Quando Rebeca Wolfgang chegou em casa da escola a noite, Celso já foi logo lhe contando antes dela entrar pela porta da cozinha:
- Mãe o pai achou o corpo de um guri morto no forro em cima do meu quarto! – Exclamou.- O que?! – Gritou ela deixando cair os cadernos, os livros e a bolsa de suas mãos.- Aquele cheiro de podre sobre o meu quarto, era um guri que estava morto lá em cima! – Exclamou ele ansiosamente a mãe.- Jesus, o que é isso! – Asseverou Rebeca em choque.- É verdade, encontrei o corpo do filho desaparecido do pastor anterior a mim nessa cidade! – Explicou Hyldon entrando na cozinha. – Parece que o guri se escondeu no forro depois que o pai lhe atacou! – Disse ele.- Como?! – Insiste Rebeca fitando o marido.- Não sei como, eu não estava no dia aqui! – Respondeu ele bravamente. – Não se lembra?! – Ironizou ele.- Eu sei que tu não estavas aqui Hyldon! – Retrucou ela. – Mas a policia não falou nada? – Perguntou curiosamente ela.- Não! – RespoRebeca ainda não tinha se recuperado do choque da noite anterior, ela não podia acreditar que estava dormindo junto com um cadáver, na mesma casa. Rebeca levantou mais cedo que todo mundo naquele lugar. Pois não conseguia dormir. Poderia ser que tomando um chimarrão sozinha, pudesse relaxar. Esquentou a agua no fogão, preparou a erva na cuia e sentou-se na cozinha. Sem ninguém para lhe perturbar. Hyldon iria dormir mais uma hora ou duas e as crianças também. Poderia ficar ali sentada na cadeira tomando chimarrão e pensando sobre tudo o que estava acontecendo naquele fim de mundo.As vezes ela não tinha certeza se os filhos estariam seguros naquele lugar. Ou se mesmo eles, Hyldon e ela estariam seguros ali. Na verdade o medo dela eram aqueles malditos corvos, eles pareciam mesmo ter algum efeito sobre cada um deles. Talvez eles todos ali tinham um segredo obscuro que os corvos houvessem descoberto. Nenhum deles ali era um “santo”, disso ela sabia. Hyldon era egoísta, individ
O casamento de Hyldon e Rebeca nunca tinha sido bom. Ela [Rebeca] tinha se arrependido logo depois do casamento. Porém em 2003, quando Kimberley tinha seus quatro ou cinco anos, ela começou a dar aula na escola no centro de Caxias do Sul. Foi nesse tempo que ela conheceu Peter Krüger, um professor de filosofia. Peter assim como ela era casado e tinha um relacionamento conturbado com o cônjuge. Ele era alto, cabelos loiros e cheios, olhos azuis e um sorriso largo. Na verdade desde que ela foi apresentada na sala dos professores não se lembrava de ver ele seriamente. Peter era um homem que vivia sorrindo, o que fez com que ela se apaixonasse.O problema de Rebeca era o casamento com Hyldon Wolfgang, aquele homem rude e sem coração. Ela [Rebeca] sabia que seria um suicídio se envolver com outro homem, pois se Hyldon descobrisse era morte na certa. Aquele homem era muito possessivo. Ainda mais que fazia pouco tempo que o fi
Fazia dias que Hyldon não ligava seu velho Opala 1973. Tirando aquele carro da garagem improvisada que tinha feito nos fundos do templo. O pôs na frente de casa e ficou acelerando para o motor funcionar um pouco. Tinha comprado aquele carro em 1997 de um velho. Ele [Hyldon] sempre tivera um gosto por carros antigos, já tinha tido um Corcel Ford do mesmo ano 1973, um Fusca Volkswagen 1975, um Escort Ford 1986 entre outros carros. Sempre tirava fotos dos carros antes de repassa-los a outros. Aquele Opala porém era o seu preferido. Por isso tinha o mantido ainda consigo.Carros antigos para ele sempre serão melhores carros que os mais novos. Os novos são feitos de fibra de carbono e... Horríveis! Ele ainda preferia a batida da lataria. Aquele cheiro forte de carro antigo.Nesse momento um daqueles malditos corvos pousa sobre o capo do seu Opala 1973. Ele tenta espantar aquela ave buzinando, mas... Logo como anteriorm
Depois de todos os acontecidos daquela semana aquele era o primeiro dia da volta das irmãs Meyer a escola. Kimberley sabia que não era muito sociável, mas naquele momento poderia ser um pouco mais humana. Dora e Olinda eram um pé no saco ainda para ela [Kimberley], só que acabaram de perder a mãe e isso era terrível. Ela tinha que mostrar para aquelas gurias, que poderiam contar com uma amiga. Na hora do recreio Kimberley se aproxima das duas que estavam quietas encostadas no enorme muro pintado a cal de branco e com uma voz suave pergunta:- Como vocês estão indo gurias?- Mais ou menos! – Responde Dora que era a mais falante das duas. Elas ainda vestiam roupas pretas demonstrando o seus lutos.- Fiquei triste pela mãe de vocês. – Disse fitando as duas ali escoradas naquele muro de cabeça baixa. – Ela devia ser uma ótima pessoa. – Concluiu.- Sim era! – Concorda Olinda olhando para aquela guria de cabelos loiros e lisos.- Isso é uma fatalidade! – Argumenta Kim
Naquela tarde Celso não tinha nada para fazer. A mãe tinha ido dar aula, o pai estava trancado no escritório tentando terminar o sermão para domingo, a irmã tinha saído, fora para a casa de uma nova amiga e ele... Iria tirar um sono, já que ainda lhe incomodava um pouco os machucados na cabeça. Os machucados lhe ajudaram a faltar na escola aqueles dias. O que para Celso não tinha sido um prejuízo tão grande. Ele [Celso] tinha odiado aquela escola nova cheia de caipiras. Os socos na cara do colega na hora do recreio demonstrava isso. Isso não queria mais voltar para aquele maldito lugar.Diferente dele Kimberley parecia estar começando a se enturmar, o que poderia ser uma péssima ideia, se acaso esses novos amigos usassem drogas, como os amigos antigos dela. Outra overdose seria fatal para sua irmã. Ela [Kimberley] tinha passado muito mal com aquela overdose, quase morreu. Seus pais quase surtaram também com todo aquele problema. viver aquele inferno novamente não dava para
Enquanto Dora estava em seu quarto trancada e brava com a irmã e Kimberley. Ambas procuram alguma coisa que explique o suicídio da mãe daquelas gurias. O pai delas era carteiro e não estaria em casa antes da cinco e meia da tarde. O que dava tempo daquelas duas gurias procurarem uma resposta dentro daquela casa simples. As gurias mexiam nas roupas da mãe de Olinda quando a mesma encontra um envelope de carta, ao abri-lo e ler a primeira parte ela chama Kimberley que está procurando em baixo da cama.- Kimberley veja isso! – Disse chamando a guria a outra.- O que?! – Indaga Kimberley se aproximando de Olinda. As duas sentam na ponta da cama e começam a ler aquela pequena carta.“Não sei, se quando vocês encontrarem essa carta vão conseguir entender os meus motivos. Nem seu mesmo sei se iria entende-los. Não gostaria de abrir o jogo assim abertamente, só que não estou conseguindo mais manter minha sanidade mental com esses corvos saídos do inferno me atorme
Depois de alguns minutos ali sentadas naquela cama, Olinda Meyer e Kimberley vão ao quarto da garota esconder a carta. Ninguém podia ver aquele papel, talvez nem mesmo Dora, já que essa estava já brava com o que a irmã tinha dito. Olinda guarda ao carta dentro de seu roupeiro no bolso de um casaco que nunca usava e que ficava dentro de outros no cabide.- Aqui, acho que ninguém vai encontrar isso! – Asseverou.- Por que esconder Olinda? – Perguntou curiosamente Kimberley fitando a amiga guardado aquela carta dentro do roupeiro.- Eu já te disse, meu pai não pode saber que essa carta existe! – Respondeu ela rapidamente.- Por que não rasga ela então? – Insistiu Kimberley.- Por que é a ultima coisa que minha mãe escreveu! – Respondeu novamente ela sem olhar para a nova amiga.- Sim! – Concorda aquela guria. Kimberley estava muito triste por Olinda Meyer. Ela [Olinda] não parecia ser a pessoa chata e caipira que ela [Kimberley] tinha pintado em sua cabeça. As p
Rebeca sabia que a única que poderia lhe ajudar a entender melhor aquilo era a velha da cuca. Aquela mulher tinha vivido a vida toda dela ali e poderia saber como fazer aqueles corvos pararem de lhe atormentar. Peter Krüger era um fantasma de seu passado e não queria revisita-lo novamente. Ele [Peter] tinha lhe dado algo bom que era seu filho Celso, só que lhe tinha sido um sem vergonha por tê-la deixado gravida. E tinha pago por isso, por que agora ela [Rebeca] tinha que sofrer?Ela bate a porta daquela casa, segurando um pão de casa que tinha feito. Esperava que a velha que morava ali do outro lado da rua pudesse fazer aquilo acabar.- Pode entrar, está aberta! – Grita a voz rouca do outro lado da porta.Rebeca abre a porta e ao entrar exclama:- Irmã Dolores, vim conversar um pouco com a senhora; - Disse.- Pode entrar irmã, e sente-se! – Respondeu a velha sentada em uma poltrona antiga coberta por um tipo de manta de croché vermelha e verde. – Fique a vontad