Seu Amor, Meu Destino
Seu Amor, Meu Destino
Por: Heart_Monteiro7
Prólogo

1230 (DC)

Reino de Castela e Leão

Eu, Pedro Antônio Lobo, observava meus pais ao redor de uma fogueira. Eles se amavam profundamente, e o fato de minha mãe ter sido humana em algum momento nunca foi um problema. Ela parecia tão jovem, mesmo tendo engravidado de mim aos 17 anos. Como paramos de envelhecer aos 30, ela frequentemente era confundida com minha irmã, mas a bela Luna da matilha Esmeralda não se importava, desde que pudesse ficar ao lado do meu pai.

— Pedro, venha aqui beber conosco — chamou meu pai.

Aos 15 anos, eu gostava desses momentos com minha família. Nossa matilha era formada por pessoas de vários reinos ao redor de Castela e Leão, além do recente país de Portugal.

— Filho, um dia você vai assumir tudo isso. Quero que saiba que nada disso tem valor sem uma companheira de alma. Toda riqueza, poder e conquista não significam nada sem uma Luna ao seu lado. Entendeu?

— Sim, meu pai!

— Homem, não perturbe nosso menino com isso. Ele só tem 15 anos e uma vida inteira para encontrar alguém que o ame e entenda o nosso mundo.

Minha mãe era protetora e dócil, bem diferente do meu pai, mais rígido e autoritário. Depois de muitos anos, entendi o conselho dele. Se o tivesse seguido, minha vida teria outro sentido.

794 anos depois

Bela Esmeralda, Brasil

— Este retratado no quadro é Pedro António Lobo, mais conhecido como barão de Bela Esmeralda. Alguns historiadores dizem que ele foi o homem mais rico da província, próximo da família real e da igreja por meio de doações extravagantes. Foi um importante apoiador da independência do Brasil e contribuiu para o crescimento da nossa região.

Eu ouvia meus feitos serem mencionados com louvor pela guia turística, mas sentia-me vazio. Sempre quis ser lembrado por isso, mas após tantos séculos, não fazia mais sentido. Era tudo vaidade, um esforço inútil para alcançar o vento. Perdi minha Luna quando quis ser maior entre os mortais e por um grande mal entendido da minha parte, e agora lido com a indignidade de uma vida solitária e triste.

— Esta é Imaculada de Jesus, responsável pela libertação de 50 escravos entre mulheres, crianças e idosos. Uma mulher extraordinária. A história conta que ela era uma escrava de ganho, jovem e atraente, que usou seus dotes culinários para ganhar seu sustento e libertar escravos.

Imaculada, minha Luna linda. Eu a perdi por ignorância e por querer ser grande. Pensar nela faz meu peito arder como se um fogo tivesse sido aceso no meu coração. Vejo seu sorriso, sinto seu cheiro, e toda vez que penso em sexo, é nela que minha mente se transporta.

— O que houve com ela?

— São muitas especulações. Muitos afirmam que nunca conseguiu sua liberdade e morreu escrava. Outros dizem que foi vítima de assassinato. E há a versão que faz mais sentido para mim: ela queria tanto a liberdade que, percebendo que não iria conseguir, se suicidou para ser livre pelo menos na forma de morrer.

Imaculada de Jesus nunca aceitou ser escrava. Pediu que a libertasse, mas sabia que, se fosse livre, não aceitaria ser minha com as imposições estúpidas da época. Ela morreu como amava, nadando no rio e deixando a correnteza levá-la, como muitos dos seus que pulavam dos navios negreiros preferindo a morte à escravidão.

— Por isso a pintura tem tantas referências de água? Foi pelas águas que ela morreu?

— Sim. Ela era uma excelente nadadora, mas deixou as águas do Rio Verde a levarem. Vamos continuar nossa turnê pelo museu, ainda temos muito para ver.

A guia continuou levando uma quantidade considerável de turistas pelos corredores do museu. Vi meu beta chegando. Ao contrário de mim, ele cumpriu seu destino e encontrou uma companheira digna.

— Alfa, a reunião das 10:30 com aquela empreiteira está confirmada. Aconselho que devemos ir de helicóptero, assim chegaremos mais rápido.

Dinheiro e mais dinheiro. Se algo o tempo me fez, foi ser ainda mais rico. Sem me importar com o amanhã ou com as dificuldades da vida, só tenho isso para me apegar.

— Concordo. Vamos logo. Gostei do projeto da engenheira. Qual é o nome dela?

— Maria da Conceição. Ainda não a conheci. Estava ocupada no dia da visita que fiz até a empreiteira, mas foi extremamente elogiada nos corredores. Ela é viciada em trabalho e participará da reunião.

O trabalho foi tudo que me restou. Dei uma última olhada no meu quadro ao lado do dela. Fiz questão de que, durante os anos, todos soubessem da grande mulher que minha Imaculada foi. Talvez uma forma de mostrar que sempre vou admirá-la, por mais que o tempo passe.

— Espero de verdade que essa reunião não demore, sabe como odeio essas interações com humanos, a alcateia tem que estar ciente que enquanto estes humanos estiverem aqui não poderão se transformar no meio da rua.

— Todos estão cientes, inclusive os pequenos, nossa vila inteira está animada com as reformas.

Nossa vila está situada na parte de preservação florestal da cidade de Bela Esmeralda, ninguém sequer imagina o lugar que existe no meio da floresta preservada.

— Espero que essa empreiteira seja ágil como dizem, quero terminar logo com essas reformas.

— Está de mal humor, alfa. Não sei porque insiste em vim para esse museu e reviver tudo que houve, deveria procurar uma loba para acasalar, precisa de um herdeiro.

Eu não suporto esse assunto, e Gabriel sabe muito bem disso, ele tem razão, o problema é que não consigo trepar com nenhuma loba. É uma espécie de maldição que carrego desde quando Imaculada morreu.

— Gabriel, vamos logo para heliporto, essas conversas me incomodam muito.

— Não está mais aqui quem falou, Alfa, mas pense com carinho na possibilidade de encontrar alguma loba para acasalar. Precisa seguir em frente, infelizmente Imaculada não vai voltar.

Eu não queria seguir, se pudesse teria pulado naquele rio e morrido junto com ela, agora só me resta viver cada dia desejando que seja o último.

 

 

 

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >
capítulo anteriorpróximo capítulo

Capítulos relacionados

Último capítulo