Um novo silêncio, dessa vez engraçado, pairou no ar. Uma pequena parte dos jogadores parecia querer rir, outra o encarava com comoção, como se tivesse sido um lindo depoimento, mas Christian Peña só se ateve a uma única frase. “Conheci uma mulher incrível.” E essa única maldita frase fez ele rolar os olhos e expulsar qualquer empatia que pudesse sentir pelo belga naquele momento. — Então você só queria o nosso dinheiro? Belga safado — Keegan riu alto, fazendo Lukas ficar imediatamente vermelho e acertar uma cotovelada de leve na costela do goleiro.— Asper, por favor, fique à vontade para se abrir também. — Winnie dirigiu um sorriso debochado para Keegan, que pareceu afundar no tatame com as feições, repentinamente, sombrias e desanimadas. Christian sentia que aquilo estava ficando deprimente e, para ser honesto, nem sabia o que era aquilo, se sentia em um daqueles filmes adolescentes do Disney Channel ou Nickelodeon, onde os protagonistas contavam seus segredos para confirmar seus
(11/02/2023)Alexandria não se sentia diferente na manhã do seu aniversário. Na verdade, ela se sentia péssima, como no último mês inteiro, talvez sentisse a falta do equatoriano, já que eles não trocaram mais do que meros cumprimentos desde que ela colocou um ponto final na relação que eles tinham.Alex estava acostumada a ter mensagens de felicitações vindas de Christian em qualquer data comemorativa do último ano. Fosse uma imagem de uma rena animada no Natal, um gif de quadrilha de uma festa junina, que ele se preocupou em pesquisar a data, até um cartão de piada sensual no dia de São Valentim. No seu último aniversário, ele havia deixado um vídeo fofo dele tocando e cantando uma versão em espanhol de “Parabéns para você”, mas agora não havia nada, nada além do saudosismo vazio de algo que eles nunca chegaram a ter de fato. E por mais que Alexandria sentisse falta disso, algo dentro dela sentia que, a cada novo levantar, o sentimento pelo equatoriano sumia um pouco mais e de uma
Alex esticou a mão para desembrulhar o enorme retângulo azulado. Logo na parte de cima, um baú de vime abarrotado de itens de café da manhã chamava a atenção imediatamente. Pãezinhos, frutas, um pote de geleia em tamanho família, um bolinho red velvet, aparentemente feito para duas pessoas, bandejas de frios, dois croissants de chocolate, afrontando qualquer francês que pusesse os olhos ali, uma garrafa de vidro de suco de laranja, um porta-retrato com uma foto deles sentados nas arquibancadas do CT dos KRS e um mini jarro de vidro com alguns cachos, provavelmente roubados, de Buddleia.— Isso é a coisa mais incrível que alguém já fez por mim. Ela sentiu seu coração crescer no peito. Aquele gesto tinha sido um dos mais preciosos que já recebera na vida e ela sequer sabia como agradecer aquilo. Se jogou sobre o corpo do melhor amigo, deitado, passando seus braços no pescoço dele e o abraçando com mais sentimentalismo do que qualquer outra vez.— Tá, chega — Keegan disse, rindo e pux
Alex passou ambos os braços pelo pescoço do rapaz, que imediatamente agarrou a cintura dela como se a vida dele dependesse disso. Ninguém disse nada por um momento. A cena tinha um ar visceral e íntimo demais para ser interrompida. Quando o azul frio dos olhos dela encontrou o castanho médio dos dele, o rapaz juntou as testas deles e suspirou tão profundamente, ele também parecia ter se livrado de um peso. — Eu senti tanto a sua falta, Vilela — Alessandro falou baixinho.— Eu senti a sua, Albuquerque. Alex agarrou o cartão preso na folhagem do seu buquê, sorrindo ainda mais abertamente quando o leu. “Eu li em algum lugar que vinte e cinco anos é a idade de buscar o que você deseja, tenha coragem, como você sempre teve, e você vai realizar todos os seus sonhos.”seu namorado de mentiraVer Alessandro a fazia lembrar de um momento da sua vida que ela queria esquecer, mas ao mesmo tempo a lembrava de uma época que se sentiu mais apoiada do que em qualquer outro momento da sua vida. A
— Nós estávamos na Colômbia — Alessandro guardou o telefone — Eu deixei o celular cair, a tela ficou cheia de terra e ficou maluco, abrindo um monte de fotos sem que eu tocasse nele, quando eu consegui limpar e fazer parar, estava nessa. — Ele encarou o desenho ainda em mãos e depois o colar — Os mineradores apareceram com essa esmeralda um minuto depois e eu imediatamente pensei em você. Foi quase no meio do nada que eu comecei a desenhar a coleção. Inspirado em você, em vocês quatro. — Isso é, provavelmente, uma das coisas mais incríveis que alguém já fez por mim. Você sempre fez coisas incríveis por mim.— Você gosta de dizer isso, que eu te salvei, mas Alex, você nunca precisou ser salva. Foi a sua amizade que me salvou, me salvou de ser um merda igual a ele. — Ele não precisava citar nomes para ela entender que estava falando de Theo Moura. Alessandro coçou a garganta para se recompor. — Entreguei um par de brincos escandalosos de rubi à Vênus há alguns dias e assim que eu volta
O jogo tinha sido melhor do que qualquer um deles podia esperar, a vitória certa de 3x0 veio ainda no primeiro tempo de dominação pura com Andrew abrindo o placar aos 11 minutos, numa cabeçada perfeita em direção ao chão. Thomas White ampliou, cobrando uma falta próxima da grande área, cometida sobre ele mesmo aos 24 minutos. A euforia em seu rosto, formando um “O” perfeito quando a bola passou sobre a barreira acertando o ângulo direito do gol, foi a foto preferida que Alex fez naquele dia. Foi Tony DuBois quem marcou o terceiro gol, já nos acréscimos do primeiro tempo, faltando poucos segundos para voltarem ao vestiário, depois de uma assistência fantástica vinda do calcanhar de Lukas Haus, e assim que a bola tocou nas redes e enquanto Tony corria em sua direção para abraçá-lo, o belga fez questão de se virar para a lateral do campo em que Alexandria estava e piscar um dos olhos esmeraldas para ela. O ritmo diminuiu no segundo tempo, mas a posse de bola de 63% ainda indicava a do
Jay se desculpou e Alex franziu o cenho levemente, erguendo seu copo na direção dele, como se propusesse um brinde. — Aos vinte e cinco anos de uma das pessoas mais incríveis que eu já conheci — ele sorriu.— Não — falou baixo, dando uma pausa teatral, como se precisasse pensar no que queria falar — Que tal ao puta babaca que o Christian é? — ela assentiu sozinha, sabia que o britânico comentaria algo com o outro e, no fundo, era, provavelmente, isso que ela queria. — É, um brinde ao puta babaca do Christian — Alex bateu seu copo contra o de Jaden antes que ele pudesse raciocinar o que tinha acabado de acontecer.Alexandria virou o líquido transparente e extremamente amargo na boca, o gosto de ervas invadiu seu paladar e ela fez uma careta, deixando o copo vazio sobre a bandeja de um garçom que passava e seguindo seu caminho até o andar de cima.23:46. Alex grunhiu. Talvez devesse descer e virar mais algumas doses do absinto que tomara há alguns minutos, já que, segundo o Google, seu
Christian Peña estava se sentindo miserável e decadente naquela noite, sentado diante da tela do videogame e clicando nos botões da forma mais mecânica possível, quase robotizado, se sentia um merda, mesmo tendo marcado dois gols horas antes. Era aniversário de Alexandria, ele tinha sido convidado por Teddy, tinha até um presente comprado meses antes, mas depois dela ter dado um ponto final na relação deles, Christian se recusaria até mesmo a dar os parabéns à fotógrafa. Tinha uma parte de si que sentia a infantilidade extrema em toda aquela situação, mas fazia bem para o seu ego e tudo que ele mais queria agora era massagear o próprio ego. Imediatamente ao seu lado, uma caixinha dourada com um laço azul, do mesmo exato tom que os olhos de Alexandria, preso acima, refletia na sua visão periférica. Tinha uma câmera antiga ali dentro, e apesar de ele não ter nenhuma certeza de que ela funcionava, sabia que Alex adoraria o presente. Seu telefone tocou, há alguns centímetros de si, jog