Teófilo tinha uma expressão gélida. Estava disposto a conceder certa liberdade a Patrícia, mas apenas dentro dos limites que podia controlar. Com os perigos imprevisíveis da ilha, qualquer acidente poderia fazê-lo se arrepender pelo resto da vida.- Sim, Presidente Teófilo, providenciarei que ela seja eliminada agora mesmo.Minutos depois, Álvaro correu até ele, visivelmente perturbado.- Não são boas notícias, Presidente Teófilo. O rastreador da senhora foi desativado.Teófilo descartou o cigarro que segurava entre os dedos e o fitou intensamente.- O que você disse?- Eu acabara de verificar, e estava tudo bem. Não é que não haja sinal, ele foi apagado diretamente. O material do rastreador é muito resistente, difícil de ser destruído. A menos que a senhora o tenha desativado por conta própria.Teófilo franziu a testa, percebendo que Patrícia fez isso de propósito. Ela previu que ele agiria nesta rodada para eliminá-la e já estava pronta para se juntar à Preto X, então se antecipou.
Patrícia mal teve tempo de reagir, com um movimento rápido, ela jogou o homem por cima do ombro e continuou a correr sem olhar para trás. Atrás dela, se ouviu Cláudio praguejando: - Gael, você está fraco? Não consegue segurar uma mulher?- Droga, ela escapou.- Vamos, rápido, atrás dela!Os homens correram atrás de Patrícia, enquanto Gael, ainda no chão, conectava seu fone de ouvido e falava com desdém: - Encontrei ela.Ele se levantou lentamente, observando as figuras apressadas dos homens se afastarem, um sorriso zombeteiro no rosto. Patrícia corria velozmente, mas o terreno irregular da selva e as ocasionais aparições de cobras dificultavam sua fuga. À medida que o crepúsculo caía, o suor cobria seu corpo. Os perseguidores estavam bem próximos, como num jogo de gato e rato.- Foge, vamos ver até onde você consegue ir hoje!Quando Patrícia começou a perder o fôlego, um dos homens aproveitou a oportunidade para pular em sua direção, pensando ter capturado a presa fácil. No enta
Os homens de Teófilo, em sua maioria, eram como ele: reservados e pouco inclinados ao riso.Gael, contudo, era uma exceção. Não seguia convenções e exalava uma aura de malícia.Sem obter resposta, Cláudio, fumando e com o ombro sangrando, zombou:- Você não acha que ela estaria na água, né? Se ela entrou lá, com essa correnteza forte, já era.Gael ignorou Cláudio e continuou:- Desta vez, farei uma saída ousada. Fique tranquila, senhora, farei o que você deseja.Cláudio estava prestes a retrucar quando, de repente, uma figura emergiu das águas com um ruído.Ele estava prestes a gritar quando viu uma mulher de pele alva como a neve, sem nenhuma imperfeição visível.Toda a sua maquiagem havia sido lavada pela água, e ela parecia ainda mais pálida que antes, refletindo luz.Seus cabelos negros e úmidos estavam colados às bochechas, a fazendo parecer uma sereia.Todos os homens presentes ficaram hipnotizados por sua beleza.Seria possível existir uma mulher tão bela?Gael já havia notado
Ficou evidente que as alegrias e tristezas humanas não se misturavam. Enquanto uns se divertiam, Patrícia se sentia inquieta.- Com tanto esforço cheguei até aqui, Teófilo, me deixa ir, tenho coisas a fazer.Mas ele não parou, e quando Patrícia tentou confrontá-lo, ficou claro que Teófilo estava num nível acima dela. Ela foi rapidamente imobilizada em seus braços.- Nada é mais importante do que a sua segurança.- Esta é a jornada que escolhi para mim. Se me ama, deveria apoiar qualquer decisão minha.- Porque eu te amo, não vou deixar você seguir um caminho tão extremo, Paty. Eu vingarei por nós, e você só precisa voltar a ser minha Sra. Amaral.Patrícia o encarou com os olhos arregalados.- O que você está dizendo? Já te disse que não vou me casar de novo contigo. Nós dois já não somos possíveis.- Neste mundo, nada é impossível.Gabriel e Lucas apareceram, e Patrícia, com olhar aguçado, notou uma seringa nas mãos de Gabriel. Ela instintivamente sabia que não era nada bom.- O que v
Patrícia lutou desesperadamente, embora aquele homem a conhecesse muito bem. Como uma serpente imobilizada, ela se sentia profundamente frustrada.Tinha chegado tão longe, estava tão perto de entrar na Preto X, tão perto de se libertar de Teófilo.- Não! Eu não quero perder minha memória. Teófilo, não me obrigue a te odiar. O antídoto? Deve existir um, certo?Patrícia agarrou a gola da camisa de Teófilo, mas o homem, com o rosto manchado de sangue, sorriu de maneira obsessiva.- Paty, nunca pensei em voltar atrás. Não há antídoto neste mundo.Desolada, Patrícia caiu sentada no chão, observando as feridas em suas palmas.Somente ela sabia o quanto foi difícil chegar até ali, suportando tanta dor, quase morrendo várias vezes.As memórias dolorosas do passado sempre a sustentaram, a ajudando a sobreviver.Ela se tornou mais forte, não mais frágil, mais corajosa, mais destemida.Havia quebrado as correntes que a prendiam, mas Teófilo queria fazê-la regressar à pessoa que ela era antes.Pat
"- Patrícia, seja feliz.""- Eu disse que sempre te protegeria... Te protegeria completamente, para sempre. Adeus, Patrícia.""- Patrícia, papai vai proteger você e o bebê.""- Minha filha é tão linda, pena que a mãe voltou tarde demais.""- Patrícia, você é incrível, primeira em toda a cidade novamente.""- Patrícia, eu gosto de você, podemos namorar?""- Patrícia, veio comprar doces novamente? A mesma regra de sempre, eu entendo.""- Querida, se meu neto ousar te machucar, eu voltaria do outro mundo só para acabar com ele.""- Patrícia, com essas notas, você já pensou em estudar no exterior? Você é a criança mais talentosa que já vi.""- Menina, qual é o seu nome? Eu vou te procurar."As pessoas que ela conheceu no passado surgiram diante de Patrícia como se estivessem se despedindo. Ela estendeu a mão tentando alcançá-las, mas elas se desvaneceram como bolhas.Teófilo, preocupado, observava a mulher correndo em pânico, acenando desesperadamente para todos ao redor. Finalmente, ela
A luz do sol aquecia o quarto ao se filtrar pelas grandes janelas de vidro, iluminando a suntuosa cama de estilo europeu. Deitada na cama, uma mulher de pele alva e traços delicados parecia uma princesa em sua beleza serena. Incomodada pela intensidade do sol, ela franziu o cenho ao despertar de um sono profundo. Sua mente estava turva e uma leve dor a acompanhava, como se alguém tivesse extraído todos os pensamentos de sua cabeça, a deixando vazia, tanto mental quanto emocionalmente.Quem era ela? Onde ela estava?O som da água correndo chamou sua atenção, e Patrícia, curiosa, olhou em direção ao banheiro. “Quem está tomando banho lá?”Ela se levantou e pisou descalça no tapete felpudo, uma ilha de calor num dia gelado, enquanto o aquecimento do quarto sugeria a chegada da primavera. Observando o ambiente, notou a decoração em tons de amarelo quente, um estilo suave e acolhedor. A cama macia como algodão, um sofá em forma de nuvem na cor creme.Havia uma grande foto na parede, n
Teófilo apertou ligeiramente a mão, e o corpo de Patrícia foi pressionado contra seu peito. O homem, recém-saído do banho, exalava um vapor, e o aroma do sabonete ainda pairava no ar. A palma delicada de Patrícia se pressionou contra seu peito, e a temperatura escaldante do homem fez com que suas mãos queimassem. Ele sussurrou suavemente em seu ouvido:- Há uma pinta preta na parte interna da sua coxa.O frescor da menta se espalhou sobre a pele de Patrícia, a fazendo corar intensamente. Ao ver seu rosto ruborizado, Teófilo foi remetido aos primeiros dias de namoro, e seus olhos e sobrancelhas se suavizaram. Ele brincou com a ponta do nariz dela.- Chega de brincadeiras, vamos jantar. Depois, eu te conto tudo o que você quizer saber.Dito isso, Teófilo pegou a mão de Patrícia e ambos saíram do quarto, passando por um corredor adornado com muitas fotos do casal. Em cada foto, ela aparecia sorrindo, radiante e alegre como um pequeno sol. Por exemplo, ela estava balançando em um ba