Marius me deu apenas o seu silencio como resposta enquanto eu o encarava de joelhos no chão segurando os restos da coleira.Ele cruzou os braços e teve a audácia de virar o rosto fazendo apenas beicinho, como se estivesse totalmente certo do que acabara de fazer.— Você por acaso tem ideia do que acabou de fazer?Ele novamente não respondeu e eu fui consumida pela raiva que inundava o meu sangue até os meus ossos.Eu me levantei e joguei contra o seu rosto os restos da coleira em minhas mãos, ele apenas colocou o braço na frente, os pedaços caindo ao chão.Cerrei os punhos, sentindo cada parte do meu corpo tremer. Era isso, ele não cedia em me tornar sua companheira e não me deixaria tomar minhas próprias decisões, continuaria se envolvendo em meus planos, contudo, sem nunca me dar o que eu desejava. Que macho cruel.Avancei contra ele, mirando acertar um soco contra o seu rosto, mas ele me segurou pelos pulsos e me encarou.— Você realmente quer me bater por te livrar daquela coisa no
Pelo meu futuro companheiro? Isso era alguma piada por acaso? Eu ele queria que eu acreditasse nisso?Me debati contra ele, mesmo assim, Marius continuou pressionando o seu corpo contra o meu na parede, seus olhos fixos nos meus, seus lábios a centímetros dos meus. Que macho cruel ele estava sendo.— Está fazendo isso por você, porque não suporta me ver com ele. — o acusei.Sua expressão continuou impassível, seus olhos se tornando frios como aço enquanto lentamente ele me soltava.Quando finalmente me vi liberta de suas mãos e seu corpo, caminhei a passos largos em direção a porta, meu coração batendo como um louco por tudo que quase aconteceu. Por todas as palavras ditas por ele, por tudo que eu poderia ter tido.Marius não tentou me impedir quando abri a porta, mas antes que eu chegasse ao corredor, ouvi seus passos rápidos em minha direção, de repente senti sua mão se fechar em meu braço e me puxar bruscamente contra ele.Eu me virei pronta para xingá-lo por sua brutalidade, mas f
Nina ainda não tinha consciência da minha presença atrás dela, seus ombros tremiam a medida que ela vomitava, ela usava uma camisola escura e estava descalça, seus pés estavam sangrando, como se ela tivesse pisado nos cacos de vidro do vaso no corredor.Eu me afastei sem fazer barulho e fui até uma das inúmeras pias do banheiro, encarei meu próprio reflexo no espelho enquanto os sons de Nina lentamente cessavam. Engoli em seco enquanto via meus cabelos rebeldes e totalmente revoltos ao redor do meu rosto, descendo longos desalinhados, meus olhos estavam um pouco vermelhos. Joguei uma água no rosto e ouvi a descarga ao fundo.Quando Nina se virou eu encontrei seu olhar de surpresa pelo reflexo do espelho. Ela imediatamente desviou o olhar e foi até a pia ao lado da minha, lavando o rosto e a boca em silencio. Após alguns segundos do silencio desconfortável entre nós, ela finalmente o quebrou dizendo:— Acho que o jantar não me fez bem.Suspirei e voltei meu olhar para Nina, ela estava
— Nina... você vai...— Sim, Jane, eu vou. É o único jeito de eu não ser morta.Pisquei desnorteada com aquilo, Soren teria coragem de matá-la por algo que não estava em seu controle? Eu sabia que as relações dos lobos negros com as fêmeas eram problemáticas e até tóxicas, mas eu me lembrei de Soren lutando contra Joe de modo alucinado e feroz para defender Nina.Eu sabia que todos viam aquilo como ele defendendo o que era dele, como se ela não passasse de um objeto, mas ele não havia se deitado com ela desde então, respeitando o seu trauma por causa de Joe. Ele a consolava em seus pesadelos secretamente.Que tipo de macho sem coração fazia isso? Eu não via Sebastian se importando com isso, mesmo que pudesse ver o horror nos seus pensamentos de sua loba.Nina limpou as lagrimas do rosto e segurou em minhas mãos.— Você não pode contar isso a ninguém, Jane. Se contar a alguém, outras lobas podem me entregar a Soren quando ele retornar, ou a Kilian. — Implorou Nina segurando as minhas mã
MARIUSVocê devia tê-la tomado como nossa. Eu não acredito que a deixou sair sem que se ajoelhasse e implorasse que fosse nossa companheira. Ela ofereceu isso a nós!Disse que rejeitaria seu companheiro por nós, e o que você faz? Resolve bancar o altruísta melancólico. Eu realmente não entendo essa sua necessidade de ser mostrar diferente de Kilian a todo custo, ao custo da nossa companheira.— Já chega dessa merda de sermão na minha cabeça, Gaius. São quatro da manhã, eu estava se recusando a parar de reclamar, falando sem parar na minha mente.Chega? Acho que não. Você cometeu um erro terrível. Ele voltou a me acusar.Bufei e virei de lado, fechando os olhos com força e tentando não pensar em Jane.Marius começou a repassar em minha mente todas as cenas dos nossos momentos juntos, repetindo a cena do beijo na porta que eu não havia resistido e me deixado levar pela emoção.Ele ficava repassando a sensação de seus lábios macios e doces, de sua pele sedosa sob as minhas mãos, do seu a
TRISTAN O quarto estava parcialmente escuro, empurrei a porta e senti o aroma feminino no ar. Minha mãe sempre cheirava daquela forma, eu adorava o cheiro dos seus cabelos. Quando entrei na ponta dos pés, ouvi sua voz familiar e reconfortante.— Por que ainda está acordado, Tristan? — ela perguntou, enquanto abria os braços para que eu subisse em sua cama. Eu me aqueci em seus braços macios, mergulhei o rosto em seus cabelos. Eu sabia que a maioria dos lobos não fugia no meio da noite para o quarto das fêmeas que lhe deram à luz, eu sabia que isso era algum tipo de fraqueza que lobos como eu não poderia ter. Mesmo assim, eu estava aqui em seus braços tremendo por causa de um pesadelo no meio da noite.— Você é um bom menino, o meu bom menino, Tristan. Já é seu aniversário, já passa da meia-noite. — Ela sussurrou e sua voz estava estranha, ela parecia estar chorando. Logo eu senti sua mão carinhosamente em meus cabelos.Fechei os olhos com o seu toque e não percebi que adormeci até
MARIUS Todo o meu corpo estava dolorido. Quando abri os olhos, meu rosto estava na lama, assim como o meu corpo.Acho que desmaiamos de dor. Disse Gaius em minha mente, ele também parecia abalado. Rolhei para o lado, ficando de barriga para cima e agradeci pelas copas das arvores bloquearem a luz, a posição do sol me indicava que era cedo.Eu havia passado a noite toda desmaiado aqui?Alissa estava gritando, eu pude sentir o seu desespero. Marius, ela fará dezoito semanas depois de Jane, talvez a pessoa que esteja com ela esteja esperando que ela se torne uma loba completa para engravidá-la com mais facilidade e sem riscos. Gaius tinha razão, era possível uma gravidez antes de se tornar loba, mas os riscos sem o fator de cura que vinha com a transformação, era algo que o macho que a levou não desejaria correr.Isso me fez pensar que agora só faltava poucos meses para Jane completar dezoito anos, e depois, eu teria que deixá-la ir.Já se passaram quase seis meses desde que a salvei n
Orfanato Delister JANE — Mas o que significa isso, Jane? — A senhora Calister apontou para as pequenas manchas de café na barra da minha saia, eu olhei imediatamente para Hayley que sorria maldosamente. — Senhora Calister... — tentei explicar, mas ela desferiu um tapa contra o meu rosto tão forte que eu caí para trás. Arregalei os olhos quando vi um dente meu no tapete. — A Luna Clarisse está vindo para cá ver como eu estou administrando o orfanato e você mancha sua melhor roupa! Ah, sua órfã imunda! Hayley havia jogado seu café na minha roupa de propósito, mas a senhora Calister não se importava com isso. Ela me puxou pelos cabelos e me arrastou para fora da sala, me empurrando em direção as escadas. Cai sentada no primeiro degrau, o sangue em minha cabeça fervendo enquanto a dor no meu rosto e na minha boca sem o meu dente, faziam minhas pernas tremerem. A senhora Calister era uma loba muito forte e cruel. — Vá para o quarto e fique lá, direi que está doente. Sua idi