POR LENISSYAQuando agíamos como magas, usávamos nossos nomes de origem, e eu achava isso muito legal. Era como estar em um daqueles filmes de super-heróis com identidade dupla. Alissya não era apenas boa, era formidável! Suas demonstrações eram tão precisas que ela parecia não se cansar, nem suar ou se sujar, o completo oposto de mim.— Você está bem? Se machucou? — perguntou preocupada. Apesar de me dar espaço nas conjurações, estava sempre por perto, atenta, pronta para conjurar magias de proteção caso eu falhasse. Se não fosse pelo olhar atento dela, provavelmente eu já teria incendiado a floresta.— Estou bem! — respondi, notando que o escudo que ela criara impediu que o galho que derrubei caísse sobre mim. Meu objetivo era conjurar um dragão de gelo, mas além de não ganhar forma, perdeu o controle e destroçou o galho acima de mim. — Com o trabalho que estou te dando, vou ter que te pagar muito bem.— Trabalho? Que nada! — Ela criou uma rajada de vento precisa, afastando o galho
POR LORENA— De tudo? Tudo mesmo? — perguntou Lincy, ainda mais apreensiva. Assenti.— É um prazer conhecer você. — Minha mãe se aproximou para cumprimentá-la. — A Lorena estava numa depressão terrível ultimamente, mas desde que te conheceu ontem está tão animada! Vai ficar para o jantar?— Eu gostaria muito, mas meus pais estão me esperando — respondeu Lincy, timidamente.— Lincy é a maga mais forte que já vi. Ela vai ser minha professora — me intrometi de novo. — Vou acompanhá-la de volta e já venho.— Que ótimo! — Minha mãe lançou um olhar ao meu pai, conversando pelo olhar daquele jeito que só eles entendem, e depois voltou a falar conosco. — Lincy podia passar um tempo conosco enquanto te ensina. Vocês poderiam usar o sítio do tio Carlos para o treinamento.O sítio do tio Carlos, irmão do meu pai, é literalmente no fim do mundo, ou como eles gostam de brincar, “onde Judas perdeu as botas”. É um lugar tão isolado que nem sinal de celular pega. Acho que foi exatamente por isso que
POR LINCYAssim que Lorena desapareceu, encostei o portão e senti as mãos de Caio me envolvendo. Coloquei minhas mãos sobre as dele e virei meu rosto o suficiente para sentir seus lábios macios descendo suavemente na minha bochecha, em direção à minha boca. Virei-me, retribuindo o beijo e tocando-o nas costas.— Como está hoje? — perguntou-me carinhosamente.— Melhor. Consegui um trabalho e uma verdadeira amiga.— Um trabalho bom?— Sim. A remuneração é superior ao caso, mas ela insiste. — Dei de ombros. O trabalho de dar aulas era, no fundo, mais divertido para mim do que para ela. Sentia como se fosse ganhar dinheiro por brincar.— Que ótimo! Então, vamos ao shopping amanhã? Parece que você saiu do castigo quando arranjou esse trabalho. — Não sei se vai dar. Devo aproveitar os dias em que ela está aqui para trabalhar no caso.— Isso não é problema, é só ela vir também — sugeriu ele. Cogitei a possibilidade. Algumas horas entre amigos não fariam mal...— Vou perguntar para ela — res
POR LINCYQuando desliguei o celular, Hugo estava com um sorriso no rosto e o punho fechado, como quem diz: "Isso!"— Você venceu, mas ouviu, tome café e se arrume logo.— Mas meia hora não dá tempo para fazer isso e ainda ir até lá — reclamou ele.— Dá sim, se pegarmos um atalho.— Como assim?— Não me faça perguntas, apenas se apresse.Mesmo confuso, ele me obedeceu. Encheu uma tigela com leite e cereais enquanto eu fui ao quarto me arrumar. Dessa vez, iria com roupas leves. Quando voltei para a cozinha, Hugo já estava vestido para sair, com um chinelo confortável e o cabelo desgrenhado jogado para trás. Peguei um pacote de bolachas no armário e uma garrafa de água na geladeira, colocando-os na minha bolsa, que já continha um frasco de repelente, um de protetor solar, um par de óculos de sol e um casaco, para eventualidades.— Você demora muito para se arrumar. Já deu quase meia hora e você nem calçou nada.— Se eu falei que ia ver ela em meia hora, é meia hora. Além disso, vou desc
POR LINCYLorena tinha um dom excepcional. Imagino que, se tivesse treinado desde pequena, como fiz em minha vida passada, estaríamos no mesmo nível agora. Ela era dedicada, e o amor pelo que fazia acelerava seu aprendizado. Perto das 16h, começamos o reparo da grama enquanto Hugo e Jonas jogavam bola. Conseguimos apenas minimizar o estrago. Por volta das 18h, Lorena foi tomar banho e se trocar, enquanto fiquei sentada nas cadeiras da varanda com Hugo, aguardando.— Nossos pais sabem sobre isso? — perguntou-me ele.— Ainda não, mas resolvi contar para você primeiro porque pretendo falar com eles. Acha que vão reagir bem?— Não tenho certeza. — E eu também não sabia. O dia passou tão depressa que senti uma pontada de angústia só de pensar em voltar. Verifiquei a tela do celular, torcendo para que meus pais não tivessem tentado me ligar nesse meio tempo. Sem sinal algum!— Queridos, espero que possam voltar amanhã. — Bruna se aproximou e sentou-se ao meu lado, enquanto observávamos o so
POR LINCY— Boa noite, amor! — disse Caio, assim que me viu caminhando em sua direção. Ele estava encostado no carro estacionado em frente ao nosso portão, com os braços cruzados e um sorriso no rosto. — Está linda, como sempre.— Obrigada! — respondi, dando-lhe um beijo. Escolhi um vestido azul-escuro de comprimento médio, acompanhado de um cinto castanho-claro que combinava com minha sandália gladiadora. Fiz uma trança lateral no cabelo, apliquei uma maquiagem leve e finalizei com alguns acessórios dourados.— Olá, Lorena! Tudo bem? — ele a cumprimentou em seguida.— Oi! Tudo ótimo. Agradeço pelo convite e pela carona — disse ela, apontando para o carro com um sorriso. Mas, por algum motivo, seu sorriso não parecia tão sincero quanto durante o dia.— Sem problemas! Vamos?Sentei-me no banco da frente ao lado de Caio, enquanto Lorena se acomodou no meio do banco de trás. O percurso não foi exatamente silencioso, já que ela começou a nos fazer várias perguntas, como se quisesse nos co
POR LORENA— Minha nossa! — exclamou Catarina, deixando o copo cair de sua mão ao me ver surgir repentinamente em sua sala. Hugo estava no sofá assistindo a um programa de TV e nos olhou sorridente, divertindo-se com o espanto da mãe ao presenciar magia pela primeira vez.Lincy desabou em meus braços, e me agachei para que ela pudesse repousar a cabeça em meu colo e liberar todas as suas frustrações.Quando vi Caio pela primeira vez, não dei tanta importância ao fato de que uma aura que não fosse a de Lincy estava nele. Supus, naquele momento, que ele poderia ter tido algum outro relacionamento antes de conhecê-la. Mas, ao reconhecer traços da aura da garota com quem ele conversava descaradamente na frente da própria namorada, tive a confirmação da traição, o que me causou náuseas e raiva.Eu não podia ficar em silêncio, por mais que quisesse evitar o que estava acontecendo. O coração de Lincy estava quebrado, em pedaços. Eu daria tudo para que isso não precisasse ocorrer, mas ela mer
POR LORENALincy assentiu e voltou para o quarto. Fiquei tensa, sentindo os olhares ansiosos dos pais dela sobre mim. Felizmente, ela não demorou a retornar, trazendo consigo uma pequena mala.— Por favor, não contem para ninguém sobre isso, muito menos para o Caio. Amo vocês! — disse ela aos pais, despedindo-se com um abraço. Assenti em uma despedida silenciosa e invoquei um portal.O outro lado estava completamente escuro, mas consegui ver a luz fraca da varanda acesa. Meus pais estavam deitados juntos na rede, admirando a imensidão do céu estrelado. Usei um luminus para iluminar o caminho à nossa frente, alertando-os de nossa chegada. Lincy tentava enxugar as lágrimas para disfarçar a tristeza, sem sucesso.— Ei! — falou minha mãe, empolgada ao ver que Lincy estava comigo. Assim que entramos na varanda, ela franziu a testa, preocupada, e saiu da rede.— A Lincy pode passar um tempo conosco? — perguntei, apenas por protocolo, sabendo que eles não negariam.— É claro! Venha aqui, que