Christopher — Você já se sacrificou demais por mim, Ralf. — minha voz saiu firme, mas carregada de emoção. — Não vou deixar que você pague por isso, não depois de tudo. Ralf me olhou por um momento, seus olhos carregados de uma mistura de culpa e tristeza. Ele sabia o que estava em jogo, mas também sabia que não havia mais volta. O som das sirenes do lado de fora da casa ecoava como um lembrete constante de que o tempo estava acabando. — Christopher... — ele começou a falar, mas eu já sabia o que precisava fazer. Num movimento rápido e preciso, tomei a arma da mão dele, sem lhe dar chance de reagir. — Não, Ralf. — disse, a voz firme, mas carregada de afeto. — Você não vai pra cadeia por ter me protegido. Agora é minha vez. Ralf hesitou por um instante, e naquele silêncio pesado, trocamos um olhar que dizia mais do que qualquer palavra. Eu me virei e caminhei em direção à porta, a arma agora em minha mão. Cada passo parecia pesar toneladas, mas havia uma clareza no que e
Christopher Sentado na sala fria de visitas da delegacia, minha mente estava em completo turbilhão. Tudo ao meu redor parecia distante, como se eu estivesse preso em um pesadelo do qual não conseguia acordar. Quando Daniel entrou, com aquele sorriso que sempre me incomodava, eu já sabia que não seriam boas notícias. — Christopher, parabéns, cara. — ele disse, se aproximando da mesa. — O Caleb nasceu. É um menino forte, saudável. Você devia vê-lo. As palavras de Daniel atingiram como um soco no estômago. Meu filho havia nascido, e eu não estava lá. A dor de não ter estado ao lado de Emily, de não ter segurado Caleb nos braços logo ao nascer, me devastava por dentro. — Emily está bem? — perguntei, tentando controlar a voz, que parecia querer falhar a qualquer momento. Daniel se sentou e assentiu, seu sorriso ainda presente, mas agora mais suave. — Está sim. Cansada, mas bem. Ela é forte. Caleb está com ela. Eu respirei fundo, tentando absorver a notícia, enquanto um nó se
Emily Eu estava sentada na poltrona ao lado do berço de Caleb, tentando segurar as lágrimas que, mais uma vez, ameaçavam escapar. O silêncio da casa era perturbador, como se o próprio ambiente estivesse sufocando. Cada vez que eu olhava para Caleb, meu coração doía. Não pelo bebê, mas pela ausência de Christopher. Ele deveria estar aqui, compartilhando esse momento, segurando nosso filho nos braços. Mas não estava. A dor de sua ausência era esmagadora. Tentei me manter forte, mas era impossível ignorar o vazio ao meu redor. Tudo parecia fora de lugar sem ele aqui. Eu me levantei e caminhei até a janela, observando a escuridão do lado de fora. O céu estava encoberto, sem estrelas, refletindo o que eu sentia por dentro. Uma sensação de desesperança que me consumia mais a cada dia. Eu sentia falta dele de um jeito que mal conseguia descrever. Christopher sempre foi minha âncora, e agora, sem ele, eu estava à deriva. A ausência de Christopher era como uma ferida aberta que eu não
Emily Acordei com a sensação de estar flutuando entre a realidade e um sonho estranho e desconfortável. Daniel estava parado ao meu lado, segurando mais um comprimido na mão. Meus pensamentos estavam confusos, o quarto parecia mergulhado em sombras, e eu não conseguia entender que horas eram ou por quanto tempo eu havia dormido. — Onde está Caleb? — minha voz saiu fraca, quase um sussurro, enquanto tentava me situar. — Com a babá, querida. — ele respondeu calmamente, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Daniel me observava com uma expressão que me deixava ainda mais desconcertada. Ele estava perto demais, e antes que eu pudesse reagir, ele começou a pentear meu cabelo com as mãos, os dedos deslizando de uma forma perturbadoramente íntima. Meu corpo inteiro ficou tenso, mas minha mente estava nebulosa demais para processar o que estava acontecendo de forma coerente. Ele subiu na cama, sentando-se atrás de mim, puxando-me para perto dele, como se fossemos um casal. Ch
Emily Quando meus olhos finalmente abriram por completo, e a névoa que obscurecia meus pensamentos começou a se dissipar, notei o arranhão no rosto de Daniel. Aquele arranhão... eu fiz isso. Não foi um sonho. Tudo o que ele tinha feito, o toque invasivo, a maneira como ele agia como se fosse Christopher, foi real. Meu corpo ficou tenso, e o pânico começou a borbulhar novamente em minhas veias, mas eu o controlei. Precisava ser inteligente agora. Daniel se aproximou, com outro comprimido na mão, o mesmo sorriso controlado de sempre. — Hora do remédio, querida. — ele murmurou. Peguei o comprimido, sentindo o coração martelar contra o peito, mas mantive a expressão serena. Fingi levá-lo aos lábios e novamente esperei pelo momento certo. Daniel observava cada movimento, mas, assim que ele desviou o olhar por um segundo, tirei o comprimido da boca e o escondi novamente, assim como antes. — Caleb... onde está o meu filho? — perguntei, com a voz controlada, tentando esconder o des
Emily Eu estava sentada no camarim, segurando Caleb firmemente em meus braços, quando a porta se abriu novamente. Desta vez, era Ralf. Seu rosto estava carregado de preocupação, e ele não precisou perguntar para entender a gravidade da situação. Lindsay provavelmente já havia contado a ele que eu estava ali com o bebê. — Emily, o que aconteceu? — ele perguntou, aproximando-se com cuidado, seus olhos fixos em mim e no bebê. Eu tentei manter a compostura, mas as palavras começaram a sair antes que eu pudesse segurá-las. — Foi o Daniel... ele me dopou, Ralf... com a ajuda da Dra. Renata. Eles estavam me dando remédios, e eu não sabia mais o que era real. Ele tentou... — minha voz falhou, e eu senti as lágrimas brotarem, finalmente me deixando quebrar. — Ele tentou fazer coisas horríveis comigo. Meu irmão... ele ficou louco, Ralf. As palavras saíram em meio a soluços, enquanto eu revivia o pesadelo das últimas horas. Daniel, o garoto que eu ajudei a criar, que eu amava como meu
Ralf Renata estava amarrada a uma cadeira no centro da sala, as luzes duras do galpão refletindo em sua pele pálida. Eu podia ver o medo crescendo dentro dela, mas ela ainda tentava se manter firme. Eu já havia visto esse tipo de resistência antes. A mulher era forte, mas não o suficiente para resistir ao que viria. — Vamos acabar logo com isso, Renata, — eu disse, cruzando os braços, minha paciência começando a se esgotar. — Me conte tudo o que sabe sobre Daniel e a obsessão dele por Emily. Ela riu, um riso amargo, como se achasse a situação irônica. — Obsessão por Emily? Você não entende nada, Ralf. O problema de Daniel nunca foi Emily. Ele é obcecado por Christopher. As palavras dela me atingiram como um soco. Eu sabia que Daniel tinha problemas, que ele sempre buscava imitar o estilo de vida de Christopher. Mas obcecado? Eu me aproximei mais, tentando entender o que ela estava dizendo. — Você está dizendo que... — comecei, mas Renata me interrompeu. — Daniel quer ser
Christopher Quando cheguei ao clube de luta, a primeira coisa que percebi foi o silêncio. Um silêncio pesado, sufocante, que se infiltrava no ambiente como uma sombra. Não havia os ruídos típicos das lutas, dos gritos, das apostas. Nada. Apenas um silêncio perturbador, quebrado de vez em quando pelo som abafado de... um choro. Caleb. Meu coração apertou. Acelerei o passo, o barulho das minhas botas ressoando nas paredes de concreto. Passei pela entrada, empurrando a porta de metal com força, e assim que entrei no salão principal, o horror me atingiu como um soco no estômago. Os seguranças que eu havia deixado para proteger Emily e Caleb estavam caídos no chão, imóveis. Mortos. Eu olhei ao redor, desesperado, e então o vi. Daniel. Ele estava de pé, no centro do ringue, com um sorriso satisfeito no rosto. E lá, ao seu lado, amarrada a uma cadeira, estava Emily. Ela estava pálida, os olhos arregalados de medo, mas viva. Caleb chorava em algum canto, seu choro desesperado ecoando p