Por ZuldraxHaigar e Ikzar permaneceram em silêncio, visivelmente abalados pela informação. Após alguns segundos de pausa, Alister retomou a palavra:— Agora vocês entendem por que estou assim? E o pior é que acredito que Zuldrax também goste dela. Que outro motivo ele teria para poupar a vida dela três vezes?Eu gostar dela? Alister estava delirando. Tudo o que eu realmente queria já estava conseguindo: colocar Lenissya contra ele. No entanto, o fato de ele ter percebido minha hesitação em matá-la me incomodou profundamente.— Três vezes, Vossa Majestade? — perguntou Ikzar, abismado.— Sim. Nas planícies de Orian, quando ele invadiu nosso reino; em Julitar, quando estiveram juntos, ele teve outra boa oportunidade e não fez nada; e por último, no campo de batalha, quando Lenissya apareceu de repente. Zuldrax estava a poucos metros de atingir meu escudo mágico com sua espada, mas assim que a viu, sua fúria se extinguiu
Por ZuldraxDrakhan havia chegado a Zaríon algumas horas antes de mim. Assim que soube da minha chegada, veio ao meu encontro, visivelmente ansioso.— Majestade! — Ele se curvou respeitosamente. — Que bom que chegou! Temos alguns assuntos urgentes a tratar!— Dispense as formalidades, Drakhan. Conversaremos mais tarde. Preciso de um tempo a sós para refletir antes.— Quanto tempo mais pretende me fazer esperar, Zuldrax? Já não tem caminhado sozinho por tempo suficiente? Sabe que pode confiar em mim!— Você saberá de tudo em breve! — falei firmemente, enquanto lhe dava as costas.— Zuldrax, por favor! Não precisa carregar todo o peso sozinho.— Eu não estou fazendo isso, e é por isso que tenho você — murmurei, sem conseguir olhá-lo diretamente.— Não é o que parece. Você continua passando muito tempo isolado e sempre age por conta própria, nos deixando de for
Por ZuldraxMeus passos firmes me conduziam à arena. De formato retangular, era um campo aberto onde ocorriam intensos treinamentos, com um patamar elevado na extremidade sul, reservado para os guerreiros mais fortes, aqueles que ocupavam altos cargos e eram considerados membros da elite.Imensos muros de pedra circundavam a arena, e no topo, acima do patamar, uma grande bandeira hasteada com o brasão de Zafis tremulava ao vento. Em frente ao trono principal, havia uma mesa quadrada adornada com um paramento que também exibia o brasão. As duas espadas representadas ali simbolizavam união e poder—um lembrete de que, por mais forte que eu fosse, sozinho não significava nada.Falhei tantas vezes em honrar esse brasão que constantemente me pergunto se sou realmente o melhor para Zafis, se mereço ser o rei.Essa conferência não seria aberta ao público em geral, pois a lotação máxima da arena não permitia. A entrada seria monitora
Por ZuldraxPor algum motivo, depois de revelar quem era Lenissya, minha voz passou a fluir com mais facilidade. Agora, eu conseguia falar com clareza e firmeza:— Era o que todos pensávamos, inclusive Alister. Lenissya estava em outro mundo, e nem ela conhecia sua verdadeira origem. Faz pouco tempo que Alister a trouxe de volta para este mundo, e...Enquanto eu tentava explicar, o clima de ordem e silêncio foi finalmente quebrado. Murmúrios começaram a se espalhar pela multidão, e o espanto era visível nos rostos de muitos. A mistura de sentimentos nas auras ao redor encheu o espaço com pavor, medo, incerteza e, principalmente, ódio. Era exatamente o que eu tanto queria evitar. Mas, tendo falhado, agora teria que enfrentar as consequências do meu erro.— Isso é muito grave! Por que não nos contou antes? — questionou Drakhan, sua voz carregada de reprovação.— Não quis trazer preocupações desnecessárias. Achei que con
LenissyaEu estava muito sonolenta, arrastando os pés pelo chão. As luas iluminavam o caminho, enquanto as poucas estrelas visíveis nesse mundo pareciam querer se esconder. O silêncio da noite era timidamente tentador, e minha vontade de me deitar em qualquer lugar e tirar um cochilo sobrepunha qualquer outro sentimento. A partir de agora, teríamos pouquíssimas pausas para descanso até chegarmos a Henir.Alister havia exagerado ao me chamar de inconsequente. Ele estava me afastando, não me queria mais por perto, e isso me magoava, embora eu soubesse que ele me amava e acreditava estar fazendo isso para o meu bem.Nossa despedida não foi exatamente como eu esperava. Ele apenas disse “Boa viagem, Lenissya, e não esqueça que eu amo você!”, mandando-me imediatamente para Salis, sem um abraço ou qualquer gesto de carinho. Por que tanta pressa? Eu ainda não conseguia aceitar isso. Além disso, ele sequer deu um aviso prévio ao rei de lá. Não sabia como me receberiam, e eu também não queria i
Por LenissyaHavia um aglomerado de rochas, altas e fáceis de escalar. Começamos a subir e, depois de cerca de sete metros, conseguíamos enxergar tudo claramente novamente. O baixo nevoeiro não apenas obscurecia a luz das luas, mas também ocultava uma tempestade que se aproximava a toda velocidade. O vento soprava ferozmente, trazendo consigo uma enorme quantidade de areia, que se infiltrava em minhas roupas e batia com força contra meu rosto. Coloquei a mão à frente dos olhos para evitar que os grãos de areia caíssem neles.— Estávamos indo direto para a tempestade, até Vossa Alteza alterar a direção — disse Ikzar, agradecido, enquanto estendia a mão para me ajudar a entrar numa pequena caverna que havia ali. As paredes sólidas se estendiam por alguns metros, proporcionando uma estrutura segura. — Venha depressa! Precisamos fazer um escudo e lacrar a entrada antes que a tempestade nos alcance!Saltei para dentro e ajudei-os a refo
Por LenissyaOs dias seguintes da viagem foram árduos. Meu coração permanecia aflito pelo que acontecera e, agora, angustiado pela incerteza do que estava por vir. Como me receberiam? Eu seria bem tratada ou vista apenas como uma inconveniência?Era uma noite mais agradável. Olhei para as luas no céu e depois para o horizonte. Havia pontos luminosos ao longe. Seriam estrelas? À medida que nos aproximávamos, comecei a perceber que essas luzes se assemelhavam às lâmpadas do mundo em que cresci. Pontas de alguma construção começaram a se destacar conforme nos aproximávamos. Os detalhes ainda estavam embaçados, mas parecia-me uma cidade. Estaríamos finalmente chegando?— O que é aquilo? — perguntei, apontando na direção em que íamos, seguido de um bocejo.— Seradon, nosso destino final — respondeu Ikzar.O aspecto e os detalhes da cidade tornavam-se cada vez mais claros a cada passo. Lâmpadas flutuavam no
Por LenissyaToc, toc, toc. O som das batidas na porta era insistente, como se quisesse me arrancar do meu sono agradável. "Só mais cinco minutos", pensei, recusando-me a acordar.— Lenissya? Posso entrar? — Abri os olhos assim que reconheci a voz. Era Henry! Espreguicei-me na cama e me sentei. Ele bateu levemente mais algumas vezes na porta. Dei um longo bocejo antes de responder, dando meu consentimento.— Claro! Entre! — A porta se abriu, e ele deu uma espiada antes de entrar. — A casa é sua, não precisa ser tão formal.— Não é certo entrar no quarto de uma dama sem ser convidado, independentemente da situação — respondeu ele.Fiquei vermelha, mas continuei olhando-o, sem acreditar no que estava ouvindo. Ele permaneceu de pé perto da porta, segurando uma muda de roupas na mão.— Trouxe um vestido para você usar agora de manhã. Pedi que providenciassem mais roupas para você. Até o fim do dia, trarão o restant