(14/02/23)Já tinha se passado um dia inteiro, mas Alexandria ainda sentia a sensação dos lábios de Lukas Haus nos seus e sua pele inteira se arrepiava meramente com a lembrança dos dedos do belga em sua pele. Sentia-se estranha e quase fora de si, era uma euforia diferente da que costumava sentir com o equatoriano, não precisava esconder o que começava a sentir por Lukas. Os treinos não tinham sido tão produtivos naquela tarde, mesmo Teddy tendo liberado a manhã inteira para os seus jogadores curarem a ressaca da festa, eles ainda pareciam lentos e cansados. Seu pai já tinha encerrado o treino com a maioria do time, alguns ainda estavam lá, treinando pênaltis, quando ela saiu do campo para o escritório e os corredores do Centro de Treinamento estavam vazios.Já vivera sua humilhação do dia ao entrar no escritório e se deparar com um buquê de rosas vermelhas, uma arara azul de pelúcia e uma caixa enorme de chocolates sem lactose. Ela não se deu ao trabalho de virar o cartão quando o
Foi ali, ouvindo mais uma frase que ressoaria por si todos os dias da sua vida e sentindo seu coração estilhaçar, que Alexandria finalmente admitiu para si mesma. Tinha se apaixonado por Christian Peña, mas ele não sentia o mesmo.— Você não deveria estar treinando cobranças de pênaltis? — A voz de Carlos Lopez rompeu o contato visual entre eles, e a brasileira sentiu um peso gigante sair dos seus ombros. Desmoronaria se tivesse que encarar o equatoriano por mais um segundo.Ele não disse mais nada, encarou o capitão e assentiu antes de dar meia volta sem direito a um último olhar e sumir pelo corredor que dava acesso ao campo de treinamento.Alex suspirou. A dor que queimava cada parte do seu corpo não era física, mas ela preferia que fosse. As palavras de Christian pulavam como uma maldita bola de tênis entre seu cérebro e coração. “Você e eu, nunca deveria ter acontecido”. Seus punhos estavam cerrados enquanto as unhas apertavam as palmas com força, uma tentativa estúpida de prende
A Black Coffee era muito mais vazia durante a noite e Alexandria estava muito confortável sentada em um dos puffs no mezanino com o computador sobre as pernas e o mesmo cappuccino de canela que Lukas Haus lhe dera há algum tempo. No fone, What a Time, da Julia Michaels com o Niall Horan, tocava no volume máximo, que vem junto com um aviso ao possível prejuízo à audição.Sua playlist das músicas antigas, e com antigas, estamos falando de Take Me Home para trás, do One Direction, já tinha acabado àquela altura e o aplicativo estava em modo aleatório. Já tinha terminado os retoques da campanha do desodorante e agora estava esperando um dos rapazes da equipe de marketing enviar os detalhes do retorno de Tadeu enquanto removia os cones e bolas jogados no gramado ao fundo de uma foto do brasileiro.Seu celular vibrou e ela olhou a barra de notificação de má vontade. “Você foi adicionado ao grupo: How To Get Away With A Murder”Alexandria gargalhou. Alessandro Albuquerque, Coral Alencar,
Teddy Tapper estava sentado na mesa da cozinha quando Alexandria adentrou a casa. Ele ainda estava com o uniforme que usara durante toda a manhã, os dedos se moviam frenéticos contra a tela do celular, e quem visse a cena, sem olhar para seu rosto, teria certeza de que ele estava em uma discussão acirrada, mas Alex podia vê-lo sorrir para o aparelho, um sorriso diferente dos que ela estava acostumada a vê-lo dar, o sorriso de quem está com borboletas no estômago.Alex se sentiu um pouco estranha com a cena. Ver o próprio pai, possivelmente, flertando com alguém no telefone era, no mínimo, desconfortável, mas ela não tinha do que reclamar. Teddy era solteiro, tinha menos de cinquenta anos e ela nunca esperou que ele mantivesse um voto de castidade e nem nada do tipo. O sorriso morreu no rosto de Teddy quando seus olhos azuis encontraram os de Alexandria, que o observava, parada no batente da cozinha. Ele bloqueou o telefone, deixando-o sobre a bancada com a tela para baixo. — Tem uma
Teddy percebeu que Alex estava falando mais consigo mesma do que com ele e esperou até que ela terminasse para abrir a boca.— Eu sempre acreditei no amor, querida, mas perdi a fé nele durante um tempo — falou, entre goles do chá quente. — Acho que foi por isso que eu quis te dar a urna. Apagar sua mãe da minha vida, se livrar de vez de um capítulo, sabe? — Ela assentiu e ele continuou — Eu conheci alguém que me fez recuperar a fé no amor, Alex. Eu sugiro que você procure alguém que te faça acreditar nele.Os olhos esmeralda de Lukas Haus brilharam em seu cérebro e uma pitada de desapontamento a preencheu. Durante o último ano inteiro, teve certeza de que, se um dia fosse amar alguém, definitivamente seria Christian Peña, mas lá estava ela, pensando nas orbes hipnotizantes do belga. — Eu acho que eu conheci alguém que está disposto a me fazer acreditar — ela falou, em um quase sussurro — E talvez eu esteja disposta a tentar com ele. A tentar uma coisa séria. Deixar o Theo no passado
Faltava pouco mais de cinquenta minutos para Alex chegar e Lukas já tinha uma quantidade obscena de queijo mussarela ralado, pelo processador, sobre uma tábua, dividindo espaço com tiras de bacon, folhas de rúcula e azeitonas, compradas já cortadas em rodelas. As caixas de pizzas congeladas de marguerita já estavam no lixo e as massas dentro de assadeiras, prontas para serem remodeladas e irem para o forno. Ele sorriu quando colocou as pizzas no forno elétrico, correndo para o banheiro em seguida para tomar o melhor banho da sua vida e escovar os dentes por duas vezes seguidas. Lukas provou meia dúzia de camisas, optando, no fim das contas, por um suéter bege escuro com botões sob a discreta gola em “V”. Alex: “Chego em cinco minutos” Lukas Haus:“Estou ansioso”A mensagem de Alexandria o fez correr. Pegou duas taças de coquetel no armário e serviu uma versão de Mocktail de morango e hortelã não alcoólica que tinha visto na internet, colocando-as sobre uma bandeja decorada c
— Não é possível — resmungou, passando os dedos pela nuca repentinamente e rodando no próprio eixo, encarando cada canto do apartamento.Alex o encarou, um pouco assustada, deixando de lado as frutas para prestar atenção no jogador, com anéis de guardanapo nas mãos e com os olhos verdes arregalados em sobressalto. — O que foi? — Seus olhos correram pelas mãos dele, buscando um corte improvável ou uma taça caída ao chão.— Eu não tenho uma lareira — ele falou irritado, olhando por toda a sala, como se encarar cada parede branca do cômodo fosse fazer uma lareira de pedras se materializar ali de repente.— Lareira? — Alexandria franziu o cenho para ele, estava, de fato, frio, mas o frio comum de Londres, o qual ambos já estavam adaptados. — Para que você quer uma lareira, Haus? Não me diga que pretende queimar marshmallows. Ele riu, não respondeu de imediato, ao invés disso, girou os calcanhares para pegar um conjunto de cinco tigelas cinzas de formatos irregulares num armário alto at
Teddy Tapper podia esperar qualquer coisa vinda de Alexandria pela manhã: um bom dia genérico e raso, um sorriso alegre, uma feição de mau humor, até mesmo uma grosseria que ele julgaria como gratuita por um momento antes de refletir o que tinha feito para merecer aquilo, só não conseguia esperar que, quando batesse na porta da filha, uma voz masculina de sotaque espanhol respondesse.— Pode entrar — disse o rapaz.Ele também não esperava ver Harry Zhao jogado no tapete ao lado da cama, ou Lauren Hummels, pelo menos não àquela hora, rabiscando um papel apoiado em uma prancheta rosa choque, muito menos Andrew Skögen nos pés da cama, onde Alexandria estava deitada nas pernas de Keegan Asper.Teddy parou por um segundo, encarando cada um dos seus jogadores ali e mantendo o olhar fixo em Harry por fim.— Vocês não deveriam estar indo para o CT? — perguntou sem uma nota de confusão na voz, mesmo que o semblante parecesse extremamente chocado.— Não se preocupe, Sr. Tapper. Estaremos lá no