestes a desabar sobre a cidade. E hoje, ele me consome inteira.Estou entediada, sentada naquela sala abafada, enquanto a professora escreve algo irrelevante no quadro. A voz dela vira um zumbido distante porque minha mente está em outro lugar, em outro homem. Daniel Malta. O nome ecoa dentro de mim como um segredo proibido. Quero sentir a boca dele na minha, as mãos dele no meu corpo. Quero acabar com esse jogo de provocações que nós dois estamos brincando há tempo demais.Sem pensar duas vezes, pego o celular emprestado da colega ao lado, discando o número dele. O coração bate mais rápido ao ouvir a voz rouca e impaciente do outro lado da linha.— Malta!— Quero ficar à vontade com você hoje.— Raissa, meu amor.Há uma pausa carregada de tensão antes dele responder:— Te encontro depois da aula. Fica perto do meu carro.Assim que a aula
Daniel Desde o momento em que ela me liga e diz que quer ficar à vontade comigo, algo dentro de mim estala. Raissa não é do tipo que joga indiretas, ela vai direto ao ponto, e isso só acende ainda mais meu desejo.Quando ela está diante de mim, dentro da minha casa, com aquele olhar de quem sabe exatamente o que quer, eu já estou no limite. Meu pau já está rígido só de imaginar tudo o que vou fazer com ela.— Eu avisei que não brincasse com o fogo, Raissa — digo entre dentes, os meus dedos deslizando pela sua pele quente. — Agora eu só vou parar quando g0zar todo enfiado nessa sua b0ceta apertadinha. Abre as pernas e relaxa para o seu homem.Num único movimento firme, eu a invado por completo. O calor dela me engole, e um gemido rouco escapa da minha garganta. Porrah, ela é tão apertada... tão minha. Eu só consigo pensar nisso, me controlo para não meter com força.Raissa geme alto, e eu vejo as lágrimas discretas escorrerem dos seus olhos, mas sua boca aberta, arquejando, me diz qu
DavidA escuridão lá fora é cortada apenas pelos faróis do carro. O ronco do motor parece distante, abafado pelo som da minha própria respiração acelerada. Lizandra está ao meu lado, a cabeça apoiada no banco, uma mão trêmula sobre a barriga. O sangue... aquele maldito sangue manchando suas roupas, manchando minhas mãos.— Vai ficar tudo bem, amor. — Minha voz sai rouca, quase quebrada. Eu quero acreditar nisso, mas o terror corrói cada palavra. O gosto amargo do medo impregna minha língua, como se eu estivesse engolindo vidro.Meu pai dirige como um louco, acelerando pelas ruas desertas, enquanto Liana vem logo atrás com as gêmeas. A cada curva fechada, a cada semáforo ignorado, eu sinto meu coração esmigalhar um pouco mais. Cada segundo parece uma eternidade, e cada gemido abafado de Lizandra me dilacera por dentro.— Por favor, aguenta firme... — murmuro, mas minhas palavras são fracas, quebradas pela culpa. Eu deveria tê-la protegido. Eu deveria tê-la tirado de lá antes que Castel
David— Eu vou perder eles, pai... — Não vai. — Ele me encara com firmeza. — E agora Lizandra precisa de você forte, não desesperado.Antes que eu possa responder, Dra. Selma surge na porta.— David — ela me chama.Minhas pernas tremem. Eu sinto como se estivesse prestes a desmoronar ali mesmo. Minha mãe aperta minha mão, e meu pai me dá um empurrão suave para frente.— Vá. — A voz dele é um comando. — Ela precisa de você agora.Eu entro na sala. Lizandra está deitada, pálida, os olhos cheios de lágrimas. Seus lábios tremem ao me ver, e eu corro para o seu lado, segurando sua mão.— Por pouco ela não perdeu os gêmeos — Dra. Selma diz. — Mas eles estão bem.Meu coração para, depois explode em batidas desenfreadas. Lágrimas escorrem pelo meu rosto enquanto eu enterro a cabeça nas mãos de Lizandra, soluçando de alívio.— Eu chamei você aqui para que possa ver os seus filhos — continua a médica, preparando o aparelho.Quando o ultrassom é ligado, o monitor revela duas pequenas formas em
DarlanO cheiro metálico de sangue seco e ferrugem é a primeira coisa que me atinge quando descemos para o porão. O ar aqui é grosso, pesado, como se as paredes carregassem os ecos de cada grito já arrancado de alguém. A única luz vem de uma lâmpada oscilante no teto, lançando sombras distorcidas em Castellano, que está amarrado à cadeira no centro da sala.Ele tenta manter a expressão fria, mas eu vejo. O medo. O suor escorrendo pela têmpora. A leve tremedeira dos dedos.— Acham que podem me quebrar? — Castellano cospe no chão, os olhos cheios de uma arrogância imunda. — Já passei por coisas piores.Sorrio de lado. Pobre tolo. Acendo um cigarro e dou um longo trago, solto a fumaça lentamente observando o homem à minha frente que tenta resistir.— Isso aqui não é sobre dor, Castellano — digo, minha voz baixa como um veneno escorrendo. — É sobre terror.— Vamos começar? — Derick estala os dedos, os olhos ardendo de pura maldade.— Vamos — respondo, a voz baixa, calma.Pego um saco de l
DarlanHora de exorcizar os meus demônios! Preciso esquecer essa merda que o Castellano relatou e também a diaba da SIlvia que não sai da minha cabeça.Gemini.Whisky em mãos, observo o ambiente lotado, corpos se movendo no ritmo frenético da música. Preciso de algo forte o suficiente para me fazer esquecer.E então, a vejo.Uma morena linda, olhar magnético. Seu vestido justo desliza sobre o corpo como uma segunda pele, e seu sorriso tem um quê de desafio. Nossos olhares se encontram, e eu sei que ela está aqui pelo mesmo motivo que eu. Sexo sem compromisso.Me aproximo sem hesitação, e ela não recua. Apenas sorri e começa a dançar comigo, colando seu corpo ao meu, deixando claro que está no mesmo jogo. Nossas mãos exploram, testam limites, e logo estamos completamente imersos um no outro. Entre goles de whisky e provocações, o calor entre nós se torna insuportável.— Vem comigo. — digo, puxando-a pela cintura.Ela não hesita. Apenas entrelaça os dedos nos meus e me segue até uma sal
DavidO inferno abriu todas as portas, só pode ser! Mal acordo e já vejo a tela do meu celular explodindo em notificações. O grupo da máfia no WhatsApp está em chamas, cada mensagem mais tensa que a outra. O sangue ainda corre quente nas minhas veias desde o ataque a Lizandra, e a sensação de que algo muito maior está por vir me deixa em alerta máximo.Mas antes de qualquer coisa, preciso garantir que minha mulher e meus filhos estejam protegidos. Lizandra segue internada, e deixá-la sozinha agora parece uma ideia absurda. Meu coração aperta só de pensar.Don Vittorio aparece de repente, com aquela expressão rígida que conheço bem. Antes que eu possa dizer algo, ele me encara com seriedade e fala baixo:— Você vem comigo. Já organizei tudo.Meu olhar voa para Lizandra, ainda pálida, adormecida no leito hospitalar. Não quero sair dali, mas Don Vittorio continua:— Lucca vai ficar aqui, na porta. E mandei Giovane e algumas das nossas melhores soldados, inclusive a Nara, que faz a segura