THALÍA
Acordei em uma cama de hospital, com meu pai ao meu lado. Eu não me sentia muito bem, pois tudo em meu corpo estava doendo. Com os olhos ainda pesados e sem muita força para falar, chamei por meu pai. O branco das paredes refletia a luz da sala, fazendo meus olhos doerem ainda mais.
— Pai... — falei com a voz arrastada e debilitada, sentindo meu corpo doer e a minha cabeça latejar — Onde está Cliff?
— Oi querida... Agora você precisa descansar... — no momento em que ele falou, senti que havia algo errado. Meu pai tinha algo em sua voz que o denunciou. Além da voz, seu semblante era carregado.
— Pai, onde está Clifford? — perguntei irritada — Não me enrole...
— Thalía... Você precisa descansar... — tentou me acalmar e fazer com que eu continuasse deitada na cama, mas ele sabia que não ia conseguir esconder seja lá o que fosse por muito tempo.
— Oh! Meu Deus — falei chorando. Eu já sabia a resposta — Cliff não... — caí em desespero e pranto. Tudo que eu queria era levantar daquela cama e sair dali em busca de mais informações, mas para minha infelicidade, meu pai chamou uma enfermeira que me dopou com um sedativo para elefante, que me fez cair em sono profundo. Quando eu acordasse desse pesadelo, jamais perdoaria meu pai por isso.
— Hoje estamos aqui para falar do homem que Clifford Bernard Johnson foi. Homem forte e voltado totalmente para a família, que amava sua linda e querida esposa. Hoje vamos falar dos seus feitos e vamos nos despedir do amigo e companheiro que ele era... — continuou a falar o padre, enquanto eu estava sentada, ainda com o braço engessado, cumprimentando e recebendo os pêsames pelo meu luto.
Eu estava totalmente distraída e não tinha intenção alguma de prestar atenção no que estava acontecendo naquele momento. De longe meu pai olhava para o caixão e não movia um músculo sequer. Clifford era o orgulho dele, mesmo ele não sendo seu filho. Meu pai era o CEO da “G. Bartinelle Construction Company”. O grande Gerald Bartinelle, ou melhor, Sr. Bartinelle, no mundo dos negócios. Era um homem de pulso forte. Com seus cabelos grisalhos, tinha uma rotina de um homem de trinta anos, apesar de já estar com cinquenta e cinco. Estava cansado do mundo dos negócios, mas não perdia seu ar de comando. Alto, moreno de olhos verdes, tinha uma saúde de ferro, apesar do cansaço que o mundo dos negócios lhe causava. Era brasileiro, natural da cidade de Natal, capital do estado do Rio Grande do Norte, mas quando casou com minha mãe, Perola Sullivan, conseguiu firmar-se no território americano. Ele sempre batalhou para ter o seu império e para me dar a vida que eu tinha, mas por ser mulher, nunca deixou que eu assumisse a presidência da empresa e nem eu queria isso.
Mesmo com meu diploma de uma universidade conceituada e com vários prêmios ganhos por minha competência, ele nunca achou que uma mulher deveria tomar conta de uma grande empresa. Infelizmente não posso me refugiar nos braços da minha mãe, já que ela morreu assim que nasci. Tecnicamente sou nova-iorquina, mas meu coração estava sempre no Brasil, e por ter pai brasileiro, tinha dupla cidadania.
No canto do cemitério estava uma moça ruiva, alta, magra, com traços fortes e chorava muito. Aquilo me chamou atenção. Por que ela estava chorando tanto? Levantei bem devagar para ela não notar que eu estava indo ao seu encontro. Dei a volta e fiquei por trás dela.
— Então... Qual era sua relação com meu marido? — quando perguntei, vi que ela se surpreendeu e ficou pálida quando me viu ali, parada e com a expressão séria.
— Eu e Cliff... Sr. Johnson era um amigo muito querido... — falou ela fungando e com os olhos inchados de tanto chorar.
— Pelo que vejo, ele era bem mais que um amigo — falei provocando-a — Sabia, que de todas as pessoas aqui neste lugar, você é a única pessoa que está chorando rios? O que me faz chegar à conclusão de que você e “Cliff” eram bem mais que amigos... E não tente negar.
— Sra. Johnson... Por favor, não faça isso com você...
— Caridade é o que menos quero agora, ainda mais vindo de você. Sabe por que não estou chorando? Porque eu sabia exatamente quem ele era de verdade — a repulsa em minha voz estava deixando bem claro o que eu realmente estava sentindo naquele momento — Não queremos um escândalo. Por favor, se retire.
— Eu tenho tanto direito de estar aqui quanto você. Ele ia pedir o divórcio para ficar comigo. Você sabia? — falou a ruiva com tristeza e raiva ao mesmo tempo.
— Quem está na condição de viúva sou eu — ergui o queixo, desafiando-a — Se ele iria pedir ou não o divórcio não importa agora, pois ele está morto. E você não vai poder ficar mais com ele. Guarde as últimas lembranças que você tem e as economize, pois será a única coisa que terá dele. Agora... Por favor, não vou pedir novamente, saia daqui com o pouco de dignidade que ainda lhe resta.
— Realmente você não sabe quem era o Clifford de verdade. E nunca vai saber — falou ela se aproximando de mim cada vez mais — Tomara que você fique sozinha o resto de sua vida medíocre e totalmente sem amor.
— Vou manter a classe... — acenei para o segurança que estava perto do estacionamento, que logo se prontificou na minha frente — Peter...
— Sim, Sra. Johnson? — perguntou Peter que mais parecia um armário.
— Por favor, acompanhe essa senhorita até a saída e se certifique que ela não volte mais — falei olhando com ira para ela.
— Srta... Por aqui... — falou Peter estendendo o braço e mostrando o caminho.
— Não importa quanto dinheiro você tenha... Nunca vai saber o que é ser amada — falou ela acompanhado Peter e saiu.
Já fazia quatro semanas que não saía do meu apartamento.
Não queria ver nem ouvir ninguém, ou ver o rosto das pessoas, e tudo isso junto com um vazio dentro de mim que não queria me abandonar. Manhattan estava sempre me convidando para as festas e as luzes da cidade, das quais não sentia o menor interesse em aceitar o convite. Eu poderia pegar meu “Aston Martin” e sair passeando pela cidade, mas não era o que o meu corpo, e muito menos, o que o meu coração queria. Corpo e mente não estavam conectados. Vagando pelo apartamento frio e sem vida, sentei na sacada que ficava de frente para o River Hudson e fiquei observando a noite passar. Naquele momento vi minha vida passar. Não que ela estivesse em movimento, porque não estava, mas por que minha vida estava uma merda. Sentia-me cansada e esgotada. Cliff tinha tirado de mim toda a energia, mesmo depois de morto. Não estava fácil, ainda que o pouco de amor que sentia por ele tivesse ido pelo ralo. Aquilo me deixou com raiva... com ódio de mim mesma, e ainda por cima... desanimada.
Pela manhã a Sra. Cortez, a mulher de quem eu tinha plena confiança, havia chegado. Senti o cheiro de café fresco da sacada, já que havia adormecido por lá mesmo.
— Menina “Lía”... Dormindo de novo na sacada? Vai acabar pegando um resfriado — ralhou ela com doçura em sua voz e com uma xícara de café quente em uma das mãos.
— Bom dia Maria — falei pegando a calorosa e deliciosa xícara de café de suas mãos — Você se importa de sair mais cedo hoje?
— Já entendi... Cuidado minha pequena... Você pode acabar se machucando. Você ainda nem chorou, depois do velório...
— Maria... Não tenho mais motivos para chorar ou até de permanecer no luto por causa de um homem que não me deu o devido valor. E não se preocupe... Eu sei exatamente o que estou fazendo — beberiquei um pouco do café, que já estava ficando frio e depois fui tomar banho.
Olhando as mensagens na secretária, vi que meu pai tinha deixado mais de quinze recados. Não estava nem um pouco a fim de falar com ele. Naquela noite eu contrataria os serviços de um profissional do sexo, era tudo que eu queria.
Alguém com quem não teria problema em manter um relacionamento.
Bom plano.
Pensando no que aconteceu no cemitério e em tudo que descobri depois que Clifford morreu, tive a certeza que todo nosso casamento não passou de uma farsa. Ele me traiu com toda Manhattan e Nova Iorque juntas... E ainda me deixava sozinha e saía para as noitadas, me falando que estaria em uma reunião de negócios.
Belo marido eu tinha.
Quando ele recebeu a notícia de que eu esperara um filho seu, não fez muito caso e nem se importou quando sofri um aborto espontâneo. Acho que para ele foi um alívio.
Há algum tempo não estava mais sentindo prazer nos carinhos de Cliff. Na verdade, não tinha nenhum sentimento de desejo saindo da minha parte. Após uma semana decidi que não era mais necessário ficar de luto por uma pessoa que não valia nada. Eu queria algo sem sentimento. Onde não houvesse envolvimento e tudo fosse superficial. Por isso, após tomar essa decisão, resolvi contratar os serviços de uma agência de acompanhantes.
Apenas os melhores acompanhantes do mercado.
Nada do que acontecesse naquele apartamento sairia dali.
Nada do que fizéssemos... Sairia dali.
Queria ter me vingado dele antes.
Nada de nada.
Depois de tomar meu banho, fui verificar a caixa de entrada e um e-mail me chamou a atenção:
“A G. Bartinelle Construction Company comunica aos acionistas, majoritários e minoritários, que haverá uma reunião para votação do novo Presidente da empresa, devido ao falecimento do Sr. Clifford Bernard Johnson no final do mês passado”.
Avisamos que a reunião será às 09h00hs dia 14/05/14.
Atenciosamente
Sabrine Escragnolle
Secretária Executiva — G. Bartinelle Construction Company.
Agora não teria mais para onde fugir. Teria que enfrentar o meu pai e todos me olhando com pena, por eu ser a mulher traída e enganada. Mas, todo aquele sofrimento me deixaria cada vez mais forte. Tudo que eu precisava agora era colocar uma barreira entre os negócios da família e minha vida pessoal. Como se isso fosse fácil para mim...
A partir daquele momento eu não seria mais a Thalía boazinha e amigável. Seria a Thalía forte, determinada e sem remorso algum. Não deixaria nada e nem ninguém tomar a frente nas minhas opiniões e vontades.
Chega.
Agora a Thalía durona entraria em ação.
Novo rumo para minha vida.
Não teria espaço para mais um relacionamento frustrado e com mágoas, pois agora não deixaria me envolver por ninguém.
Ninguém mesmo.
A Sra. Cortez já havia ido embora. E eu já tinha preparado tudo para quando o acompanhante chegasse. Algemas, lenço e um chicote seriam minhas armas de negociação naquela noite, se isso fosse o que ele tivesse em mente. Eu queria que ele me desse o prazer que eu não sentia desde que me casei... ou: eu queria que ele me desse o prazer que mesmo casada com Clifford eu nunca sentir.
Já era noite e estava esperando David, “o acompanhante”, chegar. No decorrer da semana eu havia ficado com apenas um homem, mas que não me fez sentir o prazer do orgasmo.
Descartei a possibilidade de tentar ter algo novamente com aquele homem. Ele era bonito, mas não tinha nada que me agradasse e também não me fez sentir subir até as nuvens. Na verdade, estava pedindo aos céus que ele acabasse logo e sumisse da minha vida.
Foi informada que um rapaz estava subindo. Não estava com expectativas, pois nada daquilo seria para ter um envolvimento.
Nada de sentimentos.
— Srta. Bartinelle... O Sr. David Sebess está subindo — informou Jack, o porteiro.
— Ok. Jack. Obrigada.
Ao escutar batendo na porta, tratei de abrir. Para minha surpresa, dessa vez mandaram um rapaz mais bonito, alto e com traços fortes. Pele cor de chocolate ao leite. Olhos de uma cor amendoada com riscos verdes. Cabelos escuros e brilhosos. Ele tinha presença e elegância no seu jeito de andar.
— Boa noite Srta. Bartinelle... Me chamo...
— David Sebess... Já estou sabendo — terminei de falar por ele, pois não queria que prolongássemos mais aquela situação — Como você já deve ter sido informado, isso que vai acontecer aqui é um simples acordo. Você terá que assinar um termo de confidencialidade — peguei o contrato e entreguei para que ele pudesse analisar.
Ele me olhou com uma de suas grossas sobrancelhas erguida, como se tudo aquilo fosse um absurdo. Mas, mesmo assim, pegou o contrato e sentou-se no sofá para ler o termo. Vi que a cada pequena linha que começava a ler achava algo engraçado e, em algum ponto do contrato, ele gargalhou.
Sim, ele gargalhou da maneira mais proposital que existe.
Uma crise de risos que o fez cair para trás, a ponto de ficar enterrado no sofá macio. Não entendia o que havia de tão engraçado naquele contrato que o fizesse rir tanto. Ele estava vermelho e seus olhos lacrimejavam de tanto rir.
— Você espera mesmo que eu aceite esses termos? — Falou ele mostrando seus dentes brancos e um largo sorriso — “O contratado deverá estar à disposição da contratante 12(doze) horas por dia e deverá ficar no apartamento da contratante” — Continuou a citar partes do contrato — O período de contrato, ou validade do mesmo será de 30(trinta) dias... Você só pode estar brincando comigo... Morar com você por trinta dias não vai rolar. A parte do sigilo eu até entendo, mas morar com você... — falou ele cruzando as pernas, abrindo os braços e balançando a cabeça em negativa — isso é um absurdo. A agência sabe disso?
— Que eu saiba você ainda não terminou de ler o contrato... Sei de fontes seguras de dentro da agência que lhe mandou que você precisa do dinheiro, e creio que o valor no final do contrato será um incentivo para que o assine — continuei, deixando minha postura ereta — Mas, se depois que você olhar o valor, não se agradar... Pode ir embora, mas ainda assim terá que assinar o termo do sigilo. O meu advogado falará com você sobre tudo e esclarecer todas as cláusulas se você quiser.
Ele me olhava em silêncio, enquanto eu me sentava ao seu lado. Não saberia ao certo se estava desesperado para sair daquela sala, mas seu olhar de dúvida não negava a confusão que estava em sua cabeça. Quando ele tornou a olhar o contrato, percebi que ficou em choque com o valor.
— Mas... Isso é muito grana... Você é bonita e bem-sucedida... Por que quer a companhia de um garoto de programa por tanto tempo? — perguntou ele ainda com espanto.
— Não estou muito a fim de compromissos sérios, ainda mais agora que fiquei viúva — no momento que falei a palavra “viúva” ele arregalou seus olhos e engoliu em seco — Acho que não seria um problema eu estar viúva há mais de quatro semanas... Teria? O fato de ser bem-sucedida e bonita é o motivo pelo qual quero seus serviços. Se tenho que ficar com alguém por dinheiro... Que seja um profissional.
— Sua vida particular não é da minha conta… Entretanto, creio que você deva estar em um momento muito difícil. Só não entendo por que precisa de uma pessoa como eu — a confusão em sua voz era evidente.
— Como você disse: “Não é da sua conta”. Não estou passando por nenhum momento difícil. Só preciso dos seus serviços como objeto sexual. Você me entendeu? Não vai rolar essa de sentimentos ou carinho entre nós dois. Apenas sexo. Pagarei todas as suas contas e morará comigo durante o período do contrato. Terá todas as lojas ao seu dispor. Poderá usar os carros que tenho e todas as dependências do apartamento — O olhei firme e continuei — Tenho certeza que não irá ligar muito se lhe usar como “objeto sexual”. Sinta-se como a Julia Roberts, no filme Uma linda mulher.
— Você falando assim… Fico parecendo barato...
— David… Com toda certeza… Você não vai me sair barato. Acho que o preço que está no contrato é o suficiente para que, quando termine o nosso negócio, tenha uma vida confortável. Não reclame. Acho que sou a primeira que lhe oferece um contrato tão vantajoso quanto esse. Não seja infantil e pense direito... Quantas mulheres ricas irão lhe oferecer uma proposta dessas? — perguntei olhando para ele, que se mexia desconfortável no sofá.
Ele baixou a cabeça e suspirou.
O que ele tinha achado graça antes, agora não achava mais. Levantou-se e foi até a janela da sacada e olhou para o horizonte. Pareceu-me que ele não ia aceitar, mas, para minha surpresa, falou:
— Certo… Eu vou assinar, mas não serei o “seu” objeto. Vou encarar isso como você disse: “Um negócio” e vou me lembrar disso em cada toque que der em você — falou ele pegando a caneta na bancada do bar. Olhou novamente para mim, que ainda estava sentada, e assinou — Agora sua vez… — ao levantar, andei elegantemente até a bancada e peguei a caneta para assinar.
Meu olhar encontrou o dele, que não me parecia muito satisfeito com aquela conversa que tivemos de início, mas, mesmo assim, assinei. Acho que ele deveria ter outros motivos, além do fato de precisar muito do dinheiro, contudo, eu não estava nem um pouco preocupada com isso.
DAVIDMais um dia sem trabalho. Estava ficando difícil pagar meu curso de dança. Meu amigo Dean estava querendo que eu entrasse na agência na qual ele estava trabalhando como garoto de programa, ou melhor, agência de acompanhantes. Eu tinha que enviar dinheiro para minha mãe que estava doente de câncer já fazia dois meses. Os remédios estavam cada vez mais caros e ela só tinha a ajuda do dinheiro que euenviavapara ela. Apesar dos meus princípios, aceitei.Ainda me lembro do meu primeiro trabalho. Minha cliente era uma senhora que tinha idade para ser minha mãe e depois que terminei, senti repulsa por estar fazendo aquele tipo de trabalho.Ela me chamava de urso, gostoso, delícia e gritava a cada movimento de dança que eu fazia para agradá-la.Ela me lambia e passava a mão no meu pau, e se não fosse a ajuda do remédi
THALÍAMais uma manhã na minha vida, mas agora eu teria a companhia de um homem em casa, mesmo que eu tenha pagado para isso. Fez-me pensar no filme “Uma linda Mulher”, aquilo me fez sorrir, já que no caso dele seria... Ah, era melhor pensar em assuntos realmente importantes. Já passava das sete da manhã e era para eu já estar no meio do caminho para a reunião, que iria se prolongar pelo resto da manhã. Meu pai “O Grande poderoso Chefão” não tolerava atrasos, ainda mais no dia da grande votação. Os nomes iriam ser anunciados e votados pelos acionistas minoritários e majoritários, para a sucessão da cadeira da presidência.Na concorrência estaria o babaca do Eliot James (que sempre estava dando em cima de mim), a benfeitora e vadia da Catharine Deveraux (que só estava na briga por poder e por ser amante de Fred
DAVID— Merda. Merda. Merda — resmunguei ao tropeçar no tapete do quarto, quando a vi entrar.Ela estava ali, parada na minha frente, olhando fixamente para mim. Seu porte de executiva era uma novidade para os meus olhos, e o seu aspecto meigo também. Fiquei sem jeito ao perceber que ela me avaliava.Por que eu estava com vergonha dela?Merda.Meu zíper estava aberto.Que constrangedor.Fiquei esperando-a para o almoço, mas para minha surpresa um amigo dela chegou. Um cara engomadinho e bem-vestido. Boa pinta, mas não gostei dele assim que o vi. Era o tipo de cara que não se esforçava para ser arrogante, mas se esforçava para parecer educado. A sua postura dizia tudo. Eu tinha passado por poucas e boas, e já sabia, pela minha experiência, que aquele cara era perigoso e manipulador.Muito manipulador.— Boa tarde Sra. Cort
DAVIDAbri os meus olhos e não conseguia enxergar nada.Que horas seriam? Não... Não... Não. Merda!Saí da cama, como sempre tropeçando nos meus próprios pés e caindo de cara no chão. Ainda bem que no momento que começava a dançar tudo fluía bem. Na vida real meus pés não me ajudam nem um pouco. Respirei fundo, me levantando. Não que eu tivesse dois pés esquerdos, só que simplesmente o comando não chegava ao meu cérebro, principalmente quando acordava pela manhã. Ela estava deitada lindamente na cama, parecia um anjo de cabelos negros e boca rosada. Era assim que eu estava começando a enxergá-la. Thalía parecia ser o tipo de mulher que tomava suas próprias decisões, mas deitada ali, tudo que eu queria era tomar as decisões por ela. Por enquanto, ficava apenas no querer,
DAVIDPassar mais de trinta dias com ela seria algo diferente e um desafio para mim. Tão deliciosa. Fazer sexo com ela superou minhas expectativas, a ver gemendo e pedindo mais de mim dentro dela. Ver sua boca pedindo mais era algo muito gostoso. Saber que ia aproveitar mais daquele corpo, me deixava abundantemente feliz, mas todo cuidado era pouco. Ela era a primeira cliente jovem que tive depois que fui contratado pela agência, e já fazia muito tempo que não tocava em seios tão macios e firmes, a sensação tinha sido maravilhosa.O dia apenas havia começado, Maria, que a tratava como se fosse uma filha, preparou nosso café da manhã e já que não teria que ir para a dança naquele dia, resolvi ficar no apartamento, apesar das súplicas de Dean para sair e jogar futebol. Depois do café Thalía não me olhou diretamente nos olhos, não ente
THALÍAJá fazia três semanas desde o acontecido. Catharine sempre sorridente ao passar por mim dentro da empresa. Tinha sido ela quem havia deixado David irritado comigo por suspeitar deles. O clima estava mais calmo e fazíamos sexo em quase todos os cômodos do apartamento. Dei até umas férias para Maria, ela já não me aguentava suspirando em todas as vezes que David passava por mim.Hoje seria o dia de ir até a escola de dança pegá-lo para almoçar com seu amigo Dean. Nos últimos dias tínhamos ido a tantas lojas, que David não aguentava mais olhar para uma vendedora de sorriso largo. Ele não falava, mas sentia que não gostava que comprasse roupas para ele, e nem gostava de andar ou dirigir os carros, sempre suspirava e balançava a cabeça, resignado, todas as vezes que saíamos. Não entendia o porqu&ec
DAVIDEu estava ali parado na sua frente, chocado ao perceber que ela realmente estava ali na sala da minha casa. Linda, de cabelos curtos e de face rosada e... Mas que merda! Ela estava muito gostosa com aquele terno e saia curta. Cada vez que me perguntava algo, mal conseguia responder. Eu estava realmente feliz por ela estar ali na minha frente. Eu queria a ter visitado e poder ter dito o que sentia por ela, agora que definitivamente tinha saído da agência, afinal, não era para mim aquela vida.Eu estava me preparando também para viajar, queria visitar a minha mãe que tinha ficado ainda mais debilitada; para minha infelicidade, o quadro dela tinha se agravado e o câncer não reagia mais à quimioterapia. Chorei só em pensar que perderia minha mãe. Ela era tudo que eu tinha naquele momento, tudo na minha vida e ficar com ela era o mínimo que poderia fazer.Ali estava Thal&ia
THALÍASaí de lá vestindo a cueca e uma bermuda de David, já que na hora do ataque ele não teve paciência e rasgou minha saia em duas metades. No dia seguinte, fui trabalhar com um sorriso largo no rosto, eu estava completamente ridícula, e todos do prédio perceberam meu novo estado de humor, já que nas últimas semanas minha vida não havia sido tão alegre e agradável como o dia anterior e isso se refletiu no meu trabalho. Todos estranharam meu aviso de que iria viajar por um período, mas ninguém questionou os motivos. Quem ficaria encarregado de me repassar informações e todos os acontecimentos da empresa seria James — mesmo que não gostasse dele, ele sabia trabalhar. Avisei que meu celular estaria ligado vinte e quatro horas e que ele poderia enviar os relatórios das cotações e transações recentes