Teddy Tapper estava sentado na mesa da cozinha quando Alexandria adentrou a casa. Ele ainda estava com o uniforme que usara durante toda a manhã, os dedos se moviam frenéticos contra a tela do celular, e quem visse a cena, sem olhar para seu rosto, teria certeza de que ele estava em uma discussão acirrada, mas Alex podia vê-lo sorrir para o aparelho, um sorriso diferente dos que ela estava acostumada a vê-lo dar, o sorriso de quem está com borboletas no estômago.Alex se sentiu um pouco estranha com a cena. Ver o próprio pai, possivelmente, flertando com alguém no telefone era, no mínimo, desconfortável, mas ela não tinha do que reclamar. Teddy era solteiro, tinha menos de cinquenta anos e ela nunca esperou que ele mantivesse um voto de castidade e nem nada do tipo. O sorriso morreu no rosto de Teddy quando seus olhos azuis encontraram os de Alexandria, que o observava, parada no batente da cozinha. Ele bloqueou o telefone, deixando-o sobre a bancada com a tela para baixo. — Tem uma
Teddy percebeu que Alex estava falando mais consigo mesma do que com ele e esperou até que ela terminasse para abrir a boca.— Eu sempre acreditei no amor, querida, mas perdi a fé nele durante um tempo — falou, entre goles do chá quente. — Acho que foi por isso que eu quis te dar a urna. Apagar sua mãe da minha vida, se livrar de vez de um capítulo, sabe? — Ela assentiu e ele continuou — Eu conheci alguém que me fez recuperar a fé no amor, Alex. Eu sugiro que você procure alguém que te faça acreditar nele.Os olhos esmeralda de Lukas Haus brilharam em seu cérebro e uma pitada de desapontamento a preencheu. Durante o último ano inteiro, teve certeza de que, se um dia fosse amar alguém, definitivamente seria Christian Peña, mas lá estava ela, pensando nas orbes hipnotizantes do belga. — Eu acho que eu conheci alguém que está disposto a me fazer acreditar — ela falou, em um quase sussurro — E talvez eu esteja disposta a tentar com ele. A tentar uma coisa séria. Deixar o Theo no passado
Faltava pouco mais de cinquenta minutos para Alex chegar e Lukas já tinha uma quantidade obscena de queijo mussarela ralado, pelo processador, sobre uma tábua, dividindo espaço com tiras de bacon, folhas de rúcula e azeitonas, compradas já cortadas em rodelas. As caixas de pizzas congeladas de marguerita já estavam no lixo e as massas dentro de assadeiras, prontas para serem remodeladas e irem para o forno. Ele sorriu quando colocou as pizzas no forno elétrico, correndo para o banheiro em seguida para tomar o melhor banho da sua vida e escovar os dentes por duas vezes seguidas. Lukas provou meia dúzia de camisas, optando, no fim das contas, por um suéter bege escuro com botões sob a discreta gola em “V”. Alex: “Chego em cinco minutos” Lukas Haus:“Estou ansioso”A mensagem de Alexandria o fez correr. Pegou duas taças de coquetel no armário e serviu uma versão de Mocktail de morango e hortelã não alcoólica que tinha visto na internet, colocando-as sobre uma bandeja decorada c
— Não é possível — resmungou, passando os dedos pela nuca repentinamente e rodando no próprio eixo, encarando cada canto do apartamento.Alex o encarou, um pouco assustada, deixando de lado as frutas para prestar atenção no jogador, com anéis de guardanapo nas mãos e com os olhos verdes arregalados em sobressalto. — O que foi? — Seus olhos correram pelas mãos dele, buscando um corte improvável ou uma taça caída ao chão.— Eu não tenho uma lareira — ele falou irritado, olhando por toda a sala, como se encarar cada parede branca do cômodo fosse fazer uma lareira de pedras se materializar ali de repente.— Lareira? — Alexandria franziu o cenho para ele, estava, de fato, frio, mas o frio comum de Londres, o qual ambos já estavam adaptados. — Para que você quer uma lareira, Haus? Não me diga que pretende queimar marshmallows. Ele riu, não respondeu de imediato, ao invés disso, girou os calcanhares para pegar um conjunto de cinco tigelas cinzas de formatos irregulares num armário alto at
Teddy Tapper podia esperar qualquer coisa vinda de Alexandria pela manhã: um bom dia genérico e raso, um sorriso alegre, uma feição de mau humor, até mesmo uma grosseria que ele julgaria como gratuita por um momento antes de refletir o que tinha feito para merecer aquilo, só não conseguia esperar que, quando batesse na porta da filha, uma voz masculina de sotaque espanhol respondesse.— Pode entrar — disse o rapaz.Ele também não esperava ver Harry Zhao jogado no tapete ao lado da cama, ou Lauren Hummels, pelo menos não àquela hora, rabiscando um papel apoiado em uma prancheta rosa choque, muito menos Andrew Skögen nos pés da cama, onde Alexandria estava deitada nas pernas de Keegan Asper.Teddy parou por um segundo, encarando cada um dos seus jogadores ali e mantendo o olhar fixo em Harry por fim.— Vocês não deveriam estar indo para o CT? — perguntou sem uma nota de confusão na voz, mesmo que o semblante parecesse extremamente chocado.— Não se preocupe, Sr. Tapper. Estaremos lá no
Uma daquelas estações culturais estava sintonizada, daquelas que te dão dicas do que ver no cinema ou teatro, citam frases famosas e te forçam a pensar num dilema moral durante todo o dia. Havia uma música clássica tocada por saxofone preenchendo a cozinha e, assim que ela acabou, um radialista com voz grave anunciou a frase daquela manhã.“Com o amor consegue-se viver mesmo sem felicidade.” Outra música antiga voltou a tocar e Andrew ergueu os olhos para Harry na mesma hora, os dois estavam sorrindo, como se compartilhassem um segredo. — Isso é… — Drew começou a falar, com o rosto corando. — Dostoievski — Harry completou — Eu sei, meu amor. Eu sou capaz de identificar cada frase dele só por sua causa. Vocês dois me mudaram no primeiro dia que eu te vi. — E foi assim que eu conheci seu pai, jovem Regie — Keegan imitou a voz de um idoso, olhando para o nada e acariciando os cabelos de uma criança imaginária.— Regie? — Andrew tinha um semblante desgostoso no rosto.— É o nome do Elt
”As mulheres querem saber se o jogador favorito delas está bonito, Alex.”Alexandria bateu a porta do escritório da equipe de marketing quando Carl completou a frase, ignorando os insistentes chamados de Cole pelo seu nome. Estava cada dia mais próxima de surtar e pedir demissão, e para confirmar a teoria de que “nada é tão ruim que não possa piorar”, quando virou o corredor para subir até sua sala e se trancar lá pelo resto do dia, sentiu seu corpo se chocar com outro vindo na direção contrária.— Eu sinto muito. — A voz de Christian Peña ecoou em seu ouvido antes que ela pudesse se desvencilhar dos braços dele que a seguraram. — Alex? O que aconteceu?Alexandria o empurrou para longe de si. Não queria mais sentir o toque dele em seu corpo, mesmo que acidental.Estava com raiva da equipe de marketing e, mesmo que estivesse indo muito bem com a tarefa de pensar o mínimo possível em Christian Peña, estava com raiva dele. — Não é da sua conta — respondeu rude.— Cariño… — sua voz era d
— A minha mãe quer que eu faça uma merda de aula de valsa — a voz nasalada de Tony DuBois fez Andrew rolar os olhos. — Agora me diz, para que porra? Para a menininha que ela chama de “professor” ter uma desculpa para passar a mão em mim?Jaden viu quando Andrew fez uma careta de nojo e começou a bater os pés no chão, inquieto. Se sentia péssimo desde a última vez que conversaram e sabia que era tudo culpa sua. Ele não queria julgar o amigo, ele amava Andrew do jeito que era, mas se sentia completamente imbecil por não ter sido capaz de falar aquilo quando o norueguês precisou.— Eu acho que uma mulher não tocaria em você nem que ela fosse paga para isso, imagina um cara tendo, sei lá, Luke Evans e Ricky Martin como exemplo de beleza. — Jaden Ramsey falou sem levantar do banco em que estava sentado. — Acha mesmo que você seria atraente para ele?— Ficou ofendidinho, Ramsey? Sua namorada sabe que você tem apreço pelos…— Escolhe as próximas palavras com muito cuidado, Tony — ele levanto