Capítulo 0014
Quando Teófilo ouviu a palavra "lixo", franziu o cenho. Mas Patrícia continuou com indiferença:

- Eu admito que fui ingênua no passado, tive ilusões irreais sobre você. Agora entendo perfeitamente. É melhor deixar ir as cinzas que não posso segurar. Dê-me o dinheiro, e quando tiver tempo, finalizaremos os procedimentos. Garanto que estarei pronta sempre que você chamar, não vou voltar atrás.

- E se eu não der?

Patrícia olhou nos olhos escuros de Teófilo. Seus olhos, ainda úmidos de lágrimas, brilhavam como as montanhas verdes após a chuva, com uma clareza fria ao dizer:

- Então eu pulo do carro. Se não posso salvar meu pai, não há razão para eu continuar vivendo.

Teófilo tirou um cheque e preencheu-o com um valor para ela.

- Os outros cinco milhões serão pagos após o divórcio.

Patrícia sorriu friamente:

- Você tem tanto medo de que eu não me divorcie de você? Fique tranquilo, um homem como você me causa repulsa a cada segundo. Pare o carro.

Ela pegou o cheque e bateu a porta com força, sem olhar para trás, e saiu.

Finalmente, seu pai seria salvo!

Patrícia trocou o cheque e imediatamente pagou as despesas médicas. A segunda coisa que fez foi pegar um táxi até o endereço que Gabriel havia dado a ela.

Era um cemitério particular e requintado, onde apenas os ricos e famosos eram sepultados. A Sra. Clara também descansava aqui. Patrícia comprou campânulas, as flores favoritas de Sra. Clara.

Não demorou para ela encontrar um novo túmulo, cercado por árvores de ameixa prestes a florescerem.

Na lápide fria estava gravado um nome desconhecido, "Aqui jaz Rafaela Amaral".

Teófilo amava muito sua irmã, que havia desaparecido e se tornado um tabu em seu coração, algo que ele não queria discutir. Por isso, Patrícia não sabia nada sobre ela.

Rafaela, esse era o nome dela? Patrícia nunca tinha ouvido esse nome antes.

Ela se agachou e olhou a foto no túmulo. Era uma imagem de Rafaela aos cinco ou seis anos, com um rosto redondo e adorável, onde se podia ver vagamente a sombra de Teófilo entre suas sobrancelhas.

Patrícia ainda estava perplexa. Ela tirou uma foto com o celular, como pista.

Colocando as campânulas de lado, ela se ajoelhou diante do túmulo de Rafaela e falou baixinho:

- Rafa, sou a Patrícia. Se você estivesse viva, deveria me chamar de cunhada, não, ex-cunhada. Desculpe por conhecer você assim. Vou descobrir a verdade sobre quem te tirou a vida...

O túmulo de Sra. Clara estava próximo. Na foto, Sra. Clara tinha um olhar gentil, preservando a mesma expressão de anos atrás.

Patrícia tirou uma batata-doce assada do bolso e colocou-a na frente do túmulo.

- Vovó, estou aqui para vê-la. O inverno chegou novamente, sem você para disputar comigo por batata-doce, elas perderam o sabor.

Cansada em pé, ela se sentou ao lado do túmulo como se estivesse conversando com Sra. Clara, como se ela ainda estivesse viva.

- Vovó, me desculpe por não ter conseguido proteger aquela criança. No entanto, aquele Teófilo sem vergonha já garantiu a continuidade da família Amaral para vocês. Vocês não precisam se preocupar com o futuro da linhagem. Vovó, ele mudou. Não é mais a pessoa que eu conheci. Ele costumava dizer que me protegeria das tempestades, mas agora todas as tempestades em minha vida são causadas por ele. Se você estivesse aqui, tenho certeza de que não permitiria que ele me tratasse assim.

Patrícia sorriu tristemente, continuando:

- Vovó, eu e Teófilo estamos prestes a nos divorciar. Você costumava dizer que se ele ousasse me intimidar, você sairia do caixão para bater na cabeça dele. Minha vida não será muito mais longa. Depois de um tempo, irei te fazer companhia. Que tal sairmos do caixão juntas e darmos uma lição nele? ... Vovó, como é morrer? É escuro? Tenho medo de insetos me mordendo. O que devo fazer? ... Vovó, que tal eu queimar mais dinheiro de papel para você? Quando eu chegar aí, você pode me ajudar a comprar uma mansão enorme de 800 metros quadrados, o que acha? ... Vovó, estou sentindo sua falta...
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