Eu pretendia chegar no apartamento e ter uma boa manhã de sono ao lado de meu novo Terry. Financiei um apartamento localizado no Quarteirão Central de Brume Peak, é em um pedaço tranquilo da cidade com lojas perto, e longe da bagunça o suficiente para ter privacidade. Tenho um estilo de vida excêntrico.
O local possui uma decoração simples, mas funcional. Deixei as chaves em cima da mesa perto da entrada e tirei o casaco, guardando no armário. Soltei a pasta em cima do sofá e fui para o quarto. Abri a porta e avistei Victor sentado na borda da minha cama. Seus olhos castanhos caíram sobre mim com ansiedade. Jean-Elói, estava nu sobre a cama, de bruços e com a bunda para cima, me esperando, enquanto sedado. Golpe baixo.
— Achou que ia dormir sozinho? — Victor empurrou o corpo para trás, apoiando os cotovelos no colchão. Ele estava sorrindo para forçar felicidade na situação. — Não abandonaríamos você.
Ouvir aquilo fez bem para o ego e inspirei fundo estufando o peito. O cara que eu desejava jamais faria algo assim para mim e eu não estava pronto para ficar sozinho em casa sofrendo sua ausência. Era errado eu me envolver com eles por egoísmo? Era. Mas foda-se, eles que me procuraram.
— Vem aqui tirar minha roupa, seu pilantra.
Victor deu um sorriso alegre e ajoelhou, veio engatinhando na minha direção. Ele beijou meus pés por cima do sapato caramelo. Tirou os objetos me descalçando e as meias finas. Lambeu o espaço do dedão e veio subindo, apalpando minhas pernas, arranhando minhas coxas.
Soltei a cabeça para trás e deixei ele abrir a calça. Fechei os olhos imaginando Remy em sua casa ou hotel, tomando banho, com a água escorrendo por seu belo corpo. A língua morna me alcançou e arfei. Minhas bolas estavam doendo e deixei Victor manipular meu pau, enfiando por inteiro na boca. Maldito! Eu simplesmente adoro como ele consegue colocar tudo para dentro e me dar uma garganta profunda. Segurei seus cabelos escuros e soquei sem dó, tirando e pondo, até ver lágrimas saindo de seus olhos.
— Filho da puta, maldito.
Ele sorriu com o rosto todo vermelho quase engasgando e ficou em pé. Desabotoou minha camisa e tirou a gravata. Logo fiquei nu diante de meu amante mais safado que deslizou a mão pelo meu corpo.
Ele me segurou nos pulsos e me guiou para a cama.
— Quero assistir. “Remy” já está pronto para você. — E me ofertou Jean-Elói.
Olhei para cama e para aquele traseiro colocado como uma oferenda em um altar. Sabia que era o substituto, lógico, o corpo é diferente, mas era só fechar os olhos e imaginar. Diante jovem sedado, deslizei as mãos em suas nádegas.
Pode parecer louco e bizarro imaginar que há homens dispostos a serem sedados e servirem de boneco sexual para seus amantes, que topam fazer isso por prazer. Há redutos de prostituição que lidam com isso, sabe? Você contrata para foder enquanto a pessoa viaja drogada ou sedada… Mas para mim, é prazeroso especialmente quando é alguém emocionalmente envolvido e não que está apenas fazendo por dinheiro.
— O preservativo. — Victor se ofereceu. Ele tirou o pacote de cima do criado-mudo e colocou no meu pau, ficou por trás, roçando a ereção na minha bunda.
Não demorei. Nunca demoro para tomar o que é meu por direito. Enfiei tudo no cu do garoto que não ofereceu muita resistência. O corpo faz maravilhas quando dorme. Senti as bolas esmagando no talo e Victor se ajoelhou, entre nossas pernas, variando lambidas entre nós. Desgraçado.
Enquanto eu penetrava forte apenas lembrava de Remy conversando com Cazal para me provocar e fui cada vez mais forte, mais intenso. “Remy número 1” tinha pouca semelhança com o verdadeiro e olhá-lo agora me fazia sentir ter sido enganado. Jean-Elói foi o primeiro que me procurou, mandando cartas e cercando minha casa, um bastardo qualquer doido para transar comigo. Mas ele não era Remy. Como nenhum outro foi Terrence.
Oh, merda.
De repente, eu estava enojado de foder Jean-Elói. Eu precisava me livrar dele e dos outros, ou os mataria. Eu sentia o impulso mórbido, enquanto deslizava as mãos pelo corpo sedado do garoto eu apertava sua pele, para ajeitar aquela raba do jeito que me interessava. Queria parti-lo no meio. Ele não era meu Remy.
Victor embaixo de nós não percebeu a frustração tomar conta de mim. Continuou chupando e fazendo sons de gozo para me conduzir ao prazer. Mas a gozada não veio. Nem no cu largo do boneco vivo e nem na língua sedenta do policial.
— Merda. — Tirei.
Victor me olhou com espanto e que bom que Jean-Elói estava desmaiado, ou eu socaria a cara toda dele. Segurei meu braço descendo da cama e Victor viu meu pau para baixo, broxado.
— Não venha mais, Victor. — Rosnei. — Isso não vai mais funcionar. Saia antes que piore.
Talvez alguma coisa na minha voz o assustou pois o pânico passou em seus olhos. Ainda pelado tirei a camisinha e joguei no chão. Fui para o banheiro, tranquei a porta e liguei o chuveiro.
Debaixo da água me aliviei com a mão mesmo, pensando em Remy. Foi uma gozada frustrada e com gosto amargo. Eu soube que nada mais me satisfaria! Meu corpo ansiava por Remy e apenas por ele. Eu estava fodidamente ferrado.
Quando saí com a toalha enrolada na cintura, os raios de sol já atravessavam as frestas da persianae eu teria poucas horas de sono. Jean-Elói não estava na cama, acho que foi colocado na sala, afinal, Victor tinha bom coração e não deixaria o moleque no corredor, sem roupas e desmaiado. O boneco de silicone comprado na internet estava na cama e observei sua composição com um pouco de desgosto. Foi montado com partes vendidas separadas e feitas com impressoras 3D, de silicone. Tinha mãos e pés, daquelas usadas para treinos de manicure e pedicure. O rosto era genérico de um manequim de maquiagem e a peruca não me convencia. Como gosto de dormir abraçado, os braços e as pernas eram costurados com panos, sacos de areia e por causa das roupas, me satisfazia. Ele tinha um pênis de borracha, um maldito cacete grande que Victor colocou e gostava de chupar para me provocar, totalmente alheio ao fato de que Terry não era tão avantajado.
— Já conversamos Victor.
— Eu não entendo, mon’amour. — O homem musculoso estava de calça de corrida e camiseta escrito “policial” no peito. Ele parecia triste e cabisbaixo, eu diria até desesperado. Rangi os dentes.— Nós estávamos bem... Remy nem se importa com você.
— Os substitutos não vão mais funcionar, porra. — Gritei. — Eu preciso dele. Nem quero esse boneco, tira ele da minha cama!
Victor tinha lágrimas nos olhos, mas alcançou Terry e o colocou dentro do armário, em um canto que deixo sempre vazio para ele. Caí como uma pedra na cama, sentia um peso horrível nos músculos e estava chateado.
— Vamos conversar.
— Apenas cale a sua boca.
— Simon, mereço uma explicação.
— Eu já te dei uma. Quero Remy. O verdadeiro. — Abracei o travesseiro, enfiando a cara por baixo dele, para me esconder de um mundo cruel. — Não consigo mais gozar se não for com ele. Você entende isso?
Um grave silêncio se seguiu.
— E se eu disser que tudo bem? — Victor falou baixinho, se aproximando da cama. — Mando os meninos embora, jogo fora o boneco... E trago Remy?
— Hm. Ele não vai vir. — Funguei limpando o nariz.
— Mas hoje, na copa...
— Ele estava provocando. Torturando. É só isso. Ele quer me causar dor, porque eu causo dor dentro dele apenas por estar vivo e Terry não.
— Você sabe que Bergeron é difícil, mas já o atraiu uma vez e pode fazer de novo. — Victor veio por cima de mim na cama, me abraçando.
— Sim, mas...
— Eu ajudo. Droga! — Insistiu. — Eu te amo, Simon e faço tudo por você. Se quiser vamos agora sequestrá-lo. Fazê-lo seu.
Eu tive vontade de seguir o plano. Pense bem, seria mais fácil com Victor do meu lado: poderíamos cercar Remy em sua residência e levá-lo até algum chalé remoto na floresta. Exceto, é claro, que Remy é policial, meu parceiro investigativo e eu uso uma tornozeleira.
— Procurariam ele por aqui e nos monitorariam assim que não o encontrassem. — Descartei aquela ideia maluca. — Não pode ser assim, não pode ser a força.
— Hm.
— Além disso, Remy tem interesse emocional em Dylan e está disposto a se envolver com Cazal para me punir.
— Pense comigo. — Victor segurou meu rosto, forçando que eu olhasse para ele. — Posso usar os meninos para tirar Cazal do caminho. Posso seduzir Dylan... E Remy será seu. Eles serão nossos.
— Hm. — Pensei na proposta.
Confesso que estava surpreso que Victor quisesse entrar no jogo. Ele era policial e podia usar tudo contra mim caso se aborrecesse.
— Não sabia que você tinha uma queda por Dylan. — Girei, ficando de frente para ele. Victor reagiu com vergonha, demonstrando que seu interesse pelo chefe de investigação era genuíno. — Usaremos isso. Será divertido e ambos teremos o que mais queremos.
— O que mais quero, nesse instante... — Ele alcançou minha toalha tirando. Não é segredo que gosto de dormir nu. — É chupar você.
— Faça um favor a si mesmo e chame-me de Dylan enquanto faz isso. Quero ver se você é capaz.
Victor sorriu e desceu para entre minhas pernas.
— Muito bem Detetive Dylan Vasseur. Vou te chupar todo. — E caiu de boca chupando meu pau.
*
Depois de algumas horas de sono eu sabia que não poderia ficar deitado para sempre. A investigação me esperava e estávamos correndo contra o tempo. Levantei, fiz flexões para voltar a forma e tomei mais um banho. A casa estava vazia e agradeci por Victor ter se livrado de Jean-Elói sem que eu me envolvesse no processo. Detesto dramas e um garotinho de rosto angelical e olhos azuis chorando seria minha fraqueza. Mesmo eu sabendo que ele pintava os cabelos e que não era tão novo quanto parecia.
Separei o terno e me vesti. Eu sabia que a tornozeleira seria vistoriada e por isso, a coloquei. Eu estava bem com ela, não chegava a me incomodar e tirava de vez em quando. Peguei o carro, que só era permitido tirar da garagem para trabalhar ou fazer compras essenciais. Farmácia, inclusive. Dirigi até o centro de Brume Peak ouvindo rock e apreciando a paisagem. A névoa já estava rala como costuma ser no horário do dia, fica mais densa ao anoitecer.
Eu adoro essa maldita cidade. É bom como um inferno estar de volta.
Estacionei a pickup ao lado de uma viatura da polícia. Não cumprimentei os policiais e passei direto para a recepção. Talvez por eu estar de bem vestido, os civis que estavam fazendo boletins de ocorrência não fixaram os olhos em mim, nem nada do tipo, duvido que tenham me reconhecido. Cumprimentei os dois policiais na recepção e adentrei a porta de serviço que levava para os escritórios.
Estava pouco movimentado de manhã, além disso, tinha mais carros de patrulha do que o normal. Percebi que a sala ao lado da de Dylan estava cheia de caixas. Aproximei-me da porta de vidro e olhei dentro. Vi Remy.
Bati três vezes na porta como um vampiro suplicando para entrar. Remy virou-se e lançou um de seus sorrisos cortêses.
— Ganhou uma sala! — Passei para dentro do recinto e fechei a porta atrás de mim, baixando a persiana. — Significa que vai ficar mais tempo que o previsto?
— É temporário. — Ele se virou para uma caixa, abrindo. — Mas já que trouxe minha equipe, o Comissário acha melhor não misturar meu serviço com os da delegacia.
— Hm. — Andei até a mesa e olhei para o conteúdo de uma das caixas que estava por ali.
Tirei um porta-retrato de dentro dela, observando uma fotografia que parecia ter sido tirada em um fim de semana ensolarado. Remy estava com seus pais adotivos. Ele estava no meio, com um braço para cada lado, sorrindo e à vontade. Os dois tinham cabelos grisalhos e acima do peso, mas pessoas graciosas.
— São meus pais. — Remy explicou.
— Deduzi... — Ergui os olhos para ele e dei um sorriso predador. — Não acha que está sendo relapso mostrando isso para mim? Agora sei como seus pais se parecem e caso queira me vingar de você, será fácil rastreá-los.
Ele deu uma risada escrachada:
— Não vai, não.
— Você me tira por baixo.
— Pelo contrário, Sr. Louic. — Agarrou o porta-retrato tirando de minhas mãos e levou até a prateleira. — Eu sei que você não age assim, conheço seus métodos.
— É verdade, escreveu sobre eles! — Debochei.
— E também escrevi sobre o Médico e o Monstro de Brume Peak. — Sorriu, voltou até a caixa e pegou mais uma fotografia, com uma mulher e um homem e duas meninas, as sobrinhas de quem me falou. Certamente aquela família era sua motivação para tirar a sujeira das ruas da cidade.
— Suponho que vai escrever sobre o Escultor.
— Ou Escultora.
— Uma mulher não seria capaz de cometer tais crimes! — Dei uma risada. Remy ficou me olhando sério, cruzou os braços. Tomei como um desafio. — Qual é, bebê, carregar aqueles corpos redesenhados deve dar um trabalho desgraçado. Não acho que recebeu ajuda.
— Hoje em dias as mulheres podem muito mais do que você imagina, inclusive cometer crimes desse porte. Além disso, faz parte da minha teoria sobre a desfiguração.
— Pensei que concordávamos que o assassino atacava aleatoriamente, por isso, a história das vítimas não importava.
— Sim. Concordo com tudo, mas não quer dizer que o assassino é homem. — Remy pegou alguns objetos de dentro da caixa e colocou sobre a mesa, ao lado do computador portátil. — E como o assassinato é apenas o meio para a obra de arte, penso que não devíamos descartar.
— Não descartar é uma coisa, mas você parece bem seguro de que é uma mulher. — Percebi pelo brilho em seu olhar azul que havia mais naquele caso do que Remy tinha me dito. E além disso, eu conhecia seu faro. — O que descobriu?
— É mais um palpite. E se a arte for a extensão do artista?
— Como se estivesse se remontando?
— É, na verdade, se transformando. — Remy deu de ombros.
— Gosto da ideia.
— Sabia que você ia gostar.
— E então? — Sentei na cadeira em frente a sua mesa de trabalho. — Como vai funcionar? Digo, essa dinâmica, nós dois. Vamos trabalhar juntos? Separados? Vamos passar todas as horas naquela sala de reunião?
— Não há necessidade de investigarmos o histórico das vítimas e dei essa tarefa para Cazal, ele ficará na sala afogado em relatórios, talvez até visite os parentes próximos. Eu e você faremos algo muito mais interessante.
— Um jantar romântico, suponho? — Animei.
— Depois, afinal, combinamos. Mas se você vai ser meu parceiro, daqui para frente, preciso garantir que tome conta das minhas costas.
— Já tenho algumas ideias deliciosas!
— Vamos treinar. — Ele sorriu forçado. Meu sorriso fechou.
— Aprender a atirar?
— Pelos Deuses, Simon, você não sabe? — Remy abriu bem os olhos azuis e eu desviei o olhar dele.
— Ah, sim, por isso você tem tesão nos policiais que exibem suas armas nas coxas.
— Ao menos sabe segurar uma pistola? — Ele revirou os olhos e cruzou os braços.
— Sei segurar o seu pau. — Sorri.
— Vai tomar é um soco nesse seu nariz de merda, isso sim. — Rangeu os dentes, infeliz com minhas respostas. — Não podemos bobear. Além de umas sessões de tiro é bom focar em condicionamento físico, você ganhou uma barriga, né! — Ele fechou a caixa e andou até a porta.
— Não seja um maldito. — Fiquei em pé, adiantando os passos para ficar perto ele. — Sabe que dar uma arma na minha mão e treinar-me em golpes, vai apenas me fazer conhecer suas fraquezas e contorná-las, não é? Eu posso me tornar um assassino muito pior.
— Não fica se achando, querido, tem um longo caminho pela frente. — Ele puxou a porta e eu segurei, fechando.
— Vou cuidar muito bem desse seu traseiro, não se preocupe. — Sussurrei no ouvido dele.
Remy me deu uma cotovelada e se livrou de mim como se eu fosse um maldito mosquito indesejado, mostrando sua superioridade. Ele era bem treinado. Ergui as mãos pedindo trégua. Remy abriu a porta e gesticulou para eu passar.
— Quero ver. — Duvidou.
Coxas grossas envolviam meu pescoço e enquanto eu sufocava apenas conseguia pensar no quanto aquilo era malditamente sexy.A academia ficava nos andares inferiores da delegacia e havia pouco espaço. Um recinto sem janelas, com luzes artificiais brancas e cheiro de suor preso por mais de décadas. Os equipamentos eram antiquados, mas funcionavam. Eu estava sobre o tatame alcochoado, treinando o Krav Maga. Ou mais precisamente: falhando consideravelmente.O perfume de Remy me atrapalhava. O cheiro compenetrante amadeirado e sensual, um pouco picante, que escapava de sua pele era um afrodisíaco que arrancava a sanidade da minha alma e a força das minhas pernas. Eu fiquei excitado e, distraído, levei um soco no ombro sobre os nervos, que me jogou ao
Anos atrás um estudante de psicologia solicitou que eu fosse entrevistado para seu trabalho de faculdade. O policial que cuidava do setor em que eu estava encarcerado colocou as algemas de um jeito que minha pele parecia rasgar antes de eu ser retirado para uma sala de uso comum. A entrevista ocorreu em uma sala grande e em que esse tipo de coisa não acontece. Mas eu estava preso, não sentia que estava em mim.A prisão fazia uma década? Eu não estava contando, já não me importava com os dias. Eu estava reduzido a uma versão diminuta de mim mesmo: um leão enjaulado que perde a força de rugir, doente e moribundo. Lembro dos papéis amarelos que foram colocados na minha frente, lembro do terno com cheiro de amaciante e dos dedos delicados, mas n&
— Vai levar, pelo menos, dois dias para enviarem os dados do sistema central da loja e localizar as encomendas enviadas a Brume Peak nos últimos dois anos. — Hector passou as mãos nos cabelos, parecia cansado. — E a busca pela pick-up não deu em nada, por mais que eu odeie admitir.Havíamos pedido comida e as embalagens ainda estavam em cima da mesa competindo com os papéis do caso. Naudé, que momentos atrás estava cochilando no sofá, esfregou os olhos. Yvonne deu um gole na sua xícara de café velho.Remy suspirou irritado e girou a cadeira em que estava sentado de um lado para o outro, mordendo os próprios lábios, ansioso.— Vamos monitorar as ruas próximas da praça de forma vigilante. — Dylan disse. — S
Assim que chegou na delegacia Laurence foi algemado diante de todos os jornalistas. Hector fez questão de prendê-lo no instante em que pegou o mandato. Durante o ato, o homem de cabelos escuros e lisos, olhos castanhos da cor de mel, apenas sorriu. Ele estava usando Dr. Martens, os mesmos identificados na imagem.Em sua casa os policiais vasculharam e encontraram o diário, além de fotos da vizinha que indicavam que ele havia posto câmera em todos os cômodos de sua casa. Ele não era obcecado por ela, mas em se tornar ela… É, bem bizarro, especialmente quando achamos fotografias instantâneas dele usando as roupas dela quando ela não estava em casa.Laurence confessou seus crimes sem remorso e para nossa surpresa, ele
Eu não sei como aconteceu. As memórias fugiram da minha mente no minuto em que acabou. Eu estava com a arma na mão, os tiros tinham sido na parede e dois no teto, pois não sou bom atirador, mesmo. Remy segurava no meu braço. El e agiu com maestria e experiência, erguendo minha mão e os tiros saíram para cima. Seu celular estava no chão, com a Dra. Montiel berrando do outro lado da linha palavras ininteligíveis.Apaguei. Tenho a breve lembrança de ser algemado e ficar chorando, mas, ao mesmo tempo, também me lembro de ter ficado encolhido sobre a cama, com Remy fazendo um carinho na minha cabeça e homens altos e musculosos vestindo roupas brancas entrando no quarto para me levar embora.Acordei apen
— Você fala pouco de sua avó. — Dr. Marcel Sharpe era um homem narigudo, com cabelos ruivos ralos e duas entradas bem grande em sua testa. Ele estava sentado em uma poltrona bem em frente a minha, vestindo um terno esquisito e quadriculado, marrom escuro e bege. — Acha que todos os seus problemas podem ter se originado de seu relacionamento com ela?— Tenho pensado nisso desde a primeira visita de Remy nessa clínica. A forma com que ele me olha é de arrepiar a minha coluna, mas com frequência lembro de minha avó. Ela era uma mulher difícil, queria tudo para a hora que pedia, não esperava, atropelava você caso não fizesse na hora e as vezes não dava tempo, sabe? Depois, reclamava, fazendo você parecer um lixo de pessoa por
— Olha só quem resolveu dar o ar da graça! — Victor Thiers estava encostado na parede de tijolos perto da porta da delegacia segurando um cigarro fedorento. O vento fresco trouxe aquela fumaça em cima de mim.Eu tinha separado um bom terno para aquele dia. Retornar para a delegacia era uma vitória pessoal, especialmente agora que tinha sido condecorado com uma medalha de honra por ajudar nas investigações, mas confesso que havia vantagens em não ter mais aqueles jornalistas como vespas na porta querendo entrevistas. O problema ainda era andar pelas ruas de Brume Peak sem ser estigmatizado.Antes mesmo de chegar ali eu tinha passado na padaria para tomar café da manhã. Uma jovem de cabelos coloridos e camiseta de
Estacionei em frente a delegacia. A escadaria se erguia imponente e suspirei ao ver doze policiais no topo, esperando minha chegada. Ajeitei a gravata no pescoço e passei as mãos na lateral do cabelo loiro certificando-me de que estavam rigidamente puxados para trás em um rabo de cavalo. Peguei a pasta de trabalho, de couro caramelo e saltei da pickup aprumando o peito com orgulho.Os policiais fizeram cara de desgosto. É, eu os compreendo. Ninguém trabalha dura esfolando a bunda no asfalto para ver um criminoso como eu solto por aí, exibindo um distintivo de assessor forense. Mas o distintivo era meu.Subi todos os degraus, um policial cujo uniforme exibia os dizeres H. Cazal cuspiu no chão perto dos meus sapatos engraxados. Troquei olha