— Keegan. — Ela falou seu nome com um tom severo e feroz e ele ergueu as mãos para o alto, deixando os músculos de ambos os braços despidos em evidência. Alexandria rolou os olhos quando Keegan sorriu e as covinhas fundas marcaram as bochechas do espanhol, o fazendo parecer bobo e inocente. Ele diminuiu o sorriso para algo mais contido e amistoso, olhando para ela com um olhar castanho energético antes de falar com a voz doce e o sotaque carregado.— Vem morar comigo. — Alex gargalhou, mas o semblante sério no rosto de Keegan a fez abrir a boca em choque. — Eu não estou brincando, Tap… — ele coçou a garganta — Alexandria. Você e eu somos melhores amigos, você é a pessoa que eu mais amo no mundo, tipo, é como se fosse mi hermanita, eu adoraria que você viesse morar comigo. Alex sentiu o coração apertar. Tinha um conforto estranho no fundo dos olhos do goleiro, como se ele quisesse, a qualquer custo, dizer que ela não estava sozinha, não importava o que acontecesse, Keegan Asper est
A fotógrafa estava sentada na cadeira em frente a Travis Trotwood, diretor do RH dos King’s Road Soldiers, sentindo suas mãos suarem e tremerem sob a mesa de vidro branco do escritório, tão azul quanto qualquer outro espaço ali.Agora que tudo parecia mais real do que algumas horas atrás, quando ela decidiu se demitir em um ato de bravura, mas agora, sentada diante do homem alto com um olhar totalmente focado em si, sentia o peso da decisão. Ela não estava reconsiderando, mas acabara de perceber que não tinha uma justificativa que não usasse o nome de Lukas ou que não fosse uma mentira. — A verdade é que eu sinto que tem muito mais pra mim do que só fazer fotos do mesmo time de futebol. Não é que eu não goste de futebol, porque eu adoro, na verdade, mas... Eu quero mais, Travis. — Ela optou por uma meia verdade.— Tudo bem — ele assentiu, um olhar pesaroso marcando a expressão, e Alex estranhou o quão bem o homem estava levando aquilo. — Mas é só por isso? Ou tem algo mais?Alexandri
Alexandria nunca tinha ousado pisar no gramado de treinamento dos KRS de salto alto antes, principalmente durante um treino. Ela costumava julgar aquilo como uma grande falta de respeito, mas ali, naquele momento, tinha que se sentir triunfante sobre Teddy e afundar um salto agulha no seu tão amado gramado enquanto caminhava como se estivesse em uma passarela, parecia um bom jeito de começar. Ela estava ainda mais determinada agora que Travis tinha dito tudo aquilo, não pensar nas palavras dele era o seu objetivo enquanto caminhava com passos firmes.O scarpin vermelho pareceu entender sua necessidade com perfeição. Ela deslizava com classe e elegância enquanto o salto abria pequenos buracos entre a grama e o solo, parando a centímetros do pai, que estava estático, olhando para ela com o apito a caminho da boca, mas nunca assoprado. Foi Tadeu Souza quem se aproximou primeiro, seguido por todos os KRS que formaram um meio círculo à sua frente, como se esperassem que ela falasse algo.
— Tá namorando o Lukas Haus? — Christian perguntou de vez e sem cerimônia quando seus olhos encontraram Alexandria parada na frente do CT. Ela não teve coragem de responder e assentiu a cabeça com firmeza — Foi a única coisa que eu te pedi, Alex. Não me afastar da sua vida.— Você não tem o direito de me pedir nada, Chris — ela juntou forças para falar, forçando a sua expressão mais dura — Eu me apaixonei por ele.— Se apaixonou por Lukas Haus em dois meses, mas demorou quase um ano para ter algum sentimento por mim? — O jeito com que ele perguntou foi quase magoado, a voz trêmula de uma criança ferida.Alex se esforçou para erguer os olhos e encarar o castanho tão reconfortante dos olhos de Christian, ele estava encarando de volta, com tanta vulnerabilidade que era doloroso estender aquela conversa. Como se estivessem arrancando um curativo longo aos poucos. — Você sabe que não é verdade, mas isso é irrelevante agora. Eu quero estar com alguém que acredite no nosso futuro, que poss
Alex teve que parar a Scooter antes mesmo de sair das dependências do Centro de Treinamento. As lágrimas jorrando dolorosamente pelos olhos estavam deixando sua visão turva e embaçada dentro do capacete apertado. Uma dor lancinante atravessava seu peito, impossível de ignorar, quando a imagem de Christian Peña com os olhos desesperados se materializou na sua cabeça.Por que ele ainda mexia tanto com ela? Por que ela se importava? Não conseguia parar de pensar nem por um segundo enquanto soluçava como uma criança. Era a terceira vez que estava chorando nos últimos anos e era a terceira vez que mantinha o rosto dele nos pensamentos enquanto chorava. Alexandria respirou fundo, tentando se recompor, mas a dor no peito ainda estava lá, um aperto sólido e cruel. Ela apertou o guidão com muita força, como se a dor ou a imagem do equatoriano pudessem ir embora assim. A lembrança do concurso da Apollus surgiu como uma pequena garoa no incêndio descontrolado que estava sua mente. Por que aind
E sem que Alexandria pudesse responder algo, ela saiu em passos apressados, batendo os saltos contra o piso liso e alcançando uma escada incrivelmente branda em espiral. Alex olhou ao redor, as paredes cobertas por fotos antigas e quadros que despertavam quase nenhuma emoção nela. Os outros dois salões no térreo da galeria estavam com as portas de vidro fechadas, mas ela podia ver que não havia nenhuma outra obra exposta nele.— Senhorita — Cindy a chamou colocando o cabelo atrás da orelha com aquele mesmo olhar vidrado e esperançoso, — A senhora Bennet vai atendê-la agora.Alexandria estava um pouco trêmula enquanto subia uma quantidade quase obscena de degraus até o andar superior, sabia que a Apollus estava em crise, mas a chance de ter suas fotos expostas em uma galeria de verdade ainda fazia seu estômago revirar. No segundo em que seus pés pisaram a sala de reuniões, Agnes Bennet olhou para ela por cima dos óculos de grau com armações enormes e sorriu. Ela era bonita e jovem e A
(19/03/2024)Alex esteve muito feliz no último mês. A convivência com Keegan em casa parecia estar destinada a acontecer e não existia um motivo sequer para ela reclamar de dividir o teto com seu melhor amigo. O relacionamento com Lukas era confortável e mais firme a cada dia que passava, Alex gostava disso, da certeza que ele tinha de que queria ficar com ela. Ainda não tinha recebido nenhum retorno da Apollus, mas gostava do seu novo trabalho de fotografar modelos e coleções de Lauren na LaHu. Apesar de não ser exatamente o que queria, era bom não estar perto de Christian ou Teddy por um tempo.Alexandria deixou a câmera pendurada no pescoço quando o telefone vibrou no bolso da jaqueta, afastando os pensamentos que a invadiam a cada clique da câmera fotográfica. Harry: “Tudo certo para hoje?”O Keegs te entregou a credencial?”A mensagem de Harry Zhao fez o corpo de Alexandria ceder sobre o puff vermelho do estúdio que Laurie montou. Estava fotografando uma coleção de vestidos de
O vestiário do King’s Road Soldiers estava silencioso depois da derrota por 2x0. Pelo menos ninguém estava culpando Keegan daquela vez, afinal, se não fosse ele, esse placar seria muito maior. Christian estava com a cabeça entre as mãos, a camisa enroscada em seu pescoço e um lembrete de todas as bolas defendidas pelo goleiro adversário martelando no cérebro, o cansaço o impedindo de se mover até o chuveiro enquanto ouvia Afonso se lamuriar do gol contra que marcou no início da partida e sendo consolado por Lukas. Teddy Tapper estava resmungando como esse resultado era inadmissível aos berros, buscando culpado, quando todos sabiam que o time inteiro, com exceção do goleiro e de Harry Zhao, tinha sido um lixo naquela partida. Ele não encarou o treinador, estava há mais de um mês evitando ao máximo o contato visual com o homem, se sentia estranho olhando nos olhos dele, porque, quando encarava as orbes azuis do belga, sua mente o levava para a fotógrafa, que ele não via desde que el