Inicio / Romance / Senhor Ramires / 2.0 - Bem-vinda Marina
2.0 - Bem-vinda Marina

A viagem até o asilo foi longa e cansativa, mas finalmente, ao chegar, uma sensação de alívio tomou conta de mim. O lugar era mais isolado do que eu imaginava. Ao longe, uma grande casa de dois andares, com jardins bem cuidados, parecia um refúgio tranquilo, algo que eu, até então, não tinha certeza de que merecia.

O prédio em si tinha uma fachada antiga, com janelas grandes e cortinas de renda que balançavam suavemente com o vento. Havia uma aura de seriedade, mas também um certo charme desgastado, como se o tempo tivesse feito do asilo não só um abrigo para os idosos, mas também uma cápsula de memórias. Quando o carro parou em frente ao portão, pude sentir o cheiro da terra molhada, o que me fez relaxar um pouco. Um lugar silencioso, longe do barulho da cidade. Talvez fosse o começo de algo que eu precisava — um espaço onde pudesse, ao menos por um tempo, esquecer o caos.

Fui recebida logo de cara por Ana, a enfermeira do local. Ela estava de uniforme azul, com o cabelo preso em um coque discreto e um sorriso acolhedor no rosto. Sua presença era reconfortante, e pude perceber logo de início que ela era alguém que sabia como lidar com os idosos, como entender o que cada um precisava. Ana tinha aproximadamente 45 anos, uma mulher de aparência forte, mas com um olhar que mostrava a experiência e a sensibilidade de quem já havia vivido muito. Ela tinha os olhos atentos, como se nada passasse despercebido para ela.

— Bem-vinda, Marina — ela disse com um sorriso acolhedor, enquanto se aproximava para me cumprimentar. — Fico feliz que tenha escolhido nosso asilo. Sei que vai ser um novo começo para você também.

Eu sorri de volta, tentando esconder a ansiedade. A última coisa que eu queria era que ela percebesse o quanto eu ainda estava nervosa.

— Obrigada, Ana. Eu... realmente precisava desse tempo. — Minha voz era baixa, mas sincera. — Estou pronta para começar.

Ana assentiu, como se entendesse mais do que eu dizia. Ela me guiou para o interior do asilo, passando por corredores amplos, com tapetes de tecido suave que abafavam o som dos nossos passos. O ambiente era acolhedor, com quadros na parede e alguns móveis antigos, mas bem cuidados, que traziam um ar de nostalgia. O cheiro de remédios e limpeza estava presente no ar, mas não era desconfortável. Ao contrário, tinha algo de acolhedor, de lugar que parecia ser mais do que apenas uma instituição para os idosos. Era um lar.

Ana me levou até a garagem, um espaço grande e bem organizado, onde as caixas e malas que eu havia trazido seriam deixadas. Ela me ajudou a descarregar tudo do carro e a organizar as coisas, falando enquanto trabalhava. A simpatia de Ana era contagiante, e logo eu já me sentia à vontade para conversar com ela sobre qualquer coisa.

— Eu vou te ajudar a guardar suas coisas no quarto — ela disse, apontando para um corredor. — O quarto que será seu é no final do corredor. Tem uma vista maravilhosa do jardim, vai ver como é tranquilo.

Eu a segui até o quarto, que era pequeno, mas agradável. As paredes eram de um tom suave de creme, e uma janela grande deixava entrar uma luz natural que aquecia o ambiente. O quarto tinha um toque pessoal, mas ao mesmo tempo impessoal, como se fosse um espaço compartilhado, preparado para ser acolhedor sem perder a funcionalidade. Uma cama simples, mas confortável, ocupava o centro do ambiente, e ao lado dela havia uma mesinha de cabeceira com uma lâmpada de luz quente. O armário estava vazio, esperando para ser preenchido com minhas coisas.

— Aqui está perfeito, Ana. — Falei, olhando ao redor. — Obrigada por tudo.

— Imagina, Marina. Fico feliz que tenha gostado. Vai se sentir em casa em pouco tempo — Ana disse, enquanto me ajudava a tirar algumas roupas da mala e a organizar na gaveta do armário. — Agora, se quiser, podemos dar uma olhada no restante do asilo, para você se familiarizar.

Eu acenei com a cabeça, já começando a me acostumar com o ambiente. Tudo era mais calmo do que eu esperava. Era o tipo de lugar onde eu poderia, quem sabe, descobrir algo sobre mim mesma. 

Depois de deixar tudo organizado no quarto, Ana me guiou pelos outros espaços do asilo. Cada sala era equipada com cadeiras confortáveis, livros, e jogos que pareciam ter sido escolhidos com carinho para os idosos. O ambiente tinha aquele toque simples, porém elegante, que transmitia uma sensação de segurança, e ao mesmo tempo, de calma.

Em alguns momentos, Ana parava para me explicar a rotina, a forma como tudo funcionava, e os cuidados que os funcionários tinham com os residentes. Eu ouvia atentamente, absorvendo cada detalhe. Parecia o lugar certo para começar minha jornada, mas ainda havia muito em mim que precisava ser entendido. E eu sabia que ali, no meio daquele mistério, havia mais do que apenas uma nova vida à minha frente.

Ana me conduziu de volta para o corredor principal, onde paramos diante da porta do meu quarto. Ela me sorriu gentilmente antes de continuar a explicar sobre o funcionamento do asilo e sobre as tarefas que seriam minha responsabilidade.

— Bom, Marina, vamos começar com o básico. A rotina aqui é bem estruturada. O café da manhã é servido às 7h, seguido do almoço às 12h e o jantar às 19h. Durante o dia, temos várias atividades programadas para os residentes — Ana explicou, fazendo um gesto em direção à sala de atividades, onde alguns idosos estavam jogando cartas e conversando. — Temos desde sessões de fisioterapia, até tardes de leitura e artesanato.

Ela parou um momento, como se quisesse ter certeza de que estava me transmitindo todas as informações essenciais.

— Eu sou responsável pela supervisão das atividades, pelos cuidados diários com os residentes, e também pela administração de medicamentos e tratamento, sempre seguindo a orientação médica. Vou estar por perto o tempo todo para ajudar no que for preciso — Ana disse, com uma voz que carregava segurança, mas também um toque de empatia. — Hoje, como é seu primeiro dia, não precisa se preocupar com nada além de se instalar e explorar um pouco o lugar. A rotina vai começar amanhã. E como você é nova aqui, seu uniforme será branco por enquanto. Depois, conforme for se adaptando, vamos passar para o azul, o uniforme padrão para os funcionários.

Ela me olhou de cima a baixo, como se estivesse verificando se eu estava confortável, e fez uma pequena pausa antes de continuar.

— Agora, o melhor que você pode fazer é descansar um pouco e aproveitar o tempo para se familiarizar com o local. Se quiser, amanhã podemos conversar mais sobre os detalhes das tarefas. Mas hoje é o seu dia, Marina. Explore o lugar, conheça os outros funcionários e, se sentir vontade, pode até dar uma volta pelo jardim. O dia está calmo, e ninguém vai te apressar.

Eu assenti, sentindo uma sensação reconfortante ao perceber que Ana estava me dando a liberdade de me adaptar no meu próprio ritmo. O clima no asilo parecia mais amigável do que eu imaginava, e isso me deixava um pouco mais à vontade.

— Obrigada, Ana. Isso significa muito para mim — respondi sinceramente, sentindo um peso leve se dissipando dos meus ombros.

Ela sorriu novamente, mais suavemente desta vez, e colocou a mão sobre meu ombro em um gesto amigável.

— Não se preocupe, Marina. Aqui, você vai se sentir bem. Só se permita dar esse tempo para si mesma.

Com essas palavras, ela se despediu e saiu do quarto, deixando-me sozinha para explorar o ambiente.

Sigue leyendo este libro gratis
Escanea el código para descargar la APP

Capítulos relacionados

Último capítulo

Explora y lee buenas novelas sin costo
Miles de novelas gratis en BueNovela. ¡Descarga y lee en cualquier momento!
Lee libros gratis en la app
Escanea el código para leer en la APP