Don VittorioA primeira coisa que noto quando David e Lizandra surgem no corredor é a forma como ela mantém a cabeça baixa, as bochechas levemente coradas. David, ao seu lado, tem aquele brilho nos olhos que não deixa dúvidas sobre o que aconteceu entre eles. Reconheço isso porque já vivi algo assim, muitas vezes, especialmente quando Liana estava grávida. Mulheres grávidas, lembro-me bem, têm um brilho especial, uma mistura de sonolência e desejo incontrolável. Mas não digo nada. Fico ali, impassível, como se não tivesse notado.— Como passou a tarde, Lizandra? — pergunto, com a voz firme, mas amistosa. — Dormiu bem?Ela sorri, ainda um pouco tímida.— Sim, senhor… foi só um cochilo rápido.David lança um olhar possessivo para ela, a mão pousando de leve em sua cintura. É sutil, mas claro como um aviso silencioso, ela é dele. Um lampejo de orgulho me atravessa. Esse é o meu filho.— Precisa comer algo — continuo. — Está gerando dois bebês. Agora, mais do que nunca, tem que se cuidar
Don VittorioO poder nunca foi algo dado, é tomado, conquistado, manchado de sangue e moldado pelo medo. E hoje, nesta sala repleta de herdeiros Lambertini e pela mulher que carrega meus futuros netos no ventre, sei que está na hora de revelar as verdades ocultas que sustentam este império.David está ao meu lado, firme, sem desviar o olhar, enquanto Darlan mantém aquele ar provocador, mas atento. Liana, sempre elegante, repousa a mão sobre Alice e Alicia, como uma leoa protegendo as suas crias. E Lizandra… ela é um alvo fácil, frágil, e precisa entender que agora pertence a algo muito maior e mais perigoso. Em poucos dias, ela será uma Lambertini, goste ou não.— A máfia sempre operou com um conselho — começo, minha voz grave ecoando no silêncio. — Na época do meu pai, ele era o Don, e seu irmão Vincent Lambertini era o Capo. Vincent morreu num acidente violento de carro. Desde então, meu pai deixou o cargo vazio… por não aceitar que alguém ocupasse o lugar do seu único irmão.Vejo
Don VittorioO cheiro de couro, charuto e pólvora paira pesado na sala de reuniões da sede oficial da máfia. O ambiente é sombrio, com paredes de concreto bruto e uma longa mesa de madeira maciça no centro, cercada por cadeiras de veludo vermelho. O silêncio é cortante, e cada movimento parece ecoar como uma ameaça velada. Somos predadores em um território marcado pelo sangue e pelo poder.Entro com a postura rígida, Liana ao meu lado como a rainha que é, e os meus filhos David, Darlan, Alice e Alicia, seguem atrás, como herdeiros de um legado forjado entre alianças e tradições, e também Lizandra, a mulher que carrega a próxima geração no ventre. Todos os membr0s do conselho já estão sentados, suas expressões são duras como pedra. Dilton, o meu conselheiro, está ao lado de seu sucessor, Derick. Carlo Pena, Maíra Santory e Antonio Castellano nos observam, suas presenças carregadas de desconfiança.Indico os assentos com um gesto firme e seco, rompendo o silêncio como uma lâmina.— Bo
RaissaO desejo tem um jeito estranho de nos consumir quando menos esperamos. Não é algo sutil, nem delicado, é bruto, feroz, como uma tempestade prestes a desabar sobre a cidade. E hoje, ele me consome inteira.Estou entediada, sentada naquela sala abafada, enquanto a professora escreve algo irrelevante no quadro. A voz dela vira um zumbido distante porque minha mente está em outro lugar, em outro homem. Daniel Malta. O nome ecoa dentro de mim como um segredo proibido. Quero sentir a boca dele na minha, as mãos dele no meu corpo. Quero acabar com esse jogo de provocações que nós dois estamos brincando há tempo demais.Sem pensar duas vezes, pego o celular emprestado da colega ao lado, discando o número dele. O coração bate mais rápido ao ouvir a voz rouca e impaciente do outro lado da linha.— Malta!— Quero ficar à vontade com você hoje.— Raissa, meu amor.Há uma pausa carregada de tensão antes dele responder:— Te encontro depois da aula. Fica perto do meu carro.Assim que a aula
Daniel Desde o momento em que ela me liga e diz que quer ficar à vontade comigo, algo dentro de mim estala. Raissa não é do tipo que joga indiretas, ela vai direto ao ponto, e isso só acende ainda mais meu desejo.Quando ela está diante de mim, dentro da minha casa, com aquele olhar de quem sabe exatamente o que quer, eu já estou no limite. Meu pau já está rígido só de imaginar tudo o que vou fazer com ela.— Eu avisei que não brincasse com o fogo, Raissa — digo entre dentes, os meus dedos deslizando pela sua pele quente. — Agora eu só vou parar quando g0zar todo enfiado nessa sua b0ceta apertadinha. Abre as pernas e relaxa para o seu homem.Num único movimento firme, eu a invado por completo. O calor dela me engole, e um gemido rouco escapa da minha garganta. Porrah, ela é tão apertada... tão minha. Eu só consigo pensar nisso, me controlo para não meter com força.Raissa geme alto, e eu vejo as lágrimas discretas escorrerem dos seus olhos, mas sua boca aberta, arquejando, me diz qu
DavidA escuridão lá fora é cortada apenas pelos faróis do carro. O ronco do motor parece distante, abafado pelo som da minha própria respiração acelerada. Lizandra está ao meu lado, a cabeça apoiada no banco, uma mão trêmula sobre a barriga. O sangue... aquele maldito sangue manchando suas roupas, manchando minhas mãos.— Vai ficar tudo bem, amor. — Minha voz sai rouca, quase quebrada. Eu quero acreditar nisso, mas o terror corrói cada palavra. O gosto amargo do medo impregna minha língua, como se eu estivesse engolindo vidro.Meu pai dirige como um louco, acelerando pelas ruas desertas, enquanto Liana vem logo atrás com as gêmeas. A cada curva fechada, a cada semáforo ignorado, eu sinto meu coração esmigalhar um pouco mais. Cada segundo parece uma eternidade, e cada gemido abafado de Lizandra me dilacera por dentro.— Por favor, aguenta firme... — murmuro, mas minhas palavras são fracas, quebradas pela culpa. Eu deveria tê-la protegido. Eu deveria tê-la tirado de lá antes que Castel
David— Eu vou perder eles, pai... — Não vai. — Ele me encara com firmeza. — E agora Lizandra precisa de você forte, não desesperado.Antes que eu possa responder, Dra. Selma surge na porta.— David — ela me chama.Minhas pernas tremem. Eu sinto como se estivesse prestes a desmoronar ali mesmo. Minha mãe aperta minha mão, e meu pai me dá um empurrão suave para frente.— Vá. — A voz dele é um comando. — Ela precisa de você agora.Eu entro na sala. Lizandra está deitada, pálida, os olhos cheios de lágrimas. Seus lábios tremem ao me ver, e eu corro para o seu lado, segurando sua mão.— Por pouco ela não perdeu os gêmeos — Dra. Selma diz. — Mas eles estão bem.Meu coração para, depois explode em batidas desenfreadas. Lágrimas escorrem pelo meu rosto enquanto eu enterro a cabeça nas mãos de Lizandra, soluçando de alívio.— Eu chamei você aqui para que possa ver os seus filhos — continua a médica, preparando o aparelho.Quando o ultrassom é ligado, o monitor revela duas pequenas formas em
DarlanO cheiro metálico de sangue seco e ferrugem é a primeira coisa que me atinge quando descemos para o porão. O ar aqui é grosso, pesado, como se as paredes carregassem os ecos de cada grito já arrancado de alguém. A única luz vem de uma lâmpada oscilante no teto, lançando sombras distorcidas em Castellano, que está amarrado à cadeira no centro da sala.Ele tenta manter a expressão fria, mas eu vejo. O medo. O suor escorrendo pela têmpora. A leve tremedeira dos dedos.— Acham que podem me quebrar? — Castellano cospe no chão, os olhos cheios de uma arrogância imunda. — Já passei por coisas piores.Sorrio de lado. Pobre tolo. Acendo um cigarro e dou um longo trago, solto a fumaça lentamente observando o homem à minha frente que tenta resistir.— Isso aqui não é sobre dor, Castellano — digo, minha voz baixa como um veneno escorrendo. — É sobre terror.— Vamos começar? — Derick estala os dedos, os olhos ardendo de pura maldade.— Vamos — respondo, a voz baixa, calma.Pego um saco de l