- - Ai, que susto! De onde você surgiu? - Do meu quarto! O que foi? Está com cara de que aconteceu algo. - Onde estão os meninos? - Sentados na cozinha, jogando baralho. - Venha comigo. - Quer jogar, Mila? - Não! Acabei de receber uma mensagem. A barragem grande estourou, estamos isolados aqui. - Sozinhos? - Sim, Dreik. Sozinhos... Irei pedir para o Fabricio dormir aqui. E olha o detalhe importante. Ela quem mandou. - Você tem sorte. - Ela mandou vocês me obedecerem, também. - Quando ela voltará? - Quando baixar a água. Óbvio. - Claro, isso pode demorar uma semana, ou duas. Esqueceu como funciona, Pietro? Estamos sozinhos aqui com as duas, lembra? Os três olharam para Bia, parada na entrada do corredor, ainda dentro da cozinha, e, como se fosse uma sombra nas suas costas, Luísa, estava na outra ponta, quase no final do corredor, olhando-os e sorrindo. Logo em seguida, Fabricio chegou e bateu à porta. Dreik foi correndo abrir. Ele entrou, estava encharcado. - Você não tr
No meio da madrugada, Fabricio, é acordado com tremores, ele abriu os olhos e levou um susto. Luísa, estava parada na sua frente com uma lanterna que iluminava apenas seu rosto. - Posso dormir com vocês? - Ah, sim, pode. - Vou deitar no meio. - Não, querida, não pode deitar no meio, é errado. Deite ao lado de sua irmã. - Eu não a quero ao meu lado. - Vamos pegar um colchão para ela, então! Fabricio levantou, foi ao quarto de Bia, levando um susto ao vê-la deitada na cama. - Oi. O que foi? - Você não estava na cozinha? - Não, é a Luísa. Ela ficou com medo e foi deitar lá. O que quer? - O colchão. - Pegue da cama dela, embaixo da minha. Ele pegou e foi até a cozinha, olhou a menina sentada na cadeira com suas cobertas e travesseiro no colo. - Como? - Não tente entender... Ele colocou-a deitada e voltou para o seu colchão. Dreik acabou não dormindo mais. Enquanto fingia dormir, ficou escutando a conversa das duas. - Irá começar quando? - Amanhã, com certeza, eles não irã
Fabricio acordou e chamou Mirela. - Bom dia! Dormiu bem? - Sim, eu acho que sim. Bom dia! - Estamos sem luz, ainda bem que é dia. Vou ver a caixa da luz lá na frente. Me empresta um guarda-chuva. Pietro pulou da cama. - Eu irei com você para ajudar a segurar o guarda-chuva. - Ela começou... - Quem começou, Dreik? - Eu ouvi as duas conversando ontem depois que todos já haviam dormido. Ela disse que hoje iria começar e que as duas ficariam em paz. - Acho que você deve ter sonhado. Ela dormiu bem quietinha. - Eu ouvi, Fabricio! - Certo, depois nós conversamos sobre isso, fique calmo. Agora vamos, Pietro. Um problema de cada vez. Mirela, vai arrumando nosso café, por favor. Logo nós voltamos. - Já estava pensando em fazer, estava colocando sua roupa para secar. Você poderá precisar dela. - Bem pensado. Pietro saiu acompanhando Fabricio. - Elas sumiram! Não acha isso estranho, Mila? - Eu vi a Bia no quarto dela. - E a Luísa? - Ainda não avistei-a hoje! - Eu estou com medo
- - Mirela, tudo bem? - Sim. Pode cuidar dele para eu dormir um pouquinho? - Claro, a febre subiu? - Não, está se mantendo baixa! Mas precisamos levá-lo ao médico. - Eu sei, meu amor. Mas enquanto não parar a chuva, não tem como. - Claro, a barragem! - Eu sinto muito por isso. - Sua mão, como está? - Doendo um pouco. Vai deitar, que eu ficarei com ele. - Engraçado, faz um tempo que olhei o relógio e era 02h31min da manhã. - E daí? - Ainda é! O relógio parou... - Deve ter acabado a pilha, de manhã trocamos, vai dormir! Fabricio sentou na cadeira e escorou os braços na mesa. Ficou olhando sua mão, parecia estar ficando vermelha e inchada. Ele olhou seu celular, notando que a hora era a mesma do relógio 02h31min da manhã. Pensou estar vendo coisas... A chuva estava muito forte e os trovões não davam trégua. Ele levantou e foi ver como Pietro estava. Seu rosto estava completamente desfigurado, mas, sem febre, isso era o que importava no momento. - Quer dormir um pouco? - Dr
- Parece que a chuva está parando. - Não quero desmotivar você, mas acho que irá ser por pouco tempo! - A luz voltou. - Encha a caixa de água. Vou aproveitar e ver seus irmãos. - Acha que ficarão adormecidos por muito tempo? - Eu espero que sim. - Deu... Está enchendo. - O Dreik está bem, parece tudo normal com a mão dele, já o Pietro, estou bem preocupado, precisamos tirar a carne morta do rosto dele. Pegue as duas gavetas com lençóis e toalhas e traga para cá. Leve isso, caso falte luz novamente. Vou colocar as outras lanternas para carregar... Ele olhou para os relógios e o horário ainda não havia mexido. 02h31min, por que aquilo? - Antes de mexermos no rosto dele, quero ver sua mão. Ele desenrolou, Mirela ficou olhando aquele buraco aberto. - Olha para mim... Está tudo bem! - Sua mão! - Tudo bem! Vamos limpar. Agora podemos dar uns pontos. - Como? - Lembra quando costuramos aquela rede? - Sim, mas é a sua mão! - Vamos fazer o mesmo com ela. Primeiro, você irá ao qu
A tempestade estava cada vez mais forte e o dia parecia não chegar nunca. Eles passam a maior parte do tempo deitados, das poucas vezes que levantam procuram amparar Pietro, que está cada vez pior, embora não sinta dor devido às altas doses de analgésicos e de sedativo que Fabricio lhe dá. - Ei, a luz voltou de novo, irei colocar a caixa para encher. - Vai com cuidado, Dreik. - Eu irei limpar as coisas. - Certo, eu vou limpar o rosto dele. Aproveitar que posso enxergar bem. - Acho que irei buscar lenha. - Não, Dreik! Sua mão, pode pegar alguma sujeira. - Você tem razão! - Temos muita lenha ainda. Se a chuva não parar, eu busco. - Dreik, deixe-me ver como está sua mão! - Espere, eu quero ver também! - Acho melhor você continuar aí, pode faltar luz novamente, e tem muito que fazer ainda! Ele vai aí e te mostra. - Está bem. Por um momento, o silêncio tomou conta do ambiente. - Nossa, você fez um trabalho muito bom mesmo! Olhe. - Deixe-me ver... Acho que ficou bom, sim. Não
- - Meus olhos! Fabricio, acorda... Meus olhos! - Ai, meu Deus! Mirela. - O que foi? Meus olhos, o que aconteceu? - Querida, aguente um pouco, irei ligar a luz. Droga, estamos sem luz aqui, agora. Está bem! Eu irei te falar uma coisa. Seus olhos estão costurados. Como, eu não sei. Sente algo? - Só que não consigo abrir. Estou com sede. - Acho que foi sedada, meu amor. - E agora? - Eu irei tirar... Mas terá que manter a calma. - Eu queria entender o que está acontecendo. Já amanheceu? - Não. - Já calculou quantos dias se passaram? - No total uns quatro dias, e que estamos aqui, um dia. - Fabricio, parece que eu não consigo enxergar. Ele olhou-a assustado. - Eu tenho uma coisa para te falar, meu amor. Não sei como... - Falando, diga logo. - Você está... – Ele hesitou, respirou fundo. – Você está sem seus os seus olhos. - Sem os meus olhos? Mirela gritou desesperada, acordando Dreik, que entrou em pânico ao vê-la. - Ei! Olhe para mim... Aqui. Agora somos nós dois! Cert
- Fabricio, acorde! Está claro lá fora... - Estranho, pelos meus cálculos, não deveria, os cavalos ainda estão dormindo. Aonde vai? Volte aqui, Dreik! - Quero sair na rua. - Não, espere! Ele saiu correndo de dentro da estrebaria, sentindo, como se cacos de vidro estivessem sendo jogados de baixo para cima, Dreik foi atingido sem conseguir ao menos retornar, Fabricio se desesperou, correu em uma baia e pegou uma corda, fazendo um laço. Ele jogou a corda laçando Dreik, puxando-o para dentro. Olhou-o de alto a baixo, suas roupas estavam retalhadas, ele estava retalhado sangrando muito. - Está ardendo. - Venha! Irei ver o que posso fazer. - Eu não quero mais! Não aguento mais isso... Mate-me! - Você enlouqueceu? Irei limpar você! - Não, você não entendeu! Se você não fizer, eu farei! - O que está acontecendo? - Um pequeno acidente, Mirela. Pode ficar tranquila, Dreik apenas se machucou! - Chama isso de machucado? Eu estou retalhado, como se eu tivesse sido todo navalhado. – Dre