— Não tem com o que se desculpar. — Ela tenta falar algo, mas não deixo que prossiga — Está tudo bem mesmo. Você seguiu com a sua vida da melhor forma. — Dou um sorriso tranquilizador para ela. — E eu, como pode ver, também estou feliz. Acredito que, se não tivesse passado por tudo o que passei, não estaria hoje aqui desfrutando da imensa felicidade que a minha vida se tornou. — Ela chora mais.Não sei o que deu em mim, mas me aproximo dela, puxo-a para se levantar e a abraço. Às vezes deixamos de lado um simples gesto e não o enxergamos como deveríamos. Aí, um dia, olhamos para trás e, por descuido, deixamos de senti-lo. Porém, o mais importante é que a falta que sentimos nos faz lembrar desse gesto e, de alguma forma, ele deixa marcas. Aquele gesto, aquele abraço foi positivo, foi bonito. Foi um abraço dado na hora certa. Um abraço de carinho, sincero e espontâneo. Um abraço que jamais deveria ser esquecido, que a vida traz na nossa memória.Tenho certeza de que minha amizade com Ya
Estamos indo para Hyannis. Não sei o que a Kim quer fazer lá.— Por que você não quer contar o motivo de estarmos indo para essa cidade litorânea? — olho para ela, que tira os olhos da estrada por alguns segundos para me encarar.— Eu já te falei! Eu queria um tempo para nós duas e as crianças — Kim volta sua atenção para a estrada. — Ao chegarmos lá, iremos fazer cabelo e maquiagem para uma festa na praia. Não se preocupe com eles, que ficarão com uma babá de confiança do hotel.— Você disse para o Adam que estava me trazendo?— Você realmente acha que eu contei? Conhecendo meu irmão como conheço, ele deixaria você vir para outra cidade, sem ele, e ainda ir a uma festa na praia?— Não! — ela me olha sorrindo.— Boa garota! Vamos guardar esse pequeno segredinho dele. Combinado?— Combinado, mamãe! — Nate grita da cadeirinha. Olho para trás e ela está fazendo joia com os dedinhos. Vince e Ygor estão num sono profundo.— Por que tivemos que sair tão cedo? Os meninos estão dormindo.— Te
— Está linda, querida! — ele diz, dando um beijo em minha testa, enquanto coloca um arranjo de flores sobre minha cabeça. Em seguida, posiciona-se ao meu lado, oferecendo o braço.— O que está acontecendo? Por que o senhor está aqui? — pergunto, enquanto ele sorri mais, olhando para mim.— Hoje será um dia muito especial — ele diz, começando a me conduzir até a tenda.Tento me lembrar se esqueci de alguma data especial, mas nada vem à mente.— Esqueci algo? — olho de relance para ele, que apenas faz um gesto com a cabeça, indicando que eu olhe para frente.Paro bruscamente no lugar, sem acreditar no que vejo à minha frente. Lágrimas inundam meus olhos e minha vida passa como um flash em minha mente. De todas as possibilidades que imaginei, esta, com certeza, foi a única que não passou pela minha cabeça! Meu pai se abaixa, tirando minhas sandálias, e eu sorrio.— Aqui não precisamos disso! — ele diz. Em seguida, se levanta e continuamos andando. Começo a ouvir uma música linda sendo to
Estamos dentro do jatinho do Adam, e não faço ideia de para onde estamos indo. Ele se recusa a me contar, mantendo o mistério. Decidimos que, na nossa lua de mel, levaríamos nosso filho conosco. Não seria justo deixá-lo quase um mês sob os cuidados de outra pessoa. Hadja está cuidando da cafeteria e confeitaria para mim, enquanto meu sogro está à frente da empresa no lugar do Adam.— Amor, coloque o Vince lá no quarto. Tem um bercinho lá para ele, e tenho certeza de que ficará confortável! — Adam diz, levantando-se antes que eu pudesse me mexer. Ele estende os braços, esperando que eu entregue nosso pequeno. — Eu o levo, pode ficar aí descansando.— Ok! — digo, entregando nosso bebê a ele. Adam leva Vince para o quarto, enquanto olho pela pequena janela do jatinho, contemplando o imenso oceano abaixo de nós.Meus pensamentos começam a vagar. Penso em tudo que aconteceu em minha vida, desde a infância até aqui. Existe um ditado que diz que “Deus escreve certo por linhas tortas”. Mas, si
Agora estamos em um carro, a caminho de Havana, a cidade onde nasci. Meus olhos percorrem as paisagens lá fora, e parece que Cuba não mudou em nada desde que fui embora.— Amor, onde iremos ficar?— Na sua casa.— Minha casa? — pergunto, virando-me para ele. Nesse momento, Vince, que está mamando no meu colo, solta um resmungo.— Sim, a casa onde cresceu. Na verdade, a casa original já não existe. Quando comprei o terreno, ela já havia sido demolida. Mas o resto continua lá. Reconstruí uma nova casa para você, com bastante espaço para que nosso pequeno possa brincar quando voltarmos aqui.Sorrio, emocionada, e volto a olhar pela janela. Quando o carro passa por um portão enorme, meu coração dispara.Ao nos aproximarmos, vejo o balanço na grande árvore que meu pai construiu para mim. Está perto do chafariz e da pequena biblioteca que ele tanto amava. Foi ali que ele me ensinou a amar os livros, a viajar por mundos desconhecidos.Assim que o carro para, desço e caminho até a árvore. Vou
O tempo passou voando, nos trazendo tantas alegrias. Minhas amigas: Keké, Juliette que já tem uma filha muito linda, Kim, Yasmim… sim, eu e ela estamos super bem e a nossa amizade está mais forte que nunca, também tem a Hadja. Todas estão amando e sendo amadas. Isso me deixa tão feliz, por vê-las construindo suas vidas.Agora, sobre mim, viver a maternidade real é me doar a todo momento.É ter meu filho nos pensamentos 24 horas por dia. É me preocupar e sentir medos, especialmente o medo de perder. É querer congelar o tempo para aproveitar cada instante como se fosse único.Ser mãe é crescer, amadurecer, entender o propósito da vida e o que significa amor incondicional. É saber que continuarei viva em algum canto, porque vejo partes de mim refletidas nas pequenas coisas que ele faz.Gerar, parir, criar, maternar… Ser mãe é lindo, solitário, intenso, desafiador e eterno. É viver entre o instinto materno e as responsabilidades compartilhadas ou enfrentadas sozinha. É lidar com as noites
Quem imaginaria que, depois de tanto tempo, estaríamos aqui hoje dividindo uma mesa: Hadja, Jullyete, Kim, Kéfera, Yasmin, minha mãe e eu? Todas reunidas em uma única mesa, comemorando o aniversário do Vince, meu pequeno príncipe, que está fazendo 7 anos. E, para ser sincera, o tempo não passou, ele voou.Já passam das 23h e as crianças já foram dormir. As meninas e eu estamos só observando a brincadeira besta dos nossos homens, de quem bebeu mais tequila. Qual a probabilidade disso dar errado no final? Com certeza, é cem por cento.— Bando de bobos! — diz minha mãe, e as meninas só sabem rir.— Mãe! — chamo sua atenção sorrindo.— Mentindo, ela não está! — fala Jullyete. — Em vez de aproveitarem que os pequenos estão dormindo, não! Preferem ficar enchendo a cara — diz ela, chateada.A zoação e as risadas continuam, até Yasmin fazer uma careta de dor.— Algum problema, Yasmin? — pergunta Kim.Todas na mesa olham para ela, esperando uma resposta.— Não é nada de mais, meninas, só uma d
Estou com frio. Tento me mexer, mas minha cabeça dói. Forço os olhos para abrir, mas a luz é forte demais, fazendo-os arder. Na segunda tentativa, consigo mantê-los abertos. Este quarto… estranho, não é o meu. Sento-me devagar, e as lembranças voltam como um turbilhão: alguém me agarrou por trás enquanto subia as escadas para tomar banho. Colocaram algo no meu rosto, um cheiro forte que me fez perder os sentidos. Tentei lutar, mas não consegui.Meu estômago revira e respiro fundo para não vomitar. Olho ao redor, e a visão me assusta. Não acredito no que estou vendo. Ramadas. Ele está sentado em uma poltrona, bebendo uísque e me encarando com um olhar que faz um arrepio horrível percorrer minha espinha.— Oi, princesa! Que bom que você acordou! Estava ansioso para ver os seus olhos.Olho em volta do quarto. As paredes são de metal e, em uma delas, há várias fotos minhas. Um calafrio me percorre…“Que merda é essa?”Preciso manter a calma, por mim e pelos meus bebês.Volto a encará-lo,