Em meu quarto, Kallie sentou-se em minha cama com as pernas cruzadas enquanto verificava seu celular. Coloco minha bolsa em cima da poltrona que fica próxima da janela que tem vista para o jardim da frente, dá uma bela vista em noite de lua cheia. Olho ao redor do meu quarto, sinto como se fosse meu refúgio. Há fotos minhas com meus pais na mesinha ao lado da cama king Size, em frente da cama fica minha escrivaninha com meu notebook, livros do meu curso e uma iluminaria de acrílico em forma de três rosas. Ao lado umas prateleiras de livros de todos os meus autores favoritos e com fotos minha e Kallie em nossas várias viagens que fizemos juntas.
Vou em direção ao closet pegar os biquínis, procuro entre as gavetas do armário, escolho um biquíni tomara que caia verde com estampa florida para mim, troco-me e pego um biquíni preto de franjinha para Kallie. Voltando para o quarto a encontro na mesma posição de antes, jogo o biquíni em seu colo. Ela leva um pequeno susto, rio de sua reação exagerada enquanto ela me encara com a mão no peito pelo susto.
- Quer me matar sua maluca? - Diz se levantado e indo se trocar no closet.
- A culpa foi sua por estar tão concentrada no seu celular... - Rio. - E não percebeu que eu estava parada na sua frente.
- Já te falaram como você é chata? Se não, eu te digo... Você é muito chata. - Ignoro sua pergunta sarcástica com um revirar de olhos. Ela para na minha frente e dá uma voltinha. - Então como estou?
- Nada mal, agora vamos logo antes que eu desista. - Falo indo em direção à porta do quarto.
-Que mal humor. - Diz passando por mim e saindo primeiro do quarto, parando no meio do corredor e virando em minha direção e me mostra a língua sorrindo. Vou até ela passo o braço no dela e a puxo em direção a escada, vou ter que aturar uma tarde de comentários engraçadinhos da senhorita sabichona.
Passar à tarde com Kallie é diversão garantida, estou relaxando na espreguiçadeira sob a sombra do guarda-sol. Já Kallie está na piscina mergulhando e jogando água para os lados, parecendo uma criança... Fico observando sua bagunça, rindo dela. Aurora, uma das empregadas, se aproxima com uma bandeja com sucos de laranja, ela deixa em cima da mesinha entre as duas espreguiçadeiras, ela pergunta se quero mais alguma coisa, digo que não e agradeço. Ao observar ela sair indo para área de serviço, vejo uma figura de terno preto e óculos de sol escuro, ao seu lado um dos outros seguranças falava com ele gesticulando a todo o momento. Estava tão centrada no que se passava que não notei a presença de Kallie me analisando atentamente.
- Para onde você tanto olha? - Disse verificando em volta a procura de onde eu olhava. - Hum... Que bela vista bem ali. - Virou-se para mim com um olhar malicioso.
- Esta falando do quê?- Tento parecer indiferente ao seu comentário, pego o suco tomando um gole.
- Não seria o quê? Mais de quem. - Diz apontado para James. - Estou me referindo ao seu belo segurança.
- Até quando vai ficar insistindo nessa bobagem, já está passando dos limites. - Digo tomando um gole de suco.
- Não tenho culpa se o tipo alto e forte, dos olhos azuis chama minha atenção. - Ela senta em uma das espreguiçadeiras ao meu lado e dá um pequeno aceno para eles com um sorriso encantador. Não acredito no que acabei de ver, ela deve estar de brincadeira.
- Você poderia não dar em cima do ''MEU'' segurança enquanto eu estiver por perto ou de preferência quando ele estiver em serviço. - Falei, virando-me para ela.
- É impressão minha ou a senhorita está com ciúmes? - Kallie perguntou tentando esconder um sorriso. Eu queria tentar entender de onde foi que Kallie tirou uma idéia absurda dessa.
- Por que eu estaria? - Falei irritada pela sua pergunta idiota. - Só não quero que ele tenha problema com meu pai. - Suspirei.
- Tudo bem. Prometo não dar em cima dele nesse momento. - Ela olha para ele e depois volta a me fitar. - Porém não prometo nada quando ele estiver de folga. - Ela deu uma piscadela.
Eu ri, balançando a cabeça. Eu mereço uma amiga dessa cabeça de vento. Não vejo nada de interessante nele, é apenas mais um segurança qualquer. E o fato de ele estar ali parado como um poste está me incomodando, quando o meu pai chegar falarei com ele que não tem nenhuma necessidade de ter que ficar cercada de segurança enquanto eu estiver na piscina da minha própria casa. Incomoda ficar sob o olhar atento deles o tempo todo, ainda mais quando estou de biquíni.
Estava tão perdida em meus pensamentos, que não prestei atenção em nada do que Kallie estava falando, olho em sua direção com uma expressão confusa.
- Desculpa, você disse alguma coisa?
-Não acredito que você não estava ouvindo o que eu estava dizendo. - Ela diz cerrando os olhos para mim. - Eu dizia se ainda vamos à Body English no sábado à noite? - Ela acrescenta.
- Claro que vamos. - Digo animada.
- Ótimo, suponho que você vai estar acompanhada - Ela olha na direção do James que ainda está parado conversando com o outro segurança, ela dá um pequeno sorriso e olha de volta para mim. - Então passa para me buscar às 22 horas? - Ela diz com um sorrisinho.
- Estarei em sua casa pontualmente e vê se não se atrasa, pois você tem uma mania de nunca estar pronta na hora combinada.
- Que mentira, não existe ninguém mais pontual do que eu. - Ela diz fingindo estar ofendida pelo meu comentário. - E não se preocupe, não perderei essa noite por nada. - A olho desconfiada, ela dá uma piscadela e entra na piscina de novo. Não sei porque mas tenho a leve impressão que sua empolgação não tem nada a ver com passar á noite dançando.
Tínhamos subido para o quarto. Enquanto eu termino de trocar de roupa no closet, Kallie estava no banheiro tomando banho. Vou até o quarto, sento-me na cama e a espero terminar, ela já sai do banheiro vestida.
- Seus pais já chegaram? - Diz ela arrumando sua bolsa.
-Acho que não, provavelmente só vai chegar mais tarde.
- Tenho que ir agora, minha mãe já ligou umas trinta vezes. Pode me acompanhar até a porta? -Ela pega a bolsa, indo em direção à porta.
- Claro. - A acompanho até o andar de baixo. A casa parecia silenciosa, não havia vestígio de nenhum dos empregados. Despeço dela no jardim da frente e a espero sair para entrar novamente.
Subo para meu quarto, sento-me em frente à escrivaninha e ligo meu notebook, abrindo minhas anotações das aulas de hoje, comecei revisando algumas partes. Fiz algumas pesquisas relacionadas às minhas matérias da faculdade. Gosto de fazer tudo adiantado, para não deixar nada para última hora. Depois de horas de estudo, resolvo parar um pouco para descasar e além do mais, eu estava morrendo de fome. E como não desci para jantar a fome está me consumido.
No andar de baixo passo pela sala de estar, atravessando o corredor que dá para a sala de jantar, como a mesa não estava posta vou direto para a cozinha, encontro a Sra. Francesca que se vira ao me ver com um sorriso.
- Pensei que já estava dormindo, não desceu para jantar. - Ela fala indo até o micro-ondas esquentar o jantar.
- Estava estudando, acabei perdendo a hora. Meus pais estão em casa? Não ouvi nenhum barulho deles enquanto estava no quarto. - Sento-me no balcão esperando a comida ficar pronta.
- Eles estão sim, seu pai está no escritório como sempre e sua mãe subiu para o quarto, ela parecia cansada e então provavelmente foi dormir mais cedo.
O micro-onda apita avisando que a comida está pronta, ela abre a geladeira pegando uma jarra de suco, colocando em um copo, servindo-me.
- Obrigada. - Ela sorri gentilmente e volta para seus afazeres.
Comi tudo rapidamente, estava com muita fome, e estava tudo delicioso. Após eu ter terminado de comer, a Sra. Francesca coloca as louças sujas na lava-louças, e limpa o balcão. Agradeço novamente, dando-lhe boa noite.
Sinto-me cansada, tive um dia cheio e a semana toda será assim, mas não tenho do que reclamar, ir a faculdade faz parte do meu dia a dia. E gosto de passar um tempo com aquela louca, mesmo que às vezes ela me enlouqueça. E Então o melhor que eu faço agora é ir dormir, já no quarto, vou ao closet e ponho meu pijama quentinho, escovo os dentes no banheiro. Volto para o quarto, apago a luz e deito-me, adormecendo imediatamente.
Os dias passaram voando e quando dei por mim já era o fim de semana. Pensei que como era a primeira semana de aula na Faculdade os professores pegariam mais leve, lindo engano, já que estamos amarrotados de pesquisas e trabalhos. Passei todo meu tempo livre durante a semana na Biblioteca do Campus com a cara enfiada em grandes livros grossos e velhos. Como Kallie também faz Psicologia estávamos juntas estudando na biblioteca, só que ela passou o tempo todo reclamando que deveríamos aproveitar nosso tempo com algo mais produtivo. Não acho que exista nada mais produtivo do que estudar para se tornar a profissional a qual eu almejo, quero poder ajudar crianças carentes que tenham passado por traumas ou por momentos difíceis e precisam de alguém que a entenda e que possa ouvi-la. É o que eu quero para minha vida, por isso me esforço muito nos meus estudos. Espelhei-me em
Concentro-me na explicação do professor a minha frente, estou em mais uma das aulas do Sr. Harris. É estranho só agora ter percebido que ele é calvo? Na verdade ele está mais para careca, baixo e gorducho. Balanço a cabeça e presto atenção à aula de novo. Não está funcionando, pois minha mente tende a voltar à noite de sábado.Acordei na manha de domingo com uma forte dor de cabeça e uma ressaca. E tudo que eu consegui fazer foi tomar um banho, ingerir um remédio para a dor latejante na minha cabeça. Acho que dormi longo em seguida de novo. Assim resumiu meu dia, tirando o fato do meu pai ter me questionado sobre o que eu estava fazendo na noite anterior.- Como pôde sair por aí sozinha se alcoolizando, sabia que alguma pessoa com más intenções poderia se aproveitar da sua s
Saímos do estacionamento, em alguns minutos entramos na avenida principal da cidade. Caio dirige como se estivesse participando de um filme de ação. Nesse momento tenho certeza que fiz a escolha errada de ter vindo com ele, mantenho os olhos em seus movimentos, passa a marcha e acelera repetidas vezes, sempre focado nos carros a sua frente. Sou pega o observando, ele sorri e diminui a velocidade, seu olhar vai de mim para o Audi que nos segue.- Por que você tem um segurança particular?- Hum... Por causa do trabalho do meu pai - Digo vagamente.- Deve ser um trabalho perigoso que interfira na sua segurança, imagino que esse deve ser o motivo para você ter que andar com um segurança ao seu lado. Não quero dar muitos detalhes sobre a minha vida ou sobre o trabalho do meu pai a alguém que acabei de conhecer, além disso, Caio não me transmite
Entrei em casa as pressas com o coração apertado, sem nem mesmo entender esse sentimento estranho que me sufoca desde que vi o olhar de decepção de James, o fato de que eu o tenha magoado me deixou triste e eu nem mesmo sei o porquê, que droga! Eu devo ser louca! O que está acontecendo comigo? Eu devo ter entendido errado, não há motivo para que ele tenha ficado decepcionado só por eu ter beijado o Caio... Argh! O que eu tenho na cabeça para ter deixado aquele maluco me beijar? Queria poder voltar no tempo e dar na minha cara momentos antes de eu cometer esse erro absurdo, e dizer: sua louca...O que pensa que está fazendo? Não vou pensar mais nisso, o melhor é fingir que não aconteceu, é o certo a se fazer. Fiquei parada de frente para a porta fechada por tantos minutos pedida em meus pensamentos, viro-me e sigo para sala de estar, deparo c
Entrei em casa às pressas com o coração apertado sem nem mesmo entender esse sentimento estranho que me sufoca desde que vi o olhar de decepção de James. O fato de que eu o tenha magoado me deixou triste e eu nem mesmo sei o porquê, que droga! Eu devo ser louca! O que está acontecendo comigo? Eu devo ter entendido errado, não há motivo para que ele tenha ficado decepcionado, só por eu ter beijado o Caio... Argh! O que eu tenho na cabeça para ter deixado aquele maluco me beijar? Queria poder voltar no tempo e dar na minha cara momentos antes de eu cometer esse erro absurdo, e dizer, sua louca...O que pensa que está fazendo? Não vou pensar mais nisso, o melhor é fingir que não aconteceu, é o certo a se fazer. Fiquei parada de frente para a porta por tantos minutos, perdida em meus pensamentos, sem me dar
Uma brisa suave atinge meu rosto bagunçando meus cabelos assim que chego à área descoberta da piscina. Desço pelo caminho de pedras com pequenos arbustos de cada lado, que dá direto ao coreto no meio do jardim rodeado por canteiros de flores. Na escuridão da noite, mas parece um lugar encantado, apenas iluminado pela luz da lua e os vaga-lumes brilhando no escuro. Quando eu era criança, eu passava minhas tarde livres brincando no coreto ou em volta dele, correndo atrás das borboletas que vinha atrás do pólen das flores. Na maioria das vezes eu ajudava minha mãe a cuidar dos canteiros, ela tem um amor pelas flores que plantávamos juntas. E no fim da tarde, antes do por do sol, sentávamos na pequena escada do coreto e ficávamos sentido o cheiro misto dos perfumes das flores se misturando pelo ar, era nosso momento
Acordo ao som estridente do meu despertador anunciando as notícias do trânsito de Toronto. Por qual motivo mesmo tenho que saber como está o trânsito hoje? Nem ao menos irei dirigir o meu carro. Ah não, por que eu tive que lembrar isso agora? Tive dificuldade em dormir ontem, fiquei rolando na cama por horas tentando decifrar o que havia de errado com meu coração. Toda vez que eu fechava meus olhos era seus malditos os olhos azuis que vinha em minha mente, me tirando o juízo, a capacidade de raciocinar. Tenho que parar de pensar nisso, não ter a certeza do que eu sinto vai me enlouquecer.Levanto-me lentamente, indo para o banheiro, preciso de um banho quente relaxante ou não serei capaz de chegar atá o fim do dia. Depois de pronta dou uma última olhada no espelho conferido minha roupa. Estou de calça jeans e uma blusa
Ainda estou parada no mesmo lugar, os minutos passam lentamente enquanto tudo o que eu consigo olhar é para o sangue do cara que quase me matou escorrendo pela calçada, imagino que poderia ser eu agora no lugar dele. Se James não tivesse sido rápido o bastante para entrar na minha frente, atirando antes no bandido, seria meu sangue escorrendo pelo chão, uma angústia se forma em meu peito, seguro a vontade de chorar. Aos poucos, vou percebendo a bagunça que se formou ao meu redor, vidros da porta e da janela espalhados pelo chão, se misturando a sangue e café do copo que eu estava segurando minuto antes de tudo acontecer. Na confusão não sei em que momento caiu de minha mão, o bolinho está esmagado quase irreconhecível.- Você está bem? - James me pergunta verificando em meu corpo se há algum machucado.- Acho que eu deveria