Christopher Os dias que se seguiram à ascensão meteórica de Daniel foram uma mistura de frustração e admiração. Eu sabia que ele tinha potencial, sabia que ele aprenderia rapidamente, mas não esperava que ele se transformasse tão rápido. A cada passo que ele dava na AdVision, parecia que eu estava observando uma versão mais jovem, porém mais impetuosa de mim mesmo. — Você está empurrando as coisas longe demais, Daniel. — disse para ele um dia, enquanto estávamos em uma sala de reuniões vazia, apenas nós dois. Ele me olhou com aquela expressão confiante, quase insolente, que estava começando a se tornar comum em seu rosto. — Estou apenas fazendo o que você me ensinou, Christopher. — respondeu, sem perder o tom de respeito. Mas havia uma ponta de sarcasmo ali, oculta nas palavras. — Ensinar você a ser um bom líder não significa se impor sobre os outros de forma autoritária. — repliquei, mantendo o tom calmo, mas firme. Eu sabia que Daniel estava testando meus limites, testando até
Emily — Christopher não é mais o Dragão, Lindsay, — respondi, tentando soar casual, mas o peso daquelas palavras caía sobre mim. — Esse capítulo da nossa vida acabou há muito tempo.Ela inclinou a cabeça para o lado, me analisando com um olhar quase condescendente.— Você tem certeza? — sua voz era baixa, quase um sussurro, mas as palavras atingiram como uma pedra.Eu franzi o cenho, confusa.— O que quer dizer com isso?Ela olhou ao redor, como se estivesse certificando-se de que ninguém mais estava ouvindo, e deu um passo mais perto de mim.— Emily, eu sei que você ama Christopher, mas... o Dragão nunca deixou o clube. — suas palavras eram diretas, e meu coração começou a bater mais rápido. — Ele voltou.Eu fiquei sem palavras por um momento, tentando absorver o que ela estava dizendo.— Isso é impossível, Lindsay. Christopher me prometeu que estava fora disso. — respondi, tentando soar firme, mas minha voz falhou.Ela suspirou e segurou meu braço, sua expressão mais séria agora.—
Emily Quando a noite finalmente chegou, o peso do dia inteiro parecia cair sobre mim. Ele estava no quarto, se trocando depois de um longo dia, e eu me aproximei lentamente, meu coração acelerado com o que estava prestes a perguntar. — Christopher, eu preciso te contar algo que ouvi hoje, — comecei, a voz vacilando um pouco, tentando reunir a coragem para o que estava por vir. Ele parou de ajeitar a camisa e me olhou com aquele olhar sério, o mesmo olhar que sempre me fez sentir que, independentemente de tudo, ele estava no controle. — O que houve, Emily? Respirei fundo, tentando organizar meus pensamentos, mas as palavras saíram de uma vez só. — Lindsay... — comecei, hesitando por um momento, mas decidi seguir em frente. — Ela me contou que... nossa relação, o nosso encontro, tudo isso... foi manipulado. Que alguém nos usou, Christopher. Por um momento, ele ficou em silêncio, observando-me atentamente, tentando entender o que eu estava dizendo. Depois, ele soltou uma
Christopher O pub La Muerte parecia mais sombrio do que o normal naquela noite. O ambiente carregado combinava com a tensão que pairava sobre mim desde o momento em que eu entrei. Alex Turner nunca trazia boas notícias, e o fato de ele estar aqui agora, com um envelope em mãos, não me trazia nenhum conforto. Ralf e eu observamos enquanto ele se aproximava, aquele casaco surrado balançando com o movimento. Quando ele fez sinal para que Ralf permanecesse sentado, eu soube que a conversa não seria fácil. — Christopher, Ralf. — Alex nos cumprimentou com um aceno breve antes de se sentar, seu olhar sério recaindo sobre mim. — Alex, o que você tem para mim? — eu não queria perder tempo. O tom da minha voz era frio e direto. Não havia necessidade de rodeios. Ele soltou um suspiro pesado e tirou um envelope do bolso do casaco, colocando-o sobre a mesa, deslizando-o lentamente até mim. — De quem é a arma, Christopher? — Alex perguntou sem tirar os olhos dos meus. Ele estava pressi
Christopher A noite estava fria, e o vento cortava meu rosto enquanto eu dirigia pelas ruas escuras. A raiva crescia a cada quilômetro percorrido. Como ele pôde fazer isso? Trair a própria família, trair sua própria carne. Minha mãe... o homem que eu chamava de pai, responsável pela sua morte. E, de alguma forma, envolvido na emboscada que quase me matou. Cheguei à casa de meu pai, o lugar onde cresci, que agora parecia tão vazio, tão frio. Estacionei o carro e fiquei sentado por alguns segundos, tentando controlar a raiva que crescia dentro de mim, a respiração pesada, o coração batendo forte no peito. Eu precisava enfrentá-lo. Ele devia me explicações. Saí do carro, o vento frio batendo contra o meu rosto, e caminhei até a porta da frente da casa. As lembranças daquele lugar vinham em ondas, mas o que me aguardava era muito mais sombrio do que qualquer memória que eu pudesse carregar. A porta estava escancarada. Um sinal claro de que algo estava errado. Eu entrei sem pensa
Christopher — Você já se sacrificou demais por mim, Ralf. — minha voz saiu firme, mas carregada de emoção. — Não vou deixar que você pague por isso, não depois de tudo. Ralf me olhou por um momento, seus olhos carregados de uma mistura de culpa e tristeza. Ele sabia o que estava em jogo, mas também sabia que não havia mais volta. O som das sirenes do lado de fora da casa ecoava como um lembrete constante de que o tempo estava acabando. — Christopher... — ele começou a falar, mas eu já sabia o que precisava fazer. Num movimento rápido e preciso, tomei a arma da mão dele, sem lhe dar chance de reagir. — Não, Ralf. — disse, a voz firme, mas carregada de afeto. — Você não vai pra cadeia por ter me protegido. Agora é minha vez. Ralf hesitou por um instante, e naquele silêncio pesado, trocamos um olhar que dizia mais do que qualquer palavra. Eu me virei e caminhei em direção à porta, a arma agora em minha mão. Cada passo parecia pesar toneladas, mas havia uma clareza no que e
Christopher Sentado na sala fria de visitas da delegacia, minha mente estava em completo turbilhão. Tudo ao meu redor parecia distante, como se eu estivesse preso em um pesadelo do qual não conseguia acordar. Quando Daniel entrou, com aquele sorriso que sempre me incomodava, eu já sabia que não seriam boas notícias. — Christopher, parabéns, cara. — ele disse, se aproximando da mesa. — O Caleb nasceu. É um menino forte, saudável. Você devia vê-lo. As palavras de Daniel atingiram como um soco no estômago. Meu filho havia nascido, e eu não estava lá. A dor de não ter estado ao lado de Emily, de não ter segurado Caleb nos braços logo ao nascer, me devastava por dentro. — Emily está bem? — perguntei, tentando controlar a voz, que parecia querer falhar a qualquer momento. Daniel se sentou e assentiu, seu sorriso ainda presente, mas agora mais suave. — Está sim. Cansada, mas bem. Ela é forte. Caleb está com ela. Eu respirei fundo, tentando absorver a notícia, enquanto um nó se
Emily Eu estava sentada na poltrona ao lado do berço de Caleb, tentando segurar as lágrimas que, mais uma vez, ameaçavam escapar. O silêncio da casa era perturbador, como se o próprio ambiente estivesse sufocando. Cada vez que eu olhava para Caleb, meu coração doía. Não pelo bebê, mas pela ausência de Christopher. Ele deveria estar aqui, compartilhando esse momento, segurando nosso filho nos braços. Mas não estava. A dor de sua ausência era esmagadora. Tentei me manter forte, mas era impossível ignorar o vazio ao meu redor. Tudo parecia fora de lugar sem ele aqui. Eu me levantei e caminhei até a janela, observando a escuridão do lado de fora. O céu estava encoberto, sem estrelas, refletindo o que eu sentia por dentro. Uma sensação de desesperança que me consumia mais a cada dia. Eu sentia falta dele de um jeito que mal conseguia descrever. Christopher sempre foi minha âncora, e agora, sem ele, eu estava à deriva. A ausência de Christopher era como uma ferida aberta que eu não