Se ele continuasse arrogante e dominador como antes, talvez fosse melhor. Isso até faria Patrícia se sentir culpada, considerando que ela veio com uma missão pronta para levar algo muito importante para ele.— Por que você mudou de repente?— Tenho refletido muito nos últimos dias. Sua habilidade médica é reconhecida como excelente, todos no hospital nacional te elogiam. Se estiver interessada, pode trabalhar nele. Quanto ao seu marido e filhos, podemos trazê-los para cá, para que seus filhos recebam a melhor educação. Posso também oferecer um bom emprego para seu marido. — Ele deu um passo para trás, aumentando a distância entre eles. — Não vou negar que sinto algo por você, mas já decidi, você é uma pessoa talentosa, e eu quero que você fique. Se tiver alguma condição, pode dizer.— Vou pensar sobre isso. Já está tarde, você deveria ir descansar.O coração de Patrícia pesava cada vez mais. "Por que Matheus mudou tão repentinamente?"Ela passou uma noite inquieta, atormentada por um p
À medida que o entardecer se aprofundava, Patrícia chegava precisamente ao anoitecer, envolvida pelo suave aroma das flores. De fato, era a Primavera das Cerejeiras. Ela foi alocada em uma piscina termal privativa."Será que Matheus realmente teve uma crise de consciência?"Apesar da paisagem deslumbrante e do momento oportuno, Patrícia não estava no humor para desfrutar das termas. Observava os guardas que, organizados em três camadas concêntricas, mantinham vigilância não muito distante, percebendo que Matheus certamente estaria recebendo visitas naquele momento."Seria possível ter sucesso esta noite?"Após cerca de uma hora, sentada no jardim sob um céu estrelado, escutava o zumbido dos insetos ao seu redor enquanto observava as pétalas de cerejeira dançarem ao vento e caírem na piscina, enriquecendo ainda mais a cena com sua estética delicada.Alguém bateu à porta:— Dra. Bastos, já terminou seu banho?Patrícia percebeu, era Kaué.— Sim, já terminei. — Ela abriu a porta. — Preci
Patrícia saiu calmamente do quarto e encontrou Cauã descansando de olhos fechados no corredor. Ao ouvi-la, ele abriu os olhos:— Dra. Bastos.Cauã era meticuloso, especialmente com aqueles olhos negros como águas geladas, e Patrícia percebia que ele estava sempre em guarda.Ela estava internamente agitada, mas manteve uma aparência calma e cumprimentou ele proativamente:— Ele está dormindo. Se possível, deixe ele descansar mais um pouco.— Claro, Dra. Bastos. Você poderia verificar algo para mim? Minha lombar está doendo há quase um dia.Não havia outros médicos nessa viagem, e apesar do desejo de Patrícia de partir, ela não pôde recusar o pedido de Cauã, temendo que ele suspeitasse de algo.— Pode levantar a camisa, que vou verificar.— Aqui não é adequado. Se um emissário estrangeiro nos ver, seria impróprio. Venha comigo.Cauã se levantou e seguiu adiante, e Patrícia, muito a contragosto, ainda precisava falar com Lembranças.Ela acelerou o passo, pensando em examinar Cauã rapidame
Patrícia não aceitou:— Você acha mesmo que eu, uma médica, tomaria medicamentos entregues por outros sem questionar? Eu já estava de saída, se puder me levar, ficarei grata e não oferecerei resistência. Esse remédio não é tão importante.Cauã se tornou ainda mais assustador:— Isso já não é mais uma questão de escolha para você. — Ele tentou forçar Patrícia a tomar o remédio. — Eu não tenho pena de mulheres. Se eu fosse a Dra. Bastos, tomaria obedientemente para evitar mais sofrimento.Segurou Patrícia firmemente, apertando as laterais de seu rosto com uma mão, enquanto ela lutava desesperadamente.— Mano, você está aí? — A voz de Kaué veio de fora da porta.Cauã rapidamente cobriu a boca de Patrícia, forçando ela a permanecer em silêncio.— Estou aqui, o que foi?Patrícia estava armada, mas não usaria sua arma a menos que fosse absolutamente necessário.Assim, ela precisava fingir ser uma mulher frágil, caso contrário, se fosse descoberta, realmente não conseguiria escapar naquela si
Kaué e Cauã são opostos como luz e escuridão, Kaué é o sol, enquanto Cauã é a noite profunda, suas mãos manchadas pelas impurezas que só emergem sob o manto da escuridão.Kaué certamente não permitiria que seu irmão cometesse um assassinato sem justificativa:— Irmão, você não tem provas de que a Dra. Bastos seja uma ameaça. Me diga, que tipo de espiã teria habilidades médicas tão respeitadas que até mesmo o Diretor Nicolas admira? Não se esqueça que foi o Presidente Matheus quem insistiu em trazê-la de volta, apesar de suas múltiplas tentativas de fuga. Você a mataria baseado apenas em suspeitas infundadas? Já pensou como o Presidente Matheus reagiria se descobrisse?— Eu sei que o Presidente Matheus ficaria furioso e me puniria, mas não posso permitir que o perigo persista. Quanto à físalis, ninguém sabe ao certo como ela chegou aqui, mas você sabe muito bem.Patrícia olhou para Kaué:— O que há com a físalis?— Nossa terra não é adequada para o cultivo dela. Foi o Presidente Matheus
Matheus, que ainda não havia despertado completamente, repentinamente acordou, ainda atordoado. A agulha anteriormente cravada em sua cabeça já havia sido retirada, e o incenso que queimara no quarto acabara, deixando um odor forte que o incomodava terrivelmente. Cambaleou até a janela e a abriu, o vento frio dissipou o aroma e ele finalmente se sentiu um pouco melhor.Contudo, ainda sentia a cabeça pesada, bocejou e observou o quarto: Patrícia já não estava mais lá. "Aquela mulher realmente tinha partido novamente." Levou a mão ao nariz e, ao baixar os olhos, notou que o anel em seu dedo havia desaparecido.De repente, sua mente clareou bastante, e ele avistou um bilhete sobre a mesa, escrito com caligrafia trêmula.[Sr. Matheus, não confie tão facilmente nas mulheres daqui para frente. O pagamento já foi recebido.]Matheus, ao lembrar de tudo o que havia acontecido recentemente, não conseguia acreditar que foi enganado. Suas mãos apertavam o bilhete até empalidecer, seus olhos em
Os passos apressados de Patrícia pararam abruptamente ao ouvir o som distante de uma explosão, seus pés pareciam congelados, incapazes de se mover. "Era claramente o som de uma pequena bomba, não de disparos. Mesmo que eles tenham localizado o Lembranças, por que utilizariam uma bomba para atacá-lo? Havia apenas uma explicação plausível: o chip no anel estava programado para se autodestruir. Mas essa informação não constava nos arquivos. Teria Lembranças sido morto pela explosão?" Patrícia pensou em retornar, mas hesitou, voltar significaria sua morte certa, e se Matheus a pegasse, ela morreria sem um local para ser sepultada. Rapidamente, tomou sua decisão e correu em direção à área dos visitantes estrangeiros. O estrondo da explosão alarmou a todos, e algumas pessoas espiavam das portas dos quartos de águas termais, tentando identificar o que havia ocorrido. E foi então que Patrícia foi interceptada por alguém: — Pare, se vire. — Ordenou uma voz severa atrás dela. A voz
A voz era tão suave que uma única frase já transmitia uma sensação extremamente carinhosa, deixando o corpo de Matheus completamente arrepiado. Ele levantou os olhos e, à beira de uma fonte envolta em uma leve neblina, viu um homem com uma máscara cobrindo metade do rosto, pressionando uma mulher contra si. O vestido florido dela estava bem aberto, revelando um pescoço delicado e ombros nus, mas cobrindo justamente as partes mais íntimas. As longas pernas brancas dela entrelaçadas na cintura dele e suas mãos estavam levantadas acima da cabeça. Teófilo tinha os lábios enterrados no pescoço dela, numa cena que, de qualquer ângulo, parecia de extrema afeição. Ao ouvir o barulho da porta sendo chutada, a mulher, como um cervo assustado, olhou para fora em pânico. Seus belos olhos negros estavam cheios de medo, e ela continuava a se encolher nos braços de Teófilo, que rapidamente pegou algumas roupas caídas no chão e as jogou sobre ela. Apesar da rapidez, Matheus conseguiu ver por um