Alex passou ambos os braços pelo pescoço do rapaz, que imediatamente agarrou a cintura dela como se a vida dele dependesse disso. Ninguém disse nada por um momento. A cena tinha um ar visceral e íntimo demais para ser interrompida. Quando o azul frio dos olhos dela encontrou o castanho médio dos dele, o rapaz juntou as testas deles e suspirou tão profundamente, ele também parecia ter se livrado de um peso. — Eu senti tanto a sua falta, Vilela — Alessandro falou baixinho.— Eu senti a sua, Albuquerque. Alex agarrou o cartão preso na folhagem do seu buquê, sorrindo ainda mais abertamente quando o leu. “Eu li em algum lugar que vinte e cinco anos é a idade de buscar o que você deseja, tenha coragem, como você sempre teve, e você vai realizar todos os seus sonhos.”seu namorado de mentiraVer Alessandro a fazia lembrar de um momento da sua vida que ela queria esquecer, mas ao mesmo tempo a lembrava de uma época que se sentiu mais apoiada do que em qualquer outro momento da sua vida. A
— Nós estávamos na Colômbia — Alessandro guardou o telefone — Eu deixei o celular cair, a tela ficou cheia de terra e ficou maluco, abrindo um monte de fotos sem que eu tocasse nele, quando eu consegui limpar e fazer parar, estava nessa. — Ele encarou o desenho ainda em mãos e depois o colar — Os mineradores apareceram com essa esmeralda um minuto depois e eu imediatamente pensei em você. Foi quase no meio do nada que eu comecei a desenhar a coleção. Inspirado em você, em vocês quatro. — Isso é, provavelmente, uma das coisas mais incríveis que alguém já fez por mim. Você sempre fez coisas incríveis por mim.— Você gosta de dizer isso, que eu te salvei, mas Alex, você nunca precisou ser salva. Foi a sua amizade que me salvou, me salvou de ser um merda igual a ele. — Ele não precisava citar nomes para ela entender que estava falando de Theo Moura. Alessandro coçou a garganta para se recompor. — Entreguei um par de brincos escandalosos de rubi à Vênus há alguns dias e assim que eu volta
O jogo tinha sido melhor do que qualquer um deles podia esperar, a vitória certa de 3x0 veio ainda no primeiro tempo de dominação pura com Andrew abrindo o placar aos 11 minutos, numa cabeçada perfeita em direção ao chão. Thomas White ampliou, cobrando uma falta próxima da grande área, cometida sobre ele mesmo aos 24 minutos. A euforia em seu rosto, formando um “O” perfeito quando a bola passou sobre a barreira acertando o ângulo direito do gol, foi a foto preferida que Alex fez naquele dia. Foi Tony DuBois quem marcou o terceiro gol, já nos acréscimos do primeiro tempo, faltando poucos segundos para voltarem ao vestiário, depois de uma assistência fantástica vinda do calcanhar de Lukas Haus, e assim que a bola tocou nas redes e enquanto Tony corria em sua direção para abraçá-lo, o belga fez questão de se virar para a lateral do campo em que Alexandria estava e piscar um dos olhos esmeraldas para ela. O ritmo diminuiu no segundo tempo, mas a posse de bola de 63% ainda indicava a do
Jay se desculpou e Alex franziu o cenho levemente, erguendo seu copo na direção dele, como se propusesse um brinde. — Aos vinte e cinco anos de uma das pessoas mais incríveis que eu já conheci — ele sorriu.— Não — falou baixo, dando uma pausa teatral, como se precisasse pensar no que queria falar — Que tal ao puta babaca que o Christian é? — ela assentiu sozinha, sabia que o britânico comentaria algo com o outro e, no fundo, era, provavelmente, isso que ela queria. — É, um brinde ao puta babaca do Christian — Alex bateu seu copo contra o de Jaden antes que ele pudesse raciocinar o que tinha acabado de acontecer.Alexandria virou o líquido transparente e extremamente amargo na boca, o gosto de ervas invadiu seu paladar e ela fez uma careta, deixando o copo vazio sobre a bandeja de um garçom que passava e seguindo seu caminho até o andar de cima.23:46. Alex grunhiu. Talvez devesse descer e virar mais algumas doses do absinto que tomara há alguns minutos, já que, segundo o Google, seu
Christian Peña estava se sentindo miserável e decadente naquela noite, sentado diante da tela do videogame e clicando nos botões da forma mais mecânica possível, quase robotizado, se sentia um merda, mesmo tendo marcado dois gols horas antes. Era aniversário de Alexandria, ele tinha sido convidado por Teddy, tinha até um presente comprado meses antes, mas depois dela ter dado um ponto final na relação deles, Christian se recusaria até mesmo a dar os parabéns à fotógrafa. Tinha uma parte de si que sentia a infantilidade extrema em toda aquela situação, mas fazia bem para o seu ego e tudo que ele mais queria agora era massagear o próprio ego. Imediatamente ao seu lado, uma caixinha dourada com um laço azul, do mesmo exato tom que os olhos de Alexandria, preso acima, refletia na sua visão periférica. Tinha uma câmera antiga ali dentro, e apesar de ele não ter nenhuma certeza de que ela funcionava, sabia que Alex adoraria o presente. Seu telefone tocou, há alguns centímetros de si, jog
Harry Zhao estava andando de um lado para o outro enquanto resmungava sozinho algo que Andrew não conseguia compreender, para ser sincero, ele sequer queria. Tinha ouvido uma semi-palestra na última hora sobre como o futebol era machista, homofóbico, e uma outra dezena de palavras que o norueguês não estava com a menor vontade de refletir sobre.Ele não discordava do namorado, muito pelo contrário, mas estava com uma ressaca infernal depois de ter bebido doses e mais doses de drinks diferentes na noite anterior e a aspirina que tomara há pouco mais de meia hora, ou não tinha feito efeito ainda, ou não iria fazer.— Dá pra falar mais baixo? — ele resmungou e não fazia ideia de como Harry não estava tão mal quanto ele, afinal, o egípcio tinha bebido tanto quanto, ou ainda mais do que o zagueiro. — Minha cabeça vai explodir a qualquer momento.— Quando eu acordei hoje, eu vi um post no Instagram — Harry diminuiu o volume da voz, mas não parou de falar, que era o que o norueguês realmente
(14/02/23)Já tinha se passado um dia inteiro, mas Alexandria ainda sentia a sensação dos lábios de Lukas Haus nos seus e sua pele inteira se arrepiava meramente com a lembrança dos dedos do belga em sua pele. Sentia-se estranha e quase fora de si, era uma euforia diferente da que costumava sentir com o equatoriano, não precisava esconder o que começava a sentir por Lukas. Os treinos não tinham sido tão produtivos naquela tarde, mesmo Teddy tendo liberado a manhã inteira para os seus jogadores curarem a ressaca da festa, eles ainda pareciam lentos e cansados. Seu pai já tinha encerrado o treino com a maioria do time, alguns ainda estavam lá, treinando pênaltis, quando ela saiu do campo para o escritório e os corredores do Centro de Treinamento estavam vazios.Já vivera sua humilhação do dia ao entrar no escritório e se deparar com um buquê de rosas vermelhas, uma arara azul de pelúcia e uma caixa enorme de chocolates sem lactose. Ela não se deu ao trabalho de virar o cartão quando o
Foi ali, ouvindo mais uma frase que ressoaria por si todos os dias da sua vida e sentindo seu coração estilhaçar, que Alexandria finalmente admitiu para si mesma. Tinha se apaixonado por Christian Peña, mas ele não sentia o mesmo.— Você não deveria estar treinando cobranças de pênaltis? — A voz de Carlos Lopez rompeu o contato visual entre eles, e a brasileira sentiu um peso gigante sair dos seus ombros. Desmoronaria se tivesse que encarar o equatoriano por mais um segundo.Ele não disse mais nada, encarou o capitão e assentiu antes de dar meia volta sem direito a um último olhar e sumir pelo corredor que dava acesso ao campo de treinamento.Alex suspirou. A dor que queimava cada parte do seu corpo não era física, mas ela preferia que fosse. As palavras de Christian pulavam como uma maldita bola de tênis entre seu cérebro e coração. “Você e eu, nunca deveria ter acontecido”. Seus punhos estavam cerrados enquanto as unhas apertavam as palmas com força, uma tentativa estúpida de prende