Início / Romance / Sheik Predileto / 8 |Dançar para mim|
8 |Dançar para mim|

Anna Andaria

NOIVA DE Khalil? Meu coração nunca acelerou tanto, eu não costumo pensar em casamentos, jamais sonhei em me casar...

— Meu Alah...

— Ah sua rapariguinha, você abriu sua boca, safada?!

Jamal adentra o quarto com os punhos fechados para mim, me puxa pelo braço e me mostra os punhos cerrados. Começo a chorar, Mera intervém se colocando na minha frente.

— Pelo visto o Sheik cuidou do seu rosto Youssef, imagina o que ele faz se tocar nela de novo?! —Ele bufa empurrando-me para longe.

— Tem razão, ela já não é mais uma rapariguinha, não é mesmo? Ele fez dela mulher, essa VADIA convenceu Mustafá com as pernas, mas o mundo da voltas. Essa Vadia ainda cairá nas minhas mãos! Vai cair.

Seco o rosto com as mãos , Yasmin me olha chorando também.

— Se arrume Vadia, o Sheik levará você pela noite e nunca mais há trará de novo, mas você ainda vai ser minha por Ala! — Jamal bate à porta ao sair.

Mera me abraça, eu continuo com a dor no meu peito que escorrega pelos olhos. Não posso negar que uma parte pequena de mim ressuscitou, eu estarei livre de Amiras como sempre sonhei e Jamal nunca mais poderá fazer nada contra mim, estarei protegida dele, mas, isso não vale muita coisa? O que vale se mama me abandonou? Estou sozinha e sem forçar, o Sheik me usará por mais noites e sinto meu corpo latejar só de imaginar ser dele pelos dias e noites que ele quiser.

Mera se contentou e disse tantas coisas sobre casamentos, falou que eu teria direito a cinco amigas e três amas que farão tudo que eu quiser, o que eu acho desnecessário e não me deixa animada, eu andarei toda coberta e protegida nas ruas, todavia em casa e em compromissos importantes eu iria estar toda enfeitada de joias, qual é a importância para mim?

— Não está empolgada? — Ela trança meu cabelo em uma única trança, chacoalho a cabeça negando.

— Eu pedi pra Khalil ser gentil comigo, mas vi nós olhos dele... Ele não é homem bom, vai me machucar.

— Não existem homens bons por aqui Anna, eles são egocêntricos e gananciosos e Khalil é só o pior de todos.

— Mas eu sinto alguma coisa nos olhos do Sheik, não sei bem o que é.

Escuto a risada exuberante de Yasmin misturada com um choro bizarro.

— Sua safada! Aquele homem olha para todas da mesma forma, não se sinta célebre por ser a segunda noiva dele! Você conseguiu não é Anninha? Vai se casar com o melhor de todos da Arábia, será respeitada e amada tanto quanto Aisha! Você conseguiu, mas continua sendo uma fedelha suja.

— Não ligue Anna, céus e infernos sabem que Yasmin TEM INVEJA DE VOCÊ! — Mera e Yasmin começam uma discussão inútil que não leva a lugar algum, mas minha cabeça estava longe. Quando pedi proteção ao Sheik eu não imaginava tanto, euzinha à faxineira de Amiras esposa do temido Mustafá?

HORAS DEPOIS:

Mera é a única moça de todos meus dezoito anos em Amiras Hari's que foi gentil comigo, que cuidou de mim como minha mãe cuidava. A falta de mamãe está me doendo tanto, consumindo todos meus pensamentos. Perguntei para Mera enquanto bebia um chá quente para onde mamacita foi, ela não sabia me dizer, mas disse que mama foi com um de seus amantes. Quando Mera foi para seu turno na dança, eu fiquei sozinha com Yasmin.

Estava penteando meus cabelos com os olhos vidrados no espelho sem querer olhá-la enquanto ela se maquia para dançar na noite como uma concubina qualquer sem o mérito de não precisar dançar para qualquer um apenas Khalil.

— Ele me dispensou, Jamal me disse! Ele me dispensou, obrigada Anna, agora eu não tenho chance alguma de ir para o Harém ou ser esposa dele.

Ela joga um colar caro no chão e vai para cama choramingar, sinto meu coração apertar ao escutar os soluços de Yasmin, eu nunca gostei dela pela sua inveja que percorre pelos olhos, mas eu sempre senti uma leve admiração, como já pensei, ela é a única concubina de Amiras que sonha grande, que se esforça, tem cede de sair daqui, talvez essa avidez virou soberba e faz dela uma pessoa hipócrita.

Me levanto indo até sua cama, mas Jamal entra antes que eu pudesse fazer alguma coisa.

— Anna, Vadiazinha. Você ainda não está perfeita para o seu noivo.

Eu paraliso, o medo que sinto desse homem é repugnante é tão grande quanto o medo que sinto por Khalil, porém, por Khalil sinto algum meio de proteção, já Jamal eu sinto um nojo repulsivo.

— Vai Jamal, abusa dela.... Beije-a e a use antes que o Sheik a leve, eu encoberto você querido.

Yasmin agita, me afasto o máximo que posso até encostar na parede gélida.

— Não, eu conto para o Sheik, ele vai matá-lo.

Ambos dão risada.

— Não Anna, você não contaria. Porque se contasse, mandarei matar sua mama!

No final da frase ele zomba da minha voz, do como chorei gritando por mamãe. Minha respiração fica pesada, livra-me desse homem Alah.

Ele chega perto de mim e abre os botões da túnica preta, coça o bigode e por fim segura meu queixo com força.

— Yasmin tranque a porta...

— Não! Não! Não Jamal, não faça isso comigo, não!

— Ah Anna, como eu fui burro em não ter te comido muito antes. Tive a oportunidade perfeita no seu aniversário de doze anos, mas eu não fiz nada. Só fiquei louco na minha cama.

— Nojento!

Ele acerta um tapa no meu rosto, um tapa bem forte que sinto perder a consciência, levanta a túnica e tenta levantar minha roupa, eu grito me debatendo e no momento que ele estava quase me usando alguém bate na porta.

— Anna?! Khalil está esperando no carro!

   Jamal me solta rangido os dentes.

Allaena!

   Jamal sai praguejando sem olhar para trás, cuspo no chão odiando o seu cheiro que permanece no quartinho, olho para Yasmin, ela está sorrindo.

Tive que colocar mais uma lehenga, dessa vez uma dourada, de botões muito bonita e uma tiara preciosa em meus cabelos.

Sinto meu peito arder, minha pele queimar e um nó se formar em minha garganta, estou chorando tanto que a maquiagem que mera faz não sustenta. O que será de mim? Estou indo para um lugar desconhecido, com pessoas desconhecidas, quase fui abusada por Jamal.

— Anna, precisa parar de chorar.

— Não vou conseguir, não vou. Acho que já posso ir assim, Mera.

Ela seca meus olhos e passa mais uma camada de pó compacto e manteiga de cacau sabor morango em meus lábios.

Quando Mera me leva até o Sheik que estava dentro do carro, já sinto meus batimentos ficarem lerdos. Entro no carro e ele trava as portas, eu não consigo olhá-lo. O medo que sinto dele é totalmente diferente do que sinto por Jamal. Jamal é descontrolado, dele eu conheço e sempre soube como me manter longe, mas Khalil é um mistério. Ele é frio, quieto e ostensivo além da sua beleza não entregar nem um pouco sua personalidade. Dele eu espero tudo e sei que jamais conseguirei fugir, e que nunca vou tentar isso, eu não o conheço.

Não demora muito para eu chorar, soluçar. Fico em pleno pranto, como uma criança. Eu tento parar, mas me sufoco quando tento. Ele não se importa, não liga, finge que não está vendo minhas lágrimas e talvez não esteja mesmo.

Quando ele para o carro na frente de uma grande mansão, três vezes maior que Amiras, quinze vezes mais linda com portões prateados, piscinas, árvores e beleza devastadora, um Palácio. Eu travo, nem as lágrimas descem.

Ele abre a minha porta e espera eu sair, quando saio ele faz o mesmo.

— M-minha nova casa é essa? — As palavras saem sem minha permissão, mas sua voz de leão logo responde.

— Algum problema? — Por que sua voz grossa me causa tantos arrepios? Ele segura minha mão e me leva para dentro.

Meus olhos nunca ficaram tão fascinados, não me imagino morando aqui, só me imaginando limpando tudo e como amarei limpar cada cantinho. A cada salão e corredor que entramos minha dor é anestesiada por uma dose de beleza luxuriosa, não que tenha me feito esquecer tudo, isso é impossível, mas me sinto protegida aqui. Mulheres andam por toda parte, diversas delas usando sári de faxineira, mas não como os meus. Parece só haver mulheres aqui, além dos seguranças que vi na frente da mansão.

Depois de minutos andando, ele abre a porta de um quarto em que entramos, um quarto de tirar o fôlego. Rosa bebê, com uma cama de princesa e paredes brancas com detalhes ornamentais dourados encrustados.

— Esse é o seu quarto, por enquanto.

Sinto suas mãos grandes em minhas cinturas, ele afasta meus cabelos e sua barba me causa arrepio. Duas lágrimas quentes escorregam dos meus olhos, eu me viro atrevidamente em sua direção e coloco o rosto em seu peito, abraço-o.

— Obrigada, obrigada Khalil. — Não olho para seu rosto, mas percebo seu espanto. Ele desce as mãos até meus cotovelos e me afasta um pouquinho.

— Você é minha nova noiva, minha futura esposa, então terá que aprender a se portar decentemente e ser uma mulher melhor na cama.

— O-o quê?

— Você terá aulas de comportamento com minha esposa e as concelheiras, e aulas de dança com uma professora particular. — Sua voz rude não mostra sentimento.

— Hoje é a última vez que vou te ter antes do casamento, então se prepare para dançar para mim...

  ***


Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo