POR LENISSYAA convocação extraordináriaA multidão reunida era tão grande que muitos se posicionaram sobre as árvores para conseguir enxergar melhor. A tão aguardada reunião ocorreria na saída da cidade, em um dos poucos campos abertos do território. Deliot estava ao lado de Zuldrax e Lizbeth, enquanto eu permaneci um pouco mais atrás, entre Henry e meu irmão. Lincy pousou em um dos galhos, preferindo observar o acontecimento de uma posição mais distante da aglomeração.— Meu caro povo, temos um convidado muito importante em nosso meio hoje. Quero que o escutem com atenção.Zuldrax parecia tenso, o que era típico quando precisava lidar com multidões. Eu nunca o tinha visto falar mais do que um parágrafo na frente de seu próprio povo; todas as explicações acabavam ficando por conta de Drakhan.Deliot ergueu a mão direita, exibindo a marca, enquanto a águia em seu ombro alçou voo por sobre a multidão, provocando grande euforia em suas auras. Ele iniciou seu discurso falando sobre os ac
POR ALISSYANem acredito que me meti em mais um rolo. Definitivamente, sou muito mole! A reunião particular com Deliot e Zuldrax envolvia um pedido extremamente desafiador. Eu tinha o poder agora e sabia como realizá-lo, mas isso não significava que seria fácil.— Alissya, podemos conversar? — Era a voz de Jeradar, interceptando-me no caminho de volta ao quarto onde estou hospedada.— Claro — respondi. — O que gostaria de me dizer?— Podemos conversar em um lugar mais calmo? — perguntou ele.Observei a movimentação pelos corredores com atenção antes de assentir. Jeradar tomou a dianteira, e eu o segui até o jardim. Quando se virou para mim, havia um leve nervosismo em sua expressão, um contraste curioso com o brilho sereno que emanava de seus olhos.— Sou tão grato por ter feito parte disso, porque, neste mundo, recuperei tudo o que perdi — disse ele, fazendo uma pausa.— Está falando da sua audição? — perguntei.— Não só isso. — Ele ergueu os olhos para o céu escuro, e um sorriso sua
POR LENISSYAEu me sentia tão amada, não apenas pelos braços quentes do meu marido, mas também pela forma terna com que Lizbeth afagava meu cabelo. Noturno lambia os dedos dos meus pés, como se quisesse participar do momento, e, graças a isso, minhas lágrimas finalmente cessaram. Por mais que me dissessem que tudo ficaria bem, eu sabia que não era verdade. Não só se despediriam de seu povo, mas também de todos os amigos com quem haviam compartilhado tantos momentos aqui.— Três dias, e ele nem deu as caras — comentou Deliot ao meu marido mais tarde, enquanto nos aguardava no saguão de entrada do palácio. — Vocês não vão levar nada?— Nós não vamos — respondeu Lizbeth. Ela tinha ouvido a conversa que tivemos com Lin e disse que jamais viveria longe do filho e do neto.— Por quê? — perguntou ele, confuso.— Mais especificamente, apenas nós três não vamos — explicou Zuldrax. — Zadiel apareceu e nos informou que Zafis é perigoso para minha esposa. Pelo bem dela, preciso ficar.— Zadiel di
POR LENISSYAAlguns dias se passaram enquanto nos despedíamos sem pressa de todos aqueles que estimávamos e organizávamos nossa mudança. Abracei meu irmão com força e, por mais durão que ele fingisse ser, acabou chorando.— Irmã, cuide-se! Sei que nossa mãe teria orgulho da mulher incrível e bondosa que te tornaste. Eu te amo!— Irmão, nunca vou esquecê-lo! Sei que conduzirá nosso povo a um futuro brilhante. Eu também te amo!— Que fofos! — comentou Lin, sentada em cima de um dos baús que meu marido iria levar. — Merece até um abraço depois dessa.— Então vem cá! — Meu irmão abriu os braços ao máximo, acatando a sugestão. Ela franziu o nariz e se fez de desentendida.— Não disse que seria eu a dar. Pede pro teu cunhado!— Só dessa vez — disse Zuldrax, aproximando-se de Alister e, pela primeira vez, o abraçando.— Cuide da minha irmã e a proteja! — pediu Alister, com um tom entristecido. — Faça-a feliz, ou darei um jeito de ir para a Terra só para te dar uma surra.— Não vai precisar!
POR LENISSYALin parecia confiante no que dizia, e, mesmo sem eu saber exatamente o que ela escrevera nas cartas, parecia que não havia nada comprometedor. Ela pegou sua carteira de advogada e saiu com meus pais logo após o almoço. Fiquei com o coração apertado enquanto aguardava o retorno deles, mas essa sensação ruim desapareceu assim que os três entraram em casa, rindo.— Foi muito engraçado! — disse Lin enquanto olhava para mim e desfazia a ilusão. — Você tinha que ver a cara do delegado quando perguntei: “Pelo desaparecimento de quem?” e mostrei meus documentos.— Tudo foi resolvido com tanta facilidade. Vocês voltaram no momento certo! — comentou meu pai, com um sorriso de alívio.— Essa ideia de usar magia de ilusão... Significa que você vai ficar aqui, certo? Você pode se disfarçar! — sugeri, com a esperança crescendo em meu peito. No fundo, eu tinha certeza de que ela era capaz de recuperar tudo. Tinha que ser!— Não é tão simples, Lo. Já é complicado manter a magia ativa por
POR ALISSYAApós Lorena quase matar os pais dela do coração com tantas novidades, decidi criar coragem para fazer o mesmo com os meus… Só que não!"Em breve estarei aí!" — mandei uma mensagem aos meus pais pelo celular enquanto arrumava as coisas no meu quarto.Enviei uma carta oficial ao meu chefe, comunicando minha demissão. Expliquei que surgiu uma situação urgente e eu precisava voltar para casa. Aproveitei para agradecer pela oportunidade que ele me deu durante todo o tempo em que trabalhei lá.Já não havia mais motivo para continuar em São Paulo. Além disso, seria melhor que Lizbeth tivesse um quarto só para ela, em vez de dividir o espaço comigo.— Estou de saída! Manteremos contato — despedi-me, abraçando carinhosamente cada um deles, incluindo o fofucho e babão do Noturno.Abri um portal para o meu quarto, deixando minhas coisas silenciosamente em um canto, e espreitei pela porta. Consegui ver apenas meu pai de pé atrás do sofá, apreensivo, e imaginei que minha mãe estava sen
POR ALISSYA— E esta carta? — perguntou meu pai, curioso. O bebê da Lorena estava prestes a nascer, a situação já estava em ordem e todas as burocracias resolvidas. Com tudo encaminhado, dei baixa no meu credenciamento na OAB. Meu trabalho estava completo, e eu já não tinha mais nada para fazer na Terra.— Estar aqui tem sido difícil para mim. É complicado disfarçar minha condição, então vou bater asas e voar, literalmente. — Tentei aliviar a tensão com uma brincadeira, mas meus pais não acharam graça. Decidi, então, ser o mais direta possível: — Vou voltar para o meu antigo planeta, Halis. Lá, poderei ser eu mesma, sem precisar me esconder. Nesse envelope, tem um presente para vocês.— Por que você tem que ir, Lin? — perguntou meu irmão, desmanchando-se em lágrimas, e acabei chorando junto. Eu os amava profundamente, mas sentia-me sufocada na minha condição atual.— A gente dá um jeito! — insistiu ele, em meio ao choro.— É o melhor para mim, entendem? Eu os amo e virei vê-los sempre
POR LUNESTERFazia quase um ano que eu não via Lincy, e mesmo assim era impossível parar de pensar nela. Seu sorriso, seu olhar, seu jeito de ser me cativavam por completo e preenchiam todos os meus sonhos, mesmo quando eu estava acordado. Eu sentia muita falta de sua presença, do seu carisma, e de simplesmente poder admirá-la em segredo. Eu não sabia se ainda estava em Halasin ou se tinha voltado para a Terra, e, mesmo assim, desejava ardentemente poder encontrá-la onde quer que estivesse.— A mensagem já foi entregue ao rei de Lefyr, e trouxe a resposta, Sua Majestade — informei, estendendo o envelope ao meu irmão mais velho. Ele assumia cada vez mais responsabilidades que antes pertenciam ao nosso pai e, em breve, seria coroado oficialmente.— Muito bem! Volte ao seu quarto e só saia quando for chamado — ordenou ele, com firmeza.Acatei passivamente. Desde que voltei com Miridar daquela jornada, assumi toda a culpa, e o fato de eu ter dispensado meu vassalo foi um agravante para mi