NOAH
Assim que a apresentação terminou, ele desceu do palco e correu até mim, abracei ele, e nesse abraço, senti algo diferente, era como abraçar um dos meus sobrinhos, que sempre considerei os meus filhos.
Para, OLiver, ele é filho de outras pessoas, calma, outra pessoa, ele não tem pai.
— Parabéns, Pietro, você foi o melhor.
— Obrigado! Valeu por vir, seria chato cantar sem ter ninguém importante aqui.
Uma faca no peito, foi aquelas palavras, tentei disfarçar.
— E o violão, você não vai pegar o seu violão?
— Ele não é meu, e da escola, eu não tenho violão, e caro, mamãe não teria como comprar; por isso, ela nem sabe que eu sei tocar, porque se não iria fazer de tudo para me comprar um. Aquela mulher faz muito sacrifício por mim.
Outra facada, acho que vivo numa bolha.
— E agora o que faremos?
— Agora, os professores irão arrumar os pratos que as famílias trouxeram, e iremos todos comer, alguma coisa, na verdade, beber, porque ouvi uma professora falando que noventa por cento de tudo que chegou e refrigerante.
— Como assim, era para trazer algo para comer, você não me falou isso.
— Fica tranquilo, você é meu convidado, eu trouxe um refrigerante de uva, daqueles baratinhos.
Estava com ele no colo, coloquei no chão.
— Só um minuto.
Fiz uma ligação para uma moça que fazia salgados e comidas para festa.
— Oi Oliver, gato, agora estou a namorar, e no momento estou a querer matar um.
— Oi, boa noite para você também Morgana. Pior que não sei para quem pedir, precisava de uns salgadinhos de urgência. Parabéns pelo namoro.
— Olha, eu preciso livrar-me de uns salgadinhos.
— Coisa estragada não gata.
— Para Oliver, encomendaram uns produtos e quando cheguei para entregar descobrir que hoje uma briga antes e foi tudo cancelado, ninguém para me avisar, tudo coisa de primeira, salgadinhos e doces.
— Vou-te mandar o endereço, e você me manda a conta lá na empresa.
Desliguei, e olhei animado para Pietro.
-Pietro, avise para as professoras que a encomenda do seu pai atrasou um pouquinho e logo chega para esperarem, vai ser rápido.
— Vamos comigo.
Ele pegou e foi-me a puxar no meio da multidão.
Ele falou com as professoras que estavam ali, eu confirmei a fala dele, e elas como todas as outras mulheres ali, tão secaram-me sem pudor.
Não demorou dez minutos Morgana, chegou com a sua equipe, e já foram a ajudar as professoras que adoraram, já contratei a equipe para servir, as professoras já haviam trabalhado o dia todo, além de ensaiar as crenças, ainda iam servir.
Sentei num cantinho com Pietro, que fez um prato com tudo que havia ali, Morgana chegou perto, nem reparou no menino.
— Como alguém consegui ficar ainda mais gostoso, com uma roupa casual, deveria ser proibido viu Oliver, coitada das mulheres comprometidas.
— Comprometida, olha fique a saber que sou seu amigo, e caso não der certo com o presente lá, sabe que tem o meu ombro para usar.
— Amo usar os seus ombros, na verdade, você todinho.
— Tem criança aqui vocês sabem. E eu estou a entender essa história de usar o ombro.
Nem acreditei quando ouvi isso.
— Usar o ombro, quer dizer para chorar. — Falei sem graça.
— Eu tenho amigos do ensino médio, que já deixam as meninas usarem o ombro deles, mas não é para chorar.
— É o seu filho? — Morgana perguntou assustada.
— Sim! — Respondi, ia ser mais difícil explicar porque estava ali.
— Tirando esses cabelos loiros, que vai deixar ele ainda mais lindo que você quando crescer, ele parece muito com você, até essa inteligência fora do comum. Prazer, sou apenas amiga de Oliver, pode ficar tranquilo. Oliver irei cobrar apenas o serviço do meu pessoal, ver a felicidade dessas crianças, fez com que ganhasse a noite, já até combinei com a diretora que irei patrocinar os doces, salgados e bolos do dia das crianças.
— Verdade senhora Morgana?
— Sim, verdade. Agora vou a ir.
Ela deu-me um beijo na boca antes de sair, coisa normal, com a maioria das mulheres que já fiquei.
— Ela disse que é sua amiga e dá-te um beijo desse, quero umas amigas assim.
— Olha, realmente somos apenas amigos, sempre faço isso com as minhas amigas, mas se um dia tiver um relacionamento eu paro.
Fiquei na tal festa do dia dos pais por um bom tempo, aproveitei para conversar com o diretor da escola, queria que Pietro fizesse um teste, iria tentar uma bolsa de estudo para ele, na escola onde os meus sobrinhos estudam.
Quando todos já foram embora, alguns até levando um pratinho extra, levei Pietro até o meu carro, ele achou muito bacana, e dei-lhe o presente que havia preparado para ele.
Ele agradeceu com um abraço, prometi que voltaria essa semana, e sim viria.
OLIVERMandei uma mensagem pedindo desculpa para Agnes e Noah, claro que o meu irmão queria saber se era loira ou morena.Nem respondi, nem eu sei o porquê fiquei até o fim daquela festa.Passei o fim de semana no sítio com toda a família.Mas, dessa vez alguma coisa parecia faltar.Aquele menino falar que a família dele era ele e a mãe, apenas. E eu aqui, rodeado de pessoas maravilhosas, que me sei defendem a todo o custo.E o violão, nossa, ele tocou como alguém que treina todos os dias, e vai dormir com o violão do lado da cama, mas não era dele.Estava tão distraído vendo as crianças brincarem, que nem percebi Liam sentando ao meu lado.— Vai dizer-me que é uma professora que te laçou cunhado?— Professora, do que está a dizer?— Para o que mais você iria querer uma roupa para ir numa reunião de pais.— A verdade, mas não rolou, acabei perdendo tempo.— Como assim, não rolou, você m@l pisca o olho a mulherada pula no seu colo.— Então, ela estava com uns papos de namoro antes de r
OLIVERSai da escola leve, alegre.Porém, quando cheguei no meu andar na empresa e vi a fila de moças e rapazes para serem entrevistados, quase voltei para escola.Não tinha outro jeito, precisava de uma secretária e com urgência.Chamei a primeira, ou melhor, a 'Barbie sem calcinha', ela fez questão de que eu percebesse, pois abriu as pernas, cruzou as pernas, deixou uma caneta cair e abaixou-se para pegar.Isso foi só o começo, por diversão comecei a fazer pilhas com classificações. os g@ys que também me cantaram, as "Barbies", tinha as sem calcinha, as siliconadas, as vozes enjoadas, as que nem sabiam o que era um computador, tinha também as "Betty Boop", com muito decote em vestido curtos até de mais, algumas até chegaram já sentando na minha mesa; as "Jessicas Rabbit", já chegavam mandando, falando da decoração, uma foi mais ousada e sentou no meu colo puxando a minha gravata, realmente as ruivas são quentes.Todas elas estavam ali para que eu f*** com elas, mas não era isso que
ASTRIDReclamar da vida é para quem tem tudo, ou alguém para se apoiar. Porque quem não tem nada, nem pode reclamar, pois precisa batalhar.Sou mãe solteira, e sim porque quis, porque não viveria se tivesse matado o meu bebe.Agradeço a Deus todos os dias a vida do meu filho, ele-me da a força que preciso para lembrar quem eu sou.Pietro já tem dez anos, e apesar de trocar tanto de escola, consegui acompanhar bem os estudos, não me dá trabalho nem um, um anjo na minha vida, nasceu com os olhos do meu pai, na verdade, lembra-me muito ele, cabelos loiros como os meus.Hoje então foi diferente, e logo hoje.Estou há três meses sem um trabalho fixo, e as contas começaram a apertar. Uma vizinha disse de uma vaga, fiz a minha ficha, seria entregue tudo no local.Não gosto de trabalhar como secretária, pois precisa ficar muito tempo sozinha com um homem, isso me dá medo, mas preciso cuidar de meu filhos, preciso enfrentar os meus medos.Estou dentro do ónibus e um barulho de tiro, era o que
OLIVIEREstou num pesadelo, Pietro esta sendo arrastado por homens armados, ele grita para que eu ajude, saiu correndo, então acordo com o barulho do meu celular.Procuro pelo som, e atendo sem ao menos olhar.-Alo!— Oi e o senhor Oliver, aqui é o seu filho de mentira Pietro, o senhor disse que qualquer coisa poderia ligar-te.Ele fala tudo rápido, como se aflito, aquilo acorda-me de vez.-Pietro o que aconteceu, fala que irei ajudar-te sim.— Mamãe, não recebeu as diárias da semana, e não pagou o aluguel, o dono veio, ele quis fazer coisa errada com ela, mas minha mãe é mulher decente, não deixou, ele levou o fogão, geladeira, a pia com as panelas, ainda rasgou a roupa dela, disse que se ela estiver aqui na segunda-feira vai fazer ela mamar o p** dele.As palavras dele ativaram em mim um sentimento que ainda não conhecia por um estranho, o meu punho estava fechado, e a vontade de bater no desgr@ç@do era grande e irei fazer isso.-Pietro passe o endereço de você, irei até aí resolver
ASTRIDSentia-me violada outra vez, porque sou tão fraca.Apenas chorava, senti os braços do meu filho, chorei ainda mais, como irei defender ele se nem consigo defender a mim.Nem sei por quanto tempo chorei, ali agachada no chão, então escutei baterem na porta.Não queria abrir, congelada por meus medos.Pietro abriu a porta, não levantei a minha cabeça, mas sabia que um homem poderoso estava ali, sua voz forte, quando falou que veio nós levarmos, olhei na sua direção.Ele era alto, pele branca, cabelos negros bagunçados, olhos castanhos, usava roupas informais, mas elegantes, dava para ver que era vaidoso, o seu perfume tomou conta de todo o ligar, a presença dele com certeza era marcante, porém depois de muito tempo não me deixou com medo.Ele deu liberdade para me arrumar.Lavei o meu rosto, troquei de roupa, prendi o cabelo. Quando olhei no espelho até desanimei, como iria conversar com um homem importante, daquele jeito ia acabar fazendo Pietro perder a bolsa de estudos.Mas nã
ASTRIDO apartamento ficava no quarto andar.Ele ia a explicar tudo, disse que eram apartamentos simples, porém apenas um por andar.Pietro estava animado, isso preocupava-me, nunca recebi tanta bondade de alguém, não de graça.Ele entregou as chaves para Pietro, que abriu todo animado.A minha boca quase caiu.Na entrada tinha um pequeno rol de entrada, com um armário para deixar sapatos e cascos.Passando por eles uma sala de estar a direita com um sofá e um painel com televisão. Na esquerda uma mesa com seis cadeira, um a paradouro. E de lá já se via uma cozinha planejada com eletrodomésticos modernos.Eu não sabia o que dizer, era tudo lindo.Ele me mostrou a área de serviço, a dispensa, banheiro social, um pequeno escritório.— Vamos conhecer os quartos, quem escolhe primeiro?— Vou ter uma cama apenas para mim? -Pietro perguntou animado.— Vai, sim, e o seu banheiro com banheira. Mas apenas um dos quartos é hidromassagem.— O que é hidromassagem? — O meu filho não conhecia nada
OLIVIERNão foi fácil convencer a mãe de Pietro, Astrid e uma mulher forte, mesmo que agora pareça vulnerávelEnquanto ele arrumavam as suas coisas, liguei para um detetive conhecido da família, passei as informações do dono do lugar onde eles moravam, disse que queria rápido.Também passei o nome do ex-patrão dela, era bom para ele que ela tenha sido a primeira e última que mexeu, porque vou jogar a merda dele no ventilador.Levei eles para o apartamento, ver os olhos dela se encherem de lágrimas, mexeu com algo em mim, não sei bem o porquê, mas preciso protegem esses dois.Ela queria recusar o convite do almoço, fingi que nem entendi.Enquanto esperava eles, recebi a ligação do detetive, mas rápido que imaginei.-Fala Olivier!-Fala Kadu!— Olha espero que o cara não seja seu amigo, porque já soltei a fita, desse m@ldito.— O que e de quem você está a falar?— Estou a falar do dono das casas que você mandou a localização.— Ele não é meu amigo, nem conheço ele. Mas, ele mexeu com um
ASTRIDFaz muito tempo que não entro em lojas como essas.A herança do meu pai deu-me conforto, estabilidade.Tinha tudo que o dinheiro poderia comprar, os meus avôs paternos sabiam bem como administrar dinheiro, foi com eles que aprendi.Porém, com a morte deles e a doença da minha mãe, fui morar com ela.NO testamento só poderia assumir o dinheiro após os vinte e cinco anos.Mas, eu tinha de tudo, por esse motivo não achei m@l.Com tudo que aconteceu, fugi, sem olhar para trás.Levei pouco, com a ajuda dos meus avôs maternos, consegui estabelecer-me, por um tempo, claro sem o luxo que tinha antes, trabalhava, e ia bem.Mas, precisei fugir mais uma vez, e nesses onze anos, nem sei quantas vezes mudei-me, cada vez tenho que sair as pressas, acabo deixando parte do que tenho para trás.A minha prioridade passou a ser deixar Pietro longe do meu carrasco, se depender de mim ele nunca saberá da existência do meu filho.Nas poucas vezes que converso com os meus avôs, nunca contei sobre Pie