Depois de todos os acontecidos daquela semana aquele era o primeiro dia da volta das irmãs Meyer a escola. Kimberley sabia que não era muito sociável, mas naquele momento poderia ser um pouco mais humana. Dora e Olinda eram um pé no saco ainda para ela [Kimberley], só que acabaram de perder a mãe e isso era terrível. Ela tinha que mostrar para aquelas gurias, que poderiam contar com uma amiga. Na hora do recreio Kimberley se aproxima das duas que estavam quietas encostadas no enorme muro pintado a cal de branco e com uma voz suave pergunta:
- Como vocês estão indo gurias?- Mais ou menos! – Responde Dora que era a mais falante das duas. Elas ainda vestiam roupas pretas demonstrando o seus lutos.- Fiquei triste pela mãe de vocês. – Disse fitando as duas ali escoradas naquele muro de cabeça baixa. – Ela devia ser uma ótima pessoa. – Concluiu.- Sim era! – Concorda Olinda olhando para aquela guria de cabelos loiros e lisos.- Isso é uma fatalidade! – Argumenta KimNaquela tarde Celso não tinha nada para fazer. A mãe tinha ido dar aula, o pai estava trancado no escritório tentando terminar o sermão para domingo, a irmã tinha saído, fora para a casa de uma nova amiga e ele... Iria tirar um sono, já que ainda lhe incomodava um pouco os machucados na cabeça. Os machucados lhe ajudaram a faltar na escola aqueles dias. O que para Celso não tinha sido um prejuízo tão grande. Ele [Celso] tinha odiado aquela escola nova cheia de caipiras. Os socos na cara do colega na hora do recreio demonstrava isso. Isso não queria mais voltar para aquele maldito lugar.Diferente dele Kimberley parecia estar começando a se enturmar, o que poderia ser uma péssima ideia, se acaso esses novos amigos usassem drogas, como os amigos antigos dela. Outra overdose seria fatal para sua irmã. Ela [Kimberley] tinha passado muito mal com aquela overdose, quase morreu. Seus pais quase surtaram também com todo aquele problema. viver aquele inferno novamente não dava para
Enquanto Dora estava em seu quarto trancada e brava com a irmã e Kimberley. Ambas procuram alguma coisa que explique o suicídio da mãe daquelas gurias. O pai delas era carteiro e não estaria em casa antes da cinco e meia da tarde. O que dava tempo daquelas duas gurias procurarem uma resposta dentro daquela casa simples. As gurias mexiam nas roupas da mãe de Olinda quando a mesma encontra um envelope de carta, ao abri-lo e ler a primeira parte ela chama Kimberley que está procurando em baixo da cama.- Kimberley veja isso! – Disse chamando a guria a outra.- O que?! – Indaga Kimberley se aproximando de Olinda. As duas sentam na ponta da cama e começam a ler aquela pequena carta.“Não sei, se quando vocês encontrarem essa carta vão conseguir entender os meus motivos. Nem seu mesmo sei se iria entende-los. Não gostaria de abrir o jogo assim abertamente, só que não estou conseguindo mais manter minha sanidade mental com esses corvos saídos do inferno me atorme
Depois de alguns minutos ali sentadas naquela cama, Olinda Meyer e Kimberley vão ao quarto da garota esconder a carta. Ninguém podia ver aquele papel, talvez nem mesmo Dora, já que essa estava já brava com o que a irmã tinha dito. Olinda guarda ao carta dentro de seu roupeiro no bolso de um casaco que nunca usava e que ficava dentro de outros no cabide.- Aqui, acho que ninguém vai encontrar isso! – Asseverou.- Por que esconder Olinda? – Perguntou curiosamente Kimberley fitando a amiga guardado aquela carta dentro do roupeiro.- Eu já te disse, meu pai não pode saber que essa carta existe! – Respondeu ela rapidamente.- Por que não rasga ela então? – Insistiu Kimberley.- Por que é a ultima coisa que minha mãe escreveu! – Respondeu novamente ela sem olhar para a nova amiga.- Sim! – Concorda aquela guria. Kimberley estava muito triste por Olinda Meyer. Ela [Olinda] não parecia ser a pessoa chata e caipira que ela [Kimberley] tinha pintado em sua cabeça. As p
Rebeca sabia que a única que poderia lhe ajudar a entender melhor aquilo era a velha da cuca. Aquela mulher tinha vivido a vida toda dela ali e poderia saber como fazer aqueles corvos pararem de lhe atormentar. Peter Krüger era um fantasma de seu passado e não queria revisita-lo novamente. Ele [Peter] tinha lhe dado algo bom que era seu filho Celso, só que lhe tinha sido um sem vergonha por tê-la deixado gravida. E tinha pago por isso, por que agora ela [Rebeca] tinha que sofrer?Ela bate a porta daquela casa, segurando um pão de casa que tinha feito. Esperava que a velha que morava ali do outro lado da rua pudesse fazer aquilo acabar.- Pode entrar, está aberta! – Grita a voz rouca do outro lado da porta.Rebeca abre a porta e ao entrar exclama:- Irmã Dolores, vim conversar um pouco com a senhora; - Disse.- Pode entrar irmã, e sente-se! – Respondeu a velha sentada em uma poltrona antiga coberta por um tipo de manta de croché vermelha e verde. – Fique a vontad
Nesse momento a velha fita Rebeca bem dentro dos olhos e indaga:- O que tu fizestes?! – Rebeca dá um salto do sofá.- Não sei do que a senhora está falando irmã! – Respondeu num susto.- Qual é o teu pecado obscuro?! – Insistiu aquela mulher. – Tu não vieste aqui apenas pra descobrir o meu pecado obscuro, não é? – Ela fitava Rebeca com ironia.- Já que estamos sendo honestas uma com a outra irmã, vou lhe contar! – Responde Rebeca com medo. Ela [Rebeca] fitava aquela velha enquanto sentia que suas mãos estavam geladas e suando. Seu coração acelerou. Batidas fortes e cada vez mais forte. – Como a irmã sabe sou casada com o pastor Hyldon Wolfgang a muitos anos, mas o que a senhora não sabe irmã Dolores é que Hyldon não é um homem bom! – Começou a explicar aquela mulher. – Ele não é pra mim tão bom quanto seu falecido marido era pra senhora irmã! – Continuou. – Hyldon é um homem ruim. Ele me bate, ele bate nos nossos filhos e isso é por qualquer coisa! Ele não mede as coisa
Enquanto terminava de digitar o seu sermão no notebook em seu escritório improvisado em casa, Hyldon Wolfgang começa a escutar os corvos a se chocar contra a janela a suas costas que estava fechada.- Deus o que é isso! – Exclamou assustado virando para a janela com sua cadeira giratória. De novo aqueles corvos iriam lhe atormentar? Nesse momento ele escuta o grunhir de um corvo. Ele se vira para seu lado esquerdo e lá estava aquela ave no chão com as assas abertas vindo caminhando em sua direção. – Como tu entraste aqui?! – Indagou seriamente. O corvos com aqueles olhos cor de sangue o observava a grunhir.- “Nós queremos o que restou de sua alma”! – Era novamente a voz daquela mulher maldita que já devia estar queimando no inferno.- Pare com isso Berenice! – Gritou.- “Nós queremos o que restou de sua alma”! – In
Enquanto caminhava rumo a casa de Olinda naquela tarde, Kimberley se deparou com um daqueles corvos. Ela [Kimberley] fitou aquela ave que lhe observava pousada sobre um muro.- O que foi sua ave feia?! – Indagou ela parando e olhando para aquele corvo. – Quer uma pedrada? – Insistiu.Naquele momento ela começa enxergar dentro dos olhos cor de sangue do corvo sua amiga Lídia.- “O que tu vais fazer Kimberley “? – Perguntava aquela guria morena de blusa vermelha.- “Vou fazer um aborto”! – Respondeu ela [Kimberley] revirando uma gaveta de uma cômoda em seu antigo quarto.- “O “locão” sabe disso”?! – indagou Lídia a fitando assustada;- “Ele não sabe nem que estou gravida”! – Respondeu ela novamente achando uma meia, onde guardava um dinheiro escondido.- “O que”? - Insiste aquela guria num susto.- “Eu ia contar para ele, mas vi-o ficando com a Tamires Volowiski”! – Esbravejou ela tirando o dinheiro da meia. – “Eu não vou ter um filho de um filho da
Celso não tinha ainda esquecido a visão com aquele corvo e sua cama. Foi traumatizante para ele tão quanto foi o ataque daquelas aves dias antes. Ele [Celso] não conseguia ler seus “gibis”, sem que a imagem daquele pássaro vindo do inferno viesse em sua mente. Isso lhe gelava o sangue, lhe causava um frio na espinha. Lembrar daquela ave lhe imobilizando, o deixando vulnerável, fazia com que um medo lhe tomasse conta do seu corpo.Ele [Celso] estava sentado em cima das pernas sobre a cama. Cercado por aquelas revistinhas em quadrinhos. Tentando ler alguma. Fazendo força para isso. A janela estava fechada e a porta também. Porém isso não tinha sido barreira para aquela ave da outra vez. Ele [o corvo] entrou e sumiu sem ele [Celso] perceber. Como se fosse um fantasmas, uma neblina ou um vento. Aquele pássaro devia ter passado por dentro das paredes. Não tinha outra explicação para Celso.Nesse momento Celso escuta o grunhir novamente daquele corvo. Como ele poderia estar ali de n