Capítulo 0002
Olivia - Dias atuais.

— Mais forte, Olivia. Sei que pode fazer melhor do que isso. — A voz firme do meu irmão Matt tem o tom exigente de um professor.

Esforçando-me para agradá-lo, acerto o saco de pancadas com mais força e rapidez, executando uma sequência de chutes e socos combinados. Olho para trás e vejo-o assentir com satisfação.

— Muito melhor. Venha se sentar.

Caminho até ele e me acomodo ao lado dos meus colegas.

Toda sexta-feira, Matt nos testa. Às vezes, como agora, ele mede nossa força no saco de pancadas. Outras vezes, treinamos combate contra ele ou entre nós. Meu irmão é um excelente instrutor porque foi treinado por nosso pai, assim como eu.

Nosso pai é um dos guerreiros mais habilidosos da alcateia e nunca fez distinção entre homens e mulheres. Ele sempre disse que o mundo é perigoso e todo lobo precisa saber lutar, ao menos para se defender. Desde pequena, fui treinada exclusivamente por ele, até ter idade para ingressar no programa formal de treinamento.

Muitos dizem que meu pai é o melhor guerreiro da alcateia, mas, quando o antigo chefe da guarda faleceu, o Alfa escolheu um amigo próximo para ocupar o cargo. Meu pai nada disse e seguiu sua vida normalmente, cuidando de mim e de Matt após a morte de nossa mãe, que foi envenenada por acônito. Nunca descobriram como isso aconteceu.

Como é sexta-feira, o Alfa Colton veio observar o treinamento. Ultimamente, sua presença me deixa desconfortável. Sempre que ele está por perto, eu sinto o seu olhar furtivo pairando sobre mim. Ele apenas pisca quando eu o pego fazendo isso.

Alguns membros da alcateia dizem que o Alfa enlouqueceu depois que sua companheira e Luna foram mortas em um ataque de rebeldes. Dizem que ele se tornou imprevisível, levando várias mulheres para seus aposentos, algumas das quais nunca saíram de lá com vida. Muitos acreditam que ele deveria se aposentar e passar o comando para seu filho, Carter, mas ele insiste que o rapaz ainda não está pronto.

Carter parece uma boa pessoa. Nunca tive muito contato com ele, mas sempre o vi como justo e amigável com todos da alcateia. Ele tem 22 anos e ainda não encontrou sua companheira.

Enquanto estou absorta em meus pensamentos, uma grande sombra me cobre. Ergo o olhar e vejo Alfa Colton me encarando antes de sentar ao meu lado.

— Você é uma lutadora muito habilidosa, Olivia. — Ele comenta, analisando-me de cima a baixo.

— Obrigada, Alfa. — Respondo, tentando esconder meu desconforto. Mas é difícil, pois estou vestindo apenas shorts e um top esportivo.

— E é muito bela. Você se parece muito com sua mãe. — Seus olhos voltam a percorrer meu corpo, fazendo-me querer desaparecer.

Antes que eu possa responder, meu irmão se aproxima e cumprimenta o Alfa respeitosamente antes de me dizer para ir para casa. Levanto-me num pulo, grata pela oportunidade de sair dali, e me apresso após me despedir.

Ao entrar em casa, vou direto para o quarto onde tiro as roupas de treino e tomo um banho. Depois, visto uma calça jeans clara e uma blusa tomara que caia. Não costumo usar muita maquiagem, mas aplico um pouco de rímel e brilho labial.

Hoje é o aniversário de dezoito anos de uma colega de classe, e haverá uma festa para celebrar sua primeira transformação e, possivelmente, será o encontro com seu companheiro na alcateia.

Encontrar sua alma gêmea é algo grandioso. Sentimos a presença de nosso lobo interior aos dezesseis anos. Entretanto, não podemos conversar o tempo todo e nem reconhecer o parceiro antes dos dezoito. Às vezes, reconhecemos a alma gêmea antes que ela atinja essa idade, mas, geralmente, ele espera sem revelar nada.

Também pode acontecer de alguns companheiros se rejeitarem. Para quem toma essa decisão, significa perder a chance de ter um segundo companheiro, algo que geralmente só acontece quando se perde o primeiro. Nem todos recebem essa segunda oportunidade.

Não nos comunicamos completamente com o nosso lobo interior até completar dezoito anos. Por isso, não conversamos o tempo todo. Nos comunicamos apenas por emoções, o que pode ser complicado se seu lobo for temperamental.

Na hora do jantar, desço para comer com meu pai e meu irmão. O ambiente está tenso e silencioso, bem diferente do habitual, já que nós sempre conversamos e nos divertimos. Presumindo que meu pai teve um dia difícil, não pergunto nada.

— Olivia? — Ele chama.

— Sim, pai? — Ergo o olhar para ele.

— Amanhã, faça as malas. Vamos visitar seus avós na Alcateia Lua de Sangue. Partimos no domingo, então leve tudo o que for importante, pois ficaremos lá por um tempo. — Ele informa.

— Por quê? Aconteceu algo? — Pergunto.

— Eles estão ficando velhos e sentem falta de vocês. O Alfa autorizou a viagem, e o Alfa da Alcateia da Lua de Sangue também está ciente. — Explica.

— Tudo bem, pai. Vou arrumar minha mala amanhã. — Respondo, e ele sorri.

Depois do jantar, ajudo a limpar tudo e saio para a festa. Matt me acompanha, ansioso para saber se sua companheira estará entre as novas lobas transformadas.

Na festa, vemos a aniversariante encontrar seu companheiro entre os recém-transformados. É emocionante ver suas almas se atraírem e se unirem em um abraço cheio de amor. Quero sentir isso quando completar dezoito anos.

Enquanto estou perdida em pensamentos, alguém se aproxima. Fico surpresa ao ver que é Carter, o filho do Alfa.

— Olá, Olivia. — Ele me cumprimenta.

— Olá, Alfa Carter! — respondo respeitosamente.

— Ah, não sou o Alfa, pode me chamar só de Carter. — Ele esboça um sorriso ao falar.

E eu retribuo o seu sorriso.

— Ouvi dizer que você e sua família vão viajar.

— Sim, vamos. — Confirmo.

— Isso é ótimo. — Ele diz animado enquanto sorri, e depois de um tempo se levantou e foi socializar com os outros jovens na festa.

Horas depois, Matt e eu decidimos ir embora. No caminho para nossa casa, ouvimos nosso nome e, quando nos viramos, vimos Carter correndo em nossa direção.

— Matt, Olivia. Preciso falar com vocês. — Carter fala.

— O que podemos fazer por você, alfa? — Assumindo o controle, Matt perguntou.

— Por favor, Matt, não me chame de Alfa, eu só quero ajudar vocês. — Ele enfatiza enquanto olhamos para ele.

Fico parada, sem saber o motivo dele querer nos ajudar.

— Quando forem para a outra alcateia, não voltem. Especialmente você, Olivia. Fique lá, onde estará segura. — Carter alerta.

— O que… —Comecei a falar, mas Matt me interrompe.

— Está tudo sob controle. — O meu irmão diz, olhando para Carter, que assentiu com a cabeça.

— Bom, eu quero que saibam que sinto muito e estou tentando resolver essa situação. Façam uma boa viagem e se mantenham seguros. — Diz Carter antes de partir.
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