Christopher Eu respirei fundo tentando encontrar as palavras, nunca foi fácil falar sobre isso, me servi de mais whisky para criar coragem. — Emily, você tem que entender que minha vida nunca foi simples. Cresci em um lar onde a violência era a regra, não a exceção. Meu pai era um tirano. Ele batia na minha mãe, em mim, e no meu irmão Charles como se fôssemos criminosos. Eu era apenas uma criança, tinha cinco anos quando minha mãe fugiu para salvar a própria vida. Ela nos deixou para trás, abandonados à mercê do nosso pai. — Ela não denunciou ele? — Emily perguntou, com os olhos arregalados. — Meu pai é policial, hoje está aposentado, mas ele sempre foi muito cuidadoso, tinha uma reputação acima de qualquer suspeita. Ele a prendia em casa até que os hematomas desaparecessem. — Christopher, isso é horrível... — Depois que minha mãe nos deixou, a violência só piorou. Meu pai descontava toda a sua raiva e frustração em nós. Eu cresci com uma raiva imensa dentro de mim, uma se
Emily Acordei com a claridade do sol atravessando a cortina verde musgo que pendia do teto até o chão, tateei a cama ao redor procurando pelo corpo musculoso de Christopher, mas ele não estava lá. Abri os olhos, e vi as nossas roupas no chão e sorri com a lembrança. Me levantei da cama, cobrindo o meu corpo com o lençol, olhei para o meu reflexo no espelho, o cabelo parecia uma juba de leão, completamente bagunçado, a forma selvagem que Christopher me possuiu, deixou marcas em meu corpo, deslizei os meus dedos pelos meus seios parcialmente expostos e quase soltei um gemido ao recordar da sua boca quente passando por ali, me sugando com precisão, me fazendo enlouquecer sob o seu corpo. — Já levantou, querida. Eu queria te surpreender com um delicioso café na cama... Me virei sobressaltada pela presença de Christopher no quarto. Ele estava perfeito apenas com uma calça de moletom, o cabelo úmido deixando uma mecha caído sobre os olhos, ele depositou a bandeja sobre uma escrivaninha
Christopher — Senhor, ela escapou de nós! — Porra! — desliguei o telefone irritado. Emily conseguiu enganar os seguranças e fugir. Disquei o número de Ralf rapidamente. — Sr. Donovan, tudo bem? — Emily fugiu dos seguranças! — Christopher, você precisa ser mais maleável. Com certeza não aconteceu nada demais, Emily é uma jovem esperta, deve ter percebido que estava sendo seguido. — E se aconteceu alguma coisa? — Não aconteceu nada. De qualquer forma, vou dar um jeito de achá-la, dou minha palavra. — Obrigado, Ralf! Desliguei o telefone aflito, liguei várias no celular de Emily, mas estava fora de área. Peguei o carro e dirigi para a empresa, com sorte Emily já estaria lá. Quando cheguei na empresa, Célia, a secretária, já havia retornado das férias. — Emily já chegou? — Não, Emily não vira hoje, Sr. Donovan! Pediu pra que lhe avisasse. Ajeitei mais uma vez a gravata. Onde diabos essa mulher se enfiou? Um calafrio me percorreu a espinha, e só a idéia de que alg
Christopher— O que você quer, Jack?— Primeiramente te informar que achamos o corpo da sua modelo brasileira! — Eu não matei ela, se é o que está pensando — respondi, furioso. Estava cansado das ameaças desse homem.— Eu sei disso. Isabela morreu de overdose, algumas cápsulas que ela transportava no estômago estourou.Então Victória também estava envolvida com tráfico de drogas, não posso dizer que estou surpreso.— E agora vai usar a morte dessa coitada pra me ameaçar? — eu podia sentir a ira crescendo dentro de mim, e a vontade de matar aquele homem com as minhas próprias mãos crescia junto.Jack me olhou com um sorriso debochado, ele estava se divertindo com aquilo, tudo não passava de um jogo pra ele, um jogo perverso, onde as peças do tabuleiro eram a vida das pessoas.— Quero que se infiltre nos negócios de Victoria! E dessa vez, não me venha com desculpas, os seus seguranças foram apenas um aviso, na próxima vou ordenar que terminem o trabalho e você não vai poder fazer nada,
EmilyCheguei cedo na empresa, estava ansiosa para ver Christopher. Célia estava de volta, então nós duas dividiríamos a mesma sala, percebi que ela me olhava estranho desde o momento que eu cheguei, não só ela, como os outros funcionários me encaravam e cochichavam entre si.Que o Christopher e eu estávamos juntos não era surpresa pra ninguém, então optei por ignorar os olhares e me concentrei nos meus afazares. Christopher chegou mais tarde que de costume, ainda assim aguardei não mais que cinco minutos para entrar na sala dele.— Bom dia, dorminhoco... — Emily — ele deu um pequeno sorriso, e eu me aproximei para beijá-lo.— Precisamos conversar, querida... — o tom de voz dele era neutro, apesar disso senti um leve desconforto. Desde que conheci o Christopher, o nosso romance era uma montanha russa de emoções, entre o céu e o inferno. Aquela insegurança de quando eu seria lançada do penhasco novamente, era uma sensação perturbadora e constante.— Christopher, não! — o interrompi —
ChristopherSaí da empresa atrás de Emily, sabia que ela não queria conversar comigo, mas precisava ter certeza que ficaria bem. Ela dispensou o Ralf e caminhou rapidamente em direção ao ponto de ônibus, fiz sinal para que alguns seguranças ficassem de olho nela.Eu estava sem opções. Falar para Emily a verdade, significava assumir que eu fiz algo que provavelmente ela jamais perdoaria. O caso do clube de luta pra ela foi um caso isolado, mas se Emily soubesse o quanto as minhas mãos estavam sujas de sangue, aí sim ela se afastaria de mim definitivamente e o pior levaria meu filho junto.Eu me sentia vulnerável, e essa era uma péssima sensação para um obcecado por controle como eu. Precisava retomar o controle da minha vida, mas precisava de ao menos um aliado, alguém que conhecesse os meus segredos mais sombrios, alguém em que eu pudesse confiar. Apesar de Jack ter me falado que alguém me delatou, as únicas opções possíveis eram Ralf ou Charles, no meu coração eu sentia que podia con
Emily— Que bom te ver por aqui, Srta. Carter! Eu já ía te ligar, precisamos falar sobre o seu irmão Daniel.— Ele está bem? — perguntei, preocupada.— Vamos até a minha sala — a Dra. Renata deu um sorriso amistoso, me tranquilizando.Entrei no consultório, a sala completamente branca possuía apenas uma mesinha separando duas cadeiras, ela apontou para uma das cadeiras e eu me sentei.— O que aconteceu? — já estava ficando ansiosa.— Conversei com os demais médicos que acompanham o seu irmão e decidimos dar alta pra ele.— Sério? — meus olhos encheram de água com a notícia, Daniel já estava há muito tempo internado. Desde a morte dos nossos pais, ele não conseguiu superar a perda, sentindo-se culpado, os meus pais estavam indo buscá-lo em uma festa quando ocorreu o acidente. Foi horrível, mas foi uma fatalidade.Eu estava muito feliz com a notícia, sentia falta de ter o meu irmão do meu lado e sem dúvida não podia haver melhor momento.— Ele já sabe? — perguntei, animada.— Ainda não,
ChristopherSaí tarde da empresa e fui direto para o galpão onde eu costumava me preparar para as lutas do Dragão, depois do trágico encontro com Jack, eu ía para lá ao menos duas vezes por dia, quando acordava e antes de dormir. Acordava com raiva e ía dormir com ódio.Charles me traiu. Foi Charles quem contou sobre a morte do Alisson para o Jack, fico me perguntando o que ele ganhou com isso. Espero que esteja tão fodido com Jack quanto eu! A sensação de impotência para um maníaco por controle como eu, era pior que a morte. Depois de um treino intenso, deixei o meu corpo caí no assoalho. O meu celular tocava sem parar, era Victoria e os seus mil e um planos para um casamento que não iria acontecer, não sei por quanto tempo consiguiria fugir dela.Apesar da raiva que eu sinto por estar sendo manipulado por Jack, quero mais do que nunca destruir o negócio de tráfico de mulheres de Victoria, é nojento, tento expulsar da minha mente as fotos do catálogo especial.Busco em minha mente c