Patrícia estava preparando o carro de bois, o meio de transporte na vila se resumia a carros de bois ou carroças puxadas por cavalos. Apesar das condições serem difíceis, Patrícia preferia ficar ali do que enfrentar a vida competitiva das grandes cidades.— Deixe Teófilo ir com você, será mais rápido a dois.Fernando tinha acabado de receber um curativo e precisava aplicar mais remédio, portanto, não podia se mover. Paloma, ansiosa para juntar os dois, fazia com que Patrícia, ciente das intenções dela, não conseguisse recusar.De qualquer forma, eram só mais alguns dias.Teófilo e ela sentaram lado a lado no carro de bois, que balançava consideravelmente, fazendo com que os corpos deles sacudissem de vez em quando.De repente, Teófilo riu, e Patrícia olhou para ele:— Do que você está rindo?— Só estava pensando como esses dias são interessantes. Nunca imaginei que acabaríamos assim, você guiando um carro de bois e eu colhendo milho. Não há nada de ruim nesses dias, são calmos e simple
O vilarejo é pequeno, e ela praticamente conhece todos ali, mas as duas pessoas à sua frente não formam um casal nem são amantes. A mulher, chamada Kátia, é a cunhada do homem. Dois anos atrás, o marido dela sofreu uma queda de um penhasco enquanto coletava ervas na montanha e ficou paralisado, perdendo a capacidade de manter relações sexuais. Provavelmente, Kátia recorreu a encontros secretos com o irmão do marido por não conseguir resistir à solidão. A traição é comum na cidade, se descoberta, o pior que pode acontecer é o divórcio, mas no vilarejo, não há divórcios, apenas viuvez. Se Kátia fosse descoberta, só restaria a ela a morte. Os dois também vieram para este lugar temendo ser descobertos em casa, a esta hora, todos que estavam trabalhando nos campos já haviam retornado, exceto Patrícia e Teófilo, que não pensam como as pessoas comuns. Teófilo começou a falar:— Paty...Mal pronunciou uma palavra e Patrícia já cobriu a boca dele. Teófilo, que chegou ao vilarejo há pouco
Patrícia já sentira as tensas linhas do corpo do homem e, no ar abafado, ambos cobertos pelo suor do trabalho no campo, o aroma medicinal dela se tornava cada vez mais intenso, como um veneno que o seduzia incessantemente. Ela deu um tapa na mão inquieta dele:— Se comporte.Teófilo, desta vez, não foi tão obediente, ele precisava de uma oportunidade. André e Kátia eram a chance para ele e Patrícia romperem. Os dois estavam emocionalmente agitados, provavelmente reprimidos há muito tempo, e com o anoitecer e a ausência de luzes no campo, todos já haviam corrido para casa para jantar, ninguém ficaria naquele lugar desolado. Assim, esse tipo de clima e cenário apenas servia para despertar ainda mais os desejos primitivos dos humanos, os talos de milho quase se quebravam!A respiração de Teófilo estava ao pé do ouvido dela, e até o vento da noite parecia abrasador ao acariciá-los. Ele suspirou:— Paty, se você não quer, não vou forçá-la, mas assim, não conseguirei me controlar. Se le
Patrícia estava pronta para se levantar de Teófilo a qualquer momento. Ela afastou as folhas de milho e olhou para fora para checar a situação. Inesperadamente, André empurrou Kátia para fora em uma nova posição, as roupas dela estavam enroladas até as axilas, e ela estava sem nada por baixo. As pessoas da vila geralmente tinham a pele morena, mas Kátia era uma exceção, com uma constituição que não se bronzeava facilmente. Seu corpo, nunca tendo dado à luz, mantinha curvas perfeitas. André, de pele morena devido ao trabalho constante nos campos, tinha contornos de músculos abdominais visíveis em sua cintura. Ao entardecer escuro, a paixão entre branco e preto se chocava.Na idade de vigor, poucos podem suportar a solidão. Patrícia silenciosamente desviou o olhar. Um novo ciclo começava, talvez por causa da escuridão, no campo aberto, os dois sentiam uma liberdade sem precedentes, como se todo o céu e a terra pertencessem a eles. A juventude é por natureza corajosa, mesmo sabendo
Patrícia poderia ter utilizado as técnicas de autodefesa que aprendera para lidar com ele, mas fazer muito barulho poderia alertar Kátia e André, e todo o seu esforço anterior para suportar teria sido em vão. Nunca conseguiria viver em paz se, por sua causa, Kátia cometesse suicídio por vergonha. Trair é errado, mas não vale a pena pagar com a vida. Tantas pessoas se machucaram por ela, perderam vidas, Fernando ainda sofre sequelas nos pés após tantos anos, Suzana está enterrada, e Branquinha, que caiu do telhado bem diante de seus olhos. Até as cicatrizes nas costas de Teófilo foram causadas por causa dela. Todas essas coisas se tornaram uma preocupação constante no coração de Patrícia, ela não queria mais que alguém perdesse a vida por sua causa.— Teófilo, seu idiota, me solte. — Disse ela com os dentes cerrados, baixinho.Teófilo sussurrou em seu ouvido:— Paty, por que você pode perdoar todos, mas é tão cruel comigo?Patrícia encarou ele nos olhos e disse com firmeza:— Você r
Patrícia se sentia envergonhada e furiosa, mordendo o lábio em resposta:— Isso é um reflexo corporal, como o lobo que devora a ovelha, não é por vontade própria, não confunda as coisas.Teófilo lambia seu pescoço enquanto Patrícia inclinava a cabeça para trás, fazendo um esforço para ignorar as sensações peculiares em seu corpo. Mas Teófilo realmente sabia ser cruel, conhecia cada ponto fraco dela muito bem! Ele agia como um colecionador apaixonado por antiguidades, manipulando ela lentamente, dia após dia, indiferente ao passar do tempo.Após um breve descanso, eles iniciaram a terceira rodada, parecendo querer compensar todo o vazio acumulado durante tanto tempo, cada vez mais prolongada, e a voz de Kátia ficava cada vez mais alta.A temperatura corporal de Patrícia, que começava a normalizar, voltou a subir lentamente, seus olhos brilhavam com lágrimas, mas ela mordia a boca, se recusando a emitir qualquer som.Teófilo roçava os lábios dela repetidamente, murmurando:— Paty, você
Patrícia só conseguia pensar em quão terrível seria se alguém os visse. Se isso vazasse, ela realmente não teria mais cara para mostrar! Mordeu o lábio e sussurrou em um tom muito baixo no ouvido de Teófilo:— Por favor.Teófilo de fato a poupou momentaneamente, sem fazer qualquer ruído. Os passos de André e Kátia ficaram mais próximos, separados de Patrícia apenas por um monte de talos de milho. A única sorte era que os talos eram altos o suficiente para esconder facilmente as figuras dos dois. O coração de Patrícia batia tão forte que parecia saltar de sua garganta. Por outro lado, Teófilo estava completamente calmo, afinal, o que haveria de ilegal? Ele estava com sua própria esposa.O vento da noite soprava, fazendo as folhas chacoalharem. André apontou para as folhas e disse:— Viu, eu disse que não era nada, você que é desconfiada.Nesse momento, Kátia também voltou a si, olhando para seus sapatos de pano:— Você sabe por que eu tenho tanto medo, é por medo de ser descoberta
— Paty, eu só estava...— Não me toque, nojento.À luz da lua, o rosto de Patrícia estava marcado por lágrimas, como se uma faca afiada tivesse cravado no coração de Teófilo. Ele pensava que Patrícia havia sentido algum prazer na relação, mas o que viu em seu rosto foi apenas repulsa. A mão de Teófilo, que tentava consolá-la, parou no ar enquanto ele a observava.— Teófilo, como você ousa entrar e sair da minha vida quando bem entende, e agora quer voltar? O que você pensa que eu sou? Já estamos divorciados. Precisa que eu explique o que é divórcio? Significa que cada um pode se casar novamente, sem mais nenhuma ligação entre nós. O que você está tentando fazer agora?Com a cabeça baixa, Teófilo falou em voz baixa:— Eu reconheço os erros que cometi, mas você poderia me dar uma chance de compensar você e as crianças?— Não é necessário. Vivemos bem sem você. Teófilo, a melhor compensação que você pode oferecer é manter distância de mim.— Paty, você realmente me odeia tanto assim?—