Patrícia se aproximou mais, e Jorge, com um sorriso no rosto, disse:— Eu sei de tudo que aconteceu ontem à noite, e ter tanta determinação em tão tenra idade é realmente raro, você é um talento excepcional. Meu corpo não vai melhorar tão cedo, e Vítor disse que você é uma médica extremamente competente, também especialista em medicina tradicional. Você estaria disposta a ficar e se tornar a chefe médica para cuidar de mim?Parece que aquela frase de Vítor se confirmou: os grandes talentos realmente devem ser oferecidos ao país.Se fosse outra pessoa, já estaria extremamente feliz, mas Patrícia não mostrou interesse algum, ela tinha suas próprias coisas para fazer.Antes que ela pudesse responder, Ivone, ansiosa, interveio:— Pai, você nem sabe de onde ela vem, como pode deixá-la cuidar de você?Jorge falou de maneira amigável e acessível:— Ivone, você acha que se ela fosse perigosa, teria se esforçado tanto para me salvar ontem à noite? Eu e Vítor já conversamos, Maitê é muito versad
Patrícia ainda não concordou: — Me deixe pensar sobre isso.Ela agora tem certeza de que a pessoa que agiu foi Marcos, mas Marcos não o matou, pelo contrário, fez com que ela o salvasse."Marcos já havia mencionado que tinha um inimigo antes. Será que é alguém da família Botelho?"Se for, Patrícia certamente tende a ficar ao lado de Marcos. Isso precisa ser esclarecido por ela mesma.Vendo que ela cedeu, Salvador deu um olhar mais ameno: — De qualquer forma, você salvou a vida do meu pai. Não sei o que você deseja, mas, exceto vida e morte, posso te dar qualquer coisa.Que generosa oferta, exceto vida e morte.Mas, em sua posição, é fácil obter quase tudo que se deseja.Patrícia não respondeu imediatamente: — Não preciso de nada no momento. Posso guardar esse pedido por enquanto? Se eu precisar de algo no futuro, ainda posso pedir ao Sr. Salvador?Salvador concordou com a cabeça: — Claro, minha oferta sempre estará válida. — Ele então entregou um cartão a Patrícia. — Você pode me l
Teófilo respondeu com franqueza: — Desculpe, isso eu não posso fazer. Minha vida também não me pertence, Marcos. Sei que você me odeia e me ressente, mas agora é tarde demais, Hélio também não pode ser trazido de volta.— Então por que você continua fingindo ser bom? Se vai me matar, mate. Se vai me cortar, corte. De qualquer maneira, eu não posso escapar.Teófilo balançou a cabeça: — Você é seu irmão, eu não vou te machucar.Marcos deu uma risada sarcástica: — Hipócrita.— Marcos, nós temos o mesmo sangue, nascemos da mesma família.— Eu só tenho um irmão. — Disse Marcos, e então fechou os olhos, se recusando a olhar.Teófilo já esperava essa reação e não se importava: — Você não está seguro aqui. Vou te levar para longe.— Não me toque!— Foi você quem agiu contra Jorge. Você acha que a família Botelho iria tolerar você? As pessoas da família Botelho não iriam, e as da família Martins, menos ainda.Ao ouvir isso, Marcos finalmente se virou para olhar para ele: — O que você sabe?
Nos dias subsequentes, Patrícia se tornou a única médica de Jorge.Graças às várias garantias de Vítor, Michel e à recomendação de Teófilo, a família Botelho depositava grande confiança nela.O que Patrícia não entendia era por que Jorge frequentemente ficava olhando fixamente para os seus olhos, como se estivesse vendo outra pessoa através deles.— Jorge, está na hora de sua refeição. — Anunciou Patrícia, ao trazer a ela uma canja.Jorge estava coordenando trabalho com outra pessoa, mas ao vê-la entrar, dispensou os outros.Ele sempre oferecia um sorriso radiante a Patrícia, se assemelhando a um avô acolhedor do bairro.Natacha, sua segunda esposa, fazia com que Salvador e Ivone fossem relativamente jovens.A história de desenvolvimento do Jorge poderia muito bem ser escrita em um livro.Vendo o pai progredir diariamente, Salvador praticamente reverenciava Patrícia como uma convidada de honra, demonstrando a ela grande respeito e gentileza.— Maitê, meu pai melhorou consideravelmente,
Durante os anos em que Patrícia esteve ausente, esta não foi a primeira vez que Jorge abordou este tema com Teófilo. Ivone suplicou de todas as maneiras possíveis, até se esgotar completamente. Afinal, Teófilo sempre ocupou um lugar especial no coração de Jorge, que sempre respeitou seus sentimentos, levando o assunto a ser eventualmente deixado de lado.Com constrangimento, Ivone ouviu Jorge continuar:— Anteriormente, você não estava disposto, eu sei que você tinha sentimentos intensos pela sua ex-esposa e ainda considerava uma possível reconciliação, mas ela faleceu há quatro anos. Quatro anos, Teófilo! Quantos períodos de quatro anos uma pessoa tem em vida? Minha filha nutre sentimentos por você há tantos anos, se houvesse outra pessoa por quem você se interessasse, tudo bem, mas você ainda está solteiro. Sempre o considerei como um filho, por que não fortalecemos ainda mais nossos laços?Teófilo estava ciente de tudo o que havia vivenciado com Jorge e dos problemas que resolvera
Ivone, com os olhos avermelhados de tanto chorar, correu até Teófilo e começou a bater em seu peito com força.— Teófilo, você não tem coração? Eu quase arranquei o meu coração para te dar, e você nem se importou. Antes, você tinha uma razão para me recusar, mas agora, com a Patrícia fora há tanto tempo, você realmente acha que ela vai voltar?— Se ela vai voltar ou não, é uma questão, se eu quero aceitar outra pessoa, é outra história.Teófilo a contornou e seguiu direto para a cama do hospital, seus olhos e expressão demonstrando uma determinação inabalável.— Professor, sou muito grato a você e à Natacha por todos esses anos de dedicação e ensino. Vocês são muito importantes para mim, como figuras parentais. Nosso relacionamento não mudará porque eu não me casei com Ivone. Agora e no futuro, cuidarei bem de ambos e agradeço pela boa intenção de vocês, como eu disse há seis meses. Ivone já não é tão jovem e deveria se casar, mas obviamente eu não sou a pessoa adequada para ela.Teófi
Jorge interrompeu friamente: — Ivone, já te disse para respeitar mais os médicos. Ivone, que havia acabado de ser rejeitada por Teófilo e estava frustrada por não ter onde desabafar, se encontrou sozinha na sala com Patrícia, uma estranha. Descontou toda a sua raiva em Patrícia. Seu pai, que sempre fora muito gentil e indulgente, deixava ela bastante insatisfeita com sua atitude para com ela. — Pai, por que está agindo assim também? Não disse nada de errado. Estamos aqui para discutir assuntos sérios em família, por que ela está ouvindo? Ela nem deveria estar aqui, é uma falta de educação. — Ivone! — Jorge falou, sua voz ainda mais fria. — Parece que não cuidei de você durante todos esses anos, te mimei demais. Isso reflete a educação que você recebeu? Ivone, com muita raiva, se voltou para Patrícia: — A culpa é toda sua! Patrícia, deixando de lado os pistaches que comia, limpou as mãos das cascas. — Tudo bem, ponha a culpa em mim. De agora em diante, vou evitar apare
— Jorge, não há necessidade de culpar a Srta. Ivone. Não estou zangado de verdade, então não deixem que minha presença perturbe a harmonia da família de vocês. Vou embora agora. Teófilo se apressou em dizer:— Eu te acompanho.Quando a porta se fechou, Ivone irrompeu em choro estrondoso:— Pai, mãe, meu irmão me bateu, ele até se atreveu a me bater! Tudo por causa daquela mulher, não a quero mais aqui.— Se cale. — A voz baixa de Jorge soou, carregada de autoridade.Ele olhou friamente para Natacha:— Essa é a filha que você criou. Que vergonha.Natacha tentou falar, mas apenas murmurou fracamente:— Foi uma negligência minha, mas Jorge, Teófilo realmente se tornou mais assertivo nos últimos anos. Rejeitar um noivado é uma coisa, mas ele ousar bater na Ivone na nossa frente...Jorge resmungou:— Ele fez isso de propósito para nos mostrar. Ele está nos avisando que, se ele pode bater nela na nossa frente, não sabemos o que mais ele poderia fazer se ela realmente se casasse com ele.— Q