Gabrielle
Eles me mantinham presa em uma rede. Cada vez que eu tentava me afastar de um, acabava sendo lançada de volta para outro. No final, a única que sairia quebrada dessa história seria eu—se não fizesse algo a respeito.
Arquitetar a queda dos três homens que, de uma forma ou de outra, pareciam determinados a me destruir, era a única solução. Talvez parecesse cruel, mas era necessário. Somente assim eu me libertaria de suas prisões mentais. Somente assim eu teria a liberdade de escolher quem, se é que alguém, realmente merecia estar ao meu lado.
Quando, finalmente, fosse nomeada CEO do conglomerado Gold, todos os olhares estariam sobre mim. Eu não poderia deixar nenhuma ponta solta. E o tempo corria contra mim—tinha apenas alguns dias para resolver tudo.
N&atild
Gabrielle Eu sabia que persuadir Murilo seria impossível, mas Gadreel era outra história. Ele tinha uma fraqueza: informações que demonstravam interesse em compartilhar cedo ou tarde sairiam, especialmente sob a pressão certa. — Por que você está aqui? — Questionou Gadreel, enquanto caminhava de volta para dentro do apartamento. — Transferi a reunião para a sala de convenções do prédio — respondeu Murilo, casual, mas com um tom carregado de intenção. — Achou mesmo que eu deixaria vocês dois vasculharem meu território sozinhos? O som da risada de Gadreel reverberou pelo apartamento, e, por um instante, a tensão foi cortada. Eles claramente tinham uma dinâmica peculiar — algo entre rivalidade e camaradagem. Mesmo assim,
Gabrielle Por que estava tão sensível naquele dia? Eu odiava essa versão de mim mesma que tinha descoberto recentemente: humana, vulnerável, real. Estava tão acostumada a encenar, fingir, enganar a todos — e a mim mesma — que, agora que a máscara havia caído, não sabia como recolocar os cacos. Sentia-me exposta, e essa vulnerabilidade me causava repulsa, medo e raiva. Senti meus olhos queimarem. Sério? Eu ia chorar outra vez? Esse era o peso da culpa em saber que ele também seria atingido quando eu agisse? Bem feito para mim. — Eu não mereço essas lágrimas, meu amor — disse ele, limpando minha bochecha com o polegar. — Nenhum de nós merece. — Parece de eu consegui ferrar com tudo. — dei de ombros — E mesmo assim você a
Gabrielle Eles falavam de mim, tão descaradamente, como se eu nem mesmo estivesse ali, ou pior, como se nem se importassem. As duas únicas pessoas que me tratavam como uma mulher normal, ao invés de me colocarem em uma estante para ser admirada, agora estavam em uma discussão acalorada sobre a vida sexual alheia. Sobre a minha. Perdi o foco de meus pensamentos quando ouvir alguma coiso sobre meus gemidos. — Ei! — gritei, minha voz cortando o ar como uma faca. — Eu estou ouvindo, seu filho da mãe! Gadreel se virou para mim, e por um instante, vi algo em seus olhos além da provocação habitual — um lampejo de pena ou talvez irritação genuína. Ele inclinou-se um pouco mais na minha direção, como se quisesse sublinhar o que estava prestes a dizer. — N&at
Gabrielle Observei enquanto ele caminhava para dentro do apartamento, cada passo carregando a confiança de quem parecia sempre saber mais do que revelava. Um sorriso mal contido brincava em seus lábios, como se ele estivesse escondendo algo que não podia ou não queria dizer naquele momento. Era sempre assim com Gadreel. A sensação de que ele guardava a cereja do bolo para quando julgasse mais conveniente. Talvez eu devesse aprender isso com ele — essa habilidade de controlar o momento exato de revelar o que vale a pena. — Está interessada nele — afirmou Murilo, sua voz cortando meus pensamentos com uma calma que soava quase acusatória. — Não de forma romântica — confessei, mantendo meu olhar fixo no dele. — Eu só estou curiosa. Ele não respondeu imediatamente. Ainda sentado aos meus pés na espreguiçadeira, Murilo estendeu a mão com a natural
Lucas Park Honra, lealdade e respeito. Essas palavras moldaram minha vida. Cresci com elas estampadas em cada canto da empresa, em cada sala de reunião e, em todas as oportunidades, as ouvia sair da boca de meu pai. Mas acho que, no fim, não foi o suficiente para cravá-las na minha alma. De todas elas, o que me restou? Perdi a honra há muitos anos, desde a primeira vez que me deixei levar pelos meus impulsos e fiz aquilo que jurei inúmeras vezes que jamais faria. A lealdade? Um conceito supervalorizado, inventado por alguém que nunca esteve realmente entre a vida e a morte. Porque, quando se está em uma situação em que precisa escolher entre sua sobrevivência ou a maldita ideia de pertencimento, não preciso nem dizer qual vence. Fácil. Todas as vezes. E respeito... Bom, eu nem sei mais o que isso significa. Às vezes, a culpa vinha como um sussurro, outras vezes como um grito. O que mais me aterrorizava era a sensação de que, mesmo que eu queria, não sabia mais
Lucas Park Ela tinha uma forma incômoda e autoritária de se colocar na conversa, como se, de alguma forma, fosse ela quem comandasse o ritmo que deveríamos tomar. Era como se, independente do que havíamos discutido, a decisão final fosse dela. Ela era muito parecida com seu falecido marido quando se tratava de negócios. Leslie era como uma tempestade controlada: cada palavra sua carregava um peso calculado, mas eu nunca sabia quando ela deixaria escapar algo que nos engoliria por completo. Não era medo que eu sentia dela, mas uma irritação constante. Ela sabia demais, falava demais, e sempre parecia um passo à frente Ela também parecia cansada, e, embora a camada de maquiagem pudesse esconder qualquer marca de exaustão, seus olhos não mentiam. Seu semblante, embora firme, estava carregado de preocupação, e eu sabia exatamente a razão. — Foi por essa razão que o convidou para jantar? — Sondei. — Eu o convidei porque precisamos colocar um ponto final nessa rival
Lucas ParkVi o sorriso de Jullian se alargar. Era evidente que esse era seu plano desde o início — ele só não quis ter que dizer em voz alta. Nós tínhamos uma sinergia peculiar, fruto de anos de convivência. Jullian passou incontáveis finais de semana comigo em Seul, me ensinando sobre o cotidiano de Gabrielle: suas manias, suas preferências, até mesmo os pequenos detalhes que poderiam parecer insignificantes para outros, mas que revelavam muito sobre ela.Ele também me treinou para ser membro do conselho interno do conglomerado. Sem isso, jamais teria conseguido essa posição apenas com meu nome. Foi por meio desse aprendizado que entendi como sua mente funcionava. E o mais importante: aprendi a antecipar suas intenções.Às vezes, eu me perguntava se Jullian fazia tudo isso apenas por estratégia ou se, de alguma forma, ele realmente se importava. Mas nunca ousei pergunt
Lucas Park A palma da minha mão doía pela força com que cravava as unhas na carne. Juro por Deus, se Leslie fosse um homem, eu teria lhe dado um soco bem dado. Como ela teve a audácia de usar a própria filha como isca? Era evidente que colocar nossa empresa no bolso sempre foi seu objetivo desde o começo. E eu, tolo, me permiti acreditar que ela só queria a felicidade de Gabrielle. Com as mãos fechadas em punhos ao lado do corpo, soltei o ar lentamente. Não era hora de explodir, por mais que cada fibra minha gritasse para acabar com aquilo ali mesmo. Esse não era o meu palco, ainda. Mas quem sou eu para criticar intenções escondidas sob o véu das boas ações? Eu, que menti, manipulei e ocultei tudo sobre mim mesmo, para conquistar meu espaço ao lado dela. Entre todas as pessoas nesse emaranhado de relações, eu fui, sem dúvida, quem mais escondeu, quem mais usou segundas e até terceiras intenções