Teófilo respondeu com franqueza: — Desculpe, isso eu não posso fazer. Minha vida também não me pertence, Marcos. Sei que você me odeia e me ressente, mas agora é tarde demais, Hélio também não pode ser trazido de volta.— Então por que você continua fingindo ser bom? Se vai me matar, mate. Se vai me cortar, corte. De qualquer maneira, eu não posso escapar.Teófilo balançou a cabeça: — Você é seu irmão, eu não vou te machucar.Marcos deu uma risada sarcástica: — Hipócrita.— Marcos, nós temos o mesmo sangue, nascemos da mesma família.— Eu só tenho um irmão. — Disse Marcos, e então fechou os olhos, se recusando a olhar.Teófilo já esperava essa reação e não se importava: — Você não está seguro aqui. Vou te levar para longe.— Não me toque!— Foi você quem agiu contra Jorge. Você acha que a família Botelho iria tolerar você? As pessoas da família Botelho não iriam, e as da família Martins, menos ainda.Ao ouvir isso, Marcos finalmente se virou para olhar para ele: — O que você sabe?
Nos dias subsequentes, Patrícia se tornou a única médica de Jorge.Graças às várias garantias de Vítor, Michel e à recomendação de Teófilo, a família Botelho depositava grande confiança nela.O que Patrícia não entendia era por que Jorge frequentemente ficava olhando fixamente para os seus olhos, como se estivesse vendo outra pessoa através deles.— Jorge, está na hora de sua refeição. — Anunciou Patrícia, ao trazer a ela uma canja.Jorge estava coordenando trabalho com outra pessoa, mas ao vê-la entrar, dispensou os outros.Ele sempre oferecia um sorriso radiante a Patrícia, se assemelhando a um avô acolhedor do bairro.Natacha, sua segunda esposa, fazia com que Salvador e Ivone fossem relativamente jovens.A história de desenvolvimento do Jorge poderia muito bem ser escrita em um livro.Vendo o pai progredir diariamente, Salvador praticamente reverenciava Patrícia como uma convidada de honra, demonstrando a ela grande respeito e gentileza.— Maitê, meu pai melhorou consideravelmente,
Durante os anos em que Patrícia esteve ausente, esta não foi a primeira vez que Jorge abordou este tema com Teófilo. Ivone suplicou de todas as maneiras possíveis, até se esgotar completamente. Afinal, Teófilo sempre ocupou um lugar especial no coração de Jorge, que sempre respeitou seus sentimentos, levando o assunto a ser eventualmente deixado de lado.Com constrangimento, Ivone ouviu Jorge continuar:— Anteriormente, você não estava disposto, eu sei que você tinha sentimentos intensos pela sua ex-esposa e ainda considerava uma possível reconciliação, mas ela faleceu há quatro anos. Quatro anos, Teófilo! Quantos períodos de quatro anos uma pessoa tem em vida? Minha filha nutre sentimentos por você há tantos anos, se houvesse outra pessoa por quem você se interessasse, tudo bem, mas você ainda está solteiro. Sempre o considerei como um filho, por que não fortalecemos ainda mais nossos laços?Teófilo estava ciente de tudo o que havia vivenciado com Jorge e dos problemas que resolvera
Ivone, com os olhos avermelhados de tanto chorar, correu até Teófilo e começou a bater em seu peito com força.— Teófilo, você não tem coração? Eu quase arranquei o meu coração para te dar, e você nem se importou. Antes, você tinha uma razão para me recusar, mas agora, com a Patrícia fora há tanto tempo, você realmente acha que ela vai voltar?— Se ela vai voltar ou não, é uma questão, se eu quero aceitar outra pessoa, é outra história.Teófilo a contornou e seguiu direto para a cama do hospital, seus olhos e expressão demonstrando uma determinação inabalável.— Professor, sou muito grato a você e à Natacha por todos esses anos de dedicação e ensino. Vocês são muito importantes para mim, como figuras parentais. Nosso relacionamento não mudará porque eu não me casei com Ivone. Agora e no futuro, cuidarei bem de ambos e agradeço pela boa intenção de vocês, como eu disse há seis meses. Ivone já não é tão jovem e deveria se casar, mas obviamente eu não sou a pessoa adequada para ela.Teófi
Jorge interrompeu friamente: — Ivone, já te disse para respeitar mais os médicos. Ivone, que havia acabado de ser rejeitada por Teófilo e estava frustrada por não ter onde desabafar, se encontrou sozinha na sala com Patrícia, uma estranha. Descontou toda a sua raiva em Patrícia. Seu pai, que sempre fora muito gentil e indulgente, deixava ela bastante insatisfeita com sua atitude para com ela. — Pai, por que está agindo assim também? Não disse nada de errado. Estamos aqui para discutir assuntos sérios em família, por que ela está ouvindo? Ela nem deveria estar aqui, é uma falta de educação. — Ivone! — Jorge falou, sua voz ainda mais fria. — Parece que não cuidei de você durante todos esses anos, te mimei demais. Isso reflete a educação que você recebeu? Ivone, com muita raiva, se voltou para Patrícia: — A culpa é toda sua! Patrícia, deixando de lado os pistaches que comia, limpou as mãos das cascas. — Tudo bem, ponha a culpa em mim. De agora em diante, vou evitar apare
— Jorge, não há necessidade de culpar a Srta. Ivone. Não estou zangado de verdade, então não deixem que minha presença perturbe a harmonia da família de vocês. Vou embora agora. Teófilo se apressou em dizer:— Eu te acompanho.Quando a porta se fechou, Ivone irrompeu em choro estrondoso:— Pai, mãe, meu irmão me bateu, ele até se atreveu a me bater! Tudo por causa daquela mulher, não a quero mais aqui.— Se cale. — A voz baixa de Jorge soou, carregada de autoridade.Ele olhou friamente para Natacha:— Essa é a filha que você criou. Que vergonha.Natacha tentou falar, mas apenas murmurou fracamente:— Foi uma negligência minha, mas Jorge, Teófilo realmente se tornou mais assertivo nos últimos anos. Rejeitar um noivado é uma coisa, mas ele ousar bater na Ivone na nossa frente...Jorge resmungou:— Ele fez isso de propósito para nos mostrar. Ele está nos avisando que, se ele pode bater nela na nossa frente, não sabemos o que mais ele poderia fazer se ela realmente se casasse com ele.— Q
Patrícia queria voltar para casa, mas Teófilo a levou a um lugar secreto. No trajeto, trocaram de carro e Patrícia, com um olhar confuso, observava Teófilo: — Que outras surpresas você está escondendo? — Você saberá quando chegarmos. — Respondeu Teófilo, segurando sua mão enquanto caminhavam para dentro da mansão. Ao encontrar Daniel, Patrícia, como se enfrentasse um grande inimigo, soltou subitamente a mão de Teófilo: — O que você fez com Marcos? Teófilo sentiu uma pontada de dor ao ver o rosto dela cheio de desconfiança: — Você realmente não confia em mim? — Eu sabia que você não poderia esconder nada de mim. Provavelmente ele percebeu isso naquela noite, e assim que ela saiu, mandou alguém levar Marcos embora, um verdadeiro truque para enganar e fazer o outro partir! Teófilo pegou sua mão novamente: — Eu sei que fiz muitas coisas no passado que te fizeram desconfiar de mim. Eu mereço, mas eu disse que não te machucaria mais. Olhe como ele está animado, pareço a
Mansão dos Martins. Lorenzo empurrou todos os objetos da mesa para o chão: — Como ele, sendo tão grande, conseguiu escapar por entre tantos? O que vocês estão fazendo? — Sr. Lorenzo, ele foi atingido por várias balas. Mesmo que tenha escapado, não vai viver muito. Não precisa se preocupar. — Morto? E o corpo? Se ele estiver vivo, quero ver a pessoa, se estiver morto, quero ver o corpo. Salvador já começou a suspeitar de mim. Se vocês deixarem aquele maldito ser capturado, estou acabado! Tanto Salvador quanto Teófilo apenas suspeitavam dele, sem provas, e a única testemunha era Marcos. Lorenzo se sentiu extremamente perturbado por não encontrar rastros da pessoa em toda a Cidade A. — Sr. Lorenzo, ficar ansioso e irritado não vai ajudar. Já enviamos pessoas para procurá-lo, e assim que tivermos notícias, informaremos imediatamente. Lorenzo desabou na cadeira, levantando a mão para massagear o centro das sobrancelhas. "Por que as coisas tinham que ser assim?" — A propó