POR LINCYEstávamos em um terreno seco e desértico, cercado por rochas por todos os lados. Eu já conhecia o suficiente desse mundo para saber que estávamos perto da fronteira com Halis. Pelo menos duas dióxys estavam por perto. — O que está fazendo? — questionei Miridar, surpresa ao sentir sua mão agarrar a minha repentinamente, com força. — Apenas me deixe fazer isso, Alissya. Preciso disso... Não tenho me sentido bem ultimamente. Ele sabia como me atingir. Sua expressão abatida e aqueles olhos pidões acabaram comigo. Não tive alternativa. Se isso o faria se sentir melhor... — Mas nada de gracinhas! — adverti-o, sentindo meu rosto esquentar ao ver o sorriso vitorioso que ele me deu. Ele realmente não me largava mais. Se não era minha mão, era meu braço. Conseguiu me atrapalhar mais do que o Alister, coisa que eu nem achei que fosse possível.O ponto positivo é que, graças ao truque do portal que Lenissya me ensinou, consegui mais dióxys do que em qualquer outro dia, superando em
POR LINCYSe eu não estivesse racional e destemida ultimamente, acredito que teria chorado também. Afastei-me do trio e caminhei em direção ao príncipe Henry.— Assumo a responsabilidade por qualquer consequência que o atraso entre os turnos possa causar — brinquei, enquanto devolvia a pedra para que ele a passasse adiante.— Pelo que sei, você foi a responsável pela aceleração das buscas. Qualquer mero atraso não é nada se comparado a tudo o que já fizeste. Ele tinha razão. Se colocássemos na balança o meu esforço, julgo que acelerei muito mais do que atrasei. Henry retirou-se do salão levando a pedra, e, enquanto eu caminhava de volta ao grupo, fui interceptada pelo desagradável irmão de Lenissya. — Estás fugindo de mim? — perguntou ele, bloqueando meu caminho.— Por que eu fugiria de você? Te desconsidero totalmente para ter qualquer mínimo sentimento do tipo. Apesar da rispidez nas palavras, meus dedos formigavam de nervoso.— Você finge que me engana, e eu finjo que acredito —
POR LINCYA reunião foi encerrada de maneira ordeira, e o planejamento estratégico ficaria apenas entre os envolvidos diretamente. Os dias em Salis não se estenderam muito. Com todas as dióxys recolhidas, Lenissya e eu voltamos a encontrar Saitron.— Pedimos sua autorização para recolher as demais dióxys — solicitei, com Lenissya e eu em reverência diante de Saitron. — Partiremos para o continente negro em seguida.— Permissão concedida. Vejo que já estão se mobilizando para a defesa deste mundo.— Acreditamos que seremos invadidos em breve — afirmou Lenissya. — Eu sei. Sinto isso em cada uma das minhas células. Como refugiados, vocês têm uma obrigação para com este lugar. Não falhem! — declarou Saitron, conduzindo-nos à ala das dióxys. Enquanto Lenissya e eu concluíamos nosso trabalho, ele nos deu informações extremamente importantes: — Precisarão usar o poder total dessas dióxys se quiserem sobreviver no continente negro.— Por quê? — perguntei, engolindo em seco e interrompendo
POR LINCYEnfim, o dia de atravessar para o outro continente havia chegado. Precisamos de um tempo para revisar a estratégia e refazer o planejamento, percebendo que não seria possível levar suprimentos ou qualquer outra bagagem com o teletransporte. Seríamos apenas nós, com a roupa do corpo, e os zafisianos, com suas espadas.Ao sul de Zafis, há pântanos e, além deles, uma pequena ilha no oceano, o pedaço de terra mais próximo ao continente negro, segundo Saitron. Lenissya nos levou até lá, e foi com tristeza que me despedi dela.— Estar grávida não me torna inválida, Lin. Não precisava se preocupar tanto comigo. — Ela ainda estava inconformada, mas, depois da revelação, foi unânime a decisão de que ela ficaria. Ainda mais porque se tornaria a ômega, e nada poderia lhe acontecer.— E quem disse que eu estava preocupada com você? — Desfiz o abraço e cutuquei sua barriga. — É essa criança que me preocupa. Você pode sobreviver aos ataques, mas e o bebê? Não quer que ele nasça com sequel
POR LINCYComo esperado, o plano era dar a volta pelo continente negro, dividindo a equipe em duas: uma para o leste e outra para o oeste, sempre nos reunindo em intervalos regulares. Porém, havia algo com que eu discordava completamente.— Nada disso! — declarei, interrompendo. — Não tenho responsabilidade nenhuma de arrastar o Alister no meu grupo. Ele é seu parente, Zuldrax, então fica no seu!— Mas foi você quem sugeriu que ele substituísse a Lenissya. Além disso, já está acostumada a fazer as buscas com ele.— E você preferia que a Lenissya tivesse vindo? — rebati, arqueando uma sobrancelha. — Se não gostou da sugestão da troca, podia ter indicado outro. Por ter salvo sua esposa dessa, você me deve uma.Zuldrax permaneceu em silêncio, quase implorando com os olhos para que eu reconsiderasse. Cruzei os braços e devolvi um olhar firme, deixando claro que não mudaria de ideia.— Pelo amor de Adrak, não precisam discutir! Sei que me amam, mas posso decidir por mim mesmo! — declarou Al
POR LINCY— Tec! — A lâmina esverdeada de Drakhan se chocava furiosamente contra as garras de um tutic. O animal era do tamanho de um filhote de javali, mas de fofo não tinha nada. De coloração avermelhada e focinho largo, o maior problema estava nas garras, que eram extremamente grandes e afiadas.Estávamos cercados deles, e enquanto Alister cobria a retaguarda de Drakhan, eu ficava entre os dois, focada em abrir os portais para pegar as dióxys enquanto usava o poder da pedra para afastar qualquer criatura que quisesse passar pelo outro portal.— Eles não acabam mais! — gritou Alister, agora incapaz de contra-atacar, limitando-se a erguer escudos enquanto Miridar lançava magias ofensivas. — Pronto! — avisei. Eles se aproximaram rapidamente, e então usei a telecinesia para alçar voo, reunindo todos os tutics de uma só vez e colocando-os para dormir.— Podia ter feito isso antes! — reclamou Alister, exausto. Todos estávamos. Desde que adentramos esse território, há uma semana, não hou
POR LINCYAlister não fez mais questionamentos; simplesmente correu para se juntar à batalha, fornecendo cobertura com magias e posicionando selos de armadilhas pelo terreno.Voltei meu olhar para Lunester. Seus olhos começavam a se fechar, enquanto a palidez em seu rosto se acentuava ainda mais. Apertei sua mão com força, e, de repente, uma cascata de imagens invadiu minha mente. Lunester, mesmo que sem querer, estava compartilhando lembranças comigo. Não eram memórias dele, mas sim que ele havia recebido de outra pessoa. Eu me via nelas, treinando magias como Alissya. Ragrim me repreendia por minhas travessuras; eu o deixava fora de si às vezes, mas, enquanto ele me chamava a atenção com seriedade, havia diversão oculta em seu olhar. Sentia as emoções de Lunester, o quanto ele se apegava à imagem daquela garota que eu um dia fui. Logo em seguida, vi e senti suas ansiedades, o intenso desejo de se aproximar de Lincy e conhecê-la mais profundamente. Sua admiração transbordava, acomp
POR LINCYOs últimos acontecimentos abalaram radicalmente nossa estrutura de trabalho e de atuação. Eu passara de líder operante a uma garota superprotegida. Desde a morte daquela criatura, a visão não tão bem compreendida por Lunester e Miridar tornou-se clara. Eu morreria em breve, e neste mundo. — As visões de Ragrim não falham — falei, cansada de ouvir discutirem sobre mim bem na minha frente. Se eu fosse morrer, não importava o que fizessem para me proteger. Essa seria a minha última aventura, o fim da minha história. Eu não me sentia triste, apesar disso. Eu enganara a morte uma vez e ganhara uma nova vida, experimentando sentimentos e emoções que nunca tivera a chance de viver. O que mais eu precisava? — Está tudo bem.— Não, não está! — disse Miridar, com firmeza. — Não importa o que Ragrim viu, nós vamos mudar isso de algum jeito! Eu e Lunester fizemos esse juramento a ele!— Miridar tem razão — falou Zuldrax. — Não vamos deixar nada lhe acontecer. Nenhuma criatura te fará m