Os homens de Teófilo, em sua maioria, eram como ele: reservados e pouco inclinados ao riso.Gael, contudo, era uma exceção. Não seguia convenções e exalava uma aura de malícia.Sem obter resposta, Cláudio, fumando e com o ombro sangrando, zombou:- Você não acha que ela estaria na água, né? Se ela entrou lá, com essa correnteza forte, já era.Gael ignorou Cláudio e continuou:- Desta vez, farei uma saída ousada. Fique tranquila, senhora, farei o que você deseja.Cláudio estava prestes a retrucar quando, de repente, uma figura emergiu das águas com um ruído.Ele estava prestes a gritar quando viu uma mulher de pele alva como a neve, sem nenhuma imperfeição visível.Toda a sua maquiagem havia sido lavada pela água, e ela parecia ainda mais pálida que antes, refletindo luz.Seus cabelos negros e úmidos estavam colados às bochechas, a fazendo parecer uma sereia.Todos os homens presentes ficaram hipnotizados por sua beleza.Seria possível existir uma mulher tão bela?Gael já havia notado
Ficou evidente que as alegrias e tristezas humanas não se misturavam. Enquanto uns se divertiam, Patrícia se sentia inquieta.- Com tanto esforço cheguei até aqui, Teófilo, me deixa ir, tenho coisas a fazer.Mas ele não parou, e quando Patrícia tentou confrontá-lo, ficou claro que Teófilo estava num nível acima dela. Ela foi rapidamente imobilizada em seus braços.- Nada é mais importante do que a sua segurança.- Esta é a jornada que escolhi para mim. Se me ama, deveria apoiar qualquer decisão minha.- Porque eu te amo, não vou deixar você seguir um caminho tão extremo, Paty. Eu vingarei por nós, e você só precisa voltar a ser minha Sra. Amaral.Patrícia o encarou com os olhos arregalados.- O que você está dizendo? Já te disse que não vou me casar de novo contigo. Nós dois já não somos possíveis.- Neste mundo, nada é impossível.Gabriel e Lucas apareceram, e Patrícia, com olhar aguçado, notou uma seringa nas mãos de Gabriel. Ela instintivamente sabia que não era nada bom.- O que v
Patrícia lutou desesperadamente, embora aquele homem a conhecesse muito bem. Como uma serpente imobilizada, ela se sentia profundamente frustrada.Tinha chegado tão longe, estava tão perto de entrar na Preto X, tão perto de se libertar de Teófilo.- Não! Eu não quero perder minha memória. Teófilo, não me obrigue a te odiar. O antídoto? Deve existir um, certo?Patrícia agarrou a gola da camisa de Teófilo, mas o homem, com o rosto manchado de sangue, sorriu de maneira obsessiva.- Paty, nunca pensei em voltar atrás. Não há antídoto neste mundo.Desolada, Patrícia caiu sentada no chão, observando as feridas em suas palmas.Somente ela sabia o quanto foi difícil chegar até ali, suportando tanta dor, quase morrendo várias vezes.As memórias dolorosas do passado sempre a sustentaram, a ajudando a sobreviver.Ela se tornou mais forte, não mais frágil, mais corajosa, mais destemida.Havia quebrado as correntes que a prendiam, mas Teófilo queria fazê-la regressar à pessoa que ela era antes.Pat
"- Patrícia, seja feliz.""- Eu disse que sempre te protegeria... Te protegeria completamente, para sempre. Adeus, Patrícia.""- Patrícia, papai vai proteger você e o bebê.""- Minha filha é tão linda, pena que a mãe voltou tarde demais.""- Patrícia, você é incrível, primeira em toda a cidade novamente.""- Patrícia, eu gosto de você, podemos namorar?""- Patrícia, veio comprar doces novamente? A mesma regra de sempre, eu entendo.""- Querida, se meu neto ousar te machucar, eu voltaria do outro mundo só para acabar com ele.""- Patrícia, com essas notas, você já pensou em estudar no exterior? Você é a criança mais talentosa que já vi.""- Menina, qual é o seu nome? Eu vou te procurar."As pessoas que ela conheceu no passado surgiram diante de Patrícia como se estivessem se despedindo. Ela estendeu a mão tentando alcançá-las, mas elas se desvaneceram como bolhas.Teófilo, preocupado, observava a mulher correndo em pânico, acenando desesperadamente para todos ao redor. Finalmente, ela
A luz do sol aquecia o quarto ao se filtrar pelas grandes janelas de vidro, iluminando a suntuosa cama de estilo europeu. Deitada na cama, uma mulher de pele alva e traços delicados parecia uma princesa em sua beleza serena. Incomodada pela intensidade do sol, ela franziu o cenho ao despertar de um sono profundo. Sua mente estava turva e uma leve dor a acompanhava, como se alguém tivesse extraído todos os pensamentos de sua cabeça, a deixando vazia, tanto mental quanto emocionalmente.Quem era ela? Onde ela estava?O som da água correndo chamou sua atenção, e Patrícia, curiosa, olhou em direção ao banheiro. “Quem está tomando banho lá?”Ela se levantou e pisou descalça no tapete felpudo, uma ilha de calor num dia gelado, enquanto o aquecimento do quarto sugeria a chegada da primavera. Observando o ambiente, notou a decoração em tons de amarelo quente, um estilo suave e acolhedor. A cama macia como algodão, um sofá em forma de nuvem na cor creme.Havia uma grande foto na parede, n
Teófilo apertou ligeiramente a mão, e o corpo de Patrícia foi pressionado contra seu peito. O homem, recém-saído do banho, exalava um vapor, e o aroma do sabonete ainda pairava no ar. A palma delicada de Patrícia se pressionou contra seu peito, e a temperatura escaldante do homem fez com que suas mãos queimassem. Ele sussurrou suavemente em seu ouvido:- Há uma pinta preta na parte interna da sua coxa.O frescor da menta se espalhou sobre a pele de Patrícia, a fazendo corar intensamente. Ao ver seu rosto ruborizado, Teófilo foi remetido aos primeiros dias de namoro, e seus olhos e sobrancelhas se suavizaram. Ele brincou com a ponta do nariz dela.- Chega de brincadeiras, vamos jantar. Depois, eu te conto tudo o que você quizer saber.Dito isso, Teófilo pegou a mão de Patrícia e ambos saíram do quarto, passando por um corredor adornado com muitas fotos do casal. Em cada foto, ela aparecia sorrindo, radiante e alegre como um pequeno sol. Por exemplo, ela estava balançando em um ba
No seu subconsciente, Patrícia sentia que não deveria entrar. Seus dedos, posicionados na maçaneta, ficaram rígidos, e a mão gentil de Teófilo cobriu o dorso de sua mão, sussurrando em seu ouvido: - Não tenha medo, eu estou aqui com você.A porta se abriu. Não havia monstros selados ou cenas sangrentas lá dentro, apenas um quarto delicadamente rosa, agora vazio, com apenas o tapete restante e o espaço vazio onde antes havia móveis. Na parede, ainda pendiam alguns enfeites de brinquedos de bebê que não foram removidos a tempo. Era evidente que aquilo era um quarto de bebê. Ao entrar, Patrícia sentiu um peso no coração e seus olhos arderam. Ela caminhou pelo quarto vazio e parou onde antes ficava o berço. Ela se agachou lentamente, como se fosse um reflexo corporal, apesar de não se lembrar de nada.- O que havia aqui antes?Teófilo, surpreso com o comportamento de Patrícia, se sentou ao seu lado e disse: - Um berço.Patrícia olhou ao redor do quarto vazio, uma ideia surgindo em
Teófilo continuava a relembrar o encontro, o conhecimento mútuo e o amor que surgiu entre eles, enquanto Patrícia, com lembranças não tão claras, ainda encontrava algumas pistas em suas palavras.- Eu devia te amar muito no passado, não é verdade?Teófilo olhou para ela com ternura.- Sim. Você se lembrou de algo?Patrícia balançou a cabeça.- Só acho que, sendo eu tão excelente como você descreve, mas tendo abandonado meus estudos por causa da família, se não fosse por um grande amor, quem faria tal sacrifício pelos seus sonhos?A expressão de Teófilo se complicou, se tornando indecifrável para Patrícia, enquanto ele olhava distraidamente para a neve que caía ao longe e murmurava: - É, quem faria tal sacrifício se não fosse por muito amor? Paty, eu vou te amar bem, juro por minha vida.Patrícia estava sendo abraçada tão firmemente por ele que quase não conseguia respirar, ela teve que empurrá-lo com força.Ela percebeu que seu pulso direito não estava tão flexível e, olhando mais de