(08/02/2023)Tinham sido semanas cansativas para os KRS, o intervalo entre os jogos estava bem menor agora que a Copa da Liga tinha começado e Andrew estava se sentindo à beira de um colapso por exaustão, mesmo o time estando de folga naquela quarta. O jogo da noite anterior tinha acabado em um empate desgostoso para o zagueiro e eles tinham outra partida importante no sábado, por isso, Andrew se encontrava jogado contra o lençol, com uma estampa geométrica e colorida, da sua cama. O camisa 4 mal conseguia mover as pernas e nenhuma massagem no mundo parecia capaz de fazer suas panturrilhas pararem de arder como se ele estivesse andando nas pontas dos pés.Harry, ao contrário dele, descansava deitado ao seu lado como se nenhuma preocupação no mundo o assombrasse, claro que não, o fatídico 3x3 do dia passado tinha contado com um entrosamento fantástico entre ele e Christian Peña. O equatoriano tinha marcado dois gols, com assistência do egípcio, e assistido o gol de Harry. Tinha sido
Uma jaqueta de nylon preta exibia o escudo do Egito no peito, logo abaixo das iniciais H.Z do homem ainda dormindo na cama do norueguês e agora Jaden Ramsey tocava nela, virando-a de forma que o nome de Harry aparecesse no fundo.— O Keegs deve ter deixado aqui algum dia — Andrew deu de ombros.— Não tem como o Keegan ter deixado aqui algum dia porque o Harry estava usando essa jaqueta ontem à noite quando saímos do CT. — O inglês falou convicto, andando em direção à escada. — Harry — gritou, parado no primeiro degrau — Harry, eu sei que você está aí. Cada entranha de Andrew revirava, como se ele tivesse acabado de levar um soco forte na boca do estômago. — Para com essa merda, Jaden — falou alto, agarrando o braço do inglês para que ele não subisse mais.— O que tá rolando entre vocês? — perguntou, o semblante rígido de alguém que acabara de confirmar uma suspeita. — A gente tá junto — Andrew murmurou, mas não gostou do tom envergonhado que tinha usado. Respirou fundo e encarou os
O time estava dividido em dois sobre o gramado perfeitamente irrigado e aparado do campo de treinamento número dois. Keegan, Andrew, Jaden, Christian, Harry, mais dois zagueiros recém-contratados, um meia, recém-recuperado de lesão, e um trio de rapazes que antes ocupavam a base do time, agora com uma vaga no time principal acompanhando o camisa 10 no ataque, usavam um colete rosa neon enquanto o restante dos KRS vestia apenas a camisa da equipe. Alex e Cole estavam de pé ao lado do campo, na pequena arquibancada que circundava os limites do gramado, com suas câmeras, fotográfica e filmadora, em mãos, mantendo uma conversa agradável e despretensiosa sobre o jogo de sábado. Os KRS enfrentariam o Stone Unity, atuais lanternas da Premier League.Alexandria fotografou o momento exato em que Lukas rolou a bola amarela marcada com o leão da competição por baixo das pernas de Jaden, um pouco mal posicionado na lateral direita, e clicou mais uma vez no disparador quando ele correu livre para
Um novo silêncio, dessa vez engraçado, pairou no ar. Uma pequena parte dos jogadores parecia querer rir, outra o encarava com comoção, como se tivesse sido um lindo depoimento, mas Christian Peña só se ateve a uma única frase. “Conheci uma mulher incrível.” E essa única maldita frase fez ele rolar os olhos e expulsar qualquer empatia que pudesse sentir pelo belga naquele momento. — Então você só queria o nosso dinheiro? Belga safado — Keegan riu alto, fazendo Lukas ficar imediatamente vermelho e acertar uma cotovelada de leve na costela do goleiro.— Asper, por favor, fique à vontade para se abrir também. — Winnie dirigiu um sorriso debochado para Keegan, que pareceu afundar no tatame com as feições, repentinamente, sombrias e desanimadas. Christian sentia que aquilo estava ficando deprimente e, para ser honesto, nem sabia o que era aquilo, se sentia em um daqueles filmes adolescentes do Disney Channel ou Nickelodeon, onde os protagonistas contavam seus segredos para confirmar seus
(11/02/2023)Alexandria não se sentia diferente na manhã do seu aniversário. Na verdade, ela se sentia péssima, como no último mês inteiro, talvez sentisse a falta do equatoriano, já que eles não trocaram mais do que meros cumprimentos desde que ela colocou um ponto final na relação que eles tinham.Alex estava acostumada a ter mensagens de felicitações vindas de Christian em qualquer data comemorativa do último ano. Fosse uma imagem de uma rena animada no Natal, um gif de quadrilha de uma festa junina, que ele se preocupou em pesquisar a data, até um cartão de piada sensual no dia de São Valentim. No seu último aniversário, ele havia deixado um vídeo fofo dele tocando e cantando uma versão em espanhol de “Parabéns para você”, mas agora não havia nada, nada além do saudosismo vazio de algo que eles nunca chegaram a ter de fato. E por mais que Alexandria sentisse falta disso, algo dentro dela sentia que, a cada novo levantar, o sentimento pelo equatoriano sumia um pouco mais e de uma
Alex esticou a mão para desembrulhar o enorme retângulo azulado. Logo na parte de cima, um baú de vime abarrotado de itens de café da manhã chamava a atenção imediatamente. Pãezinhos, frutas, um pote de geleia em tamanho família, um bolinho red velvet, aparentemente feito para duas pessoas, bandejas de frios, dois croissants de chocolate, afrontando qualquer francês que pusesse os olhos ali, uma garrafa de vidro de suco de laranja, um porta-retrato com uma foto deles sentados nas arquibancadas do CT dos KRS e um mini jarro de vidro com alguns cachos, provavelmente roubados, de Buddleia.— Isso é a coisa mais incrível que alguém já fez por mim. Ela sentiu seu coração crescer no peito. Aquele gesto tinha sido um dos mais preciosos que já recebera na vida e ela sequer sabia como agradecer aquilo. Se jogou sobre o corpo do melhor amigo, deitado, passando seus braços no pescoço dele e o abraçando com mais sentimentalismo do que qualquer outra vez.— Tá, chega — Keegan disse, rindo e pux
Alex passou ambos os braços pelo pescoço do rapaz, que imediatamente agarrou a cintura dela como se a vida dele dependesse disso. Ninguém disse nada por um momento. A cena tinha um ar visceral e íntimo demais para ser interrompida. Quando o azul frio dos olhos dela encontrou o castanho médio dos dele, o rapaz juntou as testas deles e suspirou tão profundamente, ele também parecia ter se livrado de um peso. — Eu senti tanto a sua falta, Vilela — Alessandro falou baixinho.— Eu senti a sua, Albuquerque. Alex agarrou o cartão preso na folhagem do seu buquê, sorrindo ainda mais abertamente quando o leu. “Eu li em algum lugar que vinte e cinco anos é a idade de buscar o que você deseja, tenha coragem, como você sempre teve, e você vai realizar todos os seus sonhos.”seu namorado de mentiraVer Alessandro a fazia lembrar de um momento da sua vida que ela queria esquecer, mas ao mesmo tempo a lembrava de uma época que se sentiu mais apoiada do que em qualquer outro momento da sua vida. A
— Nós estávamos na Colômbia — Alessandro guardou o telefone — Eu deixei o celular cair, a tela ficou cheia de terra e ficou maluco, abrindo um monte de fotos sem que eu tocasse nele, quando eu consegui limpar e fazer parar, estava nessa. — Ele encarou o desenho ainda em mãos e depois o colar — Os mineradores apareceram com essa esmeralda um minuto depois e eu imediatamente pensei em você. Foi quase no meio do nada que eu comecei a desenhar a coleção. Inspirado em você, em vocês quatro. — Isso é, provavelmente, uma das coisas mais incríveis que alguém já fez por mim. Você sempre fez coisas incríveis por mim.— Você gosta de dizer isso, que eu te salvei, mas Alex, você nunca precisou ser salva. Foi a sua amizade que me salvou, me salvou de ser um merda igual a ele. — Ele não precisava citar nomes para ela entender que estava falando de Theo Moura. Alessandro coçou a garganta para se recompor. — Entreguei um par de brincos escandalosos de rubi à Vênus há alguns dias e assim que eu volta