Depois de alguns minutos ali sentadas naquela cama, Olinda Meyer e Kimberley vão ao quarto da garota esconder a carta. Ninguém podia ver aquele papel, talvez nem mesmo Dora, já que essa estava já brava com o que a irmã tinha dito. Olinda guarda ao carta dentro de seu roupeiro no bolso de um casaco que nunca usava e que ficava dentro de outros no cabide.
- Aqui, acho que ninguém vai encontrar isso! – Asseverou.- Por que esconder Olinda? – Perguntou curiosamente Kimberley fitando a amiga guardado aquela carta dentro do roupeiro.- Eu já te disse, meu pai não pode saber que essa carta existe! – Respondeu ela rapidamente.- Por que não rasga ela então? – Insistiu Kimberley.- Por que é a ultima coisa que minha mãe escreveu! – Respondeu novamente ela sem olhar para a nova amiga.- Sim! – Concorda aquela guria. Kimberley estava muito triste por Olinda Meyer. Ela [Olinda] não parecia ser a pessoa chata e caipira que ela [Kimberley] tinha pintado em sua cabeça. As pRebeca sabia que a única que poderia lhe ajudar a entender melhor aquilo era a velha da cuca. Aquela mulher tinha vivido a vida toda dela ali e poderia saber como fazer aqueles corvos pararem de lhe atormentar. Peter Krüger era um fantasma de seu passado e não queria revisita-lo novamente. Ele [Peter] tinha lhe dado algo bom que era seu filho Celso, só que lhe tinha sido um sem vergonha por tê-la deixado gravida. E tinha pago por isso, por que agora ela [Rebeca] tinha que sofrer?Ela bate a porta daquela casa, segurando um pão de casa que tinha feito. Esperava que a velha que morava ali do outro lado da rua pudesse fazer aquilo acabar.- Pode entrar, está aberta! – Grita a voz rouca do outro lado da porta.Rebeca abre a porta e ao entrar exclama:- Irmã Dolores, vim conversar um pouco com a senhora; - Disse.- Pode entrar irmã, e sente-se! – Respondeu a velha sentada em uma poltrona antiga coberta por um tipo de manta de croché vermelha e verde. – Fique a vontad
Nesse momento a velha fita Rebeca bem dentro dos olhos e indaga:- O que tu fizestes?! – Rebeca dá um salto do sofá.- Não sei do que a senhora está falando irmã! – Respondeu num susto.- Qual é o teu pecado obscuro?! – Insistiu aquela mulher. – Tu não vieste aqui apenas pra descobrir o meu pecado obscuro, não é? – Ela fitava Rebeca com ironia.- Já que estamos sendo honestas uma com a outra irmã, vou lhe contar! – Responde Rebeca com medo. Ela [Rebeca] fitava aquela velha enquanto sentia que suas mãos estavam geladas e suando. Seu coração acelerou. Batidas fortes e cada vez mais forte. – Como a irmã sabe sou casada com o pastor Hyldon Wolfgang a muitos anos, mas o que a senhora não sabe irmã Dolores é que Hyldon não é um homem bom! – Começou a explicar aquela mulher. – Ele não é pra mim tão bom quanto seu falecido marido era pra senhora irmã! – Continuou. – Hyldon é um homem ruim. Ele me bate, ele bate nos nossos filhos e isso é por qualquer coisa! Ele não mede as coisa
Enquanto terminava de digitar o seu sermão no notebook em seu escritório improvisado em casa, Hyldon Wolfgang começa a escutar os corvos a se chocar contra a janela a suas costas que estava fechada.- Deus o que é isso! – Exclamou assustado virando para a janela com sua cadeira giratória. De novo aqueles corvos iriam lhe atormentar? Nesse momento ele escuta o grunhir de um corvo. Ele se vira para seu lado esquerdo e lá estava aquela ave no chão com as assas abertas vindo caminhando em sua direção. – Como tu entraste aqui?! – Indagou seriamente. O corvos com aqueles olhos cor de sangue o observava a grunhir.- “Nós queremos o que restou de sua alma”! – Era novamente a voz daquela mulher maldita que já devia estar queimando no inferno.- Pare com isso Berenice! – Gritou.- “Nós queremos o que restou de sua alma”! – In
Enquanto caminhava rumo a casa de Olinda naquela tarde, Kimberley se deparou com um daqueles corvos. Ela [Kimberley] fitou aquela ave que lhe observava pousada sobre um muro.- O que foi sua ave feia?! – Indagou ela parando e olhando para aquele corvo. – Quer uma pedrada? – Insistiu.Naquele momento ela começa enxergar dentro dos olhos cor de sangue do corvo sua amiga Lídia.- “O que tu vais fazer Kimberley “? – Perguntava aquela guria morena de blusa vermelha.- “Vou fazer um aborto”! – Respondeu ela [Kimberley] revirando uma gaveta de uma cômoda em seu antigo quarto.- “O “locão” sabe disso”?! – indagou Lídia a fitando assustada;- “Ele não sabe nem que estou gravida”! – Respondeu ela novamente achando uma meia, onde guardava um dinheiro escondido.- “O que”? - Insiste aquela guria num susto.- “Eu ia contar para ele, mas vi-o ficando com a Tamires Volowiski”! – Esbravejou ela tirando o dinheiro da meia. – “Eu não vou ter um filho de um filho da
Celso não tinha ainda esquecido a visão com aquele corvo e sua cama. Foi traumatizante para ele tão quanto foi o ataque daquelas aves dias antes. Ele [Celso] não conseguia ler seus “gibis”, sem que a imagem daquele pássaro vindo do inferno viesse em sua mente. Isso lhe gelava o sangue, lhe causava um frio na espinha. Lembrar daquela ave lhe imobilizando, o deixando vulnerável, fazia com que um medo lhe tomasse conta do seu corpo.Ele [Celso] estava sentado em cima das pernas sobre a cama. Cercado por aquelas revistinhas em quadrinhos. Tentando ler alguma. Fazendo força para isso. A janela estava fechada e a porta também. Porém isso não tinha sido barreira para aquela ave da outra vez. Ele [o corvo] entrou e sumiu sem ele [Celso] perceber. Como se fosse um fantasmas, uma neblina ou um vento. Aquele pássaro devia ter passado por dentro das paredes. Não tinha outra explicação para Celso.Nesse momento Celso escuta o grunhir novamente daquele corvo. Como ele poderia estar ali de n
Kimberley levanta-se do chão num susto, não sabia quanto tempo tinha ficado ali. Largada ao chão perto daquele muro. Ela ainda sentia um pouco de dor. Como se aquela experiência tivesse sido verdadeiramente real. Ela caminha sem rumo, sem saber para onde estava indo. Não sabia se estava voltando para casa, ou seguindo rumo à casa de Olinda.Naquele momento isso não mais lhe importava, depois daquela cena que tinha visto, Kimberley tinha ficado chocada. Sentia náuseas, ao relembrar daquela cena, o feto destroçado sobre aquele berço coberto com uma mortalha. Aqueles olhos vermelhos como os dos corvos. A voz macabra que lhe atormentava. Kimberley estava surtando. Ela precisava de uma droga. Cocaína como da vez que abortou. Isso ela precisava de cocaína!- “Eu preciso cheirar”! – Pensava ela enquanto caminhava cambaleando e sem rumo. – “Preciso cheirar”!
Kimberley fechou a tampa do vaso e se sentou. Ela abre o canivete e o segura perto do pulso da mão esquerda. Era estranho para Kimberley ter sobrevivido a uma overdose e agora ali sentada com aquela navalha contra a pele pronta para... Ainda bem que ela não se considerava uma cristã, pois os cristãos condenavam ao inferno quem comete suicídio. Ela [Kimberley] estava ali perto de cometer um. A beira do abismo, que separa a razão da loucura.Sua vida toda passava em câmera lenta aos seus olhos. A chuva que caiu no seu aniversario de seis anos e estragou a festa. O esporro de sua mãe quando ela ficou com um guri atrás da igreja aos doze. Podia se ver lá sentada com seu vestido branco com flores vermelhas e a sua mãe gritando:- “Tu é a filha do pastor Kimberley, não podes fazer essas coisas”! – Esbravejou. E olha que ela nem tinha visto onde aquele guri tinha metido as
Era uma noite densa e sem lua. O tempo parecia preparado para chuva, mas não tinha nem relâmpagos. Tudo estava calmo na casa dos Wolfgang. Rebeca fazia o jantar, Celso lia suas revistas em quadrinhos em seu quarto, Hyldon terminava seu sermão para a manha do dia seguinte, para ele [Hyldon] aquela semana parecia ter sido longa, ter passado de sete dias. E Kimberley estava...Enquanto terminava o seu sermão Hyldon Wolfgang avista a garrafa de vinho que o prefeito lhe tinha presenteado. Ainda estava embalado. Aquela garrafa sobre uma pilha de caixas lhe parecia tão chamativa. Fazia tempo que ele não degustava um bom vinho. Levanta-se de sua cadeira após por o ultimo ponto em seu sermão. Tinha conseguido acabar aquela droga. Caminhou até a pilha de caixas e pegou a garrafa, tirou o embrulho e largou o mesmo em cima do amontoado de caixas. Ver aquela garrafa de vinho tinto era uma felicidade para ele. ele tira o invólucro que envolvia a rolha e por fim acaba tirando a rolha com os den