Jay se desculpou e Alex franziu o cenho levemente, erguendo seu copo na direção dele, como se propusesse um brinde. — Aos vinte e cinco anos de uma das pessoas mais incríveis que eu já conheci — ele sorriu.— Não — falou baixo, dando uma pausa teatral, como se precisasse pensar no que queria falar — Que tal ao puta babaca que o Christian é? — ela assentiu sozinha, sabia que o britânico comentaria algo com o outro e, no fundo, era, provavelmente, isso que ela queria. — É, um brinde ao puta babaca do Christian — Alex bateu seu copo contra o de Jaden antes que ele pudesse raciocinar o que tinha acabado de acontecer.Alexandria virou o líquido transparente e extremamente amargo na boca, o gosto de ervas invadiu seu paladar e ela fez uma careta, deixando o copo vazio sobre a bandeja de um garçom que passava e seguindo seu caminho até o andar de cima.23:46. Alex grunhiu. Talvez devesse descer e virar mais algumas doses do absinto que tomara há alguns minutos, já que, segundo o Google, seu
Christian Peña estava se sentindo miserável e decadente naquela noite, sentado diante da tela do videogame e clicando nos botões da forma mais mecânica possível, quase robotizado, se sentia um merda, mesmo tendo marcado dois gols horas antes. Era aniversário de Alexandria, ele tinha sido convidado por Teddy, tinha até um presente comprado meses antes, mas depois dela ter dado um ponto final na relação deles, Christian se recusaria até mesmo a dar os parabéns à fotógrafa. Tinha uma parte de si que sentia a infantilidade extrema em toda aquela situação, mas fazia bem para o seu ego e tudo que ele mais queria agora era massagear o próprio ego. Imediatamente ao seu lado, uma caixinha dourada com um laço azul, do mesmo exato tom que os olhos de Alexandria, preso acima, refletia na sua visão periférica. Tinha uma câmera antiga ali dentro, e apesar de ele não ter nenhuma certeza de que ela funcionava, sabia que Alex adoraria o presente. Seu telefone tocou, há alguns centímetros de si, jog
Harry Zhao estava andando de um lado para o outro enquanto resmungava sozinho algo que Andrew não conseguia compreender, para ser sincero, ele sequer queria. Tinha ouvido uma semi-palestra na última hora sobre como o futebol era machista, homofóbico, e uma outra dezena de palavras que o norueguês não estava com a menor vontade de refletir sobre.Ele não discordava do namorado, muito pelo contrário, mas estava com uma ressaca infernal depois de ter bebido doses e mais doses de drinks diferentes na noite anterior e a aspirina que tomara há pouco mais de meia hora, ou não tinha feito efeito ainda, ou não iria fazer.— Dá pra falar mais baixo? — ele resmungou e não fazia ideia de como Harry não estava tão mal quanto ele, afinal, o egípcio tinha bebido tanto quanto, ou ainda mais do que o zagueiro. — Minha cabeça vai explodir a qualquer momento.— Quando eu acordei hoje, eu vi um post no Instagram — Harry diminuiu o volume da voz, mas não parou de falar, que era o que o norueguês realmente
(14/02/23)Já tinha se passado um dia inteiro, mas Alexandria ainda sentia a sensação dos lábios de Lukas Haus nos seus e sua pele inteira se arrepiava meramente com a lembrança dos dedos do belga em sua pele. Sentia-se estranha e quase fora de si, era uma euforia diferente da que costumava sentir com o equatoriano, não precisava esconder o que começava a sentir por Lukas. Os treinos não tinham sido tão produtivos naquela tarde, mesmo Teddy tendo liberado a manhã inteira para os seus jogadores curarem a ressaca da festa, eles ainda pareciam lentos e cansados. Seu pai já tinha encerrado o treino com a maioria do time, alguns ainda estavam lá, treinando pênaltis, quando ela saiu do campo para o escritório e os corredores do Centro de Treinamento estavam vazios.Já vivera sua humilhação do dia ao entrar no escritório e se deparar com um buquê de rosas vermelhas, uma arara azul de pelúcia e uma caixa enorme de chocolates sem lactose. Ela não se deu ao trabalho de virar o cartão quando o
Foi ali, ouvindo mais uma frase que ressoaria por si todos os dias da sua vida e sentindo seu coração estilhaçar, que Alexandria finalmente admitiu para si mesma. Tinha se apaixonado por Christian Peña, mas ele não sentia o mesmo.— Você não deveria estar treinando cobranças de pênaltis? — A voz de Carlos Lopez rompeu o contato visual entre eles, e a brasileira sentiu um peso gigante sair dos seus ombros. Desmoronaria se tivesse que encarar o equatoriano por mais um segundo.Ele não disse mais nada, encarou o capitão e assentiu antes de dar meia volta sem direito a um último olhar e sumir pelo corredor que dava acesso ao campo de treinamento.Alex suspirou. A dor que queimava cada parte do seu corpo não era física, mas ela preferia que fosse. As palavras de Christian pulavam como uma maldita bola de tênis entre seu cérebro e coração. “Você e eu, nunca deveria ter acontecido”. Seus punhos estavam cerrados enquanto as unhas apertavam as palmas com força, uma tentativa estúpida de prende
A Black Coffee era muito mais vazia durante a noite e Alexandria estava muito confortável sentada em um dos puffs no mezanino com o computador sobre as pernas e o mesmo cappuccino de canela que Lukas Haus lhe dera há algum tempo. No fone, What a Time, da Julia Michaels com o Niall Horan, tocava no volume máximo, que vem junto com um aviso ao possível prejuízo à audição.Sua playlist das músicas antigas, e com antigas, estamos falando de Take Me Home para trás, do One Direction, já tinha acabado àquela altura e o aplicativo estava em modo aleatório. Já tinha terminado os retoques da campanha do desodorante e agora estava esperando um dos rapazes da equipe de marketing enviar os detalhes do retorno de Tadeu enquanto removia os cones e bolas jogados no gramado ao fundo de uma foto do brasileiro.Seu celular vibrou e ela olhou a barra de notificação de má vontade. “Você foi adicionado ao grupo: How To Get Away With A Murder”Alexandria gargalhou. Alessandro Albuquerque, Coral Alencar,
Teddy Tapper estava sentado na mesa da cozinha quando Alexandria adentrou a casa. Ele ainda estava com o uniforme que usara durante toda a manhã, os dedos se moviam frenéticos contra a tela do celular, e quem visse a cena, sem olhar para seu rosto, teria certeza de que ele estava em uma discussão acirrada, mas Alex podia vê-lo sorrir para o aparelho, um sorriso diferente dos que ela estava acostumada a vê-lo dar, o sorriso de quem está com borboletas no estômago.Alex se sentiu um pouco estranha com a cena. Ver o próprio pai, possivelmente, flertando com alguém no telefone era, no mínimo, desconfortável, mas ela não tinha do que reclamar. Teddy era solteiro, tinha menos de cinquenta anos e ela nunca esperou que ele mantivesse um voto de castidade e nem nada do tipo. O sorriso morreu no rosto de Teddy quando seus olhos azuis encontraram os de Alexandria, que o observava, parada no batente da cozinha. Ele bloqueou o telefone, deixando-o sobre a bancada com a tela para baixo. — Tem uma
Teddy percebeu que Alex estava falando mais consigo mesma do que com ele e esperou até que ela terminasse para abrir a boca.— Eu sempre acreditei no amor, querida, mas perdi a fé nele durante um tempo — falou, entre goles do chá quente. — Acho que foi por isso que eu quis te dar a urna. Apagar sua mãe da minha vida, se livrar de vez de um capítulo, sabe? — Ela assentiu e ele continuou — Eu conheci alguém que me fez recuperar a fé no amor, Alex. Eu sugiro que você procure alguém que te faça acreditar nele.Os olhos esmeralda de Lukas Haus brilharam em seu cérebro e uma pitada de desapontamento a preencheu. Durante o último ano inteiro, teve certeza de que, se um dia fosse amar alguém, definitivamente seria Christian Peña, mas lá estava ela, pensando nas orbes hipnotizantes do belga. — Eu acho que eu conheci alguém que está disposto a me fazer acreditar — ela falou, em um quase sussurro — E talvez eu esteja disposta a tentar com ele. A tentar uma coisa séria. Deixar o Theo no passado