— Eu preciso da sua ajuda — Harry Zhao se aproximou de Alex, concentrada demais nas fotos que tirava de Tommy e seu novo cabelo, ainda mais loiro, para virar e encarar o egípcio. Alexandria assentiu sem tirar os olhos do belga que treinava seus chutes a gol na marca do pênalti. Harry se manteve calado por alguns segundos, o suficiente para a curiosidade da fotógrafa fazê-la abandonar a câmera pendurada pelas alças em seu pescoço e virar para o jogador. — É só falar — ela sorriu como se incentivasse ele a continuar.— Eu preciso da sua ajuda para sair do armário — ele sussurrou, olhando ao redor a cada palavra que saía dos lábios perfeitamente desenhados. Alex franziu o cenho, os pensamentos desordenados sendo transparentes em cada feição — Publicamente, mas só para o time. — pontuou, como se não tivesse ficado claro antes. Alexandria piscou algumas vezes tentando se recuperar do choque inicial. Involuntariamente, sua mente listou os poucos jogadores gays de que se tinha notícia —
Os olhos esmeralda de Lukas Haus estavam arregalados, uma sugestão contida de sorriso marcava os lábios dele enquanto as orbes tinham a expressão de choque. Foi a primeira vez que Alexandria o viu, genuinamente sem palavras.Ele assentiu lentamente. O impacto inicial dissipou do seu corpo e Lukas teve vontade de gritar, não só para Teddy, sentado coçando a nuca encarando o tablet nas mãos, gesto que o camisa 19 interpretou como preocupação, mas para o mundo inteiro ouvir que Alex Tapper estava dizendo sim a ele.— Nós podemos atravessar esse campo e falar agora mesmo se for a sua vontade — ele falou em um tom ofegante, quase exasperado, de alguém que estava segurando a respiração há algum tempo. Alex sorriu, sentindo suas bochechas corarem violentamente e, sem se preocupar se alguém poderia vê-los, levou os dedos à bochecha de Lukas, acariciando o lugar com o polegar. Ele fazia o estômago dela revirar. — Que tal um almoço? — Ela perguntou sem tirar os olhos dele dessa vez. Estava c
Harry estava mordendo a tampa de uma caneta há mais de cinco minutos, mas eram os olhos escuros encarando o nada pela janela que deixavam Alexandria inquieta. Estavam desde as oito pensando em como fazer o egípcio se assumir para o elenco do KRS, mas o relógio informava que já haviam passado uma hora e meia ali, meramente encarando os cantos da casa de Harry.Alexandria passou os dedos entre as sobrancelhas tentando forçar o cérebro a trabalhar, mas nada adiantava. Eles queriam que fosse pessoal, honesto e o menos arriscado possível de se tornar uma fofoca internacional, mas depois de tanto tempo sem nenhuma boa ideia, Harry levantou e andou até a cozinha.Alex viu ele colocando água e pó de café no dispenser da cafeteira de duas xícaras sobre um dos armários. Ele olhou para ela por cima da península que separava a sala da cozinha e a viu sorrir com o cheiro de café que subiu imediatamente. O silêncio se estendeu por alguns minutos e foi o egípcio quem o rompeu.— Nos conhecemos há um
Christian Peña estava com o violão agarrado ao corpo e nervosismo extremo correndo nas veias. Não era a primeira vez que estava prestes a fazer um “grande” ato por alguém no último mês, mas seu histórico era ruim e isso fazia sua barriga doer.Seus dedos estavam a centímetros da campainha, mas estavam tremendo demais para acertar o botão prateado envolto em uma discreta luz azul. Ele respirou fundo e olhou para trás uma última vez para ver Jaden Ramsey acenando positivamente no banco do motorista do próprio carro, incentivando-o a seguir adiante. Christian engoliu em seco e apertou o botão com a palma da mão de uma só vez, posicionando-a nas cordas do violão logo em seguida e, quando ele ouviu os passos se aproximarem, começou a tocar e cantar, encarando o lugar exato da porta que seria substituído pelos olhos de Andrew Skögen.You can count on me like one, two, three, I'll be thereAnd I know when I need itI can count on you like four, three, two, and you'll be there'Cause that's
(16/03/2023)Pela primeira vez em muito tempo, Alexandria abandonara a scooter em casa e estava indo para o estádio de carona com Teddy. Não se sentia tão confortável em dividir um espaço tão pequeno com o pai, mas sentia uma estranha necessidade de aprovação dele sobre seu relacionamento com Lukas, talvez a garantia de que o belga não sofreria nenhuma retaliação.Ela nunca tivera a melhor relação do mundo com Teddy e, depois das suas conversas mais recentes, sentia que as coisas finalmente estavam se ajustando. Eles não eram família, pelo menos não de verdade, daquelas que se apoiam, mas poderiam ter uma relação funcional. O dia estava mais bonito que o normal, dava para ver o Sol brilhando sobre sua cabeça pelo teto solar do carro caro de Teddy, mas Alex não puxou a câmera uma vez sequer. Foi quando o pai entrou no estacionamento do Knight's Stadium que ela sentiu seu corpo inteiro tremer ao abrir a boca para informar ao pai.— Lembra que eu te contei de um cara que tinha conhecido?
— Nunca mais fala assim com ele. — Alexandria franziu o cenho, apertando os olhos tempestuosos e o encarou irritada.O restaurante inteiro estava em um silêncio sepulcral, dezenas de olhos voltados para eles e a cena constrangedora que Teddy havia começado. Dava para ver seus ombros subindo e descendo com a respiração acelerada e, no instante seguinte, quando percebeu ser o centro das atenções, deu um passo à frente e usou um tom baixo e ameaçador.— Eu não vou permitir esse relacionamento — Teddy falou entre dentes, praticamente ignorando a existência do rapaz, constrangido, ao lado da filha. — Você não tem que permitir nada, Teddy. — Os olhos de Alexandria tinham um brilho intenso e desafiador. Ela queria explodir e gritar com ele ali mesmo, manchar a maldita imagem de pai perfeito que ele se esforçara tanto para construir, mas aquilo respingaria sobre Lukas e essa era a última coisa que precisava, por isso, ela respirou fundo e falou com uma voz baixa, mas incisiva. — Você não cont
O som do toque do celular fez Alexandria estremecer. Estava decidida a não voltar para a casa do pai, afinal, não era a primeira vez que, de um jeito ou de outro, era expulsa do lugar que costumava chamar de casa, e se isso significava cortar todos os vínculos com Teddy Tapper, ela faria e estava mais do que disposta a bloquear o contato dele.Tinha achado um hotel aberto em uma avenida próximo ao centro e agora estava jogada na cama com a mochila ao lado, deixando todas as lágrimas que prendia por muito tempo escorrerem. Por Teddy, por Theo e por Christian Peña. Era doloroso, mas ela não podia fazer nada para controlar. Quando algo te magoa profundamente, parece que todas as outras mágoas vêm juntas para arrancar um pedaço da sua alma. Alex agarrou o celular com raiva, pronta para desligar a ligação do pai, mas deixou o ombro, que estava tenso, cair um pouco, quando o nome de Keegan Asper apareceu na tela junto ao ícone de um vídeo. Ela se olhou no espelho, ajeitando o cabelo e enc
— Keegan. — Ela falou seu nome com um tom severo e feroz e ele ergueu as mãos para o alto, deixando os músculos de ambos os braços despidos em evidência. Alexandria rolou os olhos quando Keegan sorriu e as covinhas fundas marcaram as bochechas do espanhol, o fazendo parecer bobo e inocente. Ele diminuiu o sorriso para algo mais contido e amistoso, olhando para ela com um olhar castanho energético antes de falar com a voz doce e o sotaque carregado.— Vem morar comigo. — Alex gargalhou, mas o semblante sério no rosto de Keegan a fez abrir a boca em choque. — Eu não estou brincando, Tap… — ele coçou a garganta — Alexandria. Você e eu somos melhores amigos, você é a pessoa que eu mais amo no mundo, tipo, é como se fosse mi hermanita, eu adoraria que você viesse morar comigo. Alex sentiu o coração apertar. Tinha um conforto estranho no fundo dos olhos do goleiro, como se ele quisesse, a qualquer custo, dizer que ela não estava sozinha, não importava o que acontecesse, Keegan Asper est